#t'challokiporn
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os4pilaresdeloki · 5 years ago
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Ainda tinha fome pela manhã, depois da refeição noturna do que era a principal alimentação do local — vegetais — quando queria fast-food. Estava de mau humor quando seu anfitrião despertou e o abraçou, e resmungou seu descontentamento naquela terra tão quente como o homem com quem dividia a cama.
— Sonhei com um paraíso — disse T’Challa com a voz rouca das cordas vocais adormecidas —, e acordo com ele entre os meus braços.
— Seu paraíso é escasso de comida — repreendeu-o.
— Certo. Vista-se com algo confortável e prático — pediu. — Aproveitarei para lhe apresentar o reino.
— As verdes florestas verdes? — indagou.
— E algumas criações, se me permitir.
— Adorei cozinhar ao sol — falou antes de ter um frasco jogado em sua direção. — Loção.
— Um bloqueador solar que a princesa Shuri desenvolveu. Dizem que Jotunheim é um lugar frio.
— Por isso posso absorver calor dos ambientes.
— Sim, mas evite de absorver também a radiação solar.
— A princesinha parece ser a mais inteligente da família — concluiu abrindo o frasco para o cheirar.
— Ela é — garantiu.
Guiou-o dois passos à frente com o convidado que mantinha as mãos às costas, a disposição caso as Dora Milaje decidissem contê-lo repentinamente nos largos corredores ou na mesa posta no salão cercado de gigantescos arcos das janelas. Entregou-lhe um dos pratos, para evitar que Loki notasse a descontente saída de Ramonda antes de sentarem-se à mesa.
Antes que tivesse oportunidade de experimentar seu prato T’Challa o fez por ele, com a bebida de cor e sabor incerto além do perfume sutil do mel com o qual foi adoçado com a mínima quantidade.
— Sou que arrasou com o seu… — disse Shuri antes de pigarrear, sem saber qual título o companheiro do seu irmão levava. E esperava que nunca soubesse, que nunca fosse um relacionamento formal.
— Quem mais sabe? — questionou Loki buscando antecipar as reações, e lembrou-se da Dora Milaje que sorria ao passar instantes antes.
— Apenas a família — afirmou Loki —, e o médico.
— E, possivelmente, algumas Dora Milaje — Shuri riu divertindo-se.
— Todos — concluiu Loki.
— T’Challa nunca tinha feito isso, ficou assustado de verdade — riu. — Não sabia que poderia acontecer… Deveria experimentar — sugeriu ao convidado do irmão.
— Não fique assim — pediu T’Challa ao dono do prato que pegou outra fruta novamente.
— Por que não come sua própria comida — queixou-se Loki.
— Ah, ele teme que tentem te envenenar — disse Shuri. — Você cultivou muitos inimigos. Eu deveria fazer isso — disse antes de levantar-se e retirar o prato.
— Que ela não se atreva — sussurrou o irmão. — E não se preocupe em ser perseguido aqui, ou com o que aconteceu ontem. É estranho, mas não tem do que se envergonhar.
— Não estou, e não colocarei aquilo… aquele… — sussurrou. — Como chamam nesse mundo?
— Alguns chamam de sounding, pela necessidade da sonda em alguns procedimentos médicos, o que não foi o nosso caso… — riu ao pegar uma fruta mais. — Então prefiro chamar de haste peniana.
— Nunca mais usarei esse brinquedo perigoso novamente — declarou.
Guerras eram o que preocupavam T’Challa, e enquanto não fosse uma ameaça real ou ao menos sutil sorria. Seu povo estava bem e sob sua proteção, com recursos para sobreviver em caso de isolamento total, como mantiveram por tantos anos, e habilidosos na arte de combate.
Desceram do jipe aberto que T’Challa dirigia ao avistarem o primeiro rinoceronte-branco, para caminhar em direção à criação cuidada pelos pastores da fronteira. Assim alarmariam os animais e dariam mais tempo para que fossem recepcionados. O rei apenas acenou, de longe, depois de um dos pastores observar os arredores em vigilância comum às Dora Milaje que acompanhavam sua alteza.
— Tem muita vida aqui — afirmou Loki ao ver dois filhotes. — Talvez tanta vida devesse ser celebrada.
— O que sugere?
— Retribuição, simples e ingênua — sugere com seriedade. — Porém lamentável estarmos em público, e eu não estar liberado para minhas… habilidades — concluiu agitando os dedos.
— Entendo… Então talvez eu possa aprovar uma exceção — concordou em um sussurro mesmo que estivessem sozinhos em um raio de mais de cinco metros. — O que faria? — perguntou sentando-se em uma rocha.
— A pergunta certa — riu — é o que eu não faria.
Arqueou os braços em um gesto amplos e logo tinha um falso rinoceronte-branco pastando a poucos passos para apreensão de Okoye até que o rei lhe fizesse um gesto de que havia permitido a ação. T’Challa cruzou os braços, acompanhando a reprodução dos animais até estarem ocultos por trás da barreira.
Parou às suas costas e tocou-lhe o ombro antes de outro idêntico prosseguir, com a pálida mão deslizando da coxa ao joelho do rei antes de prostrar-se com um dos joelhos no chão. Acariciou-o superficialmente entre as pernas, com alguma pressão ao ao notar a reação mais confortável de T’Challa, em afastar mais os joelhos e lhe dar passagem para que fosse livrado do cinto.
— A noite inteira… — T’Challa ouviu sussurrante após ser abraçado pelos ombros — sem satisfazer-se. Aguardando pacientemente...
Fechou os olhos quando foi provado, ainda de braços cruzados.
— Em local aberto — continuou ao seu ombro —, sob o sol de seu país — provocou. — Quer que eu faça de outro modo?
— Não — recusou. — Não, está — suspirou.
— Por quê não uma língua de serpente? — indagou.
— Uma o q… — Olhou para baixo. — Uou!
— Devo parar com isso? — questionou mordiscando a orelha antes de a soprar. — Devo...
Deixou-o respirar com dificuldade antes de voltar ao ritmo calmo de antes, até controlar-se o suficiente para descruzar os braços e correr os dedos por entre os fios na sua frente, deixando-o livre até sentir a língua penetrar-lhe novamente, brincalhona e suave antes de retirar-se.
— ...Loki — suspirou de voz grave.
— Relaxe, rei — ordenou ainda preso aos ombros que se moviam com a agitação da respiração. — Solte-o, rei — mandou quando notou os dedos entrelaçados aos fios agora embolados.
Deixou de ser ouvido enquanto T’Challa tentava esconder o ruído involuntário, umedecendo os lábios antes que mais suspiros escapassem, rebeldes.
— Aquela é Shuri? — perguntou levantando os ombros para ver entre os chifres dos animais. — Está falando com uma Dora Milaje. Acho que estão te procurando.
— Não agora… — sussurrou T’Challa. — Não… Não é hora.
— Eu resolvo isso, gatinho travesso — afirmou em um estalar de dedos.
Logo um terceiro seguiu por entre os animais, dizendo às mulheres como eles eram belos e garantindo que o rei havia conversava com os demais heróis pelo comunicador.
— Tudo resolvido, por enquanto — garantiu com os dedos sob a camisa, alongados até alcançarem o relevo do peito e beliscar até que T’Challa protestasse a dor.
— Seria ainda melhor se fosse você entre minhas pernas — confessou.
— É, não se pode ter tudo — lamenta inclinando-se para ver o que estava ocupado.
T’Challa ofegou alto, puxando para si os lábios até que não tocassem apenas o apêndice, tornando a trazê-los quando insistiam em se afastar e mantendo o controle para não ferir aquela ilusão, que se desfaria com facilidade entre suas mãos. Surdo ao próprio êxtase que escapava do fundo da garganta — satisfeito.
Afastou as mãos do tórax do mais jovem, com um último beijo no seu pescoço ao dizer: — O que eu não…
— ...faria? — questionou Loki entre seus joelhos, terminando de lamber os últimos resíduos para guardar onde havia encontrado.
— Você… — suspirou exausto e surpreso. — A sua língua e… Como sua ilusão pode parecer tão real?
— Séculos de prática — afirmou levantando-se com o apoio na perna de T’Challa.
— Isso pode ser perigoso…
— Então não tenho mais permissão? — questionou ao fazer desaparecer os animais e as mulheres que criou. — Achei que pudesse tornar mais… interessante. Lamento — desculpou-se com falso arrependimento.
— Quão interessantes pode tornar? — indagou com aceitando a ajuda para levantar-se.
— Do modo que preferir — garantiu. — Alguém mais jovem. Ou mais velho — afirmou ao passar a mão pelo queixo, o que fez surgir uma lustrosa barba branca, como os fios e marcas de expressão, que se tornaram a seguir.
— Pare! — pediu. — Eu disse que o quero como se sinta confortável, como jotun ou… a forma que costuma usar. Embora eu confesse que gostei dos gêmeos — confessou. — Quantos pode fazer?
— Quantos o rei precisar — afirmou.
— Mesmo que sejam todos você ainda é único — declarou soltando-lhe a mão para tomar o rosto com delicadeza antes de o beijar.
Gestos delicados e diversos que envolveram Loki quando não soube precisar quanto tempo demorariam, como aprendizes, apenas, sem a volúpia da primeira noite. Testando e conhecendo-se agora que a impetuosidade havia se apagado, invertendo a ordem lógica que deveriam seguir.
Heróis não tinham tempo à perder.
Não demoraram a ver as Dora Milaje no lado contrário do que suas imagens estavam um momento antes, guardando o caminho que seguiram para o limite com a floresta, caminhando ombro a ombro, em passos firmes de sua alteza que prezava a postura, e descontraídos do alienígena que momento ou outro arrancava uma grama mais alta do trajeto que seguiam. Cada qual realizado ao seu modo àquela estranheza incerta do relacionamento, uma promessa confidenciada de serem humanos, ainda que apenas um não o fosse.
— Acampem aqui — pediu T’Challa —, mostrarei as redondezas a ele.
— Sua alteza, isso é…
— Sem recriminações, Okoye. Você sabe o que penso a respeito dele — encerrou. — Ficarei bem — afirmou —, apenas aguardem.
Desequilibrou Loki ao puxá-lo pela mão, e cruzaram os dedos ao iniciar a caminhada à margem do volumoso rio, mantendo-o próximo a todo momento em que tentava afastar-se, fosse para explorar ou apenas evitar o gato pegajoso, como foi rispidamente acusado se ser.
— Mudou de ideia? — questionou.
— Quanto a quê, humano? Seja específico — pediu exigente ao tornar a tentativa de que sua mão fosse solta.
— Quanto a nós — esclareceu ao parar de caminhar.
Parou com a pálida mão entre as suas e não o olhou mais quando não ouviu resposta, detendo-se apenas nos quinze dedos na altura do peito até que os outros cinco surgissem quase fantasmagóricos para reaver sua gêmea.
— Nunca considerei nós — afirmou em respeito aos sentimentos alheios.
Não seria bom estar isolado e sem testemunhas para o conflito que pudesse surgir. Uma coisa era lidar com um ex-pirata espacial terráqueo, e no outro extremo era lidar com um reino terráqueo enquanto estivesse no outro território.
— Está sendo sincero? — questionou. — Porque parecemos ser compatíveis juntos — insistiu de testa franzida.
— Certamente parece — sorriu de palmas juntas —, para um…
— Humano insignificante? — questionou. — Parece fazer questão de dizer isso. Tem algum significado dizer que não tem significado?
Loki passeou com a vegetação beira-rio quase na altura dos joelhos, sem querer responder a verdade daquela lógica que já sabia a tanto tempo. Humanos viviam em um piscar de olhos, amadureciam rapidamente, e as crianças sempre pareceram mais inteligentes que os adultos em sua simplicidade e rebeldia. Talvez todos os mundos, como Asgard ou Jotunheim apreciassem mais a vida se tivessem menos dela para guardar tantos rancores. Humanos tinha suas diferenças, incontáveis para uma raça contra si mesma, com guerras revalidadas e ainda assim sem perpetuar a cólera ancestral.
Aquele era o tempo para um humano amar, e há muito havia parado de invejar a brevidade de suas vidas — com dores ou amores — para tentar ser um igual. Sorriu ao lembrar que quase oito bilhões o odiavam ali.
Caminhou de volta ao local em que o havia deixado, colocando-se de costas para a árvore para que pudesse o olhá-lo.
— Se eu considerar…
— Considere — pediu.
— ...poderá me deixar em complicada situação se houver diferenças entre Wakanda e Os Vingadores, ou Os Vingadores e Asgard.
— Não o faria escolher um lado.
— Faria, caso eu fosse subtraído. É o que as emoções humanas fazem. Sou um objeto que poucos preferem que eu não seja eliminado. Mero objeto político.
— Nunca será, para mim. Então considere — exigiu.
— Considerar… — experimentou o sabor da palavra. — Considerarei-o — prometeu —, mas não a relação — recusou-se.
— Acredito que eu deva me contentar com isso por algum tempo mais — sorriu. — Mudará de ideia.
“Não permitirei que perca seu tempo”, era o que gostaria de lhe dizer. No entanto a vida humana era extremamente fugaz, e, se os humanos eram urgentes, que T’Challa Filho de T’Chaka o tivesse tanto quanto imaginava ter.
— Como imagina que fará isso? — desafiou-o até que também sorrisse.
Sentiu as mãos firmes sob seus braços deslizando até que parassem no quadril, onde os dedos apertaram sem pudor. Seus olhos também brilhavam em expectativa.
— Está me provocando aqui — T’Challa disse —, novamente expostos.
— Dizem que sou um demônio — afirmou.
— Eu havia dito para vestir algo confortável — repreendeu-o.
— Estou confortável — garantiu.
— Está selado — contestou em desaprovação à roupa tão justa.
Loki esticou-se para o tornozelo esquerdo e estendeu a mão para o pequeno gancho dentro da bota, de onde em seguida puxou o zíper embutido até o cós, livrando-se daquela parte da roupa.
— Perfeito — falou ao deslizar a mão pela pele mais fria do que deveria estar.
Mergulhou-a no interior da coxa entre Loki e o tronco áspero da árvore antes de suspender a perna e enlaçar-se, deixando-o na ponta do outro pé e em busca do equilíbrio do seu ombro.
Brincou com a pele alva após livrá-la da cueca, perguntando-se o que Loki faria se interrompesse mais do que o tempo para desafivelar seu cinto e untar o preservativo com o spray tirado do mesmo bolso que o pequeno envelope
Loki puxou-o para o beijar os dentes perfeitos com avidez antes provar o pescoço escuro, com movimentos dos quadris ainda que T’Challa tivesse ambos entre a mão esquerda ao apoiar-se na árvore com a outra, equilibrando-se por ambos. Respirou pela boca quando foi posicionado à sua entrada e perdeu o apoio do chão, de largos olhos pela posição que julgou conhecer — na horizontal.
Enlaçou o pescoço para evitar cair.
— Você é… — disse T’Challa — Tudo o que eu buscava — afirmou lhe tirando o cabelo do ombro antes de beijar a articulação.
Ouviu-o gemer ao seu ouvido, em ondas quase engasgadas quando pressionou o quadril para reger o movimento, à sua mercê em uma inversão de títulos. Explorou o relevo da coluna mesmo sobre o traje, e talvez o convencesse a retirar para que entrassem no rio.
— Isso — Loki silvou ríspido, sem suporte próprio. — Isso, humano! Mova-se! — exigiu de voz grave. — Não ouse parar!
— Eu deveria fazer isso — confessou.
— Não ouse… Sim! — gritou movendo a garganta beijada antes dos lábios serem alcançados e devorados. — Ah, humano… não ouse — advertiu em deleite. — Sim! — bradou novamente. — Um rei… e um deus.
— O meu deus — declarou possessivo
— O meu gato travesso! Isso! Um gato travesso para o deus das travessuras! Isso, T’Chal… ...la — disse entrecortado —, iss…
Afastou-o para ver seus olhos fechados e beijou-os, e mordiscou o nariz para que os ombros se afastassem e os quadris se movessem na sua direção, reflexivos. Deixou-o saber ser agradável, e arrepiou-o com as cócegas dos beijos no pescoço. Novamente o via descontrolar-se. Reduziu o ritmo, contrariando-o.
Não arriscaria o mesmo da noite anterior, queria-o desperto.
— Como está? — perguntou.
— Quando me deixará… — rosnou, surpreendido por outro movimento.
Colou-se mais ao outro, manchando a roupa de ambos, e logo não era o único a terminar, ajoelhados vagarosos voltados um para o outro até recuperarem-se com sorrisos confidentes antes do zíper voltar para o lugar — mesmo com poeira.
T’Challa levantou-se primeiro, alcançando uma folha larga que pudesse envolver o látex que guardou no bolso oposto de onde foi tirado.
— Não deveria arrancar — censurou-o Loki.
— Sou o rei desse lugar — lembrou-o. — Ninguém pode, além de mim — esclareceu antes de sentar-se.
— Há quanto tempo explora as árvores desse modo? — questionou sentado ao lado.
— Essa é a primeira — afirmou com o braço em suas costas para que deitasse a cabeça em seu ombro. — Lembrarei de trazer guardanapos.
O sol estava baixo quando chegaram, e havia corrido à linha do horizonte em alerta de que logo seria noite.
— Poderia estar aqui para sempre — ofereceu T’Challa —, comigo.
— Não estaremos — respondeu arrogante. — Compromissos reais — desviou.
— Nem me fale… Tenho compromissos inadiáveis na próxima semana. Tere as roupas — convidou levantando-se —, vamos nos lavar.
— No rio?
— No rio — confirmou.
— Não vou entrar nessa água — recusou vendo-o tirar o tradicional hábito de Wakanda antes das botas.
— Os crocodilos não ficam nessa água — garantiu com um sorriso.
— Não seja ridíc…
— É, eu sei… Mas você tem muitos receios para um deus — desafiou-o.
Despiu-se com alguma raiva, mal-humorado com a infantil brincadeira terráquea de respingar água quando ambos estavam encharcados, e saiu do rio antes da claridade findar, irritado por ser lembrado de sua natureza — nem humana e nem asgardiana — gélido ao vestir-se e absorver algum calor para a longa caminhada de volta.
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os4pilaresdeloki · 5 years ago
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Girou na cama e suspirou insone. Ao lado, de bruços, Loki dormia profundamente após um dia tedioso e estendeu-se para beijar o ombro descoberto. Ele acordaria facilmente se não estivesse tão cansado do dia anterior. O outro sequer moveu-se.
Aproximou-se mais, tirando o cabelo das bochechas esguias e colocou a mão sob ele, na nuca. Era fria. Mais fria que qualquer um em Wakanda, todavia não naquele mundo. Ainda que para T’Challa fosse refrescante Loki moveu-se incomodado.
— Está cansado? — sussurrou ainda que fosse o que parecesse.
— Insônia? — perguntou Loki sem abrir os olhos. — Quer ajuda? — sugeriu sem o olhar, de sobrancelhas arqueadas.
— Não — sorriu com a preocupação e quão patético seria se fosse o caso. — Quero te convidar para explorar por aí.
— Por aí? — questionou virando-se para o teto escuro de braço sobre os olhos ao bocejar.
— Temos algum tempo até o nascer do sol e começar a ficar quente demais, pra você, lá fora.
Loki sentou-se com o braço no joelho dobrado, pensativo sobre aquilo. Bocejou. Se realmente estivesse cansado teria todo o dia para dormir ao ser trocado por política. T’Challa segurou seu ombro despido do corpo agora à mostra até os quadris.
— Não será cansativo — garantiu. — Eu juro — afirmou em incentivo.
Levou-o rapidamente pelos corredores, espiando momento ou outro sabendo que eram monitorados através das câmeras — ao menos dentro do palácio. Antes de saírem, com a escolha de trajes da pouca bagagem de um Loki que recusou-se a fazer uma nova estando tão sonolento, T’Challa programou uma mensagem para daí a algumas horas, quando o sol nascesse.
Era um risco adorável de superar.
Caminharam um pouco além do que prentediam. A ideia de sua majestade era de estarem deitados sob o firmamento juntos, consumirem-se sob testemunho das estrelas, sexos pela brisa — apenas quando estivessem cansados. No entanto Loki não tinha nada em mente, ao menos até despertar o suficiente para ter ideias a cada passo — um adestrador de feras, diriam as estrelas.
Guiou o próprio caminho antes que T'Challa notasse, sendo seguido ao embrenhar-se mais e mais entre as árvores. Depois poderia descobrir o caminho sozinho após alguns minutos de caminhada, ou apenas flutuando acima das árvores — antes de se tornar um alvo —, mas tinha um guia melhor do que o próprio senso de direção.
T’Challa beijou-o como se um instante antes não tivesse feito o mesmo, surpreendido pelo movimento incomodado quando Loki preferiu afastar-se. Viu-o erguer os braços para o largo galho mais próximo antes de pendurar-se com as pernas cruzadas e olhá-lo de ponta cabeça em convite: — Vamos? — convidou.
Sorriu e seguiu-o. Galho a galho cada vez mais alto, e na ponta dos pés, sem que T’Challa algum dia pudesse alcançar, Loki entregou-se ao vento que privilegiava as copas das árvores, e como elas nada viu.
Encontrou o rei recostado ao tronco quando desceu, alguns centímetros, para o galho inferior onde abaixou de joelhos altos, quase sentado. O parceiro não demorou a notar a mudança de roupas, uma perigosa arte para os desatentos, preocupou-se: — Uma coberta? — questionou. — Está com frio?
Com a graciosidade permitidas apenas aos deuses Loki manteve os pés firmes ao se levantar e soltar a gola larga demais do estranho traje que escorregou dos ombros para desaparecer nos galhos metros abaixo.
Outros seres apenas tomavam ou não aquilo que queriam, com todas as suas forças para conseguir ou recusar a investida hostil. Mas os humanos… eram complexos e diferentes. Seduzir e cortejar era algo da sua natureza. E adorava reduzir-se àquela.
Suspirou para a lua alta quando o peito foi tomado por lábios tão urgentes, e manteve a cabeça do — seu — rei ali, lhe alimentando o desejo ao tempo que o seu era saciado. Parte da boca ocupada para algum diálogo e ambas em seguida, alimentando-se mutuamente, famintas, e Loki pressionou os músculos das nádegas mais de uma vez, com desejos tão conflituosos quando se limitava por aquele humano.
Distraiu-se um instante com cinto e botões, próximo o suficiente para sussurrar:
— Como as panteras fazem? — questionou devasso.
Queria-o, naquele instante e lugar, para a lua e o sol que chegaria, e passou por trás de Loki para sussurrar: — Cercam-se. Observando. — Rodeou o tronco a cada momento agitando as folhas de um galho ao também se despir, então estendeu a mão em convite. — Esperam a outra aproximar-se — sussurrou depois de o puxar pelos dedos, e rodeou-o com os próprios braços, abraçando-o de costas antes de apoiar a mão em seu quadril. — Elas arranham para saber que as garras são afiadas. — Deslizou as unhas até o umbigo até que a mão fosse pressionada por Loki, e continuou até raspar a pele.
Deslizou as unhas da outra mão um pouco mais, pelos ombros e pelas coxas longes da sua vista, antes da virilha, provocativo ao mordiscar as omoplatas — onde a boca alcançava. Beliscou com os dentes até Loki torcer-se e tentar escapar, então suspirou e o arrepiou ao deixar sentir sua respiração morna quando continuou: — O mordeira sem ferir, e o cobriria assim — explicou fazendo-o acompanhar seu movimento para baixo, até estarem sobre joelhos e mãos, como animais — para que não escapasse quando o penetrasse.
O fez, sem avisos maiores do que o toque entre a carne, repentinamente. Abraçado ao seu peito esperou-o recuperar-se, e beijou os ombros diversas vezes até que os batimentos fossem de expectativa invés de apreensão.
— Você está bem? — perguntou.
— Sim, minha pantera… — respondeu com um sorriso lascivo.
Confirmou lhe dando liberdade para mover-se como um animal faria. Estava apoiado em mais de um galho, no território encontrado por quem o cobria, e não importava que não fosse a melhor vista quando manteve os olhos fechados para a escuridão. T’Challa equilibrava-se, atrás, com ambos os pés em um mesmo galho enquanto os dentes ainda continham-se contra seu pescoço, e seu cabelo deliciosamente puxado que o forçava a receber ar em seu rosto.
Firme, sem que Loki tivesse as mãos livres, os suspiros mesclavam-se às folhagens sacudidas, mais audível quando T’Challa pressionou onde queria ser tocado, tendo ambas mãos livres e mantendo uma na coluna do parceiro quando afastou o peito dos ombros do outro ao continuar.
— Eu… amo a sua força — sussurrou. — Amo que esteja disposto a essas loucuras, porque você é tão… — falou esquecendo-se as palavras — ...maravilhoso.
Loki não respondeu, limitando-se a pender a cabeça um instante. Tentou levantar uma das mãos pra mudar de posição e voltou a apoiar-se no mesmo lugar de imediato antes de T’Challa tornar a debruçar-se, lhe sustentando a mão para que estivesse de joelhos ainda que protestasse divertido: — Pensei que seria outra pantera — falou com algum esforço. — Minha pantera — especificou.
— Sua pantera — jurou em suspiro, com a mão coberta sobre o próprio quadril, movendo-se em conjunto. — A única da qual precisa. A única… — calou-se, guardando as palavras para assim que se acostumasse com a sensação da nova posição, cada uma delas sem nome. — Iss… Destarte, destar… — Os músculos das costas manifestavam-se, cansados, e tampouco gostaria de terminar naquele momento. Segurou-se aos pulsos de T’Challa. — Você é… de muito agrado…
— Agrado? — queixou-se com uma investida repentina que o fez soltar uma das suas mãos. — Vou te fazer lançar nas raízes, meu amor. Gosta quando me movo assim?
— Gosta quando me movo assim? — repetiu provocando-o com o deslocar dos quadris, e soltou as mãos para os galhos quando T’Challa moveu-se subitamente outra vez.
— Eu amo qualquer coisa que faça. Eu amo… eu amo… — Beijou-o no ombro esquerdo. — Qualquer coisa que tenha pra mim. — Beijou-o no outro ombro e gemeu quando o quadril moveu-se contra o seu em círculo novamente.
— Midgard… planeta dos amantes — disse para o céu entre a folhagem vendo o horizonte que clareava. — Encantador paraíso de enamorados e apaixonados...
Sua respiração era agressiva, apenas aguardando cumprir sua promessa para entregar-se, vencido. Acompanhou o peito arquejante de Loki e os dedos deslizaram mais quando espirrou e gotejou para metros abaixo, ouvindo a voz enérgica dizer: — Isso, árvore. Alimente-se de mim! — ordenou de vaidade arrogante.
Apenas então comprimiu seu quadril contra o do outro, em um gesto ainda viciado. Tentou apoiar-se e puxar o parceiro para mais perto do tronco, para o ter entre os braços ao descansarem. Porém não era um deus.
Foi seguro a tempo, e agarrou-se ao pulso de Loki como esse o havia impedido de cair. Erguido com delicadeza até que estivessem de pé e o radicado Asgardiano verificasse, nos seus olhos escuros, se não havia passado de um susto e estava bem. Então foi beijado e suas coxas largas erguidas para enroscarem-se nos quadris de quem podia caminhar de olhos fechados até a segurança.
Loki abraçou-o à sua frente quando acomodaram-se de frente para o sol que nascia, antes de T’Challa erguer uma das mãos para tirar uma folha e envolver o preservativo antes de guardar no bolso da roupa estendida ao lado.
— Como pode ferir essa magnífica planta? — censurou-o Loki.
— Uma folha, apenas, perto de tantas… — inclinou a cabeça um pouco para trás, para um beijo na têmpora. — É uma das nossas árvores mais resistentes.
— Então ser rei o permite vandalizar vegetais — concluiu.
— Você viu quantas derrubamos à pouco? — contestou-o.
— Caíram por um motivo mais nobre — retrucou para risadas de T’Challa que encontrou as pupilas quase douradas, voltadas para o sol. — É das árvores mais fortes, não das mais espertas.
— Prometo não retirar mais para isso — atendeu-o, envolvendo-se mais nos braços delgados. — Não ‘vandalizarei’ seu reino.
Não tinha um reino, e não o diria. Talvez um dia encontrasse amigos ali, mais do que vigias ou colegas. No entanto nunca exigiria uma parte daquele território ou daquele mundo — ou de qualquer outro além do que foi negado de Asgard —, mesmo que houvessem filhos envolvidos…
Ainda que soubesse seu paradeiro, as Dora Milaje não gostaram de ver o rei chegar após o amanhecer, sem qualquer escolta, para descobrir que não era realmente T’Challa quando outro, acompanhado de Loki, aproximava-se em maior desalinho. Loki manteve a mesma capa longa sem abertura para mangas, protegendo-se precariamente do sol que o deixaria vermelho se não fosse por aquele veludo mais claro ou escuro conforme as ondulações do tecido verde.
— Espero que não tenha esquecido os compromissos do dia — Okoye lembrou-lhe de mau-humor.
— Não, jamais — afirmou. — Dê-me alguns minutos para aprontar-me — pediu, amparando as costas de Loki para que fosse à frente.
— E não brinquem de sósias à vista dos outros — exigiu.
— Sim — concordou T’Challa voltando-se brevemente —, não acontecerá outra vez.
Lavaram-se rapidamente, no chuveiro em cascata em outro ambiente do mesmo banheiro.
— Descanse — pediu sob a água —, e espere-me. Tentarei voltar antes do jantar.
— Como se eu fosse a algum lugar.
— Poderemos explorar novamente mais tarde — sugeriu.
— Serei acusado de o desviar.
— Não será acusado de coisa alguma — afirmou. — Cresci aqui, com a guarda real e muitos dos súditos. Eles podem atestar minha natureza… Apaixonada.
Tomou-lhe o rosto para um longo beijo antes de apressar-se para sair, e antes de fechar a porta observou Loki deitado apenas com a toalha — tentador — sabendo que não se daria ao trabalho de vestir-se ou criar um traje para o dia que passaria na cama, solitário. Sugeriria alguma companhia se não soubesse que dormiria o que não pudera à noite.
O telefone vibrou sob sua mala na longa mesa do televisor, e iniciou novamente após a ligação cair. Puxou na memória quando havia falado com o irmão pela última vez — com sexo todos os dias poderia ficar um pouco confusa —, e fez o aparelho flutuar até sua mão até ver a quantidade de notificações que haviam. Então atendeu.
— Loki! — exclamou aliviado. — Onde esteve? Te ligo desde a noite para…
— Estava em cima de uma árvore, vendo estrelas até o nascer do sol, com o vento em todo o meu corpo enquanto… — começou a relatar.
— Para — gritou. — Para! Foi uma pergunta retórica. Milano tinha...
— Ótimo… — respondeu distraído ao apoiar o tornozelo no joelho. Exposto para o vazio.
— Está tudo bem mesmo? — confirmou. — Depois do pronunciamento?
— Claro… Quem é Milano?
— Eu sabia… Loki, é o nome da espaçonave de Quill, o seu ex… Ela…
— Explodiu no espaço?
— Não! Ela deu entrada na Via-Láctea há algumas horas, está em Midgard nesse momento.
Loki sentou-se rapidamente antes de perguntar: — Está aqui?
— Não, não está aí. Ela planou um tempo aqui na base de operações. Está a caminho do Missouri, agora.
— O que esse idiota está fazendo? — resmungou.
— Eu não sei, mas… Achei que deveria fazer. Não cause um confronto.
— Pantera e ‘Das Galáxias? Como eu impediria um conflito entre eles sem causar um conflito. Obrigado por não impedir a entrada dele.
— O que queria que eu fizesse? A coletiva de imprensa ainda está sendo transmitida e retransmitida. E eu não poderia impedi-lo de voltar para cá, é um terráqueo. Somos mais intrusos do que ele.
— Que o impedisse como fosse, então — irritou-se antes de desligar.
Arremessou o aparelho fazendo partes se soltarem antes de apoiar a testa nas mãos, os braços sobre os joelhos. Respirou fundo e após a decisão tomada os trajes mudaram para algo liso e emborrachado, o habitual couro preto e verde. Então, com os planos, levantou-se e não se importou com a porta deixada aberta.
Em minutos depois, depois de retornar ao laboratório de Shuri, deixava Wakanda sob escolta, com sequer um veículo para maior comodidade. Cinco delas seguiram-no para além da fronteira e alguns passos além, determinadas a estarem próximas quando T’Challa perguntasse pelo amante.
Não demorou em nada para que a armadura estivesse ao seu lado, recebendo um olhar irritado de Loki ao pousar a caminhar próximo enquanto dava o alerta até que Tony assumisse o controle para questioná-lo: — Para onde está indo? Deixou corpos?
— Saia daqui, Tony — pediu paciente.
— Eu deixei essa armadura justamente para o caso de você fugir da cena do crime.
— Não direi novamente — ameaçou.
— Então está fugindo? Porque sei que T’Challa está em uma reunião sobre…
Parou de caminhar e pressionou os dedos contra a palma, amassando o metal da perna antes que a armadura passasse a se arrastar com emissão ainda em funcionamento: — Não pense que isso vai me impedir de…
A outra mão fez o trabalho de esmagar todo o metal, sem dar chances de ser seguido por aquele aparelho naquele momento, uma advertência à companhia que recuou um passo mais, ainda em alerta.
— O Rei T’Challa em breve estará aqui — disse uma delas —, por isso deve falar com ele antes que tome qualquer atitude.
Com um gesto da mão para trás riscou a areia com força o suficiente para erguer a poeira e as fazer recuar mais. Não precisava ser seguido, no entanto, se as ferisse, jamais seria perdoado. Um perdão que nunca precisaria ou exigiria, mas que ainda assim lhe faria falta no caso de algum passo em falso.
A voz entrecortada de Tony retornou, lhe advertindo a sair dali o mais rápido possível antes que fosse alcançado pelo cientista. O minúsculo aparelho ergueu-se do monte danificado que deixou, à altura de seus olhos antes de ser esmagado com faíscas.
Trançou a folha que derrubou de uma árvore — se o rei o fazia, por que seu amante seria menos atrevido? Apenas era uma folha maior… —, e com um passo estava sobre ela, erguendo-se da poeira para os céus. Uma longa viagem tão longa quanto pudesse.
Em princípio seus vigias imaginariam ter colocado seu localizador em um avião, e depois Tony ou Carol encontrariam, ou esperariam que chegasse à Mansão dos Vingadores. Todavia, seu destino era outro, ainda que além mar, ainda que no mesmo país...
Enquanto T’Challa era informado, em uma reunião global de colaboração no tratamento de recursos alienígenas para controle e armazenamento de materiais perigosos e outros desconhecidos, Loki chegava à cidade de Missouri decidido a caminhar um pouco.
Parou atrás da nave estacionada ao ouvir os passos apressados e atrapalhados na rampa de desembarque, e logo viu Quill tentando apagar a manga incendiada, no lado de fora para evitar que todo seu veículo fosse incendiado. Contemplou-o em silêncio até ser visto pelo humano que parecia dependente como uma criança, com sua natureza desastrada.
O capitão paralisou ao vê-lo ali. Não estava em seus planos, por isso decidiu ir para casa mesmo após ponderar em Nova Iorque por tanto tempo. E Wakanda estava fora de questão, um território hostil onde Loki havia escolhido se abrigar.
Tentou um aceno e um sorriso, porém não aproximou-se, e sem rodeios Loki o fez.
— Deveria vender essa nave para o ferro velho, e ter outra — sugeriu.
— Uma asgardiana? — respondeu.
— Uma que não o mate incendiado. Onde está o restante da sua trupe?
— Tripulação — corrigiu-o mesmo que soubesse ser uma provocação. — Quando finalmente aprenderá nosso idioma corretamente? — reclamou.
— Quando aprender o meu.
— O de Asgard ou de Jotunheim?
Loki suspirou, não era por aquilo que estava ali, e sim para colocar pontos finais uma vez que Quill o havia procurado, ainda que o capitão nunca tivesse o atrevimento de confessar. Aproximou-se mais e o contornou.
— De qualquer modo aqueles seres inconvenientes não parecem estar…
— Parceiros — suspirou. — Amigos — corrigiu-se com medo de sar mal interpretado.
— Se você diz…
De pés firmes Quill marchou pela rampa para continuar no reparo da fiação acima da cabeça, com um breve curto quando foi seguido, e com um gesto Loki interrompeu a eletricidade ali, mesmo que — interrompido da atividade — o outro houvesse desistido.
Loki conteve-se de sorrir, em respeito à sensibilidade humana e sua inclinação em trocar os pés pelas mãos. Quil resistia a olhá-lo.
— Veio para…
— Vim porque estava há tempo demais fora de casa — mentiu Quill.
— Entendo… quando não considera aqui como sua casa — sussurrou. — Imaginei que tivesse visto a coletiva.
— Não — interrompeu-se para pigarrear. — Não por isso — continuou a mentir. — Mas seria mais íntegro ter me avisado.
— Para qual das estrelas eu deveria gritar por todo o universo? — perguntou retoricamente. — Deveria ter me avisado que partiria, depois de conceder o tempo que os humanos gostam de adotar quando querem prolongar o rompimento de uma relação. Prefiro que seja breve, sem estender-se, e implorou por apenas um tempo para pensar em tudo o que eu já havia feito. — Cruzou os dedos à frente do peito e arqueou as sobrancelhas, sem o olhar se não queria ser olhado. — Então pergunto a questão que me fiz: porque, coincidentemente, você está aqui?
— Não vim atrapalhar seu novo relacionamento — afirmou com amargor. — Apenas não o deixe ‘dar um tempo’ como eu insisti tanto.
— Dois anos de tempo. — Formou aspas com os dedos.
— É. Se der um tempo ele não tem como viajar para o espaço para impedir um término.
— Diga o que quer voltando para casa, Quill — insistiu com um passo mais, para o pressionar contra a parede. — Não para esses reparos, de fora da Galáxia.
— Não, isso foi o Rocket Raccoon, que derramou a bebida quando chegamos.
— Quando pretende ir?
— Tem tanto medo assim que eu estrague seu relacionamento? — questionou com um sorriso.
— Não — afirmou. — Talvez ele te mate, talvez eu te mate… Em quaisquer das opções a culpa recairá sobre mim. — Sacudiu os ombros de modo ingênuo. — Como os humanos despedem-se? — questionou.
— O quê?
— Como se reconciliam e terminam os relacionamentos definitivamente.
— Vão para longe, e nunca mais olham-se.
— O que você fez, ao partir — acusou.
Quill desviou o olhar, voltando à fiação agora sem corrente, obrigando-se a concentrar em outra coisa que não aquela conversa.
— Achei que não terminaria se eu estivesse longe — confessou.
— Então ainda estamos dando um tempo? — questionou com estranheza.
— Eu… gosto de você. E se, mesmo longe ainda fossemos um casal, estava bem para mim.
— Então viu a coletiva.
— Mais dolorosa do que terminarmos — afirmou. — É como se houvesse me traído.
— Ah… a complexidade humana para as relações…
— Sei que não me traiu — assegurou. — Ao menos a lógica sabe. — Inclinou rapidamente a cabeça. — Mas não muda o fato de que eu o queira na cama uma vez mais… ao meu lado… — divagou praguejando a própria estupidez.
— Entendo…
— Não precisa fingir entender.
— Porque não sou humano… e humanos tratam afeto como contrato… Um acordo.
— Não… não é isso… — Aproximou-se. — Não sente nada mais por mim? Realmente? — questionou instante antes de investir.
Uniu os lábios em quem não moveu-se, de olhos fechados por alguns segundos até afastar-se sentindo-se ridículo com aquele ato. Seria do que Loki o chamaria se não estivesse ocupado vasculhando o chão com a boca entreaberta em alguma surpresa.
— Lamento — desculpou-se —, talvez seja melhor você ir.
— Talvez imagine que eu tenha esquecido como éramos.
— Acredito que eu tenha sido apenas um passatempo… — desconcertou-se ainda mais.
— Preciso confessar que eram momentos divertidos, talvez únicos — confessou. — Nunca confundi seu nome, confundi? — questionou-se em um sussurro.
Orgulhoso Quill não deu-se ao trabalho de responder à afronta, indo ao armário sem notar o gesto e passos de Loki antes de o ouvir novamente.
— O que acontecerá quando você partir? — Loki questionou
— Como assim?
— Viverá sua vida, ou se matará? Dizem que a dor da paixão humana é a pior que existe.
— Gostaria de me ver morto?
— Eu seria culpado por todos, de qualquer modo… — suspirou. — Pobre Loki, sempre responsável por todas as tragédias… — falou sarcástico.
Quill beijou-o novamente, recebido por lábios entreabertos dessa vez. Apertou o comando para fechar a porta algumas vezes até que Loki entendesse que deveria restabelecer a energia para que fosse trancada.
Tomou-lhe os firmes e esguios quadris à frente ao saciar-se nos lábios que há tanto tempo era privado. Quando caiu no estofado Loki também arquejava acima, desequilibrado pela falta de apoio, e afastou os cabelos escuros do ombro para o puxar pela nuca — havia sonhado com aquilo tempo demais para conter os próprios dedos.
Não demorou a despir-se.
Ou a despí-lo.
Logo Loki falava às suas costas ao mover-se dentro do outro: — Era por isso que estava melancólico?
— Sim… — sussurrou de olhos fechados. — Sim, por favor… Como antes… Como… você gosta… A serpente...
Loki bocejou e serviu-se da misteriosa bebida naquela garrafa, silencioso e furtivo. Inclinado no sofá Quill alcançou-lhe uma das mãos que segurava seus ombros por baixo do braço, levando-a para entre as próprias pernas onde os pálidos dedos tornaram-se a boca da serpente, com a mesma voz entrecortada que havia implorado: — A serpente banguela… — gemeu abocanhado, sua postura preferida, e arriscaria dizer a de ambos.
Pendeu a cabeça. Queria-o há tempo demais para querer que se encerrasse tão rápido, e sentia-se urgente demais para esperar. E o outro aguardou, paciente, quanto finalmente se satisfaria e o deixaria ir para onde devesse estar.
Bebeu mais daquela bebida contrabandeada e manteve-se fazendo o que era esperado. Novamente em alguns minutos, imaginando quantas horas seriam necessárias antes de Quill precisar descansar aquele sorriso de alívio em reencontrarem-se.
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os4pilaresdeloki · 5 years ago
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Estava sozinho ali, embora nunca confessasse se sentir solitário em algum momento. T'Challa havia se retirado antes mesmo do amanhecer, para iniciar o dia e lidar com burocracias após tantos dias de negligenciar o que deveria ser sua prioridade, por ele — e mesmo que pudesse reclamar sua ausência nunca o faria.
Permaneceu sentado com um pé sobre a cama, para apoiar o queixo enquanto assistia as notícias no monitor. Diversos levantes e tumultos em vários locais do mundo, fosse em protesto ou em apoio àquela relação, de civis e personalidades políticas que exigiam uma resposta, e em especial na Fronteira, onde sabia que haviam mais guerreiros agora. E era com essas decisões que, teimosamente, sabia que T'Challa lidava agora.
Embora concordasse com o rei quanto a questão da transparência. Seria pior se descobrissem tal segredo. Seria mais simples relacionarem-se sigilosamente, que fosse mero concubino ou cortesão, algo que poderia lidar sem problemas. O tratavam como um pet em alguns canais, e em outros como um influente terrorista militar e estratégico. Todavia aqueles eram humanos, de vidas breves e que se importavam, mais do que deveriam, com a vida privada das demais pessoas.
Esperou e esperou, até cansar-se e se surpreender com os passos, pouco antes do anoitecer, predizendo a porta que não demorou mais a abrir-se. Encontrado na mesma posição sem qualquer incômodo de quem deveria ter acendido a luz com o passar das horas. T'Challa então abriu as cortinas depois de desligar o televisor e lançar um olhar aos olhos tristes. O sol ainda era forte no lado de fora.
— Passou o dia aqui? — perguntou T'Challa. — Poderia ter saído do quarto.
— Aqui é mais confortável.
— Imagino — concordou ao olhar a bandeja da manhã com mais do que deveria para o horário. Sentou-se ao lado e puxou-o pelos ombros. — Lamento não ter podido acompanhar o seu dia…
— Reuniões humanas. Chatas e tediosas, aposto.
— Realmente — concordou. — E indispensáveis. O que acha de um jantar?
— Você viu os reportes desse comunicador? — questionou levantando-se.
— O noticiário? Vi, sim. E eles não importam.
— São o povo. O povo do seu povo. Os humanos — acusou.
— Shuri jurou que você estava bem. — Olhou novamente para a cômoda em que a bandeja repousava com a bebida intocada na jarra. — No entanto está passando fome quando tem tanta fartura disponível.
— Não seja ridículo — suspirou com a mente cansada. — Sou um deus. Não é como se eu fosse morrer de fome. Então não tem porque se preo…
— Me preocupo — garantiu de imediato. — E nem você ou eu podemos fazer muito quanto a isso — confessou. — Quando não está comendo por motivos tão evidentes não me preocupar ou ignorar é algo que está acima das minhas capacidades — esclareceu. — Pedirei sua comida favorita — promete —, se me disser qual é.
— Esta é uma boa refeição.
Desvencilhou-se dele pra servir-se de menos da metade do suco, até ter um pedaço de fruta colocado entre os lábios quando hesitou em pegar. Levou a bandeja para a cama disposto a fazê-lo terminá-la antes que fosse rejeitada por mais tempo, e pela pulseira de funções pediu mais sabendo que seria preparado o quanto antes.
Era um deus. Ridículo não ter o que queria.
Inclinou-se para o lado, saboreando a boca disponível a lhe dar o que buscava — esquecer a reação de todas as pessoas que imaginavam o que faziam. Deslizou a mão pela esquerda, depois de alcançar o cinto, esgueirando-se para dentro da calça. Alisou e passeou ali, antes de descer mais e alcançar o alvo que queria explorar.
Foi interrompido pelo movimento de esquiva. T'Challa retirou seu pulso dali antes de beijar as veias visíveis na palidez.
— Não é algo que me deixe confortável — esclareceu ao saber as intenções.
— Um virgem — suspirou na surpresa que não havia considerado.
— Não exatamente.
— Já fez desse modo antes? — desafiou-o com um sorriso a meio palmo do rosto.
— Não — confessou quase constrangido —, porque não é algo que me atraia.
— Um virgem… Um humano virgem nas mãos desse pobre alienígena — sorriu mais, em expectativa. — Cuidarei bem de você — jurou ao beijá-lo com as mãos no cinto do rei.
— Loki… — suspirou.
— Será memorável! — prometeu.
— Loki — repetiu para ter atenção —, não vai acontecer — garantiu —, nessa vida ou na próxima.
Ridículo não ter o que queria. Era um deus.
— Então não confia em mim — frustrou-se Loki sem se mover. — Também não confia em mim — frisou ferino. Ferido. — Eu tomaria todos os cuidados para não o ferir — sugeriu na tentativa de que os olhos diante dos seus mudassem — E posso reduzir-me à um fio — insistiu.
— No entanto não é algo que me atraia ou excite — reafirmou.
Nem reis ou deuses podiam ter tudo o que queriam, suspirou. Não importasse de que mundo fossem...
T’Challa abraçou-o quando se afastou, beijando-o para amainar a frustração. Não precisariam fazer nada se ambos recusavam aquela troca. Usou a mão quando Loki conformou-se em não ter o que queria, sem demorar após aquela tensão acumulada. Ainda assim sem a mesma expectativa de antes.
O rei tomou-lhe a mão, hesitante, e puxou seus dedos para o peito ao notá-lo aborrecido sem o olhar.
— O dia ainda não encerrou para mim — falou sem saber como reagiria. — Uma das questões que eu realizava era uma coletiva que agendei para essa noite, e que será transmitida para o mundo.
— Então não teria jantar, de qualquer modo — percebeu.
— Jantaríamos depois, novamente — discordou. — Um pouco mais tarde.
— Não foi uma boa ideia, na última vez.
— Quero que venha comigo.
— Não foi uma boa ideia, na última vez — repetiu.
— É, eu sei. — Envolveu-lhe também com a outra mão. — Mas a coletiva tratará justamente desse caos que nós, humanos, fazemos mais vezes do que gostaríamos de admitir. Você não é um vilão, não é perigoso ou nocivo a esse planeta, e é o que direi.
— É um erro. Eu sou uma ameaça — respondeu ríspido.
— Sim, uma ameaça em potencial — concordou. — Mas não é uma ameaça real.
Queria correr e fugir, de um lugar onde não tinha o que queria, na hora que queria. Não estava habituado a esperar ou ter negado aquilo o que almejava — ao menos até pisar naquele planeta pela primeira vez… E estar ao lado do rei agora lhe parecia uma obrigação diante de tantas dificuldades. Talvez devesse correr e fugir, ainda que não fosse de sua natureza ousada aventurar-se antes de se desculpar com todos os que estivessem no seu caminho.
Prosseguiu do mesmo modo que na última reunião que o acompanhou, assistindo Shuri em seu lugar de honra ao lado de T’Challa diante do microfone, esperando que os ânimos se acalmassem apenas por estar visivelmente afastado do rei de Wakanda, no lugar de um cão fiel.
— Há uma séria oposição quanto ao relacionamento atual do Rei de Wakanda — falou quando o silêncio se sobrepôs aos resistentes. — Ou seja, a relação estabelecida entre Loki Laufeyson e eu, T’Challa Filho de T’Chaka. Afirmo que nenhum dos meus relacionamentos foram triviais ou fúteis, e não será diferente com o atual, que deveria pertencer apenas aos envolvidos.
“— E talvez por isso imaginem haver riscos — continuou —, como é erroneamente noticiado. No entanto afirmo que minha intenção é fundar uma união sólida e benéfica, não apenas para nós, mas também para o futuro deste mundo.
Estendeu a mão para trás, para a localização de Loki ainda que Shuri sussurrasse fora dos microfones. No entanto o convidado não deu qualquer passo em sua direção, sequer olhava à estranha apresentação, e mesmo com a sugestão das Dora Milaje não avançou.
— Loki — convocou T’Challa —, venha tomar o seu lugar de direito, por nossa escolha — pediu.
Atendeu ao pedido receoso, poderia causar uma crise maior se aceitasse, e outra se recusasse — ambas eram ideias ruins. Deu um passo à frente mantendo um ar surpreso e inocente ao mostrar-se pouco menos orgulhoso e em silêncio, tendo os dedos entrelaçados pelo sorridente parceiro.
Após mais algumas palavras, em resposta às contestações, deixaram-os para trás sem aviso. Na cobertura a nave lhes aguardava, e Loki tomou o assento do fundo deixando que os irmãos viajassem lado a lado. Atrás do rei poderia esconder-se dele.
Sua única palavra foi o pedido de que fosse deixado em terra tão logo ultrapassaram a fronteira, seria bom caminhar um pouco, um momento mais antes de estar confinado ao quarto. T’Challa concordou com um aceno, desembarcaria com ele, que parecia estar de mau-humor.
— Deveria ir com elas — censurou-o Loki. — Chegaria mais rápido.
— Preciso da sua agradável companhia — falou. — Preciso que me diga o que o incomoda.
— Nada me incomoda — mentiu, com os braços dentro das largas mangas e de olhos fechados quando obrigava o caminho à frente nivelar-se.
— Loki, seja honesto — pediu.
— Pergunto-me se meu irmão estava ocupado. — Moveu um ombro antes do outro, incomodado com o assunto, e continuou. — Ou a Danvers? Então sou seu mascote de entretenimento até que surja alguma ameaça ao seu reino ou ao mundo? Colocou outra coleira em mim, como um cão de guarda — sugeriu irritado. — Talvez eu deva usar um sino.
— Como posso convencê-lo que o amo? — suspirou T’Challa. — Você é um deus, como um deus pode precisar de um rei? É você quem me detém… — afirmou. — Como eu poderia te manipular, ou ir contra a sua vontade? Eu ainda… Ainda me impressiona o que consegue fazer, com tanta agilidade — elogiou-o.
— O que sabe do que posso ou não fazer? — desafiou-o.
— Nada — confessou.
Eram todas palavras certas colocadas do modo errado. Ainda assim corretas.
Mostrou-lhe, com uma sutil mudança da brisa na vegetação rasteira. Não demorou para que sua capa longa e a roupa de T’Challa também se sacudissem, e lançou-o ao ar antes de também flutuar, de pé diferente do outro que tinha um sério pedido a fazer: — Não me deixe cair — falou hesitante —, ainda não temos herdeiros — advertiu.
— Não temos? — questionou surpreso.
— Um dia — garantiu ainda observando a distância para o chão —, se eu sobreviver até lá — confessou ainda receoso.
O céu estava estrelado atrás do rei, tanto quanto cada pupila parecia uma constelação diferente. T’challa nunca entenderia, e Loki nunca poderia explicar a quem nunca viveu entre as galáxias antes.
— Estrelas — disse T’Challa antes de beijar-lhe os olhos.
Nunca poderia explicar ter apenas duas estrelas enquanto o Rei de Wakanda tinha duas galáxias no olhar.
Ajudou-o a flutuar de pé, como deveria estar, acima do nível das árvores, e deixou-o contemplar quando nuvens tênues tentaram esconder os pontos de luz na escuridão acima deles. Os dedos negros colocaram a mecha de seu cabelo para trás, uma desculpa de tocar sua orelha.
Teriam de adaptar-se como pudessem. Talvez T’Challa concordasse com uma terceira pessoa, em raras ocasiões, talvez Loki mesmo aceitasse — não era como se não houvesse tido diversões orgiásticas ao longo da vida. Acolheu os cachos em seu pescoço, tendo carícias úmidas e quase urgentes ali, mordiscando seu queixo.
Queria-o, de um modo ou outro.
Afastou-se um momento e estendeu o braço para desenhar um arco. Criou uma estrela cadente ali, há quilômetros de distância da superfície terrestre. Púrpura e vagarosa o suficiente para desconfiar que se movia, especialmente para T’Challa.
Exigiu o máximo que poderia dos beijos, guiando-o para seu pescoço e suportando-os o máximo antes de descerem vagarosos. Era mais magia do que poderia lidar e não tinha condições emocionais para aquilo. E também não queria os toques que prometiam o que não poderia ter, embora cedesse ao caminhar abraçado aos ombros do rei que tinha a mão em sua cintura.
Queria-o, ainda mais instigado por alguma castidade ainda que singela. Poderia ter à força, antes que qualquer guarda surgisse para o ajudar — caso não o fizesse se sentir humilhado demais para confessar ou chamar a atenção. Ainda que o tivesse à força não o teria.
Era um deus, e um deus não precisava de coisa alguma cedida por meros humanos. E nunca confessaria a ridicularidade do contrário. Queria-o.
Uma vez no quarto T’Challa suportou o ataque acima de si, ocultando o teto ao ter tantos beijos emoldurados pelas mechas de Loki, momento ou outro com um vislumbre dos olhos desejosos que se mantinham fechados. Puxou-o para um mais longo.
Com um gesto dos dedos longos sentiu seu cinto afrouxar-se e permitiu ser exposto, antes de sentir a língua, antes de ser envolvido pela boca. Porém a de Loki ainda estava em seus lábios, e ao olhar interrogativo diante o deus afastou-se para o lado, lhe dando a visão de um idêntico rei em sexo oral com seu gêmeo, em uma pergunta muda de seu criador.
Retraiu-se, em tentativa de afastar-se, para maior seriedade de Loki ao ter aquela resposta e sentar-se ao lado, começando a desmanchar pelos pés o que havia feito em uma nuvem.
— Não! — T’Challa ousou lhe segurar o pulso. — Você apenas… me pegou de surpresa. É idêntico a mim?
— Cada fio do cabelo — resmungou ainda frustrado.
— Deixe-o — pediu. — Talvez… Eu não posso, então talvez.
— Como se fosse o suficiente — retrucou de mau humor, eliminando a sósia do rei depois de fechar novamente a roupa de T’Challa. Deitou-se ao lado.
— Lamento por isso, e espero que possa me perdoar.
Apoiado na cabeceira achou-o sincero. Era determinante, e não manipulado. T’Challa havia sido claro, não se tratava de um jogo. Por fim conformou-se e expirou ainda aborrecido.
— Quantos, de você, consegue criar? — T’Challa questionou provocativo.
— Quantos de mim você quer? Um harém?
— Apenas o original — garantiu com um sorriso —, mas seria interessante vê-lo interagir consigo mesmo.
— Entendo… — notou. — Como a cópia que fiz de você...
Concordou. Fez duas cópias de T’Challa antes de uma terceira, a sua imagem. Todos os ignoravam, recostados à cabeceira com alguns palmos de distância. Loki interessado nas próprias unhas ao também ignorar suas criações, com apenas os instintos de desejo e sedução implantados. O rei inclinou-se por um momento, assistindo-os, e via-se querer estar ali, um terceiro para adorar o seu deus uma vez que o verdadeiro estava indisposto.
— Talvez fique ainda mais interessante se forem mais… — sugeriu ao recostar-se novamente.
Loki acatou, duplicando-os antes de igualar a quantidade das suas sósias com as de T’Challa. E quando pareciam demais para controlar ou ter atenção enviou um dos casais ao amplo banheiro de, ao menos, metade do tamanho do quarto. Brincou com os humores, permitindo que uns se divertissem enquanto outros eram mais agressivos, ou até mesmo lascivos, ou mesmo um casal clássico e sensual, fosse na bancada, no arco da porta para o cômodo anexo, ou para o lado do armário eletrônico. Acho que era o limite quando começavam a invadir o espaço privado da cama. Não que impedisse Loki de golpear as nádegas do falso rei mais próximo.
Até o alto barulho quando a porta para o corredor cedeu, sendo vistos no chão com expressões culpadas antes de desaparecerem diante das guardas.
— Eu podia jurar que você havia trancado — censurou Loki recolhendo todas as criações e batendo a porta.
— Desculpe — riu ao ir trancar a passagem com o código. — Traga-os de volta. Eram os mais divertidos.
— Não. É cansativo — queixou-se.
— Desculpe — suspirou. — Eu deveria ter imaginado algo assim…
— Não seja ridículo de imaginar que um deus se cansaria tanto com algo assim.
— Entendo, ainda está com raiva…
— Diga o que quer, mortal! — exigiu levantando-se, logo vendo-o se colocar de pé também.
— Você. Faça outro de você. Um que eu possa olhar todo o tempo.
— Se é assim, então… — Elaborou as botas escuras como a calça, e logo todo o traje envolvia outra réplica do rei de Wakanda. — Um que eu possa olhar todo o tempo, e ter a liberdade da posição que eu desejo.
— Talvez possamos nos entreter juntos com ele — sugeriu. — Apenas… o deixe com alguns traços seus, para que eu não… É como um gêmeo! — suspirou frustrado fazendo Loki rir. — Talvez seu cabelo longo.
— De acordo — atendeu-o, embaraçado ao voltar ao tom sério, recompondo-se.
— E os olhos da cor das florestas.
— Inegociável — respondeu determinado
— Por quê? — lamentou. — Sequer está parecido com você. Apenas está… Estranho — resumiu.
— Não importa. Inegociável.
— Mas me explica…
— Ficam melhores escuros.
— Espera… — aproximou-se mais, quando Loki agitou as pernas e desviou os olhos pelo chão sem querer confessar o constrangimento. — Gosta dos meus olhos?
— Não foi o que eu disse.
— O que disse, exatamente, então? — desafiou-o.
— Inegociável — resumiu novamente.
— Deixa os olhos — concordou. — Você gosta deles — provocou num sussurro. — Alto como você — pediu.
— De acordo. Com sua estrutura corporal. — Torceu os lábios ao inclinar ligeiramente a cabeça.
— E esse seu nariz... — pediu mais perto ainda dos lábios antes que Loki lhe atendesse.
A figura não mostrava-se similar a qualquer um dos dois, aproximando-se grosseiramente de um índio, e ambos detiveram atenção na aparência daquela estranha ilusão.
— E com os seus pêlos… lá embaixo… — pediu T'challa.
— Inegociável — pigarreou de olhos baixos.
— Inegociável… — separou em sílabas. — Então gosta deles também.
Levantou-lhe o rosto, exigindo qualquer resposta que Loki pudesse formular.
— Círculos. Formam… — interrompeu-se com o aperto desconfortável do constrangimento — pequenos círculos — confessou.
T'Challa beijou cada um dos olhos que baixaram, antes de inspirar sua orelha e afundar o nariz nos fios escuros por trás dela, e beijou o canto da boca antes de provar os lábios, correspondido. Estava perdoado pelas suas falhas na relação, e deixou que Loki regesse os movimentos suaves das bocas que se umedeciam, com os lentos encontrões dos narizes.
Seu lábio fora capturado, como Loki gostava de ferir, e notou-o se refrear e o libertar antes que chegasse a machucar. Envolveu-o pela cintura e pelos ombros, eliminando o breve espaço entre ambos, ansioso por devorar e ser devorado enquanto era desacelerado pelo outro, com suavidade.
Loki deixou-se ser recuado de costas até a cama, e moveu-se para que o rei lhe servisse de assento, e não o móvel. De frente para T’Challa passou cada joelho por um lado dos quadris negros, com beijos o suficiente para que o outro deitasse sob seu peso e, de olhos fechados, fez com que o rei também cerrasse os seus — estava em Midgard, e seguro.
Na primeira oportunidade T’Challa tirou-o de cima de si, com beijos obscenos do colo aos cabelos até que a respiração de Loki estivesse mais afetada e os dedos torcessem os lençóis ao lado da cabeça com o máximo de força ao contorcer-se, sem importar-se com o desaparecimento da estranha figura que criaram ao aliviar-se.
Sequer viu que era observado em seus espasmos quando arqueou a cabeça para trás, de olhos semicerrados antes de relaxar o corpo, arfante.
— Não chame o médico — pediu sussurrante antes de fechar a boca para abri-la em seguida —, humano rid…
— Não vou chamar — promete de sorriso cúmplice —, o conheço melhor agora. 
Afastou uma mecha do cabelo, em completo desalinho, de seu rosto.
— Não acredito que teve um orgasmo apenas com beijos — censurou-o divertindo-se. — Seu precoce… — provocou.
— Seu corpo detém muito calor — inocentou-se.
Gostaria de dizer mais do que outros humanos, o que o magoaria e eliminaria o pouco progresso com as frustrações mais recentes junto quando lhe fazia  favor de afrouxar o cinto. Logo sentiu o toque da mão quente entre as pernas.
— Você gozou bastante — T’Challa constatou ao tocá-lo sob as roupas, e continuou ao ouvi-lo suspirar. — E parece não estar satisfeito, ainda — concluiu ao sentir o espasmo entre os dedos.
Levantou-se e livrou-o das calças antes de desabotoar a camisa para expor o peito às suas provocações. Massageou o órgão que parecia ser a única parte desperta, e com a boca traçou desenhos invisíveis do peito ao umbigo, fazendo com que se arrepiasse em contraste com o suor fresco que beijava.
Eram entrecortados sussurros ininteligíveis antes que os lábios apenas se movesse, emudecidos, e Loki ser chicoteado por espasmos secos nas mãos do parceiro. Apenas então, como vítima, foi deixado com seu merecido descanso, ou quase, ao ouvir: — Parece que não há mais nada pra mim dentro de você — T’Challa zombou entre sussurros. — Loki — ouviu distante e respondeu com um resmungo que sequer lembraria. — Acho que você vai se sentir melhor com um banho — sugeriu. — O que acha? — insistiu.
— Me acorde em caso de batalha — pediu Loki. — Espacial — especificou determinado a descansar.
— Certo. Posso fazer isso.
Terminou de o despir fazendo os braços delgados passarem pela manga, sabendo que Loki se permitia ver vulnerável apenas por ele, ainda que T’Challa nunca imaginasse que um dia o faria. Ainda assim era o rei e, pelo bem de Wakanda, não deveria baixar a própria guarda. Beijou o suor do rosto quando o movimento na cama despertou o parceiro.
— O que está fazendo?
— Vou te levar para um banho.
— Não é necessário.
— É o mínimo que posso fazer por ter a temperatura corporal muito alta — sorriu.
Fechou os olhos, confortável junto ao peito que, sim, era quente, e estava adormecido antes mesmo de entrar na água, acomodado sobre os joelhos, com a cabeça encaixada entre o ombro e o pescoço. Não sentiu — ou caso tenha sentido era mais agradável do que esperava — a água correr pelo braço pálido antes do rosto ser esfregado com a suavidade do polegar.
Um pouco incômodo sentir a água correr entre os fios de cabelo, embora não o suficiente para despertar. Foi abraçado com mais zelo, era tarde depois de um dia atarefado e T’Challa também estava cansado. Era um lugar confortável o suficiente para ambos, por serem a companhia um do outro.
O melhor local possível.
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os4pilaresdeloki · 5 years ago
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Acordou com o alarme silencioso vibrando no pulso, e leu as linhas do relatório que lhe informavam do invasor.
— Guardem-no — pediu às Dora Milaje excedentes antes de fechar a porta do aposento.
Apressou o passo, os relatos indicavam que havia entrado sem maiores problemas, e que parecia ser apenas um diante da possibilidade de conflito, identificado ainda em voo e insistente em pedir que não o tentassem abater e desviando de um projétil, irritado em pedir novamente.
— O que faz aqui? — transmitiu para o aparato quando a princesa liberou o canal.
— Eu preciso da sua ajuda com uma coisa — ouviu em resposta.
Pousou um pé, antes de outro, ameaçado por lanças antes, o elmo desfazendo-se em escamas antes de ousar mais um passo no salão.
— Olá — cumprimentou Tony.
— Homem de ferro… — disse T’Challa encolerizado —, o que pensa estar fazendo?
— Olá rei… Grande rei T’Challa Filho de T’Chaka — diz ao observar ao redor, ignorando o exército —, de Wakanda — continua sem voltar-se ao anfitrião. — Onde ele está?
— Ele? — questiona.
— Você sabe. Cara alto, cabelo preto, trapaceiro e mentiroso, gosta muito de verde…
— Loki — lembrou-lhe o nome.
— Esse mesmo — declarou ainda arrogante. — Onde ele está?
— Em segurança — afirmou.
— Ah, isso é ótimo — aprovou. — E eu posso falar com ele?
— Não, não pode. Mas pode retirar-se do meu país.
— Ele não está, não é? — riu com sarcasmo. — Eu sabia. Eu avisei. Eu disse para Thor que não era uma boa ideia o ter fora das vistas… Vou dar o alerta. — Aproximou o punho da boca.
— T’Challa — ouviram do corredor —, por que saiu apress…
— Ah, aí está ele…
Lançou pequenos fogos de artifício na direção do recém chegado, que os aparou até que se apagassem rapidamente.
— Que surpresa — confessou Tony. — É mesmo ele, e ainda está aqui.
— Um telefonema seria o suficiente — repreendeu T’Challa. — Não confia na minha palavra?
— Desculpe — respondeu —, mas seu país não se relaciona no resto do mundo ou do planeta por tempo o suficiente para conhecê-lo completamente. O seu belo país é ingênuo, um bebê comparado ao restante do mundo — diminuiu-o. — Na última vez que ele andou livremente…
— Loki — corrigiu uma última vez. — E você trás mais risco para o equilíbrio dos poderes do que o meu convidado — afirmou ao estender a mão à quem referia-se. — Você, conhecido como protetor do globo, está prestes a causar um incidente internacional.
A atenção foi desviada para o outro corpo que cruzou o céu, sendo ladeado por mais de sua guarda antes mesmo que o recém chegado tocasse o chão. Quase preocupado com Loki até ver as máquinas flutuarem defensivamente acima deles e em atenção aos invasores.
— Não acredito que você veio mesmo aqui — resmungou Thor. — Vamos embora, agora. Antes que cause mais problemas.
— A segurança de Wakanda precisa ser melhorada — alertou Tony. — Se quiser algumas dicas de…
— Não tolerarei o desrespeito ao meu país e suas pessoas — censurou-o com rispidez. — Expulsem-os. E Tony, não terei clemência caso ouse pisar em Wakanda novamente — jura.
— Clemência… quem precisa de…
— Como tem estado, Loki? — Acenou Thor. Loki baixou os olhos sem querer envolver-se naquilo mais do que o obrigavam. — Rei T’Challa Filho de T’Chaka, Tony não voltará aqui novamente. Pedirei à Pepper que tire as pernas dele — ameaçou.
— Ela o mandou aqui? — questionou Tony.
— É.
— Então ela já sabe de tudo?
— É.
— Talvez eu deva me apressar…
— Engraçado. É o que eu ia dizer… — ouviu Pepper dentro do aparelho.
— Ah, querida — resmungou surpreso. — Você estava ouvindo tudo?
— Pode apostar — afirmou. — Como assim invadiu Wakanda? Você está louco?
— Como hackeou o…
— Não desvie do assunto, eu pedi a ajuda de Shuri. E ela conseguiu mais rápido do que você conseguiria — confessou.
— Ah, eu duvido muito.
— Volte para os Estados Unidos, Tony. Agora.
— Mas eu ainda tenho que…
— Você já foi expulso, Tony, por sua culpa estamos com um péssima relação com Wakanda. Então volte para cá agora, ou serei obrigada a explodir sua armadura.
— Considerem-se banidos de Wakanda, para sempre.
— Banido? — retrucou Tony. — Essa é uma palavra muito forte para…
— Tenho assuntos importantes pra tratar, e nem de longe você é um deles. Escoltem-os para fora.
Acompanhou-os com os olhos por algum tempo, da entrada do salão antes de retornar ao quarto — alguns passos à frente de Loki incerto entre ficar ou avançar. Era o único corredor que apresentado, então deixou a porta aberta em convite antes de ser fechada sem ruído algum. Havia preocupado-o de um modo como não gostaria, o visitante sabia sua posição perante todos e não gostaria de ser encarado, por ele, como alguém que o manteria sob vigia como se também experimentasse uma coleira no pescoço do jotun.
Tomou sua mão antes que se afastasse novamente para que ele também pudesse observar os invasores serem retirados, sem que a presença das naves se afastassem por um só momento, e tinha certeza de que Shuri acompanhava cuidadosamente, com as mãos a postos nos comandos bélicos.
— Tem falado com o seu irmão todos os dias? — questionou.
— Sim — afirmou Loki. — Talvez eu deva…
— Não — recusou-se antes mesmo de ouvir. — Talvez eu deva fazer algo. Como convidá-lo, esta noite, para jantar — sugeriu.
— Jantamos juntos todas as noites.
— Convidá-lo para jantar do modo como as pessoas, do mundo exterior, fazem — insistiu. — Deixar evidente a todos o meu cortejo à você, e que é importante para mim.
— Não preciso diss…
— E nem eu — garantiu. — Mas, aparentemente, os demais precisam, como o Homem de Ferro — cuspiu as palavras recusando-se a pronunciar o nome ao sentar-se na cama. — Isso deve desencorajá-los a perseguí-lo por estar ao meu lado.
— Ele realmente o irritou.
Subiu no colchão firme o bastante para pouco balançar. Com cuidado tocou-lhe os ombros, vendo na falta de reação a permissão para que segurasse ali, antes de pressionar uma massagem leve.
— As perturbações de ser responsável por um reino — tentou o tranquilizar com a grande mão sobre a de Loki.
— E o que eu posso fazer para ajudar?
— Você sabe o que pode fazer, e habilidosamente bem.
— Agora? — questionou observando na tela do celular as notícias do evento que ele precisaria estar presente em algumas horas, fora de Wakanda.
— Será apenas à noite. — Puxou-o por baixo do braço direito, surpreendendo-o por um momento. — Quero que esteja presente, e poderemos jantar depois.
Loki não respondeu, observando os olhos próximos que o encaravam. Podia se ver ali, deplorável com a cabeça nos joelhos de T’Challa.
— Vai me levar? — questionou como servo.
— Eu nunca o deixarei sozinho — garantiu. — Sou o responsável pelo seu bem estar.
— E quer me manter sob sua vigilância — suspirou.
— Você é um alívio... — Beijou-lhe. — ...para mim... — Beijou-o. — ...diante de tantos compromissos — afirmou lhe segurando o lado do rosto para beijar uma última vez.
Alisou novamente e sorriu sem entusiasmo, conformado com o que sentia por Loki, e moveu a mão na direção dos pés, desvencilhando-se da fivela sem protesto algum do outro, que apenas respirou fundo — ansioso.
A festa que T’Challa havia decidido abordá-lo não foi a primeira vez que havia cogitado estarem juntos. Odiou-o no início, como todo o mundo e possivelmente toda Asgard. Após o primeiro impacto manteve-se atento às notícias por meses e anos depois dos efeitos da batalha em Nova Iorque se acalmarem.
Loki era focado, com a capacidade de ditar ordens em um lugar onde era recém chegado, com nenhum ou quase nenhum conhecimento prévio além no nome de Midgard onde havia sido criado.
Julgou corajoso. Ousado e corajoso. Ainda que perigoso. Colocara seu planeta natal em risco, ao invadi-lo, foi contra a própria família — a própria segunda família — e o irmão, apresentando aos terráqueos uma gama de novas possibilidades tecnológicas e existenciais daquela galáxia e no universo.
Toda a engenhosidade de Loki usada para a perversidade. No passado.
Finalmente ouviu o som escapar por entre os lábios, um suspiro breve, e sorriu. Loki cobriu os olhos com o antebraço, escondendo-se antes de fechar os olhos — mais tímido do que alguém conseguiria obrigá-lo a ser. Tirou o braço, para o beijar com a desculpa de o ver mais. Mudou a massagem.
— Olha pra mim — pediu. — Deixe-me ver — insistiu — como consigo o satisfazer.
— Um juiz… analista… — zombou.
— Quero testemunhar o que consigo fazer com você — confessou.
As pupilas noturnas encontraram as suas, sem imaginar o quão dilatadas estavam antes de fechar seus olhos novamente, para concentrar-se em si mesmo. Sentiu os lábios nas pálpebras, e não pode evitar a contorção dos próprios lábios quando T’Challa pressionou-o mais entre as pernas, antes de invocar seu nome de rei.
Foi beijado novamente ao se aliviar, com o tremor que se estendeu até a língua que o outro tocava. Sentiu o largo sorriso de T’Challa abrir-se antes de se recompor ao menos para abrir os olhos novamente.
— Fique no quarto — pediu. — Tenho muitas coisas para fazer hoje, e terá funcionários à sua disposição, caso queira conhecer os outros cômodos e salas — sugeriu lhe beijando os dedos antes de levantar. — Virei buscá-lo no início da noite, para que possamos ir juntos à reunião.
Resmungou que sim, repentinamente cansado ao abraçar-se ao travesseiro antes que T’Challa saísse e fechasse a porta com um vitorioso sorriso.
Estava com sono, no entanto não o suficiente para realmente dormir. Tampouco estava desperto para enviar a Thor uma mensagem sobre o acontecido mais cedo. Apenas deixou-se ficar na cama, entre as lembranças dos toques desde a festa em que fora abordado e a realidade de que o anfitrião estava distante.
O salão estava cheio quando entraram, sei deixarem de perceber o visitante não anunciado. Seis Dora Milaje os separavam, e outras seis delas seguiram atrás do segundo, sem que ninguém pudesse se aproximar ou este tivesse liberdade para qualquer movimento suspeito. Rei T’Challa as deixava menos receosas quanto à presença de Loki, todavia ainda assim deveriam mostrar o poderio de Wakanda para lidar com o estrangeiro.
Loki manteve-se ao fundo com as suas sentinelas, por horas tediosas enquanto tratavam de questões importantes do continente e das quais sua presença era irrelevante. Eram problemas que existiam desde antes de saberem sua existência e assim permaneceriam — eram questões daquele mundo.
Por isso era quase meia noite quando saíram do prédio, após T’Challa cortesmente cumprimentar cada líder de sua região, e seguirem para o restaurante no outro lado da cidade. Um carro à frente e outro atrás do largo em que estavam, nas ruas vazias que antecediam a madrugada.
As Dora Milaje dividiram-se na porta dos fundos e na entrada principal do restaurante, assim como nas laterais da porta da cozinha. Ninguém se aproximaria sem que notassem.
A mesa, um pouco maior que a dos demais, ainda que com apenas dois usuários, estava na primeira metade do salão, com os primeiros pratos saboreados junto com taças de um bom cachipembe.
— Como está a refeição? — questionou T’Challa.
— Agradável — confessou, provocando um sorriso de aprovação. — Uma surpresa essa bebida. Parece infantil, ao olfato, no entanto um engodo decifrado no paladar.
— Sim — concordou. — Então não empolgue-se.
— Não seja ridículo. Deuses não se embriagam.
T’challa deixou escapar uma risada mais baixa, e divertida. Loki tinha seu próprio modo de ser sincero, ainda que muitos pudessem encarar como ofensa. No entanto, ao fazê-lo, apenas deixava o outro disposta a ser sincero ao seu modo, sem máscaras.
— Há um deus, na cultura desse mundo, conhecido por sua entrega a bebidas, vícios, e depravações — falou.
— E onde ele está agora? — questionou.
— Mitologia, apenas.
— Entendo, histórias infantis…
— Ninguém sabe ao certo, na verdade — admitiu. — Também temos deuses da caça, dos mares… do amor. Quais os seus planos para o futuro?
— Não ser confinado — ponderou com uma breve inclinação da cabeça. — Não matar ninguém na tentativa de me defender, ou que parem e tentar me matar… — continuou.
— Ei, esqueça o que aconteceu essa manhã — pediu antes de lhe pegar a mão por cima da mesa. — As pessoas vão te aceitar, como eu aceitei. Bem, não exatamente do mesmo modo. Não quero ter de disputá-lo…
— Que planeta arcaico… como se o infeliz cobiçado não tivesse escolha.
— Tem, tem sim — afirmou. — Afortunadamente cobiçado e desejado, apenas sua palavra contará…
Escutaram a freada na rua seguida da explosão, e T’Challa estava suspenso no ar, em queda, dentro de uma bolha, e uma parede entre as primeiras mesas e a vidraça quebrada protegeu todo o salão dos estilhaços. Apenas Loki estava de pé defensivamente, sem esconder-se e atento a quem poderia ter estragado sua noite. Logo o carro partia, e escutou as batidas de T’Challa no escudo que o havia envolvido, então o libertou, ainda mantendo a invisível parede isolando enquanto todos acalmavam-se.
Manteve-se com os olhos no lado de fora ainda ouvindo explosões, ignorando os burburinhos de sua culpa pelo atentado. Viu Falcão seguir à frente, seguido pela Viúva Negra e pelo Capitão América em seguida, e estremeceu quando a mão pousou em seu ombro.
— Acho que está tudo sob controle — escutou T’Challa. — Lamento pelo jantar.
— Não é sua culpa — respondeu desvencilhando-se da mão após lançar outro olhar aos que o encaravam, e desfazer o escudo.
— Não considere o que eles dizem ou pensam. Você impediu que se machucassem, e deveriam ser agradecidos por isso. Porém, nós, humanos ridículos, somos uma população que tende à ingratidão — consolou-o antes de Okoye aproximar-se. — Todas estão bem?
— Há duas a menos, devem estar lá fora — respondeu Okoye, com um aceno às companheiras.
Loki repentinamente olhou para fora, sem tempo para as proteger tão repentinamente, como havia feito com todos, menos com elas, que querendo ou não tentariam o proteger segundo as ordens do seu rei. T’Challa seguiu em seguida, deixando-o entregue aos comentários mais à vontade com a ausência do herói. Sorriu do copo arremessado, poderia ter desviado ou criado um escudo, mas quem o havia jogado não tinha mira alguma.
As exigências de que voltasse para casa ou apenas morresse silenciaram quando T’Challa retornou para o buscar de onde o havia deixado: — Vamos. — Estendeu a mão sem que fosse pega quando Loki se encaminhou à nave que planava.
Dora Milaje guardavam três lados do veículo após colocarem as feridas no interior e uma as acompanhar, e não demorou-se a embarcar e afivelar o cinto, observando pela janela a agilidade na formação delas antes de também estarem no interior. Os três carros usados, para uso e em escolta, seriam buscados em outro momento, durante o dia. Até lá estariam trancados em modo defensivo não apenas para evitar o roubo, mas sim impedir o acesso à tecnologia de Wakanda.
— Elas estão bem? — questionou receoso.
— Uma concussão leve — esclareceu. — Ficarão bem. As Dora Milaje lidam com mais do que isso mesmo nos treinos.
— Não foi um treino — contestou.
— De fato, mas…
— É minha culpa, por estar lá — suspirou. — Por estar perto de você em público.
— Ainda não sabemos o que aconteceu. Ainda assim não há modo de você ter alguma culpa à respeito do que aconteceu.
— Não pode saber se não tenho envolvimento se não sabe o que acon…
— Eu sei — garantiu lhe tomando o rosto entre as mãos. — E tudo será esclarecido em alguns minutos, você vai ver.
Não notou a mesma resistência comum ao ser levado ao laboratório, distante da ala hospitalar para onde usou das habilidades para levar as duas guardas feridas.
— Vocês estão bem, não estão? — perguntou Shuri. — Além das duas Dora Milaje… Alguém mais se feriu? Algum civil?
— Não, mais ninguém — relatou o irmão. — Graças ao Loki.
— Obrigada — agradeceu. — Aqui, o Capitão quer falar com você.
— Rogers?
— Ele mesmo. Rogers — anunciou no transmissor —, está no viva-voz.
— Capitão — anunciou-se T’Challa —, a questão foi resolvida?
— Sim, sim. Está resolvida — afirmou. — Parcialmente. Podemos conversar em particular?
— Não há o que… esconder. Todas as ligações são monitoradas, de qualquer modo. E aqui estão a princesa e meu pretendente, apenas.
— Eu preciso insistir que...
— É seguro — afirmou. — Quem eram eles?
— Traficantes de armas — esclareceu. — Praticamente civis. Eles são contra união entre vilões e heróis e, em benefício próprio, estão a favor dos heróis.
— Estão equivocados — declarou de imediato.
— Eu… eu sei, mas… — ouviram-no suspirar com pesar. — Sejam cautelosos — pediu. — Você principalmente, podem querer usá-lo de exemplo por ser mais vulnerável em batalha, caso estejam distantes.
— Nunca estaremos — afirmou.
— Estes estão detidos, o que não impedirá que mais surjam com o tempo.
— Obrigado pelas informações, Rogers — agradeceu com a seriedade que a situação exigia. — Ficaremos bem e seguros. Cuidarei da nossa segurança imediatamente.
Quando desligou Shuri sinalizou para quem terminava de sair a passos vagarosos. Apressou-se para o alcançar, mesmo que Loki não levantasse a vista para ver os cumprimentos respeitosos das Dora Milaje — em agradecimento pelo zelo de suas das suas.
Viu-o sentar-se no lado da cama que havia cedido há menos de uma semana, e percebeu de imediato quando não foi ouvido. Aproximou-se mais e abraçou sua cabeça com cuidado, sentindo no antebraço a cócega dos cílios quando os olhos se fecharam. Repetiu: — Não foi sua culpa.
— Foi. Minha mera presença — suspirou. — Preciso me afastar de você, e retornar para entre todos aqueles que me mantém sob vigilância.
— Embora eu não aprove a vigilância permanece, focada em Wakanda. Rogers e todos os outros sabem que não é culpado de coisa alguma.
— Eu sou! — afirmou empurrando-o, para levantar-se e sentar em outro local da cama, em seguida. — Sou culpado e nada confiável! Alguém que já ameaçou Midgard, Asgard e meu planeta natal apenas por nascer...
Afastou as laterais da túnica escura e sem dificuldade sentou-se sobre os magros — e fortes — joelhos, novamente na tarefa de o convencer dos pensamentos ilusórios que tinha. Teve-lhe o rosto novamente entre as palmas quentes das mãos para que olhasse em seus olhos.
— Você não tinha a bomba, você não atacou ninguém, e sequer é o culpado por ter nascido — afirmou.
— Apenas em permanecer vivo — respondeu sarcástico.
T’Challa quase achou-o engraçado. O deus da trapaça mentir para si mesmo daquele modo insistente. Juntou os lábios rapidamente e com suavidade, sem demorar a ser correspondido, ainda que se mantivesse apenas receptivo a ser adorado — como um deus deveria ser.
Os braços envolveram seus ombros e sua nuca, e o peso do rei sobre suas pernas era nada, e experimentou as coxas humanas fazendo-o pousar uma das mãos em sua cintura. Apertou-as novamente. Outros mil anos existiria sem a adoração que Midgard prestava com sua sociedade subdesenvolvida, caso aquele rei não existisse.
Viveria outros mil sem ele. Deveria ter ao menos aquela lembrança.
Deslizou, apenas o suficiente para que sentasse vagarosamente no chão, com o rosto ainda tomado por beijos apaixonados de quem ainda testava seu estado de humor, aproveitando-se. Não foi censurado quando mordeu-lhe os lábios, não dessa vez, e gostaria que T’Challa permitisse afundar os dentes na carne tão quente e macia.
Sentia-se um predador, como um tritão em caça. E não conteve a voz quando finalmente o teve dentro de si. T’Challa ainda tinha interesse em apreciá-lo do que aproveitar à devassidão a qual entregavam-se, até afastar uma das mãos dos seus lábios — depois de colocar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha — para segurar o conjunto de vasos, pressionando-o como se pudesse interromper o fluxo.
— Devagar — pediu com suavidade, refreando-o novamente quando Loki tentou mover-se novamente. — Devagar — repetiu —, meu amor. Acalme-se, sim? — insistiu.
Loki desceu a testa ao seu pescoço, com a respiração ali quando o que podia era mover-se o mínimo na menor velocidade possível, momento ou outro com um lamento quando a régia mão estava ali para detê-lo. Recusava-se a implorar, e sabia que não era o que T’Challa gostaria, também — um deus nunca imploraria.
Sugou a pele negra como se pudesse marcá-la de imediato e ignorou os lamentos como os seus eram ignorados, até o rei mover-se, estranhamente incômodo. Encarou-o surpreso, vendo-o apreensivo, e desviou os olhos para para o que havia em seu ombro em seguida.
O anfitrião testou um movimento, tranquilizando-o que não passava de um arranhão. Ainda assim lambeu aquela gota de sangue em um pedido mudo de desculpas, então tornou a subir e descer conforme T’Challa regia.
Experimentou os dentes novamente, dessa vez para realmente desfrutar quando a pele se rompesse entre seus lábios. Tentativa até que o rei desse um basta naquilo ao dizer: — Coloque os ombros na cama — pediu —, de costas para mim.
Loki não demorou-se, exposto sem dobrar os joelhos e de ombros baixos, suspirou quando os dedos tatearam, e cada uma das suas reações foram devidamente registradas pelo seu parceiro antes de T’Challa recomeça — lento demais.
— Parece ter sido uma reunião proveitosa — elogiou. — Todas aquelas decisões tediosas.
— Decisões que garantem o bem estar de todos de um modo sustentável — resumiu T’Challa em defesa do reino.
Se o irritasse talvez conseguisse o que queria, e continuou: — Os negócios com o exterior… — falou antes de ser interrompido por um tapa nas nádegas.
— Exportação e importação são insignificantes para Wakanda. Todavia mantém as aparências. — Deslizou as mãos pelas costelas, alcançando os cobiçados mamilos.
— Realmente importa-se com todo o continente — apreciou. — Com todas as crianças daqui, e não apenas as do seu país. Em combate e resgate das crianças soldado na África.
T’Challa acertou uma e outra vez do mesmo modo que antes, avermelhando e aquecendo rapidamente sua pele, e Loki retraiu-se sobressaltado, para um ganido seu em reação ao protesto de quem era atingido.
— E os avanços da medicina, em expedições para atender ao máximo de necessitados é...
— Pare de falar — pediu interrompendo-o com um beliscar no mamilo.
Mesmo dali não pode ver o sorriso indecente de quem estava por baixo, satisfeito em finalmente o frustrar após ser frustrado pelo anfitrião. O que não significava que se daria por vencido: — É um belo reino — elogiou.
Foi puxado para colar as costas ao peito que estava distante um momento antes, abraçado pelos braços antes da língua úmida ser tateada quase agressivamente, e o canto da boca puxado até que seu rosto se virasse para ter um beijo plantado antes que guiasse aqueles dedos, encharcados, para o seu músculo entre as pernas.
— São… S-são medicamentos valiosos — insistiu uma última vez.
A mão escalou para o pescoço, disposto a encerrar por vez aquelas distrações inconvenientes, reduzindo apenas um pouco a passagem de ar. Não demorou para que o ambiente fosse preenchido apenas pelo som de seus corpos.
A voz contida não era o único modo de o provocar, queria mais que aquilo, queria mobilidade. Poderia a exigir, ou apenas o surpreender — e esperava que não assustasse a sua alteza…
— Loki, seu…
— Sim? — perguntou em um suspiro do mesmo tom de voz que jamais o denunciaria.
— ...o seu… — Tateou-o mais até encontrar seu clitóris. — Eu não acredito que… Ele… desapareceu…
— Desapareceu? — Moveu se aproveitando das falanges.
Puxou o pescoço para depositar um beijo ali. Nunca esteve tão excitado e não conseguiria se conter por mais tempo. Abafou a voz rouca e grave com a própria, usando das artes sexuais mais conhecidas para que seus dedos fossem involuntariamente pressionados, antes do ânus manifestar-se com os espasmos refletidos.
Paralisaram-se aquele instante, com o cabelo de Loki em desalinho ao segurar-se em T’Challa, permitindo que preservativo vazasse quando afastaram os quadris apenas alguns centímetros, escorregando para deitarem no chão fresco, e o rei buscando os batimentos de Loki ao deitar-se em seu peito.
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os4pilaresdeloki · 5 years ago
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O sol o incomodava, como se as ordens de Tony fossem propositais para que a armadura o fizesse.
— Thor — ouviu no comunicador da armadura. — Thor, o que está fazendo? Acorde! Armadura, jogue água nele. Gelada. A mais fria que tiver. Não, não gelo. Água — reforçou. — Thor, não é hora de dormir! — insistiu. — O que Loki está fazendo? Loki! Loki! — chamou após vê-lo passar diante da câmera.
Loki retornou, sustentando o enorme e falso sorriso que transparecia em raiva no brilho dos olhos, curvado diante do sofá para certificar-se de que a insatisfação em ser interrompido era devidamente entregue.
— Sim, Tony — atendeu-o. — Em que posso o ajudar?
— Onde está indo? — questionou.
— Acredito que não seja da sua conta — juntou as palmas e dedos ao se lamentar.
— Você tem a restrição de mobilidade, e está arrumando uma mala. Thor, acorde! Seu bom irmão está fugindo.
— Eu não estou fugindo, e tenho um localizador do qual sou obrigado a usar, lembra? — Cansava-se daquela posição.
— Que vai, convenientemente, esquecer — afirmou. — Thor, acorde! Loki estava espionando o mundo e saiu do planeta!
— O quê? — perguntou sonolento.
— Ah, agora você acorda, não é?
— O que é? Estamos sob ataque?
— Não, mas poderia. O seu irmão… Nem pense nisso, Loki!
— Tem como desligar essa... coisa — gritou ao voltar-se quando tentava retornar para as arrumação no quarto —, antes que eu a jogue do telhado?
— Ouvi sobre o planeta estar em perigo — resmungou Thor. — Passe a localização para que a armadura me leve, e me acorde quando chegar — pediu.
— Eu vou aí, eu vou até aí e bater nos dois — ameaçou Tony —, com a cortina que pegaram da mãe de vocês! Para onde pretendia ir, Loki?
— Para onde vou — afirmou. — Com licença, mas passarão para me buscar em breve, e não quero atrasar o voo.
— Viu isso? Você viu? Ele está armando alguma coisa! — acusou Tony.
— Tira essa coisa de mim, só me faz ter mais dor de cabeça! — pediu Thor. — Você está saindo para uma viagem, Loki? Para onde?
Esperaram o som metálico até que todas as partes o deixassem e se postasse ao do fugitivo, de braços cruzados.
— Não estou fugindo, fui convidado para uma viagem para o exterior — esclareceu. — Então, novamente, com licença.
— Para o exterior? — questionou Thor.
— Exterior? Espera, que exterior? — questionou Tony. — Do planeta?
— Dois predadores devorando-se ontem… — riu Thor em busca de gelo para prender entre os cabelos longos. — Pensa que eu não vi? Avise quando chegar lá, faça contato todos os dias, e não tire o…
— ...localizador, eu sei. Não tem prisão de contenção para mim.
— Ah, eu tenho uma, sim — garantiu Tony.
— Ele está se comportando, Tony. Não é mesmo… — afirmou. — Loki?
— Exterior de qual mundo? Um humanoide, imagino…
— No universo Wakanda. Sinal que o rei o agradou, não?
— Um ser pegajoso — concluiu Loki. — Estarei em Wakanda, então, caso esteja preocupado com a segurança, sabe como contatar meu irmão, caso o reino não possa cuidar sozinho disso.
— Na última vez ele precisou de ajuda — acusou.
— É, é… Pode ir, Tony. Esse assunto é de família.
— Assunto de… Essa é boa. Está interessado em qual delas?
— Não há elas, Tony — sussurrou Thor.
— Não há… Ah, entendi, entendi. Outra nação livre da homofobia, então.
— Recolha sua armadura — pediu —, e mantenha o satélite nos arredores de Wakanda — sugeriu.
Loki acenou antes que a armadura marchasse à varanda, e mordeu uma das cinco abas da carambolas dispostas — a Fruta Danvers, como Thor gostava de dizer, embora Tony a chamasse de Doce Rogers quando feita em geleia estrelada.
— O que falei sobre tomar decisões sobre esse planeta... — lembrou-o Thor. — Seja pra ajudar ou atacar precisa avisar alguém.
— Por que eu diria algo se fosse atacar? — questionou-o.
— Então ia sair de fininho por que voltou aos pensamentos de grandeza?
— O fato de estar amigável não significa que ainda penso em dominar os vermes inúteis desse planeta.
— Então Tony estava certo. O que está planejando?
— Foi uma decisão, em pouquíssimas horas, sobre o meu pessoal e intransferível universo.
— Gosto quando está apaixonado… Ainda que não goste do que faça com os que se apaixonam por você. Peter ainda não voltou pra esse sistema.
— Ele é muito novo pra sair de Nova Iorque.
— Eu não acredito que… — disse interrompido pelo celular de luzes verdes. — Quill, Loki! Peter Quill, não o Parker.
— Ah, ele… — disse vagamente ao ler o aparelho.
— E ele tinha recém terminado com a Gamora...
— Daríamos certo se eu não tivesse que limpar a bagunça dele, ou seja, nunca — desabafou. — E minha carona chegou.
— Agora sabe como me sinto.
— Espera, se conheceram ontem. Literalmente há menos de um dia, e eu pensaria duas vezes em considerar 12 horas...
— Nos conhecemos há anos, Thor. Adeus!
— O que não significa que seja íntimos. Ele sabe que você é flex e pansex...
— Qual é, Thor? Já quer ser o padrinho do casamento? Dá um tempo, é apenas a distração dessa semana.
Com a pequena bolsa ao ombro saltou da varanda para aterrizar no teto da nave camuflada antes de entrar, para um resmungo de Okoye para que ambos colocassem o cinto antes de prosseguirem a viagem guiada pela outra Dora Milaje.
Não era apenas o verde, notou através da ampla janela tão logo passaram pelo campo de força. Era o prata da superfície lisa das construções mais tecnológicas que do restante — e ainda assim mais modestas que as de Asgard, avaliou. Logo abrangido pelos largos braços que quase fizeram seu rosto pressionar contra o vidro, tão observado quanto olhava entediado para fora.
— O quê? — queixou-se do excesso de atenção. — O que é?
— O que está achando? — perguntou T’Challa.
— Que terei de viajar no teto, se você chegar mais perto.
— Sinto muito, sinto muito — desculpou-se ao se afastar meio palmo. — Estou ansioso para o impressionar, e para isso preciso o surpreender.
— Acho uma missão árdua para um simples mortal.
— Aos dois tripulantes em passeio… — disse Okoye.
— Okoye… — advertiu T’Challa.
— ...peço que apertem os cintos — exigiu com um suspiro. — Vamos aterrizar.
Era uma pequena nave, de viagem como esperada, e aterrizagem comum. No entanto era um grande hangar, com sistemas eletrônicos que sequer via, como se a energia fosse tirada do ar, e imaginou não terem tocado o solo quando nenhum não ocorreu nenhum movimento estranho. Apenas T’Challa soltou-se e se levantou, em convite.
— Mal posso esperar pra te apresentar pra minha família — falou sorridente.
— Sua… o quê? — questionou até que Okoye sinalizasse para que o seguisse imediatamente.
Ambas sorriam, a princesa mais animada em rever o irmão do que Ramonda, contida em estar apresentável antes de lançar o olhar para o visitante não anunciado, que teve novamente o braço em seus ombros.
— Este é o Loki. Loki Laufeyson — apresentou-o para desagrado delas, em concordância das Dora Milaje.
— Loki? — questionou a mais velha. — Aquele Loki?
— Ramonda… — advertiu T’Challa.
— Está cansado da viagem? — Shuri perguntou. — Quero te mostrar as novas criações.
— Certo, certo… — concordou. — Vou levar Loki para se instalar…
— ...temporariamente — afirmou o visitante.
— ...e logo estaremos no seu laboratório.
— Certo — concordou apreensiva.
Lançou um olhar à mãe e encaminhou-se para seu laboratório, ativando os protótipos do sistema de segurança, um cuidado a mais quando não soube da chegada do visitante, que agora era convidado para o seu condado tecnológico. Armou-se também, e solicitou a presença das Dora Milaje cumprimentadas no corredor de acesso quando sua alteza chegou com o convidado.
— Shuri! — cumprimentou-a. — Que surpresas tem pra mim?
— Um novo sistema de localização, ajustado conforme nossas estrelas — relatou.
— Que engenhoso — Loki elogiou desinteressado. — Acredito que ninguém tenha feito isso antes… — comentou sarcástico.
— É o nosso próprio sistema.
— Ótimo — concordou com pequenos passos ao redor das bancadas, deixando que os irmãos conversassem.
— Ele não entende nada — T’Challa acalmou-a. — Ignore-o.
— Ignorem o asgardiano, único aqui que cruzou a dimensão de Asgard para Midgard — zombou. — Quem esteve no espaço levanta a mão. Levantou os dedos da mão como se fosse uma votação.
Continuou, caminhando de olhos atentos aos objetos tentando imaginar se eram o que pareciam. Nada novo, possivelmente, certamente apenas um novo modo dos humanos o surpreenderem. Tomou um globo de linhas depressivas com grandes probabilidades de ser uma granada, então a jogou de uma mão para a outra em tentativas de apostar se seria uma granada de fumaça, som, luz ou apenas explosiva — como sempre.
— Parado! — exigiu Okoye.
Parou e estendeu a mão para guardar a esfera. Talvez fosse mais perigosa do que imaginava, no final das contas, mas não muito. E foi parado com a nova advertência de quem mantinha a postura em ataque.
— Loki… — advertiu T’Challa ao ir até ele. — No que está mexendo?
— Uma… bola. Escura e perigosa — confessou.
— É onde guardo minhas guloseimas — disse Shuri antes de pegar a esfera das suas mãos e abri-la.
Deveria esperar por aquilo e virou-se
— Eu poderia lhe dar, se não houvesse pego algo que não te pertence.
— Um doce… — resmungou virando-se para trás, até sentir a ponta da lança nas costelas.
— Está resolvido, Okoye — pediu T’Challa com um suspiro. Estava cansado há quase dois dias sem descanso. — Encare como uma brincadeira dele.
— Não trata-se de brincadeira quando se pega em armas, deveria saber — repreendeu a mulher. — Devolva o hábito do Rei T’Challa — exigiu ao outro. — Devagar.
— Eu apenas queria ver como funciona — desculpou-se fingido, com as mãos ao pescoço para retirar o cordão de longos dentes prateados sob a camisa. — Aqui está.
— Quando pegou-o? — questionou T’Challa.
— Há alguns segundos, talvez minutos — confessou.
— Baixe isso, Okoye.
— Se me permite, sua alteza está sendo excessivamente permissiva.
— Baixe a arma, Ookye — exigiu. — Não passou de uma brincadeira curiosa e infantil, do deus das travessuras. Ainda assim, não repita ações como esta, Loki — advertiu.
— Dirá o mesmo quando ele acidentalmente ferir alguém?
— Ela está certa — concordou Shuri.
— Ah, princesinha… — suspirou Loki.
— Não fale desse modo com ela — exigiu T’Challa.
— Para todo o povo não é seguro que ele esteja em Wakanda, e menos ainda no laboratório — queixou-se Shuri. — Leve-o daqui.
— Uma pena — falou Loki —, achei que seriamos amigos.
— Foi um prazer conhecê-lo, e saber o que esperar. Por favor, não retorne ao laboratório. Mesmo que o meu irmão insista, ele vacila às vezes.
— Às vezes, é?
— Vem, vamos sair daqui — convocou-o T’Challa.
Seguiram o mesmo corredor com duas fileiras de Dora Milaje, cansados, e entraram no quarto em que estiveram pouco antes. O rei estava feliz em tê-lo ali, quando não poderia se ausentar do reino por mais tempo, e estava satisfeito quando ouviu a recusa quando ofereceu algo para beber ou comer — Loki também estava, e precisava apenas de algum descanso.
— Sério que vai me segurar assim? — queixou-se Loki do braço em sua cintura.
— Eu disse que amava seu cheiro — desculpou-se T’Challa antes de mergulhar o nariz nos cabelos diante do rosto. — Estou apenas o abraçando…
— Sei, sei… Agora me solte — pediu em um resmungo. — Era melhor ter me pedido para não vagar pelo seu castelo, ou me trancar em uma das celas desse lugar.
— Palácio — corrigiu-o. — E você não é um prisioneiro, ainda que não possa sair. A porta precisa de um código — esclareceu.
— Ótimo, um sequestro. — Aplaudiria se estivesse de frente para o outro.
— Bem que você gostaria disso — riu ao lhe beijar o ombro e finalmente afastar-se, satisfeito —, mas é uma segurança mútua. Muitos aqui não admitem que o preferiam morto.
— Que tentem — desafiou.
— Seja paciente com eles. Você tentou contra o planeta, e não sabem que você não é um inimigo. Não de verdade.
— Posso ser um inimigo de verdade — garantiu.
— Claro que pode — concordou. — Se não quisesse entregar o Tesseract a Thanos antes que ele atacasse o planeta.
— Minha intenção era ajudar a aniquilar metade do universo.
— A redução da população pode ser feita a longo prazo — afirmou —, do modo correto, com políticas públicas universais, e apoio mútuo entre os mundos. Agora descanse — pediu.
Deveria manter-se em alerta, estava em território hostil, cercado por inimigos — como T’Challa havia afirmado. Tinha certeza de não ter problemas para sair do quarto, no entanto parecia mais interessante manter-se dentro, em segurança. E antes de dormir puxou o braço novamente para sua cintura, estava cansado, e sentiu o rei o abraçar novamente.
Acordou-o com beijos no rosto, algumas horas depois, apoiado no cotovelo para vê-lo despertar. Loki suspirou, ao término de minutos a mais de sono, e sentiu o balançar do colchão quando as pernas de T’Challa passaram pelos seus quadris para que pudesse alcançar o outro lado do rosto.
— Está acordado? — questionou o anfitrião.
— Acordado, talvez — suspirou Loki ainda sonolento, sem abrir os olhos. — Consciente, não.
— Quer comer algo? — sugeriu. — Dormir mais?
— Não — respondeu antes de encarar os olhos escuros.
— Não… — Beijou-o apaixonadamente por mais tempo, com a mão na nuca de Loki, guiando-o contra seus lábios. — Posso desabotoar seu colete? — pediu num sussurro confidente.
— Sim.
T’Challa sorriu e exalou, surpreso, mesmo que o outro se mantivesse imóvel ao começar pelos botões de baixo: — Pode recusar, se quiser. — Beijou-o. — Pode dizer quando quiser parar.
— Sei disso, não é como se eu fosse seu escravo sexual — respondeu com a frustração da expectativa ao mover um dos joelhos, provocativo.
— Ótimo — concordou. — Posso desabotoar sua camisa? — pediu.
Loki sustentou o olhar interrogativo quando não deu a resposta que tinha com tanta facilidade, e viu-o surpreso quando moveu-se novamente sob ele invés de apenas o encarar.
— Sim — autorizou.
Sentiu o movimento do tecido na pele sensível quando a expectativa do outro se tornava mais evidente, e também se sentia mais ansioso a cada momento. Antes que terminasse cada botão fosse livre se sua casa sentiu a mão quente contra a pele, em exploração até encontrar o peito, e sentiu-o examinado antes de resfolegar.
Pela primeira vez puxou-o para um beijo quando T’Challa não precisava dos olhos para saber o que fazia. Logo tinha toda a frente exposta aos toques provocativos onde o outro ousasse, curioso como quem teve esporádicos parceiros na vida — como todos os humanos, dados à limitação moral de uma sociedade subdesenvolvida.
O rei desceu um pouco, para medir com as mãos a cintura oscilante, com beijos não mais entregues ao rosto, e sim na descida do centro do pescoço, sem deixar os mamilos mesmo sem a esperada reação. Suspirou com a língua úmida e ainda mais morna ao mover-se em um círculo perfeito ao redor do seu umbigo.
— Gostou disso, não é? — questionou. — E isso?
Rodeou novamente, antes de afundar a língua em promessas antes de juntar os lábios e sorver a barriga em que estava a macia cova, e olhou-o quando o fez gemer. T’Challa alisou a coxa para que até o joelho, para que Loki a esticasse e pudesse deslizar de volta até parar no cinto de fivela retangular e metal dourado.
O mais alto nunca poderia lhe dizer que havia aprendido aquele movimento há tantas décadas, que era o mesmo que usava quando tentava impressionar quem o seduzia. Gostaria de confessar há quanto tempo não sentia uma boca habilidosa como aquela — e nunca o faria.
— ...sim — sussurrou antes que a pergunta fosse feita.
Abriu o acessório e abriu a calça antes que o quadril se elevasse para o cós ser baixado. Completamente exposto não teve tanta atenção quando o outro desabotoou os punhos da camisa antes de ser devorado pelos olhos de quem também livrava a camisa dos braços. Examinado com maior interesse quando também livrou-se das calças.
— O que prefere? — perguntou.
— A não ser que você possa alterar seu corpo — respondeu descortês —, eu deveria fazer essa pergunta. Você quer algo mais… jovial? — sugeriu ao aparentar menos dez anos. — Ou talvez juvenil — disse ao retornar à uma idade ainda mais inconsequente.
— Não! — recusou de imediato. — Você não me atraiu por parecer jovem, e sim por divertir-se. E eu não me aproximei de você por sua habilidade de mutação.
— Jotunheim, então? — considerou eliminando a ilusão de sua versão humana, e encontrando a surpresa de quem havia esquecido que não era humano.
— Azul talvez seja a minha nova cor favorita — tentou elogiar, sentindo então a desanimadora frieza de um jotun, mesmo nos cabelos.
A partir da raiz mudou novamente, para a raça humana à qual estava habituado antes de dizer: — Esta, ao que parece.
— Eu falava sério. Use a forma que mais sinta-se confortável em… estar aqui, comigo — pediu.
— Esta — repetiu, sem causar o toque frio quando a mão envolveu as costas.
T’Challa beijou seu queixo e tocou-se antes de girar para o lado e lubrificar o preservativo e estender o braço pra quem esperava que o pegasse sua mão: — Quando quiser.
Loki não precisou do apoio, posicionado sobre os joelhos antes de finalmente mover-se para baixo, deliciando-se o suficiente para os espasmos em expectativa, e ouvir a voz rouca de quem o acompanhava.
Encontraram a cadência de que precisavam individualmente juntos, com as negras mãos que escorreram dos ombros até os dedos de quem exigiu a liberdade quando presos. Loki fechou os olhos para o teto que projetava o céu noturno exterior, sem dar atenção a quem o saboreava também com os olhos curiosos. Estivera com parceiros demais para ainda exigir ser apreciado daquele modo.
— Curte… brinquedos? — questionou T’Challa hesitante.
— Brinquedos — repetiu. — Amantes fiéis, confiáveis e sigilosos — aprovou.
Oleou também a haste prata antes de o massagear até que ouvisse a voz, então começou devagar, fazendo Loki oscilar imóvel com alguns centímetros entre ambos. Não era tão longa quanto a lentidão sugeria, em uma espera luxuriosa. Ofegou e encarou T’Challa com um silvo entre os lábios.
Uma tortura sofrida demais para sentir algum pequeno prazer, e um prazer denso demais para que restasse alguma dor.
Moveu-se novamente quando apenas a pequena esmeralda brilhou externamente.
— Fica ótimo — disse T’Challa de voz entrecortada. — Um piercing.
— Eu adoraria o exibir por aí — caçoou com um movimento repentino que fez T’Challa ganir invés de protestar. — Talvez deixar aparente sob minha sunga, na piscina da Torre Star…
T’Challa interrompeu-o do mesmo modo que havia sido, com um movimento repentino.
— Não ouse falar de outro… — pediu num sussurro.
— Eu tiraria meu roupão vagarosamente — atendeu a pedido possessivo dos não monogâmicos. — Preferencialmente à noite — considerou —, e mergulharia até perder o fôlego.
Puxou-o pela boca para um ósculo longo e vívido, até estar ofegante como disse que estaria, para encerrar quando T’Challa segurou entre suas pernas, movendo a mão escorregadia.
— Tire — pediu Loki.
— Tirar o quê? — exigiu divertindo-se em o ver tão entregue. — Isso? — questionou.
— S-si…
Apoiou a cabeça no ombro à sua frente, de olhos fechados ao tentar suportar o toque, a respiração pesada ao lóbulo de T’Challa, que aproveitou-se para pressionar sua nádega. Loki não estava cansado, no entanto não podia mais controlar-se, e por isso não afastou as mãos ao movimentar-se com mais energia sob seu parceiro.
Quando a mão trêmula tentou aproximar-se a afastou, e precisou de ambas para levar os esguios braços para as costas de Loki e segurá-los com um braço ao voltar-se para a esmeralda no extremo da haste na uretra. Girou-a, antes de acertar a pedra com um peteleco que o fez retorcer-se, exausto demais para tentar tirar do lugar. T’Challa prosseguiu, com o movimento do polegar e médio enquanto os toques do indicador prosseguiam na superfície brilhosa.
Depois de arfar Loki teve controle apenas para retirar-se e rolar para o lado, onde buscou ar novamente, sentindo-se sufocar. T’Challa voltou-se para o lado quando as costas de Loki se arquearam, sem ver os dedos dos pés torcerem-se.
— Loki — chamou. — Loki, acorde — pediu antes de o golpear no rosto. — Loki. Loki! — insistiu sacudindo-o pelo ombro.
Não perdeu tempo com aquilo, usando o ramal da mesa para solicitar um médico antes de estar dentro de um roupão e puxar a coberta sobre o paciente, para então destrancar a porta. Confirmou novamente a cama, se não era um truque para o outro sair dali, e vendo-o ainda inconsciente pediu às Dora Milaje que próximas que liberassem o caminho para o senhor de barba grisalha densa e cacheada em sua baixa estatura.
— O que houve com ele? — questionou preocupado após a pressão aferida.
— Sendo do exterior do planeta? — indagou cético. — Parece bem, deve acordar em pouco tempo ou ser transferido para internação. Mesmo com a rede de compartilhamento de informação o que desconhecemos ainda é muito — afirmou.
— Internação? — falou surpreso. — Eu não entendo. Ele estava bem…
— A internação pode ser necessária para que sua fisiologia seja mantida. Mantê-lo com todos os nutrientes. Sejam quais forem.
— Não deveria ser insistente em trazê-lo para tão longe de casa… — lamentou.
— O avaliarei novamente pela manhã.
— Certo. Muito obrigado por vir no meio da noite.
— À disposição, sua alteza — despediu-se.
Fechou a porta, e trancou-a novamente com um novo código antes de ir à entrada da ampla suíte umedecer uma das toalhas. Loki estava coberto de suor e poderia aliviar ao menos o do rosto, com receio de tivesse nova febre, ou alguma convulsão. Surpreso viu-o voltar à consciência sem pressa alguma, embora piscasse à claridade, apressou-se a reduzir a luminosidade.
— Como você está? — perguntou em voz baixa. — Está com dor de cabeça?
— Não — respondeu com a voz grave. — Este lugar… Há quanto tempo estou aqui?
— Há quanto tempo tem lapsos de memória? — questionou sério de cenho franzido. — Chegamos há menos de um dia.
— Ótimo. — Sentou-se apoiado na cabeceira, com a preocupada ajuda de T’Challa. — Conseguiu me surpreender, humano. Não imaginei que poderia proporcionar tamanho êxtase.
— Espera! Você está bem?
— Melhor impossível — confirmou.
— Você… teve uma convulsão.
— Você não quis tirar essa coisa de mim — esclareceu levantando o lençol para confirmar que ainda estava ali. — Conseguiu me surpreender. Poucas vezes tive orgasmos tão intensos.
— Você teve um…
— Não faça essa cara, deveria estar feliz. Não era o que queria?
— Certo — suspirou aliviado. — É bom ter um elogio de um deus… devido às habilidades na cama — sorriu presunçoso.
— Não seja ridículo, humano inútil.
— Útil pra te deixar desacordado — lembrou-o —, e para chamar o médico quando não consegui acordá-lo.
— Médico? — questionou levantando-se e prendendo o lençol na cintura, por algum decoro.
T’Challa puxou-o pelo pulso, insistente o suficiente para que Loki se soltasse, caso quisesse se afastar.
— Médico, humano precoce?
— Como não chamaria se quero que esteja bem? Aqui está sob minha responsabilidade, Loki.
— Deplorável Loki, sempre sob vigia… — resmungou antes de silvar em falso lamento. — Ao menos me cobriu. Bem, não importa.
— Claro que o cobri, e o preservei! E não — falou ao puxá-lo para estar entre seus braços —, não está sob vigilância. — Beijou as omoplatas nuas. — Apenas, como meu convidado, sou responsável pela sua segurança e bem estar. Mesmo quando eu provoque algum incidente — afirmou.
— Hum, ótimo. Então cuidará disso? — desamarrou o lençol ao olhar para baixo, quase constrangido em sua falsa timidez. — Porque está seco, dolorido, e posso me tornar infértil — enumerou em considerar tristemente ainda que os olhos se mostrassem divertidos.
— Claro, vou te ajudar no banho.
Guiou-o à suíte e acendeu as luzes de todos os ambientes, deixando que Loki entrasse primeiro depois de escolher as essências e espumas que quisesse. Então ligou a água quase fria — vinda de fonte subterrânea e aquecida pelo sol do dia anterior — e deixou que a metade mais próxima da banheira de dez metros de diâmetro enchesse.
— Se o assustei então não teve o que buscava? — suspirou. — Pobre rei humano, deplorável...
— É, você me deu um puta susto e não pude deixar de socorrê-lo — acusou.
— Pobre rei humano deplorável em sua ignorância… — lamentou novamente
T’Challa riu e viu-o entrou na água, cativado com as mãos em concha que o companheiro lançava água para pentear os fios suados para trás antes de esfregar o rosto. Recostou-se imóvel, até ser visto pelos olhos claros repentinamente apreensivos.
— Olhará para mim deste modo até quando? — questionou.
— Até deixar de ser tão belo? — sugeriu.
Respingou-lhe alguma água, e olhou para abaixo do seu umbigo.
— Como está? — perguntou preocupado.
— Dolorido — afirmou.
— Desculpe — lastimou. — Deixe-me ver como está — pediu inclinando-se.
Notou-o tenso, e convenceu-o a recostar à meia-borda ao expandir-se mais sob a água, aflito quando Loki colocou o braço sobre os olhos. Prosseguiu em massagem ao puxar, momento ou outro o objeto. A água tingiu-se esbranquiçada antes de rapidamente dissipar quando Loki respirou aliviado. Prosseguiu a massagem, acalmando-o.
— Usar até o final é um risco difícil de assumir em troca de prazer — disse Loki. — Quando o fluxo da ejaculação não encontra passagem e reverte é satisfatório — Mostrou os dentes na primeira gargalhada inocente ao observar a água —, com força o suficiente para haver perigo de chegar à bexiga. — Inclinou a cabeça para o lado, ainda observando o reflexo da porcelana do grande lavabo, e emoções expostas.
O telefone no quarto interrompeu-o, com o toque que denunciava antes que lesse o visor do aparelho que estava na pequena bagagem no quarto.
— Por favor, não diga que ligou para o meu irmão — desejou.
— Na verdade sequer passou pela minha cabeça… — confessou. — Espera — pediu novamente o segurando —, deixe tocar.
— Eu não atendo e Thor chega à Wakanda com raios no meio da noite — avisou. — Quer que o deus do trovão aterrize assustando os animais e as crianças? — indagou. — Não que tenha muita diferença — sussurrou.
— É das crianças do meu país que está falando! — Levantou-se. — Portanto evite referir-se à elas na minha presença ou de qualquer outra pessoa — advertiu. — E quanto ao seu telefonema — falou —, parou de tocar.
— Preciso retornar a ligação.
— Não, não precisa.
— De fato, não nesse instante — concordou buscando pelo sanitário, mais próximo à parte que detinha a pia e o chuveiro sem porta.
Apoiou-se na parede para apontar com a outra mão e o telefone embutido tocou próximo à banheira, observado até que sinalizasse para T’Challa atender.
— Sua alteza, Thor ao telefone — ouviu da atendente.
— Transfira — pediu.
— Loki? Loki, está me ouvindo?
— É, é… Estou, sim — silvou com o ardor quando começou a aliviar-se.
— Parece que esteve ocupado… — gracejou. — Ou ainda está? Como estão as coisas?
— Doloridas — confessou.
— Sem detalhes — exigiu antes que o irmão se empolgasse. — Não mandou notícias, então lembre-se de fazer contato diariamente. Ou, você sabe, terei de buscá-lo.
— Como eu poderia esquecer irmão tão atencioso?
— Preciso ir. O Scott Lang ficou de me levar à uma boate de heróis. Bem, nem todos…
— Adeus, Thor.
Envolveu-se em um dos roupões sem sequer considerar qual deles seria o seu e buscou seu celular em seguida, sentando-se na cama para verificar as mensagens, algumas do irmão apreensivo e a maioria de Tony, ameaçador. Leu todas enquanto seu anfitrião deitava-se ao lado, dentro de outro traje igual ao seu.
Suspirou deitou-se de frente para ele, antes de suspirar novamente e tomar a mão mais pesada que a sua antes de confidenciar: — Meu gato travesso…
— Sempre — jurou T’Challa ao beijar a palma da outra mão. — Vou pedir algo para comermos.
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os4pilaresdeloki · 5 years ago
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— Saia do meu carro — exigiu tão logo a porta carona fechou-se —, agora, humano insolente!
— Eu preciso explicar! — insistiu.
Depois das ligações insistentes ignoradas o negro teve certeza de que Natasha lhe havia passado o número correto, e não teve opção senão seguir o mais alto e encontrá-lo nas compras do supermercado. Ignorado pessoalmente entrou no veículo antes que o motorista tivesse oportunidade de trancar a porta.
— Diga rápido, ser insignificante.
Manteve os olhos no carro da frente, pensando em todos os compromissos para os quais se atrasaria, caso não se apressasse. Era o aniversário do seu irmão. Uma festa surpresa que talvez não fosse mais, quando toda a equipe da qual não fazia parte estava curiosamente ocupada.
— Então porque não ligou? — questionou ainda ouvindo-o.
— É o que estou dizendo, o Bruce não me passou o seu número, ele disse para eu pedir pro seu irmão, mas… Qual é, seu irmão nunca faria isso… — desabafou com seu sorriso cativante. — Eu te vi dançando na festa do Stark, e ele estava ameaçadoramente por perto.
— É, é… Eu te vi também… Covarde.
— Me viu? — questionou surpreso quando, semanas antes, sequer tinha visto o olhar dele na sua direção.
— Sim, não conseguia olhar pro outro lado — resmungou.
— Desculpe se o fiz ficar constrangido…
— Constrangido? Não… Por não ter ligado, talvez. Como eu disse, tenho muito o que fazer.
— Mas eu…
— A festa foi há duas semanas!
— Eu sei, eu sei, tá legal! Com licença — falou antes de estender a mão e desvirar a chave na ignição. — O Bruce não sabe o seu número, então ele pediu ao Steve, e o Steve me ligou e disse que Tony saberia. Garantiu que Tony sempre sabe — continuou.
— Isso dá o que? Dois dias? — questionou com uma careta.
— Não — sorriu paciente, passando a pensar duas vezes prosseguir com aquilo ou dar atenção a todos os alertas que gritavam na sua mente. No entanto o queria. — Na mesma hora ele ligou para Natasha, e ela disse, pelo viva-voz, para esquecer o assunto. Assim que pus os pés fora de lá ela me ligou e fez um interrogatório antes de desligar e parar de responder — esclareceu. — Domingo ela me ligou e perguntou o que eu estava pensando ao procurar o número do seu irmão. Estava surpresa de eu ainda estar interessado. E eu estou! — garantiu. — Do contrário eu não estaria aqui.
— Um humano lerdo e insignificante — suspirou.
— Qual é… — resmungou —, me dá uma chance — pediu. — E você também poderia ter me ligado — destacou T’Challa.
— Não, ninguém passa o contato de ninguém para o Loki — sorriu complacente. — Mas eu iria roubar o celular de alguém — garantiu —, para encontrar um tempo para te xingar! Agora desça do meu carro — exigiu.
Suspirou derrotado e desceu, fechando a porta com suavidade o suficiente para que o motorista se inclinasse e a batesse em protesto, antes de colocar o cinto de segurança.
— Eu não acredito… — resmungou ao olhar pelo retrovisor. — Está no caminho! — gritou.
— Quero marcar uma reunião! — respondeu de volta.
— Liga pra minha secretária.
— Será que consigo falar com ele em menos de duas semanas? — indagou. — Não, quero marcar com você mesmo. — Apontou-o divertindo-se.
Loki desceu, o cabelo perfeitamente alinhado e brilhoso ao sol, de sobrancelhas arqueadas.
— Uma pena que Asgard não exista mais — queixou-se de sobrancelhas arqueadas. — Ainda assim você tem compromissos em Wakanda, e eu sou um anti-herói. Sou mais livre para ir e vir do que você… — Observou-o da cabeça, dez centímetros mais baixa, para terminar nos pés de impecáveis sapatos lustrosos.
— É, eu sei… Estou partindo hoje — afirmou. — Então é, estou um pouco desesperado… Okoye vai devorar o meu fígado, ela não faz ideia de onde eu esteja.
— Bem, volte para casa — concordou. — Ou faça o que quiser. Tenho uma festa surpresa  pra organizar. Eu não deveria ter dito isso… — praguejou olhando para o lado.
— Então nos vemos lá. — Com alguns passos estava fora do caminho.
— Não disse onde era — respondeu voltando pro carro —, e não está convidado.
Quase encostou naquele intruso, todavia, não valia a pena se não podia o atropelar — e se o fizesse, Thor restringiria sua liberdade, como costumava fazer quando infligia, levemente, algumas leis. Manobrou para seguir caminho, e ignorou o aceno do rei, orgulhoso para chegar à cobertura da Torre Stark, local de todas as festas.
Não havia chegado cedo, estava ali desde a recepção quando Tony ligara para Thor, insistente para ver o Mjölnir e realizar testes. E assim foi o primeiro a sentar-se de descansar da decoração infantil que havia feito, com martelos infláveis de capas vermelhas, e as horríveis luzes azuis piscantes. Sorriu ao ver o irmão rapidamente embriagado e lamentar a recusa da cientista em ir à festa, e brincou mais com o canudo no copo de sua batida de kiwi — talvez se atrevesse a aprontar algo para divertir os barulhentos convidados. Por hora estava satisfeito e descansar era seu solitário lazer.
— Eu não acredito! — sussurrou para si mesmo ao ver o recém chegado.
T'Challa seguiu a primeira de sua guarda, de olhos amendoados ao inspecionar rapidamente o local antes de juntar-se à outra guarda e permitir que rei de Wakanda seguisse à frente. Teve alguns minutos para camuflar-se com uma ilusão satisfatória, repentinamente não estava mais ali, embora a bebida continuasse a subir pelo canudo do copo na mesa à sua frente.
— Loki — chamou Thor —, venha cumprimentar os convidados, afinal foi você que organizou a festa — resmungou. — Não seja tímido! — insistiu.
Uma delgada cobra surgiu em seu copo, substituído por outra bebida que Bruce lhe entregou antes antes o aniversariante notasse. — Loki Laufeyson — advertiu —, o que está aprontando dessa vez?
— Não estou — sussurrou para si mesmo em protesto. — Estou tentando, na verdade…
— Apareça de uma vez, seu diabinho esverdeado — ameaçou. — Não ouse assustar seus… meus convidados.
Antes que o irmão se irritasse, alcoolizado como estava, e lançasse raios que estourasse todos os balões, apareceu com um gesto amplo dos braços. Descruzou as longas pernas para se colocar de pé com um último gole do que queimou a garganta, com o brilho alcoólico nos olhos.
— Estou aqui! — declarou.
Thor voltou-se para ele, como os demais, no entanto T'Challa o observava desde que havia se materializado no longo sofá, o havia visto beber e levantar-se, e parar onde estava invés de aproximar-se — ao menos até ser convencido a aproximar-se.
No caminho colocou o copo vazio em na bandeja de um dos robôs de serviço, e arqueou as sobrancelhas inocentemente ao alcançar o grupo. As guardas imediatamente a postos antes de que, com um gesto, fossem dispensadas: — Aproveitem a festa — pediu T'Challa sabendo que não cumpririam.
— É, aproveitem — Loki insistiu encarando-as com um falso sorriso até que se desse por vencido de que não sairiam do lado. — Pensei que tinha uma viagem para hoje — mencionou.
Quanto antes desse um fim àquilo melhor. Considerou o incomum visitante — de um um país tão distante — corajoso em estar longe de casa e próximo ao seu irmão embriagado.
— Não seja ranzinza, Loki — pediu Thor. — Receba-os bem, vieram de longe.
— Eu não os convidei — disse entre os dentes que sustentavam o falso sorriso —, porque moram muito longe.
— Mesmo? — questionou olhando o recém chegado. — O que fazem aqui.
— Elas me acompanham como sombras — esclareceu T'Challa. — E, desde a reunião da ONU, Loki e eu temos algo a tratar.
— Não me recordo disso — respondeu Loki em busca do copo seguinte.
— Podemos conversar em um lugar mais… — Observou ao redor. — Privativo? — pediu.
Suspirou e terminou o copo de um gole, afastando-se por entre os festivos convidados sem demorar que seu perseguidor o acompanhasse a alguns passos, ainda seguidos. Passaram pelo bar, uma garrafa deveria ajudar Loki a dispensá-lo sem causar uma crise internacional.
— Ajude como puder! — ouviu Thor atrás de si. — E não tome nenhuma decisão, que envolva o planeta, sem me consultar antes! — pediu
Entrou na saleta em que, de pernas cruzadas sobre os joelhos do esposo, Wanda brincava com os espectros vermelhos que englobava suas cabeças embriagadas, em risadas mudas. Ele cochichou-a depois de olhar os recém chegados, e com um convite para continuarem encantando-se mutuamente, seguiram para a varanda. Passaram pelas guardas que plantara-se ao lado da porta, para impedir que fossem interrompidos.
— O que quer? — Loki perguntou voltado para a parede.
— Uma chance — desabafou. — O modo como estava aquele dia, e mais cedo hoje… Você não é como as pessoas dizem.
— O que importa? — indagou antes de sugar a bebida até encontrar o incômodo ruído. — Por que te importa?
Ousou tocá-lo, nos ombros, apenas para que se virasse e pudesse por fim dizer o que gostaria com as palavras que precisava, invés de apenas demonstrar.
— Eu quero te conhecer melhor — confessou antes de ser encarado pelos olhos claros.
— Conhecer o trapaceiro deus das travessuras! — exclamou com o sarcasmo da ironia do título ao qual não fazia jus como antes.
— Isso apenas deixa as coisas mais interessantes — afirmou com a mão deslizante na própria nuca.
— Criança insistente e insolente…
— E, o cheiro dessa bebida parece ótimo…
— E é — garantiu —, eu mesmo a encomendei. Tem o suficiente no bar.
— Esperava poder provar da sua…
— Uma pena ter acabado.
— Vai mesmo me fazer sair pra provar?
— Sim — afirmou com aquele estranho hábito de arquear as sobrancelhas para passar-se por inocente.
— O copo é frio — queixou-se. — Acho que é ainda mais saboroso morno. Posso? — Aproximou-se um passo.
— ...sim? — respondeu incerto após perder-se nos olhos escuros o suficiente para as luzes colorida parecerem estrelas cadentes em atração, como ele. — Criança petulante… — sussurrou em infortúnio.
A mão esquerda deslizou na cintura sem qualquer esboço de desconfiança do outro, e seguro inclinou-se para lhe tocar os lábios com os próprios antes de tocar-lhe a nuca. Sua cintura foi segura pelas duas mãos firmes e suaves, e assim impediam-se de ter medo do movimento repentino de um e outro, em um ataque furtivo quando toda a aproximação era estranha.
— Pensei que estaria à quilômetros de distância, já sob as grandiosas copas das árvores de Wakanda.
— Então imagina como minha guarda pessoal esteja irritada por me recusar, novamente, a ir para casa… — T’Challa falou, com o sorriso vitorioso ao finalmente sentar-se para conversar ao requerer o monopólio da mão do outro entre as suas.
— Deveriam ter te drogado e levado de volta para o seu país — sugeriu.
— Tenho certeza que passou pela mente de Okoye fazer isso. — Olhou para a porta, onde as mulheres estavam fora da sua vista. — Mas não vou me preocupar com isso agora.
— É, você é um rei.
— E você um deus.
Escondidos, mesmo em beijos contidos e sem extravagância, de mãos à todo momento à vista e copos afastados para evitar incidentes que pudessem desencadear alguma crise, como o Thor havia sutilmente mencionado.
— Onde ele se enfiou — perguntou-se Thor no outro lado do salão, próximo às saídas para inspecionar o lado de fora. — Não me venha com nenhuma surpresa desagradável, Loki. É meu primeiro aniversário neste planeta… — resmungou. — Apareça logo, para os parabéns.
Por entre as poucas pessoas e três ou quatro robôs viu as sentinelas junto à porta. Pegou duas bebidas para as que pareciam não se divertir e encaminhou-se, talvez pudesse barganhar com elas para entrar ali. Apenas espiou quando foi barrado em sua própria festa, surpreso em encontrar o irmão mais novo de olhos fechados no escuro, e não era o copo o que tinha na boca enquanto a outra bebida também era ignorada.
Olhou para Okoye, em uma carranca aborrecida ao encará-lo de volta: — Não me pergunte — pediu. — Também não sei o que o rei de Wakanda pode ter visto no seu irmão.
— Ah, ele fode bem — deixou escapar indecorosamente. Pigarreou constrangido. — É o que dizem, é o que dizem… Nunca fizémos… Nem observar nem… nada… — Bebeu dois copos para ocupar-se. — Vou pegar mais bebida — confidenciou.
— Ah, aí está você! — Stephen rodeou-o pelos ombros para guiá-lo na embriaguez maior. — É hora dos parabéns, por aqui. — Apontou antes de sussurrar: — Tem algum nome em mente para o com quem será?
— Jane… Jane Foster… — pediu.
— Meu caro, vamos encontrar alguém pra você — prometeu.
Tony achou por bem o colocar dentro de uma armadura para que se mantivesse de pé ao menos até soprar todas as velas — mais velas do que bolo — que foram acendidas antes do alarme soar e prepararem-se para sair ainda que pela varanda.
— Acho que preciso ir — disse T’Challa ao sair do cômodo alinhando os pulsos.
— Não, você é convidado de honra — reclamou Thor. — Eu vou no seu lugar, você fica com o Loki. Ele não pode ir mesmo…
— É, e nem você — interferiu Tony. — É, e nem você. Armadura, leve-o para casa e retorne apenas ao meio dia.
— Não! — protestou o asgardiano. — Não, espera!
O rosto da armadura cerrou-se antes dos pesados passos se encaminharem para a varanda, de onde mergulhou alguns metros antes de alçar voo à caminho de casa, do mesmo modo que Tony instantes depois, para seguir Strange e Visão.
— Acho que… Vocês podem tirar uma folga e beber — T’Challa disse às suas guardas. — É uma ordem.
— Que desobedecerei — disse Okoye com petulância antes de ver a outra erguer para cheirar um dos copos —, sua alteza.
Varreu o cômodo antes de ver a haste da alta luminária mover-se no escuro, ondulante até que Okoye estivesse entre o rei e o animal: — Rei T’Challa — chamou como se falasse com uma criança —, não! Não sabe se é venenosa — advertiu.
— Está tudo bem — tranquilizou-a. — Deixe-nos sozinhos.
— Deixá-los? — moveu os olhos pelo ambiente com desconfiança, antes de ceder ao estranho pedido.
No piso diante viu as pernas materializarem-se, deixando o couro escamoso para sua forma mais apresentável. Um pouco assustado quando já tinha os ombros.
— Eu sou muito venenoso — afirmou.
— Tenho certeza disso. — Rodeou-o com ambos os braços para tranquilizá-lo, e deitou em seu ombro para cheirar seu pescoço e os cabelos. — Você se torna uma bela serpente, mas ainda cheirava a uvas. — Inspirou. — E kiwis. Seus perfumes são…
— ...doces? — perguntou.
— Não.
— Deveriam — disse ao arquear as sobrancelhas quase surpreso —, são frutas.
— Seus cheiros — sussurrou ao beijar pele pálida pela primeira vez —, Loki, são verdes. Verdes como as florestas do meu país — afirmou antes de o beijar novamente até que o mais alto buscasse seus olhos. — Deveria vir comigo e ter a oportunidade de ver — convidou.
Loki não confessaria gostar do cheiro morno e quase quente que o outro deixava em suas narinas, envolvente no ósculo macio que gostaria de provar antes que se afastassem definitivamente. Não era um relacionamento a se levar adiante. T’Challa não recusou, a princípio, até que a dor — comum às batalhas — se acentuasse e levasse os dedos aos lábios, para verificar o tom tingido.
— Não sei como isso aconteceu — disse Loki com a habitual expressão dissimulada e séria.
— Venenoso não, mas morde.
Aquilo não era nada comparado aos ferimentos comuns. Era delicado, não incharia ou incomodaria por mais tempo. Estaria cicatrizado antes do amanhecer, se estivesse em casa. Não queria que cicatrizasse.
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