#taxa de desconto de PPP
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Taxa de desconto de reequilíbrio
Taxa de desconto de reequilíbrio
Contratos de longo prazo, tais como os de PPP e concessões públicas, são incompletos por definição. É impossível circunscrever todas as possíveis necessidades de acordos entre as partes em décadas futuras a partir do conhecimento atual. Com isso, uma série de eventos imponderáveis (impossíveis de serem previstos na data de assinatura do contrato) acabam impactando o acordo inicialmente…
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No lugar de W a previsão é um M na Bolsa de Valores
Adriana Cotias (Valor, 01/07/2020) informa: depois de os mercados terem sido arrastados por um crash no primeiro semestre por causa da crise da covid-19, os investidores entram na segunda metade do ano em busca de pistas na economia real que balizem os preços dos ativos. Assimilada a fase mais dura da pandemia, entre março e abril, houve uma recuperação expressiva em ações, fundos imobiliários e na renda fixa longa. Bolsa, títulos públicos e privados e ativos “offshore” compõem as recomendações para o resto de 2020.
Em junho, as ações imobiliárias é que levaram a melhor, seguidas pelo indicador que reúne as companhias de menor capitalização na bolsa (ver tabela). O Ibovespa, principal referência da bolsa brasileira, ganhou 8,8%, no terceiro mês consecutivo de valorização. Desde o piso de 23 de março de 2020, o índice já subiu mais de 40%. No ano, ainda perde 17,8%. O campeão de valorização foi o ouro, com ganhos de 53%, seguido por euro e dólar, com altas de mais de 35%.
Na renda fixa, o IMA-B 5+, que representa uma cesta com títulos públicos longos atrelados à inflação, tem perda de 5,3% no ano. Graças à desvalorização desses papéis que os retornos ficaram mais gordinhos. No Tesouro Direto, por exemplo, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) com vencimentos em 2035 e 2045 asseguram taxas acima de 4%, além da correção pelo IPCA.
Apesar da Selic baixa, em 2,25% ao ano, o jogo para a renda fixa não acabou e há muito valor ao longo dos vencimentos de juros. Títulos de cinco anos com quase 6%, o longo a 8% ou a B [Nota do Tesouro Nacional série B] longa a 4,3% vale para quem pode carregar até o vencimento.
Há espaço para o Banco Central (BC) aprofundar a sua política de corte de juros. Para provocar inflação contra a Grande Depressão Deflacionária, quando o Brasil está preso a uma armadilha da liquidez com queda de preços, provocando corte de salários e lucros. Com inflação desestimula a poupança (corte de gastos em consumo) e estimula o crédito, se houve demanda para alavancagem financeira com PPP (Parceria Público-Privada) em investimentos na infraestrutura.
O Brasil passou décadas se endividando e consumindo, quando vem a recessão, ela se torna uma recessão de balanço. A dívida implode, perde-se renda. Leva anos para se digerir os excessos. O coronavírus é um choque desinflacionário. Tem de levar o juro para zero, mas falta coragem ou disposição do BCB para isso.
Para um gestor, é um erro considerar que a Selic mais baixa desancora a inflação por causa do câmbio. O ideal seria não haver prêmio de risco na taxa básica em relação às economias desenvolvidas. Se o BC faz esse diferencial na Selic, há uma dupla contagem no risco Brasil, isso eleva a curva inteira. O BC deveria se ater à meta de inflação, quando o IPCA anual acumula 0,07% em junho. Logo, pelo RMI existe espaço cortar mais os juros, observando o cupom cambial.
Com o histórico de hiperinflação no Brasil, o Banco Central tem o viés apenas para combater a inflação. Na hora do risco desinflacionário, não está treinado para isso, sempre está achando o câmbio explodir ou a inflação vai ter um repique. O ministro ideólogo só diz: precisa de reformas neoliberais!
O câmbio é hoje uma variável de segunda ordem. Não tem o mesmo poder destrutivo do passado. Não é mais um prelúdio de crise porque as reservas são sensivelmente mais altas e o endividamento externo do setor corporativo é menor.
Na bolsa, há um “cabo-de-guerra”. Se, de um lado há uma queda de atividade mais brutal por vir e uma recuperação tênue à frente, de outro a situação das grandes empresas listadas é boa. As companhias se desalavancaram, chegaram à crise capitalizadas, com custos controlados e têm acesso a crédito a 3% ao ano, não mais a 15%. Uma menor taxa de desconto nos cálculos de valor justo das ações também tem o efeito de liberar valor. Talvez haja expansão dos múltiplos e talvez não seja bolha… Ora, ora, isto é um autoengano!
Os juros menores também elevam a propensão de 2,649 milhões pessoas físicas a ter ações no portfólio (fora nos Fundos de Ações, explicando o aumento de CPFs cadastrados na B3 bem no meio da crise: 968 mil no primeiro semestre de 2020. “Quando se coloca tudo isso junto, temos um ambiente onde a bolha de ações pode inflar ainda mais, com sustos de explosão pelo descolamento entre a atividade real e a bolsa.
Será a partir da divulgação das demonstrações financeiras referentes ao segundo trimestre que será possível traçar um panorama mais claro para as empresas. Com a divulgação de metas financeiras e operacionais dará para ter uma melhor sensibilidade do que vem pela frente.
No campo macro, a maior queda virá pelo divisor em lugar de multiplicador de renda e emprego. Não há como descobrir o preço justo por trás dos ativos. Haverá indicadores mais claros se a alta liquidez é que inflou as cotações ou se há fundamentos para isso. O comportamento das companhias na bolsa tende a ser mais heterogêneo.
Vai começar a haver diferenciação entre países, setores e empresas. As companhias de capital aberto no Brasil têm vantagens competitivas em relação às médias porque têm acesso ao mercado de capitais, vão poder consolidar setores e ganhar market share. Isto é ilusório quando não há lançamentos primários de ações e debêntures na maioria dos casos ligados à economia doméstica, exportadoras e serviços financeiros, excluindo bancos.
Após um dos semestres mais conturbados da indústria financeira, o mercado tende a perder um pouco da volatilidade no período de férias de verão no hemisfério Norte. A partir do fim de julho será possível avaliar melhor o impacto da pandemia na atividade e dos estímulos maciços feitos para mitigar a crise.
De maneira geral, a economia está bem servida de dinheiro face à preferência pela liquidez. Os bancos centrais fizeram um bom trabalho sob a ótica macro, mas o tamanho do impacto sobre salários e gastos dos consumidores e também no balanço das companhias só vamos perceber entre o fim de julho e agosto. Aí, os especuladores começam a ter a noção do estrago, para formar os fundamentos para o próximo ciclo.”
As eleições americanas e a volta de disputas comerciais lideradas pelos Estados Unidos deixam o terreno um pouco mais movediço adiante. O cuidado tem sido contrabalancear a posição direcional com proteções, a fim de evitar sustos com quedas abruptas.
É na redução das taxas de juros futuras a propaganda enganosa de gestor para afirmar haver ainda prêmios a capturar em ações e também nas estratégias de renda fixa.
Com a Selic na mínima, o processo de migração de aplicações atreladas ao CDI para ativos de maior risco vai ter continuidade, a despeito do vaivém de preços.
O rentista, que tinha um retorno superpositivo com risco baixíssimo, foi obrigado a explorar novos mercados. Nesse cenário, ganham apelo a bolsa, ETFs [fundos de índices negociados na B3] de renda variável e títulos privados ou públicos atrelados ao IPCA.
O investidor foi na linha de aumentar a ‘duration’ [prazo médio] e colocar mais risco em crédito privado, como uma alternativa ao CDI. Há, porém, preocupação com os impactos da pandemia no balanço das empresas, portanto é preciso escolher muito bem que ativos colocar na carteira.
Nas estratégias com títulos públicos, a preferência tem sido as Notas do Tesouro Nacional série B (NTB-B) com vencimentos entre 2026 e 2028.
Entre as opções do cardápio internacional, vale buscar não só fundos que anulem o efeito cambial, como opções realmente expostas à moeda forte. O mercado internacional tem um universo maior de ativos para alavancagem. Com taxas de juros próximas de zero, há chances de retornos mais positivos com arbitragens mais consistentes do que no mercado local.
Com a atividade global mais fraca, não adianta correr para a renda fixa para proteger a parcela alocada em ações. Entre março e abril, a indicação foi comprar ativos na bolsa americana, o que trouxe algum equilíbrio para a carteira num período de forte desvalorização do real. Cerca de um terço da parcela em ações está hoje fora do país.
Especulador profissional tem evitado aumentar a parcela alocada, a fim de manter a volatilidade da carteira sob controle. Em papéis atrelados à inflação, a escolha foi pelas NTN-Bs com prazo intermediário, com vencimento em 2035, pois havia dúvidas de como o investidor reagiria à percepção de um risco fiscal maior por causa do aumento de gastos públicos.
Se a valorização se confirmar, a ideia é vender os títulos para deslocar os recursos para ações. No primeiro semestre, montou -sealgumas proteções via opções e compra de ouro. Como o custo de oportunidade dado pela Selic hoje é sensivelmente menor, esse é um tipo de posição que pode aumentar nos momentos de aversão a risco.
Enquanto o brasileiro altera a sua construção de portfólio, o capital estrangeiro demorará a voltar para o país, por mais barato que os ativos possam parecer por causa da desvalorização cambial. Isso não é necessariamente ruim. O Brasil está mudando o tipo de capital que atrai. Aquele era ruim, agora vai ser pior. No período bom eram bilhões que vinham para tirar proveito do diferencial de juros e depois saía correndo. Quando a Selic caiu de 14% para 4% acabou o carry trade.
Há fundamentos ilusórios para uma taxa de câmbio mais valorizada no Brasil, somente porque as companhias trocaram dívida no exterior por passivos em reais e há uma melhora no balanço de pagamentos brasileiro. Mas há poucas vendas para o mercado interno!
O especulador sem rumo ainda buscou oportunidades em fundos imobiliários, selecionando ativos pensando em alternativa de renda, pelos dividendos, e também de ganhos de capital – com a esperada valorização das cotas na bolsa. Na classe alternativos, entram ainda private equity, ativos imobiliários e carteiras de para infraestrutura.
Com ajuda do cenário de juros baixos e ampla liquidez global, o Ibovespa tem conseguido mostrar alguma recuperação nas últimas semanas. Em junho, por exemplo, os ganhos do índice chegaram a 8,76%, mesmo com o tombo na sessão de ontem. No entanto, a bolsa brasileira ainda foi a mais desvalorizada do semestre, em dólares, quando comparada aos demais índices emergentes e também aos Estados Unidos.
De acordo com dados elaborados pelo Valor Data, considerando a moeda americana como referência, a queda do Ibovespa nos seis primeiros meses de 2020 ficou em 39,50%, ficando à frente até do México, que tem perdas de 29,13%. No mesmo período, a bolsa da África do Sul perdeu 23,10% e a da Rússia cede 21,71%. A vizinha Argentina teve desvalorização de 21,11% em seu principal índice acionário. O Chile recua 22,29%.
Já nos Estados Unidos, o quadro é bastante diferente, com o índice Nasdaq apontando ganhos de 12,11% no semestre, enquanto o S&P 500 recuou 4,04%. Na mesma comparação, o Dow Jones cai 9,55%.
Os números demonstram como a recuperação tem sido diferente para distintos mercados, após a derrocada vista em março diante dos temores em torno dos efeitos econômicos do covid-19. Vale dizer ainda: o real foi a moeda que mais sofreu contra o dólar desde o começo do ano, considerando as divisas mais líquidas do mundo.
Passado o pior momento da crise para os mercados, a análise do segundo trimestre demonstra uma recuperação para o Ibovespa, com ganhos de 23,59% no período, também considerando os valores dólares – próximo do avanço de 30,63% da Nasdaq nestes três meses. Ainda assim, o Ibovespa segue atrás da África do Sul (25,18%) e da Argentina (45,17%), demonstrando uma recuperação ainda em curso e atrasada em relação aos demais. México (10,97%), Rússia (19,54%), Turquia (22,63%) e Chile (18,02%) também avançaram nos últimos três meses.
Apesar de incentivos como os juros historicamente baixos (atualmente a Selic está em 2,25% ao ano) e, notadamente, o preço barato do Ibovespa em dólares, o mercado local ainda inclui uma série de riscos que impedem que o índice avance ainda mais no curto prazo. Isso tem muita relação com o cenário político e com as respostas dadas à crise ainda em curso.
O avanço recente visto no Ibovespa guarda mais relação com a robustez das empresas que integram o índice e sua saúde financeira do que com avanços na economia real, que ainda promete trazer indicadores muito ruins nos próximos meses. Além disso, é importante lembrar: o Ibovespa é composto por empresas, em sua maioria, com histórico de resiliência em períodos de crise, como é o caso do setor bancário.
Quando falamos no Ibovespa, são empresas sólidas e que caíram demais logo no primeiro susto com a pandemia, mas que têm capacidade de recuperação. A alta recente tem a ver com a realidade dessas empresas, não da economia em si. Os juros baixos também colaboram com o cenário, obrigando o investidor a buscar risco.
Ontem, em uma sessão marcada pela volatilidade típica de rebalanceamento de períodos, o Ibovespa terminou o último pregão do semestre em queda e pressionado pelo setor bancário. Nos valores em reais, a baixa foi de 0,71%, aos 95.056 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,5 bilhões, pouco acima da média dos pregões deste ano até agora, de R$ 20,4 bilhões.
Dias de rebalanceamento normalmente resultam em um leilão com distorções, especialmente pela atuação de fundos de maior peso no mercado. Isso significa que ações de maior peso e liquidez, como a dos bancos, acabam sendo alvo da revisão de estratégia dos investidores.
A ajuda sem precedentes dos governos e bancos centrais foi a grande responsável pelo rali que tomou conta do mercado norte-americano de ações nos três últimos meses, mas ainda se dividem quando questionados se os estímulos serão capazes de levar a economia dos EUA rapidamente de volta ao caminho do crescimento e os preços de ações a níveis ainda maiores. Essa é a visão de profissionais consultados no encerramento do melhor trimestre para o S&P 500 desde 1998.
O índice amplo de ações de Nova York fechou a sessão em alta de 1,54%, acumulando alta de 19,95% no segundo trimestre, devolvendo praticamente todas as perdas registradas nos primeiros três meses do ano, quando recuou 20%, em seu pior trimestre desde 2008.
Esse rali aconteceu porque os investidores já estão olhando para a recuperação e para o crescimento. Por que eles estão fazendo isso? Porque o Federal Reserve (Fed) inundou o sistema com liquidez e tivemos uma coordenação com a política fiscal, o que faz o mundo acreditar que devemos superar primeiro essa situação, em melhor forma que o Japão e a Europa.
Há quem propaga em uma recuperação rápida da economia americana de modo a voltar ao nível do fim de 2019 já no meio do ano que vem. Também prevê que o S&P 500 termine o ano em 3.400 pontos, o que representaria uma alta de quase 10%. O Fed vai continuar fornecendo liquidez ao sistema, como vimos nas palavras de [Jerome] Powell. E fará isso porque sabe que o maior risco à economia americana é a deflação. O Japão está em deflação, a Europa, provavelmente, está em deflação e eu apostaria que a China também. Então provavelmente 38% do PIB global está em deflação, e o Fed não quer que os EUA façam parte disso.
A despeito da alta das ações, riscos passaram a se acumular nos últimos dias, especialmente com o aumento de novas infecções pela covid-19 nos Estados Unidos, o que fez com que governadores revissem medidas de flexibilização da atividade comercial pelo país, ameaçando a ainda incipiente recuperação econômica americana. O fato também adiciona incertezas sobre a continuidade do rali em Wall Street.
Os múltiplos das ações americanas, especialmente os do Nasdaq, mostram os papéis estão precificados à perfeição de um cenário impossível de se concretizar. O atual cenário se compara à bolha das empresas de tecnologia, episódio que ocorreu no início do século.
Você pega uma cesta de 90 companhias de internet e elas estão sendo negociadas a 160 vezes o seu lucro. Se isso fosse um ‘bull market’ [mercado de alta], os valuations não deveriam estar tão altos assim. Estamos vendo problemas da economia mascarados pelas empresas de tecnologia, que puxaram a alta do mercado. Já vimos esse filme em 2000 e ele não termina bem.
De todas as 18 métricas acompanhadas pelo Bank of America (BofA) sobre o valuation do S&P 500, apenas duas indicam que o índice estaria “barato”. Uma delas é a de fluxo de caixa livre, que está “deprimido artificialmente devido ao baixo investimento”, de acordo com relatório publicado pela instituição. A outra métrica, segundo o BofA, é a que compara o prêmio de risco das ações em relação aos rendimentos dos Treasuries.
Para investidores em busca de rendimentos, o S&P 500, mesmo após uma série de cortes de dividendos, oferece aproximadamente três vezes o juro da T-note de 10 anos, perto de um recorde de 70 anos.
A enxurrada de estímulos monetários não deve ser capaz de impulsionar o crescimento orgânico da economia, como ele classifica os investimentos em bens de capital (Capex) pelas empresas. Por isso, sua aposta tem sido na valorização de metais preciosos, como o ouro, e em empresas mineradoras, que devem se beneficiar dos juros baixos e da expansão monetária promovida pelos principais bancos centrais do mundo.
Um “bear market” (mercado de baixa) está começando para o S&P 500, mas a recente euforia do mercado pode atrasar seu início nos próximos meses.O pessimismo com o mercado de ações está relacionado à provável grande decepção com a expectativa de recuperação nos lucros corporativos no próximo ano, que parte do mercado estima que estará de volta ao nível de 2019 ou em níveis até maiores.
Em previsões prudentes, a frustração será o resultado de uma recuperação econômica apenas gradual da terrível recessão do primeiro e do segundo trimestres – uma visão amplamente compartilhada por analistas econômicos, incluindo o Fed, mas totalmente ignorada pelos investidores. Os prudentes esperam uma queda de pelo menos 20% do S&P 500.
Assis Moreira (Valor, 01/07/2020) informa: o Banco de Compensações Internacionais (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, projeta redução de 37,4% no lucro operacional médio de companhias brasileiras em 2020, na esteira da súbita paralisação da atividade econômica global causada pela covid-19.
O banco projeta também que a escassez de financiamento (“funding shortfall”) pode alcançar 31,8% no país. Isso significa que as receitas operacionais e de caixa devem ficar aquém dos custos operacionais e do pagamento de dívidas de curto prazo em 31,8% na empresa brasileira típica em 2020.
Em seu relatório anual, a instituição aponta que o brusco freio da atividade econômica reduziu os ganhos das firmas que vão muito além do que aconteceu em recessões anteriores. Estima que várias companhias globalmente podem não sobreviver mesmo se usarem todos os instrumentos possíveis para compensar as perdas, incluindo utilização de ativos líquidos, rolagem de dívidas, novos empréstimos e corte de custos.
O BIS fez simulações baseadas em balanços e comunicados financeiros de 33.250 firmas de 19 grandes economias desenvolvidas e emergentes. E avalia que a rolagem de dívidas e novos empréstimos até podem dar algum alívio, mas ainda assim a lacuna de financiamento persiste. O apoio do governo é considerado essencial para fechar o “gap”.
As simulações utilizam a hipótese de que as receitas das empresas em 2020 permaneçam inalteradas em relação a 2019 ou declinem 25% ou 50%, dependendo dos efeitos do surto em diferentes setores. Receitas na área de entretenimento, por exemplo, são estimadas em declinar 50%, enquanto em “utilities” ficariam constantes.
A conclusão é a de que um grande número de firmas poderá enfrentar perdas operacionais em 2020. Em todos os países pesquisados, as firmas médias podem oscilar de lucros confortáveis, acima de 5% de receitas, em 2019, para perdas claramente superiores a 20% de sua receita do ano passado.
Em relação ao Brasil, os custos operacionais devem exceder as receitas operacionais em 37,4% na empresa mediana em 2020, resultando nesse percentual de contração do lucro. Fica entre -50% no caso de companhias russas e em -25% em firmas dos EUA.
As perdas podem ser maiores, dependendo da composição da produção. O BIS exemplifica que um severo choque de receita poderia jogar companhias do Brasil e do Canadá profundamente no vermelho, apesar dos fortes lucros de 2019, refletindo principalmente a contração nas commodities.
A lacuna de financiamento é de 31,8% em 2020 para as empresas brasileiras, na média. As simulações indicam que a escassez de financiamento para companhias médias, entre os países pesquisados, fica em 20% da soma das despesas operacionais e custos do serviço da dívida, e pode chegar a 40% em algumas economias.
Para o BIS, as firmas vão precisar de apoio financeiro e sugere que isso pode vir em várias formas. Aponta, primeiro, rolagem da dívida. Segundo, a possibilidade de pegarem emprestado dando seus ativos como garantia, mesmo se esses estão temporariamente ilíquidos. E terceiro, com subsídios, garantias de crédito, empréstimos diretos ou esquemas que reduzam custos operacionais, cobrindo parte da conta de salários.
“Essas medidas poderiam fazer uma grande diferença”, estima o banco. Exemplifica que num cenário em que firmas não podem pegar emprestado e têm que pagar dívidas que estão vencendo, a necessidade de apoio do governo seria equivalente a seis meses da receita. Mas poderia cair para dois meses, na média, se as companhias rolarem mais da metade da dívida que vence em 2020 e conseguirem crédito equivalente a 80% de seus ativos de curto prazo.
No relatório, o BIS nota que, no geral, mesmo o dinheiro em caixa mantido por grandes companhias é pouco em relação à dimensão da súbita paralisação que enfrentam. Metade das companhias guardou dinheiro equivalente a dois meses da receita de 2019, incluindo o Brasil. A exceção é a China, com quatro meses.
As falências de empresas poderão aumentar globalmente, no rastro da crise de covid-19. Mas, ao menos que os bancos tenham problemas, é mais fácil imaginar uma recuperação econômica, mesmo na presença de insolvências, prevê o Banco de Compensações Internacionais (BIS) em seu relatório anual. Para o BIS, na próxima fase da crise o foco mudará de liquidez para solvência das empresas, e os governos devem assumir a liderança para promover uma recuperação forte e sustentável.
Para a instituição, vista como uma espécie de banco dos bancos centrais, os BCs tiveram uma força estabilizadora na crise sem precedentes que atinge a economia mundial, trabalhando com as autoridades fiscais para amortecer o golpe econômico e financeiro e apoiar empresas e trabalhadores.
“A pandemia é o evento que define uma geração”, afirmou o diretor-geral do BIS, Agustin Carstens. “A resposta dos BCs foi rápida e contundente e impediu o colapso financeiro de suportar os encargos para as empresas e as famílias, estabilizando o sistema financeiro para preservar o fluxo de crédito.”
Para Carstens, “as medidas de suporte de vida durante a fase inicial devem estabelecer a base para a recuperação, uma vez que os ‘lockdowns’ sejam levantados. No entanto, apesar das medidas, incertezas podem travar a demanda agregada e o ritmo de recuperação.”
O relatório destaca o papel da política monetária como essencial ao tratar de iliquidez, mas nota que é mal adaptada para tratar de insolvência: o BC empresta, mas não pode gastar. A vantagem comparativa da política fiscal é de tratar insolvências, transferindo temporariamente recursos para prevenir isso e apoiar os balanços das empresas na reestruturação, uma vez que isso ocorra.
Na próxima fase da crise, o foco muda de liquidez – assegurar que as firmas tem recursos suficientes para operar – para solvência, onde a viabilidade de longo prazo de muitas companhias será testada. A força da recuperação vai depender de como a pandemia evolui e da dimensão dos estragos econômicos que deixou.
Para o BIS, a reestruturação de dívidas será requerida na medida em que os recursos se deslocam de setores em contração para aqueles em crescimento. No entanto, persistentes incertezas dificultam a distinção ainda entre firmas insolventes mas viáveis, que requerem reestruturação, e insolventes sem viabilidade, que devem ser liquidadas. A questão se complica com vulnerabilidades iniciais do setor não financeiro e o tamanho do choque.
“Os bancos centrais estão plenamente conscientes dos desafios à frente, na medida em que as perspectivas para a economia mundial ainda são altamente incertas”, afirmou Carstens. “Alguns desses desafios vão além de seu mandato. A política monetária por si só não pode ser o motor do crescimento. Um premium deve ser mantido em manter a política fiscal em um caminho sustentável por meio de consolidação oportuna”, diz.
Para o BIS, enquanto o curso futuro da inflação é certo, pressões desinflacionárias podem prevalecer por algum tempo. O choque da pandemia tende a reduzir a produtividade. Cadeias globais de valor devem ter danos duradouros. Até agora, a constatação é que os objetivos de BCs e governos coincidiram. Mas o aumento das dívidas pode levar governos a colocar pressão sobre BCs a tolerar maior inflação e manter juros baixos.
No lugar de W a previsão é um M na Bolsa de Valores publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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Hypera (HYPE3) Análise de Resultados do 3T19
A Hypera Pharma divulgou os resultados das suas operações para o terceiro de trimestre de 2019, confira neste artigo os principais destaques dos resultados da Hypera e se vale a pena investir ou manter sua posição na empresa. Data da divulgação: 25 de outubro de 2019. Confira o calendário de divulgação de resultados do 3T19 das empresas listadas na Bolsa de Valores e a análise das empresas que a equipe do The Capital Advisor está realizando.
Sobre a Hypera
A Hypera Pharma é a maior empresa do Brasil do setor farmacêutico, em termos de receita líquida. https://www.youtube.com/watch?v=6hleZGlMNGY Com suas operações iniciadas em 2001, a companhia é a única que se faz presente em todos os principais segmentos do varejo farmacêutico e possui posição de liderança em diversas categorias. Os segmentos estão divididos em três unidades: Produtos de Prescrição;Consumer Health (OTC);Similares e Genéricos. Para atender às suas demandas, a companhia conta com o maior complexo operacional farmacêutico da América Latina, onde faz operações de larga escala e baixo custo. O complexo fica localizado em Anápolis, no estado de Goiás. Ao todo são mais de 120 mil m2 de área construída, e mais de 3.700 colaboradores. Segundo a companhia, seu complexo farmacêutico possui capacidade para produzir mais 17 bilhões de doses de sólidos, 40 milhões de unidades de injetáveis e mais de 330 milhões de unidades de líquidos, cremes, óleos e loções. Para comportar as constantes inovações em seus negócios, a Hypera fundou em 2017 o mais moderno centro de pesquisa farmacêutica do país, o Hynova, que conta com uma equipe altamente capacitada. Os produtos da companhia são distribuídos em todo o território nacional, diretamente a varejistas ou indiretamente por meio de distribuidores e atacadistas. No total, a Hypera conta cerca de 7 mil colaboradores em todo Brasil.
Avaliação de Governança
A Hypera possui as melhores práticas de governança corporativo e está listada na Bolsa de Valores no segmento Mercado Novo, nível mais alto de governança da B3. EmpresaHypera S.A.CódigoHYPE3SubsetorComércio e DistribuiçãoSegmento de ListagemNovo MercadoTag Along100% ONFree Float47,35%Principal AcionistaJoão Alves de Queiroz Filho (20,02%)Sitehttps://ri.hypera.com.br/
Balanço Hypera
A Hypera divulgou na última sexta-feira, 25/10/2019, seus resultados para o terceiro trimestre de 2019. O desempenho da empresa, em linhas gerais foi positivo, impulsionado, principalmente, pelos resultados financeiros. Em termos operacionais, houve piora nos indicadores, gerado, principalmente, por fatores estruturantes, o principal foi o câmbio. Os maiores gastos da companhia com Pesquisa e Desenvolvimento e Marketing também pressionaram as margens. Os principais destaques do 3T19 foram: Aumento de 6,4 na receita líquida, na comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 1.009,1 milhões Crescimento de 11% no Lucro Líquido das operações continuadas, que somou R$ 271,3 milhões.Declaração de Juros sobre Capital Próprio de R$ 161,0 milhões, ou R$ 0,26 por ação
Resultados Operacionais
No terceiro trimestre de 2019, a Hypera apresentou crescimento 11% no sell-out (Sell out PPP - Pharmacy Purchase Price- , conforme informado pelo IQVIA, considera o preço médio de compra pelas farmácias e redes). No mesmo período, segundo dados da IQVIA, a companhia também conseguiu aumentar sua parcela de participação no mercado, destacando-se os negócios de Health e Similares. No negócio de Consumer Health o crescimento da companhia foi , mais uma vez, superior ao do mercado. O aumento é resultado, sobretudo, do desempenho dos lançamentos recentes como Benegrip Dia e Noite e Atroveran, além dos maiores investimentos em marketing e no ponto de venda. Em relação ao negócio de Produtos e Prescrição, o destaque no 3T19 ficou para a marca Rinosoro, que passou a ser uma Power Brad (marcas com vendas iguais ou maiores do que R$ 100 milhões). Isso reflete os benefícios da estratégia da Hypera de fortalecer suas principais marcas, pois a Hypera continua se beneficiando das extensões das linhas Rinosoro Jet Infantil e Rinosoro XT. As marcas Predsim, Alivium, Lisador, Episol e Colflex também tiveram efeitos positivos nos resultados. O crescimento do sell-out no negócio de Produtos de Prescrição também foi maior do que o crescimento do mercado se excluídos os efeitos do mercado de Vitamina D, que após mudanças de guideline para hipovitaminose-D continua desafiador. No negócio de Similares e Genéricos a Hypera também apresentou ganhos de mercado no terceiro trimestre de 2019. Mais uma vez as marcas líderes como Neosoro, Flavonid, Doralgina e Histamin foram as principais causas do resultado, além de recentes iniciativas de expansão e aumento da produtividade das fábricas em Anápolis. Nesse cenário, o crescimento do sell-out impulsionou a Receita Bruta, líquida de Devoluções e Descontos Incondicionais, que cresceu 7,9% no período em comparação com 3T18. Já a Receita Líquida apresentou crescimento de 6,4% na comparação ano a ano e superou o patamar trimestre de R$ 1 bilhão pela primeira vez desde que a Hypera passou a atuar exclusivamente no mercado farmacêutico.
Gráfico: Evolução da Receita Líquida da Hypera O crescimento da Receita Líquida, no entanto, foi menor do que o crescimento da Receita Bruta, líquida das Devoluções e dos Descontos Incondicionais, reflexo da intensificação das operações promocionais para incentivar o crescimento do sell-out, que resultaram no aumento do nível de Descontos Promocionais. O Lucro Bruto do terceiro trimestre de 2019 foi de R$ 681,3 milhões, representando um crescimento de 1,6% na comparação anual.
Gráfico: Evolução do Lucro Bruto da Hypera Contudo, houve queda de 3,2 pontos percentuais na Margem Bruta, que ficou em 67,5% no período. A queda na margem é resultado, principalmente, da desvalorização do real frente ao dólar no trimestre e pela reoneração da folha de pagamento em vigor desde o início de agosto. Além disso, a Margem Bruta também foi impactada negativamente em 0,6 ponto percentual pelo o aumento nas provisões para perdas de estoques em decorrência das vendas menores no 1T19 e também em 0,6 ponto percentual pelo efeito mix de produtos.
Gráfico: Evolução da Margem Bruta da Hypera Pesquisa e Inovação No terceiro trimestre a Hypera lançou 24 novos produtos no mercado, completando seu portfólio em todas as suas unidades de negócio. Os investimentos totais em Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, incluindo o montante capitalizado como ativo intangível, ultrapassaram a marca dos R$ 60,0 milhões pela primeira vez em um trimestre, e tiveram participação de 6,0% da Receita Líquida no 3T19. O índice de inovação, correspondente ao percentual da Receita Líquida advinda dos produtos lançados nos últimos cinco anos, foi de 32,0% no trimestre.
Gráfico: Evolução dos Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento da Hypera
Resultados Financeiros
No terceiro trimestre, o Ebitda das Operações continuadas, que mede a geração operacional de caixa da companhia, foi de R$ 297,9 milhões, representando um crescimento de 3,3% no período.
Gráfico: Evolução do Ebitda da Hypera A Margem Ebitda, por sua vez, apresentou uma queda de 0,9 ponto percentual na mesma base de comparação.
Gráfico: Evolução da Margem Ebitda da Hypera O desempenho é reflexo, principalmente, na queda da Margem Bruta e do aumento dos investimentos em Visitações Médicas (+25,1%) e Pesquisa e Desenvolvimento (+35,2%). O Resultado Financeiro no 3T19, foi mais três vezes maior do que o resultado observado no mesmo período de 2018. O resultado foi de R$ 8,9 milhões, frente a um saldo de R$ 2,7 milhões no 3T18. Esse desempenho é reflexo, principalmente, do aumento na atualização monetária de créditos tributários por conta da contabilização do crédito relacionado à exclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS no 1T19. Por fim, o Lucro Líquido das Operações Continuadas do terceiro trimestre totalizou R$ 271,3 milhões, ficando 11% superior ao observado no mesmo período do ano anterior. A melhora na métrica é resultado, sobretudo, da redução da taxa efetiva de imposto de renda em decorrência do aumento dos Juros sobre Capital Próprio que foram declarados no trimestre e totalizando R$ 161 milhões.
Endividamento
No terceiro trimestre de 2019, a Hypera apresentou uma geração de caixa de R$ 159,5 milhões, o que fez a companhia encerrar o período com Disponibilidades de R$ 1.387,1. O endividamento no dia 31 de setembro de 2019 era de 541,4 milhões. O que gerou uma posição de Caixa Líquido de R$ 845,6 milhões. Descontando os efeitos de Hedge, a posição de Caixa Líquido da companhia no dia 31 de setembro de 2019 era de R$ 840,2 milhões, ante ao valor de R$ 664 milhões no 3T18.
Principais Indicadores
Veja abaixo os principais indicadores da empresa analisada. Indicador06/201909/2019Preço/Lucro (P/L)15,417,0Preço/Valor Patrimonial (PVPA)2,22,4DY %2,82,6Valor de Mercado $18,7 bilhões21,0 bilhõesLucro por Ação (LPA) $1,91841,9590Rent. Patr. Líq. ROE %14,114,3Margem Líquida %37,437,5Data Divulgação26/07/201925/10/2019 * Indicadores com base na data de 29/10/2019 Teleconferência de Resultados Hypera Participe da teleconferência de Resultados da Hypera do 3T19. Veja a transmissão ao vivo com o link abaixo: Data28.10.2019Horário11h00 (horário de Brasília)Pré-registroRegistre-se aqui (evite fila na conexão telefônica)TelefoneAcesso Brasil: +55 (11) 2188-0155 Acesso Exterior: +1 646 843-6054Senha Hypera Pharma Observação A teleconferência será realizada somente em português, com tradução simultânea para o inglês. Acesso ao webcast pelo site de RI e pelo aplicativo MZiQ. Para conferir os resultados de outros trimestres, em texto ou áudio, acesse a Central de Resultados da Hypera.
Conclusão
O desempenho do balanço da Hypera no terceiro trimestre de 2019 apresentou forte crescimento no âmbito financeiro. O resultado de R$ 8,9 milhões no período foi mais três vezes maior do que o apresentado no mesmo período do ano anterior, quando o resultado foi de 2,7 milhões. O Ebitda das Operações Continuadas totalizou no período R$ 297,7 milhões, aumento de 3,3% na comparação anual. Em contrapartida, o resultado operacional da companhia apresentou piora no período. A Margem Operacional, que calcula a relação entre desempenho operacional e receita, apresentou queda de 1,33 ponto percentual na comparação com o terceiro trimestre de 2018 e ficou em 26,58% no período. A Margem Bruta, que mede a rentabilidade das vendas, também apresentou queda. A piora foi de 3,2 pontos percentuais, terminando o período em 67,%, ante a um valor de 70,7% observado no 3T18. A queda no desempenho operacional foi causada, principalmente, pelo aumento dos gastos com Pesquisa e Desenvolvimento e Marketing, além da desvalorização do câmbio, já que cerca de 40% dos custos da Hypera são precificados em dólar. Escrito em conjunto por Eduardo Voglino e Marcelo Fayh (Analista CNPI). Read the full article
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PPPs de iluminação geram disputa entre investidores
Um dos setores mais jovens da infraestrutura brasileira, o mercado de iluminação pública tem sido palco de grandes disputas entre os investidores. Nos últimos leilões, realizados no início do mês, os descontos superaram 60% do valor original – bem acima das licitações passadas. A expectativa é que esse movimento continue nas concessões prevista para os próximos meses.
Segundo levantamento da consultoria Radar PPP, há 149 processos em andamento no País, sendo que 34 deles podem ser leiloados ainda neste ano.
No total, 38 contratos de iluminação pública foram fechados com a iniciativa privada nos últimos anos e três ainda serão assinados. Esse processo, que prevê a modernização da rede de iluminação, teve início em 2010 com um mudança feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na legislação. Até então todos os ativos de iluminação pública eram administrados pelas distribuidoras de energia, afirma o sócio da Radar PPP, Rodrigo Sá.
Com a alteração da lei, que começou a entrar em prática apenas em 2014, a rede foi transferida para os municípios, que tiveram de criar alternativas para gerir os serviços. Num primeiro momento, as prefeituras fizeram contratos com base na Lei 8.666, de licitações públicas. Mas foram as Parcerias Público-Privadas (PPP) que se mostraram mais viáveis.
As concessões entraram no radar dos investidores, sobretudo, quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, International Finance Corporation (IFC) e Banco Mundial começaram a fazer as modelagens dos leilões. Esse movimento deu mais qualidade e segurança ao processo, já que muitos municípios não tinham condições técnicas para elaborar os editais, por exemplo.
O banco estatal fez os estudos de três leilões já realizados: Porto Alegre (RS), Teresinha (PI) e Vila Velha (ES) – esse último, ocorrido neste mês, cujo deságio alcançou 62,06%. Só nessas três PPPs o volume de investimento �� da ordem de R$ 665 milhões. Para o último trimestre do ano, está prevista a licitações de Macapá (AP) e Petrolina (PE), afirma o chefe do Departamento de Estruturação de Parcerias do BNDES, Guilherme Guimarães Martins.
Ele conta que o banco já iniciou estudos para a PPP de Caruaru (PE) e Curitiba (PR). “O setor de iluminação tem um ponto bastante positivo, que é a cobrança da Cosip na conta de luz. Isso fortalece os projetos”, afirma ele. É com a arrecadação dessa taxa que os municípios remuneram as empresas vencedoras dos leilões, que são responsáveis pela modernização das redes, com instalação de lâmpadas de LED, por exemplo. Ou seja, a receita das concessionárias é praticamente garantida.
A Caixa é outra instituição que tem se empenhado no desenvolvimento do setor de iluminação por meio de um fundo de desenvolvimento das concessões e PPPs (FEP). Atualmente apoia 21 municípios na estruturação dos projetos de concessão da rede. Há ainda 133 prefeituras habilitadas para estruturarem os projetos com apoio do banco, individualmente ou em consórcios.
Dos leilões ocorridos no início do mês, a modelagem de Aracaju (SE), Feira de Santana (BA) e Franco da Rocha (SP) foi feita pela Caixa. As licitações receberam 14, 11 e 7 propostas, respectivamente, demonstrando o forte apetite dos investidores que deram lances com deságios que variaram de 38,75% a 58,7%.
“O que está ocorrendo agora é um movimento fantástico impulsionado pelo apoio profissional de BNDES e Caixa, entre outros”, afirma o conselheiro da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) Miguel Noronha, coordenador do Comitê de Iluminação Púbica da associação.
Mercado gigantesco
O potencial de investimento do mercado é gigantesco se considerar a quantidade de municípios do País (5.570). Claro que muitos não vão querer transferir a administração das redes para a iniciativa privada e nem todos os ativos vão atrair investidores pela falta de viabilidade econômica. Ainda assim, os números são promissores.
Segundo dados da Abdib – que também oferece aos municípios um guia de boas práticas para PPPs de iluminação, com modelos de edital e contratos padronizados -, o Brasil tem hoje 18 milhões de pontos de luz, sendo que apenas 1,5 milhão (considerando os últimos leilões) estão sob gestão de concessionárias privadas. Um dos benefícios da transferência da gestão da rede é a redução da conta de luz. Com lâmpadas de LED combinadas com sistemas de gestão e controle integrados, por exemplo, pode haver uma redução de 50% do consumo de energia dos sistemas de iluminação pública.
Soluções para cidades inteligentes elevam apetite do mercado
A forte disputa nos últimos leilões de iluminação pode estar associada às receitas acessórias que viriam de soluções para cidades inteligentes. Por meio do sistema de iluminação pública, é possível oferecer serviços de monitoramento das cidades e semáforos e estacionamento inteligentes, entre outras funcionalidades. É um mundo de possibilidades que tem atraído o olhar de investidores nacionais e estrangeiros.
O diretor presidente de Soluções da francesa Engie, Leonardo Serpa, diz que a iluminação pública é como a parte neural de uma cidade. “A estrutura de cabeamento e de postes pode ser usado de outras formas e para outras tecnologias.” Serpa conta que, em 2016, a empresa fez um amplo levantamento estratégico e verificou que havia muitas oportunidades de negócios no setor de iluminação, que pode economizar 50% do consumo de energia com tecnologias mais modernas.
Desde então a empresa vem disputando algumas licitações. A conquista mais recente foi a PPP de Uberlândia, em Minas Gerais, em novembro de 2019. “Estamos sempre estudando as oportunidades, mas decidimos focar em cidades um pouco maiores”, diz Serpa. Hoje a Engie administra 300 mil pontos de luz no Brasil – no mundo, o total é de 1,5 milhão.
Além das gigantes de energia, como Engie e a italiana Enel, outro grupo que tem marcado presença nos leilões é o de empresas menores, algumas delas antigas prestadoras de serviços para as distribuidoras e também empresas ligadas à instalação de radares, explica o presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Iluminação Pública (Abcip), Pedro Iacovino.
Com a entrada de BNDES, Caixa e IFC na modelagem das PPPs, novos personagens têm surgido, como empresas controladas por fundos de investimentos. Nas três licitações ocorridas no início do mês, um grupo formado por quatro empresas (Proteres Participações, High Trend Brasil, MG3 Infraestrutura e RT 071 Empreendimentos) venceu duas delas.
A Proteres Participações e a High Trend Brasil já havia vencido, em outro consórcio chamado Smart Luz, a PPP de iluminação da cidade do Rio de Janeiro, cujos investimentos somam R$ 1,4 bilhão em 20 anos. A Proteres, pertence a um grupo português, e a High Trend Brasil, ao grupo Light & Technology (que tem como acionistas fundos de investimentos dos EUA e de Cingapura).”Temos uma seleção de cidades que nos interessam e estamos estudando cada uma delas”, diz o presidente da Smart Luz, Carlos Sánches.
Segundo ele, a iluminação pública permite oferecer às cidades uma série de funcionalidades para a população. “No mundo, essas soluções estão mais avançadas do que no Brasil, mas isso vai aumentar aqui”, diz o advogado Bruno Aurelio, sócio especializado do setor de infraestrutura do escritório Demarest.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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