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#resoluções de ano novo
soentendequemnamora · 2 years
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Como cumprir minhas promessas de ano novo?
Como cumprir minhas promessas de ano novo?
Uma tradição comum das pessoas é fazer promessas para o ano novo, onde há o estabelecimento de objetivos com o intuito de melhorar as vidas para o ano que chegará. No entanto, também é uma realidade que muitas das metas fiquem apenas no imaginário e não se concretizem. Nesse contexto, o canal Psicanálise Clínica dá algumas sugestões de como a pessoa pode cumprir essas promessas. 1 – Defina as…
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livieboxd · 21 days
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Sobre Abril de 2024.
A virada do ano é um momento simbólico, elegido há bastante tempo, como o dia 31 de dezembro, de modo que o dia seguinte torna-se dia 1 de janeiro. É um marco arbitrário de passagem para um novo ano, o início de um novo ciclo, com direito a tradições como pular 7 ondas e fazer resoluções para o ano que virá. Mas, em uma ótica factual, não há nenhuma diferença significativa ou brusca do dia 31 de dezembro para o dia 1 de janeiro em nossas vidas.
Dessa mesma maneira, ocorreu a virada do ano de 2024, momento esse que passei em casa, escutando às músicas da Taylor Swift em uma sequência pré-determinada, de modo que Ready for It fosse a última música de 2023 e ME! fosse a primeira de 2024. Foi um breve momento emocionalmente significativo, mas só. Depois, fui dormir, como em qualquer outro dia.
Depois do ENEM em novembro, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro passaram em um sopro de brisa quente de verão. Mas nada mudou. Eu ainda era a menina que terminou o Ensino Médio sendo odiada por uma grande parte da turma por ter priorizado tanto a vida acadêmica que me tornei um desastre social; ainda era dependente das mesmas duas pessoas — minha melhor amiga e da minha então namorada — para conseguir ter qualquer ânimo de sair de casa. Mesmo com a aprovação no vestibular, o fato de ter deixado a escola fazia um buraco no meu peito que só fazia crescer.
Na verdade, eu acredito que o ano novo só acontece em meados de março/abril. É somente nesse período em que 2023 deixou de 2022 e 2024 deixou de ser 2023.
Em abril, minha então namorada se tornou minha ex. A primeira semana do mês foi o período mais triste que eu me recordo de ter vivido durante os últimos 5 anos — e, sem querer me gabar, mas muita coisa ruim já aconteceu comigo desde 2020 —, porém não posso fingir que, no fundo, eu não sabia que isso aconteceria. Parte de mim já sabia que eu iria perdê-la desde fevereiro; o que não diminuiu a dor que senti, mas diluiu-a.
Porém, em abril também, eu voltei para o mundinho das Simulações da ONU. Eu já fui mini simuleira em 2022, mas eu era muito, muito, muito tímida nessa época, tanto que fiquei calada praticamente durante todo o evento. Então, de certa forma, a CESONU em abril foi o meu (re)nascimento como simuleira. A CESONU apareceu no momento exato em que o buraco no meu peito se tornava tão grande que eu temia (desejava) algum dia ser sugada para dentro dele e sumir.
O mundinho simulação da ONU pode ser meio caótico, meio clubista, com uma safra de pessoas difíceis de lidar, mas, às vezes, ele pode ser um lar. Na CESONU, ele foi um lar.
Por algum motivo, algum longo e forte invisible string, nasceu o CELAC. O comitê sobre a soberania guianense (Guiana = eu) sob o território de Essequibo. E foi lá onde eu encontrei algo que eu precisava desde 2023: pessoas que me entendessem.
O meu 2023 foi um ano extremamente solitário. Não quando algumas pessoas intencionalmente pararam de falar comigo, na verdade isso começou bem antes de setembro de 2023. Perceber que eu entrei no TERCEIRÃO me deixou... desesperada, para dizer o mínimo. Além de toda a pressão padrão do estudante brasileiro em passar no vestibular, eu iria enfrentar a LOML (loss of my life) que seria enfim sair da escola. O mundo em que cresci e fui tão feliz, o meu espaço de conforto, muito mais meu lar do que a casa dos meus pais, estava se esvaindo ou, pior, estava me expulsando dele.
Enfim, ter tudo isso rodando em minha cabeça fez com que eu me fechasse em meu próprio universo em que tudo era controlado, mensurável e previsível: os estudos. Amo estudar e isso me faz muito bem, mas, em 2023, eu me desapeguei do mundo real e das convenções sociais de modo que meus estudos se tornavam mais importantes para mim do que minhas relações com as pessoas próximas. E, é claro, isso me fez me sentir mais sozinha do que nunca. As únicas pessoas que me faziam não me sentir completamente isolada da sociedade eram Novaga, Nefer e meu pai.
Com a CESONU, eu me senti enfim livre para relaxar, soltar o ar preso nos meus pulmões desde julho de 2023 e interagir novamente com as pessoas ao meu redor de maneira saudável. Foi nesses 3 dias de evento em que eu cresci muito como pessoa, aprendendo a lidar com meu socioemocional de forma extremamente significativa e com outras pessoas também.
Além disso, foi a CESONU que trouxe a minha roda de amigos atual, esses que tanto amo. Eu não seria quem sou hoje sem ter conhecido Artur, José, Nicole, Ravi, Alícia, Rana, JV, Dan, Isadora, e, principalmente, Andrezza Luiza. Muitos dos eventos que venho vivendo esse ano têm influência dessa daí que eu tanto amo.
Enfim. Em 2024, o meu verdadeiro Réveillon foi em abril, e eu tenho certeza que essa não é uma experiência individual. Claro, i'm the girl i've always been, estou longe de ser um perfect 10, porém, me sinto melhor do que eu estava em 2023, e esse sentimento me soa gratificante o suficiente por enquanto.
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branckaper · 1 year
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[resoluções 03/09/23]
Faça o melhor e máximo de cada um dos seus dias.
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Escolha a melhor parte de você e se complete apenas a partir dela. Sem influência de lixos emocionais. Seja a sua criança e aja com a disposição emocional e física que você tinha aos 5 anos.
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Enxergue apenas o próximo degrau, que não é um muro difícil de ultrapassar, nem uma armadilha para se cair, é só um degrau, naquele dia comum. Pise firme e seja firme. Não se esconda de ninguém e nem se deixe levar com o vento. Olhar para o topo da escada causa desânimo e cegueira.
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Errar com os outros é o pecado, confiar neles, não. Se perdoe por confiar e esperar.
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As pessoas mentem e são confusas, a energia que elas emanam, não. Toda pessoa que te provoca a vontade de se resguardar, articular, afastar, deve ser banida. Ainda que isso ultrapasse as boas maneiras e a gratidão.
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Uma nova vida requer novos processos. Processos não são resultados. Processos são aprendidos do zero e muito dificultosos. Processos aprendidos doem menos que lições aprendidas, elas nascem de erros, processos nascem de decisões acertadas.
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Não é porque você está sofrendo que terá resultados bons. A vida não se move por pena e compensação. Tudo que vem sem esforço direto seu, vem por alguma descompensação ou ricochete, é abrupto e imprevisível, então, nunca devemos contar com isso. Tampouco contar com a sorte.
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A subida é longa e cansa, mas a inércia de permanecer no fundo do poço também. Às vezes o embalo de nosso próprio corpo nos dá impulsos maiores do que imaginamos. Se não olharmos para o lado, equilibradamente chegaremos no objetivo, com dificuldades bem menos do que imaginamos. Na prática, as dificuldades são finitas, na mente, não.
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Faça exercícios todos os dias. 30 minutos lendo. 30 minutos ouvindo. 30 minutos movendo seu corpo.
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Quanto mais apego se tem com uma situação ou alguém, mais atraso terá nas suas conquistas individuais. Apoiar-se e vincular-se a alguém é, de certo modo, emprestar tempo de vida para essa relação.
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Orar e meditar limpa a mente. Se exercitar e dormir limpa o corpo.
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Orar pelos outros é uma forma de sairmos de nossos problemas e nos afastarmos emocionalmente das pessoas por enxergarmos a situação de fora, isso nos livra de grande parte da influência sofrida diariamente.
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Aprenda uma coisa nova por semana. Um cuidado com a casa, uma prática nova, mas algo que não seja para diversão, a diversão sempre está associada a algo que já conhecemos. Atos iguais fazem dias iguais.
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Comece de novo sempre. Dentro da mesma hora, mesmo dia, mesma semana.
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Não adie. Não odeie. Não suponha. Veja e faça. Não descanse, elimine o que te cansa.
(Branckaper)
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sobreiromecanico · 21 days
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A descoberta de Björk e a redescoberta da música
Estávamos no Outono de 2019. Em escassos meses chegaria a Covid-19 e viveríamos todos a bizarra experiência colectiva dos confinamentos e do distanciamento social, mas em Outubro ninguém imaginava quão desfasadas da realidade viriam a estar todas as nossas resoluções de ano novo para 2020. A divagar pela Internet dei por mim no The Guardian, e deparei-me com o artigo "Björk - Her 20 Greatest Songs Ranked!", parte de uma série ocasional de artigos nos quais o diário britânico classifica 20 ou 30 canções, livros, filmes - enfim, uma abordagem própria às infames e batidíssimas "listas". Por curiosidade, e talvez também por estar em modo zapping, espreitei o artigo. Afinal, o nome de Björk será sem dúvida familiar a toda a gente que passou pelos anos 90 a ouvir música, como eu passei - mesmo que as suas canções não tenham integrado alguma das centenas (não exagero) de mixtapes que a minha irmã gravou, e que devem estar perdidas algures num caixote no sótão lá do Alentejo; a haver alguma música da islandesa nas cassetes, será a inevitável "It's Oh So Quiet", aquele caso raro de cover que transcende a canção original para se tornar na versão mais conhecida. Acontece que a lista do The Guardian não incluiu "It's Oh So Quiet", e ao ler as escolhas do jornal surpreendeu-me um pouco ser incapaz de identificar qualquer uma daquelas canções pelo título.
Haverá talvez um universo paralelo no qual eu terei seguido para o próximo link e nunca tenha descoberto a música de Björk (talvez esse universo não tenha conhecido a pandemia, quem sabe?). Não seria difícil: bastar-me-ia prosseguir o zapping e não regressar àquele momento para a islandesa regressar ao recanto da minha memória onde residem inúmeras referências difusas da década de 90, e para a minha experiência a ouvir música ser muito diferente daquela que tenho hoje. Mas naquela ocasião a curiosidade, aguçada também pelos comentários ao artigo, falou mais alto (as listas, com a sua subjectividade inevitável, são excelentes para promover engajamento junto dos leitores). Fui ao Spotify, fiz uma playlist com todos os discos da cantora até à data - do Debut de 1993 até ao Utopia de 2019 - coloquei o programa em modo aleatório, e cliquei em play.
O que ouvi deixou-me absolutamente maravilhado.
A primeira canção que a playlist lançou foi "Mutual Core", do sétimo disco de Björk, Biophilia (2011) - uma batida electrónica hiper-sensual que usa conceitos geológicos (no caso, tectónica de placas) para explorar a atracção e o amor, uma mistura que só poderia mesmo ocorrer a uma artista natural da Islândia. Por estranho que pareça - lá chegaremos à incongruência -, eu nunca fui especial fã de música electrónica, mas naquele momento aquela sonoridade cativou-me logo aos primeiros acordes. Não me lembro de que canção sucedeu a ""Mutual Core", mas pouco importa: nos dias, nas semanas que se seguiram ouvi praticamente tudo o que havia para ouvir de Björk. Percebi por que motivo o The Guardian nomeou "Hyperballad" como a sua melhor canção: é um tema magnífico e uma composição incrível pela sua simplicidade; será sem dúvida uma das minhas preferidas, mas há outras, tantas outras. Os álbuns em formato mp3 cedo foram parar ao meu telemóvel, e fui continuando a ouvir todos os dias, descobrindo a cada deslocação de e para o trabalho, a cada pausa com música, um pouco mais da vasta discografia da cantora islandesa.
E essas descobertas foram constantes. Por exemplo, recordo-me com exactidão do momento em que percebi quão assombrosa é "Unison", canção de Vespertine (2001): estávamos no início de Março, na altura em que surgiram os primeiros casos da doença no país; eu estava na aldeia, saí de casa depois de jantar para ir beber um copo com um amigo, e ao descer a rua com os auscultadores nos ouvidos a música apanhou-me na curva. Ouvi-a até chegar ao café, e não mais me saiu da memória. Foram os últimos dias que passei na aldeia com os meus pais em muito tempo, demasiado tempo; já desconfiava de que a Covid-19 iria dar para o torto que teria de passar algum tempo longe da terra, mas estava longe de imaginar quão prolongada viria a ser essa ausência. Como não podia deixar de ser, Björk foi parte significativa da minha banda sonora pessoa dos longos meses da pandemia. E pela primeira vez em duas décadas o topo das minhas preferências musicais deixou de ser um top 2 para se tornar num top 3, com a islandesa a juntar-se aos britânicos Radiohead e Portishead, bandas preferidas desde a adolescência e que ouço com frequência há mais tempo do que me lembro. Mas a descoberta de Björk, para além de a ter tornado numa das minhas artistas preferidas, teve um outro efeito transformador na forma como ouço música: com ela descobri o álbum, o disco.
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Aqui chegado, tenho de recuar um pouco mais (sim, a divagação vai longa, mas ando para a escrever desde o primeiro dia deste blogue; e se em 2024 um blogue não serve para divagações, então não sei para que servirá). Aludi mais acima às mixtapes que a minha irmã gravava da rádio - as cassetes de gravação eram compradas numa loja de electrodomésticos que já não existe na aldeia -, e foi com elas que fui descobrindo música nos anos 90, nessas idades formativas que vão dos cinco aos quinze anos. Ou seja, uma mistura constante de músicas e de artistas. Mais a meio da década ela foi comprando alguns CD, e mais tarde eu também; mas o CD, sendo já digital, permitia saltar com facilidade para as faixas preferidas, pelo que o álbum completo só se ouvia nas primeiras vezes. Depois seguiu-se o advento sísmico do Napster e dos seus sucedâneos, das quais se descarregavam músicas isoladas, ao sabor das preferências (as ligações à Internet eram lentas, sacar discos inteiros era demorado). E assim, nos rudimentares leitores portáteis de mp3 que iam aparecendo ou nas playlists do WinAmp no computador reproduzia-se em enormíssima escala a experiência das cassetes sem nenhum dos inconvenientes analógicos. Com isto quero dizer que nunca tive o hábito de ouvir discos completos, de fio a pavio; ouvi alguns, claro, mas não era a norma. Mesmo Radiohead e Portishead, que conhecia bem, e de quem tinha todos os álbuns em mp3, ouvia quase sempre em modo aleatório, e saltava com frequência para as faixas predilectas. Lembro-me, por exemplo, de durante vários anos ter saltado sempre a canção You and Whose Army?, de "Amnesiac" (2001); por algum motivo aqueles acordes iniciais repeliam-me. Até ao dia em que não saltei, em que deixei a música tocar até ao fim, quando dei por mim a pensar como é que eu nunca tinha ouvido isto antes?. Hoje, é a minha canção preferida da banda de Thom Yorke.
Estas descobertas e surpresas constantes mantiveram-me interessado durante anos - durante décadas -, sem sentir necessidade de mudar a forma como interagia com a música. Foi com Björk, e com as suas canções tão radicalmente distintas entre si, quase ao ponto da dissonância, que pela primeira vez tive curiosidade de explorar a música disco a disco, ouvindo as canções na sequência pretendida, sem saltos, procurando compreender a experiência musical mais abrangente que o registo pretende criar junto do ouvinte; e assim desvendado a evolução artística das letras, das composições, das sonoridades, numa discografia de três décadas. Isso, como é bom de ver, em nada mitigou a descoberta de novas canções preferidas de forma quase aleatória; bem pelo contrário, possibilitou a audição atenta de músicas a que talvez não tivesse ligado tanto no passado, agora com todo um contexto - o disco como mais do que um mero conjunto de canções - capaz de as elevar acima da sua qualidade individual. Falei acima do momento exacto em que descobri "Unison", e foi também assim que cheguei à belíssimas "Anchor Song" de Debut (há uma versão ao vivo em islandês que é das coisas mais belas que ouvi Björk cantar), "The Modern Things" de Post (1995), ou "Unravel" e "All Neon Like" do aclamadíssimo Homogenic de 1997. "Pleasure Is All Mine", uma das minhas três canções preferidas da cantora, abriu-me as portas de Medúlla (2004), dos onze discos o meu preferido; "Vertebrae by Vertebrae" é o meu ponto alto de Volta (2007), um disco no qual descubro alguma coisa nova sempre que lá volto. Em Vulnicura (2015) encantei-me com a pesadíssima "Black Lake"; sobre Utopia falarei mais à frente. E poderia concluir este parágrafo com um longo etc.
Esta mudança reflectiu-se tanto na musica que já ouvia como naquela que viria a ouvir depois. Quando, entre 2021 e 2023, descobri e redescobri Fiona Apple e PJ Harvey (respectivamente), já as ouvi disco a disco; agora que penso nisso, tenho uma certeza quase absoluta de que nunca as ouvi em modo aleatório, e já não é expectável que o venha a fazer. E todas as bandas que me acompanhavam até ali - Portishead e Radiohead, claro, mas também Joy Division, The National, Warpaint, Florence + The Machine, Magazine, Arcade Fire, Muse - passaram a ser ouvidas de outra forma. Com outros ouvidos, se quisermos.
Daqui ao interesse pelo vinil é um pequeno passo, como é fácil de imaginar; as características analógicas do formato, incluindo o seu carácter pouco prático, potenciam a experiência musical que procuro hoje em dia. E o disco, enquanto artefacto, é irresistível para quem, como eu, tem apego a formatos físicos e retira prazer de coleccionar algo de que gosta. Mais do que isso, o vinil permitiu-me redescobrir a música como uma actividade completa em si mesma, e não como mera banda sonora de qualquer outra coisa que se esteja a fazer. Com isto não quero dizer que não ponha um disco a tocar enquanto, sei lá, estou a cozinhar. Mas colocar um disco a rodar, sentar-me no sofá e ficar apenas a ouvi-lo, sem me preocupar com mais nada, é um prazer inexcedível.
Não por acaso, a discografia de Björk foi a primeira que completei em vinil, antes mesmo de Portishead (que já está completa - é curta, mas deu-me um trabalhão encontrar Third, entretanto reeditado, claro) ou de Radiohead (de quem ainda me faltam três álbuns). Quando Fossora saiu há dois anos pude comprá-lo e ouvi-lo logo no dia de lançamento; para isso fui a várias lojas de discos em Lisboa, outra experiência gratificante que descobri entretanto, e que a música digital ou o comércio online não proporcionam. E no início de 2023, quando comprei os bilhetes para o concerto no Pavilhão Atlântico, defini como objectivo ter todos os discos até àquela data. Resolução cumprida, e ainda bem: Utopia, álbum central do conceito da tour Cornucopia, com as suas flautas e os seus territórios sonoros oníricos, causou-me sempre alguma estranheza; e foi já no Verão, a ouvi-lo cá em casa, em que o disco fez click nos meus ouvidos e se tornou no meu segundo álbum preferido de Björk (lá está, mais uma vez, a descoberta constante).
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Chegamos por fim ao concerto, que na verdade é o objectivo original desta longa divagação - um dos motivos que me levou a regressar à blogosfera foi querer escrever este texto em particular e publicá-lo algures, e o plano era tê-lo escrito logo nos primeiros dias. Mas mete-se sempre alguma coisa, falta inspiração, falta vontade, dão-se muitas falsas partidas. Enfim, cá estamos; não está perfeito mas está feito, e isso é que importa. Sobre o concerto: é um privilégio absoluto podermos assistir a uma actuação ao vivo quando nos encontramos absolutamente embrenhados naquela música, estarmos na plateia no exacto momento em que aquelas canções mais nos tocam. Björk regressou a Portugal ao fim de quinze anos - a última vez que cá tinha estado foi, imagine-se!, num concerto em 2008 no Festival Sudoeste, a 30 quilómetros da minha aldeia -, e deu no Pavilhão Atlântico um concerto magnífico. A noite foi inaugurada pelo Coro Hamrahlíð, que a acompanha em digressão, que cantou versões lindíssimas de "Sonnets/Unrealities XI" e de "Cosmogony", aquecendo o público para Björk e para o tremendo espectáculo visual e musical que trouxe a Lisboa. O alinhamento, a base conceptual da Cornucopia Tour, está em Utopia, e nem o lançamento de um novo disco entretanto alterou o projecto: algumas músicas de Fossora, como "Ovule", "Victimhood" e uma fusão de "Fossora" com "Atopos" foram misturadas nas flautas envolventes e na natureza idílica de Utopia, álbum tocado quase na íntegra. Claro que houve espaço para alguns clássicos - Bjork trouxe a Lisboa "Isobel", "Hidden Place", e para os fãs de Medúlla como eu, duas pérolas: uma lindíssima versão acapella de "Show Me Forgiveness", e a enorme e enérgica "Mouth's Cradle". Tudo isto, uma vez mais, imaculadamente tecido no ambiente sonoro de Utopia, com um conjunto de flautistas incríveis em palco a elevar cada canção, e a fazer magia em momentos inesperados - a transição de "Pagan Poetry" (outro clássico) para "Losss" foi das coisas mais belas que vi e ouvi em concertos, feita com uma harmonia tal que quem desconhecesse as canções não imaginaria que estão separadas por dezassete anos e quatro discos.
E a magia manteve-se até ao final magnífico ao som de "Future Forever", último tema de Utopia, terminando a noite numa nota onírica e esperançosa. Não era canção que eu imaginasse para um fim de concerto - "Notget", que a anteceu, teria mais pujança -, mas estando lá rendi-me às evidências: nenhuma outra seria mais adequada. Não sei se o concerto de Björk foi o melhor a que já assisti - ocorrem-me outros dois ou três memoráveis. Mas foi sem dúvida o mais incrível espectáculo musical a que já assisti, uma conjugação perfeita de música, cenografia, e artes performativas, tudo tão bem feito que nem se deu pela acústica duvidosa do Pavilhão Atlântico (nesse aspecto foi de longe o melhor concerto que lá vi). Seria tão fácil para Björk fazer uma digressão só à passar pelos seus greatest hits, e a deixar os seus fãs maravilhados a ouvir e a cantar as suas músicas mais conhecidas, de "Human Behaviour" a "Jóga", "Earth Intruders" até, sei lá, "Lionsong". Eu sei que lá iria de bom grado, mas também sei que não seria bem a Björk que tanto gosto de ouvir se se limitasse a isso. O que ela fez na Cornucopia Tour foi exactamente o mesmo que fez em cada disco que compôs e lançou, e sobretudo na segunda metade da sua carreira: construiu um conceito, um tema, um registo sonoro, sem cedências ou compromissos, e convidou-nos a acompanhá-la. Quem foi com ela não terá decerto dado a viagem por perdida.
Eu sei que não dei.
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(As fotos do concerto são de Santiago Felipe, na produção do concerto. A dos discos, como se nota sendo tão tosca, é mesmo minha)
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mwrjorie · 9 months
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starter fechado com: @azclie
evento: festa de ano novo
parou próxima à mesa de resoluções, apenas observando as poucas pessoas que apareciam e escreviam algo. todo mundo parecia pensativo, receoso ou esperançoso. por mais que estivesse trabalhando, sua mente ficava dividida entre observar sua princesa e pensar naquela reflexão de final de ano. o que esperar do futuro? buscou por eleonora com o olhar. e foi assim que notou a selecionada bem no seu campo de visão. "olá, senhorita." a cumprimentou, não muito feliz. "veio escrever alguma resolução?"
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colletti · 1 year
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More Resolutions por a.deep.indigo
Tradução por Colletts
“ Descrição do Mod ”
Este mod adiciona novas resoluções de Ano Novo para o seu Sim, como ler mais livros, adotar um novo animal de estimação, ficar noivo e muito mais!
Para mais informações detalhadas e para baixar o MOD do criador, acesse AQUI!
Caso encontre qualquer erro na tradução, insisto que me comunique.
“ Pacotes Requeridos ”
Estações - Seasons.
“ Status de Atualizações ”
[09/04/23] - Adicionada pela primeira vez, na versão 1.0.
“ Download ”
Tradução: Sim File Share
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robertafr2 · 8 months
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Contos Fluminenses - Machado de Assis
Não li o livro nesta edição, mas sim no box da Editora Nova Fronteira: Machado de Assis – Todos os Contos. Assim será com todos os livros de contos do autor. Numa dessas resoluções de Ano Novo, resolvi não deixar nem mais um ano passar sem ler ao menos um livro do meu escritor preferido, Machado de Assis. Sendo assim, decidi que nada melhor do que começar o ano na companhia dele e também que o…
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meuflogao · 9 months
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Há tempos queria criar um blog para postar textos e fotos longe da dinâmica de uma rede social já existente que se retroalimenta de visualização e curtidas. Embora eu queira sim ser vista e curtida, queria um lugar seguro e descontraído para postar bobeirinhas e coisas sérias, pessoais ou nem tanto, enquanto tento emular o que sentia quando postava quando pré adolescente no meu flogão, sem o imediatismo do instagram, sem a possibilidade de estar sempre sendo observada e sendo também telespectadora dessa observação.
Queria só postar e ir embora. Um espaço virtual onde a minha vontade seja o centro de tudo e não as interações, não quero ver que sou vista nem ficar na ânsia por ser validada por uma curtida. Queria me expressar sem ter vergonha, escrever sem ficar preocupada se pareço inteligente ou desinteressante, postar fotos que tiro das coisas que vejo pelo caminho e que perderam o espaço e o sentido de serem postadas em qualquer outro lugar. Queria um espaço mais escondido, com cheiro de novo e sem histórico, mas não impossível de ser encontrado. Queria ser mais eu na internet, ou pelo menos tentar ser mais autêntica ao que sou dentro da minha cabeça.
Não sei se consigo, tudo feito nas primeiras semanas do ano têm cara de resoluções-de-ano-novo-que-não-chegam-à-quinzena-do-segundo- mês, mas a ideia está pairando por aqui há mais de 6 meses. O problema é que sou preguiçosa demais e no fim me pergunto sempre "pra quê?" e, não encontrando uma boa resposta, simplesmente deixo pra lá.
Vai fazer 19 anos que estou online e toda vez que tentei seguir com qualquer proposta que se assemelha à essa eu desistia porque em determinado momento ficava com vergonha. Primeiro porque acabava falando demais e expressando tudo que sinto online quando minha persona offline não é capaz de fazer o mesmo, segundo porque me cobrava de transformar essa persona (offline) na online, para que os mais próximos que conviviam comigo em ambos os espaços não ficassem perdidos e confusos.
Eu ligo muito pro que todos pensam e é sempre a ideia que o outro faz de tudo que vem primeiro que a minha.
Não planejei nada do que disse aqui, só queria postar as fotos do céu, que eu tirava todos os dias para provar pra mim mesma que não estava vivendo o mesmo dia, há alguns meses parei, acho que não sinto mais essa urgência e talvez o dia da marmota tenha terminado, mas sem querer saiu isso tudo.
Quero falar sobre as coisas que vejo, leio, penso, sinto, ouço e desejo, ou só o que me vier na cabeça no momento. Essa introdução basta. Espero me divertir aqui. :)
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fflickermann · 9 months
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31-12-2401
_ Essa Festa de Ano Novo está fabulosa. Eu poderia pedir para ela durar mais dias antes de o ano que vem. - disse à @englandisxmycity como se fosse uma jovem apaixonada na virada do ano, terminando a frase com uma leve bufada. - Quais suas resoluções par 2144, Vossa Majestade? Porque eu já coloquei minha calcinha verde.
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rollsmythirdeye · 9 months
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Sobre as resoluções de ano novo.
Esse local tem sido a minha terapia por muito tempo, mesmo que seja por poucos minutos, adoro usar para fazer meus pequenos researches.
Fui em alguns shows (e bati o recorde de shows) foram cerca de 13 shows internacionais e nacionais eu não consegui contar.
Eu sonhava com o The Cure e poder escutar as músicas que são trilhas da minha vida, me deu energia e um tipo de esperança diferente.
Coleciono vários amores e qualquer paixão me diverte.
Não é difícil me agradar e como boa capricorniana, algumas pessoas precisam ser um pouco insistentes para furar minha bolha de individualidade, não importa e eu não vou te pedir ajuda. Vou carregar o mundo nas costas, nunca vou reclamar e minha cara de paisagem vai ser linda. Tu vai achar que eu estou brava e irritada.
No fundo, eu sou apenas uma gatuna.
Quebrei algumas barreiras em relação a essa individualidade e não foi ruim deixar algumas pessoas se aproximarem.
Espero que mais pessoas furem esse bolha em 2024.
E tem o Placebo. O Placebo foi a minha euforia, conversar com esse grupo de pessoas maravilhosas que foram nos shows de (2007/2014) é surreal. Eu amo essas pequenas coisas.
(sem tag - espero que ninguém encontre)
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aneumann · 9 months
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Dinamismo Pueril
Degradante reflexo das águas mortas; tendem a me encontrar nas lavas do desgosto. Obsidiana feita das lágrimas tórridas de um tempo antigo, por injustiça do não reconhecimento se fazem infames aos novos pilares do E’eu. Por intuitos de evolução desfiz da velha amargura que me cercava, porém, ainda veem um aspecto irreal do meu exterior hoje, onde meu cosmos não mais tende agredir ou deferir adagas aos de mais caio a curva do não entender, o entristecer da alma e o degradar da esperança. Minhas forças para compreender algo tão incongruente aos meus olhos e mesmo aos que me acolhem. A algo errado dentre os anseios alheios e a ação que os mesmos expressam. Apesar de me fazer firme ao que tende a decair ainda sou uma humana; com aspectos próprios sumo aos devaneios de que nada será possível, de que o mundo está contra mim ou que de nada vale prosseguir, em paralelo a isso tenho em mente da ansiedade que me faço ter, sobre a teoria das coisas com seus reais motivos e suas supostas soluções, resoluções essas beiradas ao simples, mas ao terem contato com a fórmula seu resultado se espatifa no chão se repartindo ao ar em mil e um pedaços. Estou em meu caminhar, não é o dos mais simples eu diria, mas ainda a passos curtos estou pronta para aprender e modular minhas camadas. Pela tendência incessante de anos na melancolia e me afundar ao Poço Das Lamentações, ainda possuo fragmentos emocionais dos delírios do fim, perspectivas externas se tornam mais confusas e oscilantes em “está tudo bem” e “parece que nada vai dar certo”, onde apesar de vir a tristeza que me consumiria estou apta a mim mesma a aprender a lidar e mesmo não lidar, encontrando dentre a luta fria e os belos jardins que planto no meu interior um meio neutro de suportar e analisar. Creio que tudo é de certo progressivo e de nada vale a pressa, caminho caminho e se preciso pararei para então respirar. -Hta.Neumann
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prayforallthings · 2 years
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FAZENDO PLANOS
Dirija meus passos de acordo com sua palavra; que nenhum pecado me domine. SALMO 119:133
O final do ano sempre traz consigo um momento de reflexão, estabelecimento de metas e resoluções de "ano novo, você novo". Enquanto você pensa em suas resoluções, deixe-me desafiá-lo a mantê-las flexíveis. Porque a flexibilidade permitirá que você continue se alongando e estendendo a mão, sempre aberto para aqueles que precisam de ajuda - para aqueles que não esperávamos encontrar.
Em outras palavras, tente relaxar sua vida o suficiente para estar pronto para as interrupções divinas. Não estruture seus dias e metas tão rigidamente que impeça Deus de trabalhar no meio deles. É muito fácil termos nosso calendário tão cheio que corremos de uma atividade para outra, deixando apenas a igreja de domingo de manhã como um tempo para encontrar Deus.
Não é isso que Ele quer - e também não é o que você quer. Você o quer ao seu lado durante todo o dia. Portanto, crie margem em sua vida para que Deus traga interrupções divinas. Ele anseia caminhar com você em cada momento de cada dia, amando-o e guiando-o. Construa margem para que você possa ouvir Ele falando com você - e margem para você responder. Basta ser flexível porque, como sempre digo, “Bendito são os flexíveis, pois não vão quebrar!"
"Senhor, eu te coloco no centro dos meus planos neste novo ano. Ajude-me a apegar-me a eles com leveza e firmeza a Ti”
Devocional Unshakable
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dicasetricas · 1 year
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3 dietas incríveis para conquistar o corpo ideal
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A tendência das dietas já não é nova e o começo do ano é sempre a melhor época para rever as opções e garantir que se cumprem as resoluções feitas no ano novo. Conheça 3 dietas que oferecem resultados e que podem garantir o sucesso no cumprimento dos seus objetivos. A preocupação com a ideologia fit é uma tendência da atualidade e isto significa que as pessoas estão, cada vez mais, a procurar alternativas que promovam a boa forma física, tanto ao nível da aparência como da saúde. Não é por acaso que se verifica um maior interesse por produtos de CBD ou suplementos vitamínicos; ou que se vê um número cada vez maior de pessoas a recorrer ao aconselhamento junto de nutricionistas e personal trainers. O desejo de encontrar um plano de exercício e dieta adaptado às necessidades e que vá de encontro aos objetivos individuais é algo comum. Hoje em dia, uma breve pesquisa é capaz de apresentar – literalmente – centenas de dietas que fazem as mais incríveis promessas de sucesso. Muitas destas dietas, no entanto, são pouco saudáveis, demasiado restritivas e, ainda que ofereçam resultados imediatos, tornam difícil a manutenção do peso (e da saúde). Em 2021, a melhor forma de conseguir a dieta ideal, é garantir que escolhe um plano adequado ao seu metabolismo, às suas caraterísticas e necessidades físicas e também à sua genética, já que esta constitui um importante fator quando se fala de emagrecimento. Venha conhecer algumas dietas fantásticas que, sem serem demasiado restritivas, conseguem garantir a perda de peso e ajudar a cumprir os objetivos estipulados pelas suas resoluções de ano novo. Deixamos, como sugestão, 3 dietas incríveis para conquistar o corpo ideal em .
1. Dieta Keto ou Cetogénica
Esta dieta celebrizou-se quando Adele, cantora mundialmente famosa, referiu que esta fora a estratégia que motivara a sua mudança de imagem. Marcando tendência na atualidade, esta é uma forma de alimentação que promove o abandono do consumo de hidratos de carbono, substituindo-o pelo consumo de gorduras e proteínas. Este tipo de alimentação promove a libertação de cetonas pelo fígado e promove, assim, a queima de gordura, ao mesmo tempo que evita uma perda de massa muscular e melhora os índices de insulina no organismo. Trata-se, ainda, de uma dieta saciante e que combate o desejo de ingerir alimentos de conforto.
2. Dieta Flexitariana
Como o nome indica, esta é uma dieta flexível mas de base fundamentalmente vegetariana. Aqui, embora possa consumir carne, deverá moderar este consumo. Esta dieta implica também uma menor ingestão calórica e baseia-se principalmente na ingestão de frutos, legumes e frutos secos.
3. Dieta Mediterrânica
A Dieta Mediterrânica está considerada uma das dietas mais saudáveis do mundo, não só por ser diversificada mas por integrar ingredientes cujos benefícios para a saúde estão cientificamente comprovados. Esta dieta é uma opção fabulosa para quem deseja fazer dieta sem passar fome, já que se trata simplesmente de uma adaptação alimentar equilibrada, que integra vários vegetais, carnes brancas, peixe e azeite. Esta dieta é ainda uma forte aliada na luta contra as doenças cardiovasculares. Read the full article
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blues-nocturne · 2 years
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Uma das minhas resoluções de ano novo: dar uma segurada nas emoções; conter um pouco os sentimentos, ainda que genuínos. Resguardar a si nunca é demais, principalmente quando não se sabe se é verdadeiramente mútuo. Preservar as palavras mais íntimas e bonitas, e liberá-las apenas sob a absoluta certeza. Não gastar o próprio coração. Silenciar o amor.
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sobreiromecanico · 9 months
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2023 is dead, long live 2024!
Isto é aquele dia em que fazemos balanços e definimos resoluções, não é?
Comecemos pelo fim: a única resolução que defino para 2024 é manter vivo este blogue. Regressar à blogosfera a título individual e de forma mais ou menos irregular (sem comentários, sem estatísticas de visualizações, sem grande interacção), apenas pelo prazer de escrever e de deixar alguns pensamentos registados noutro sítio que não o meu caderno de bolso ou o bloco de notas do telemóvel, tem sido uma experiência interessante (obrigado, Rita, pelo desafio e pela insistência). 2023 foi o ano em que descobri, não sem surpresa, que gosto de conduzir; talvez 2024 seja o ano em que descubro novamente o gosto pela escrita.
Mas como é da praxe, façamos aqui um breve apanhado das coisas que li, vi e ouvi em 2023, e de 2023 (isto não é as listas do Público), e que deixaram marca:
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Livros: In Ascension, de Martin MacInnes (aqui)
Cheguei a este livro pelo Adam Roberts (cuja presença no Twitter é uma das poucas coisas que ainda faz aquela plataforma valer a pena), que destacou o facto de um romance de ficção científica estar incluído da longlist do Prémio Booker. Iria um pouco mais longe: merece destaque um livro de hard science fiction ter chegado à longlist do Booker. Tenho alguma embirração quando autores mainstream exploram temas e ideias tradicionais da ficção científica como se estivessem a descobrir a pólvora, mas felizmente não foi isso que encontrei em In Ascension: é um livro formidável, muitíssimo bem escrito, que explora grandes questões através de uma personagem complicada e fascinante.
Banda desenhada: O Mangusto, de Joana Mosi (aqui)
Não sei bem o que esperava do tão falado novo livro de Joana Mosi, mas não estava bem preparado para a história que ela conta no excelente O Mangusto (que, prevejo, vai levar uma carrada de prémios de BD no próximo ano). O domínio que Mosi tem das inúmeras possibilidades da narrativa sequencial é notável, e o resultado é uma experiência de leitura incrível, mesmo quando a história se torna surpreendentemente pesada.
Discos: I Inside the Old Year Dying, de PJ Harvey
PJ Harvey foi uma das minhas redescobertas de 2023 - uma cantora que conhecia superficialmente (o grande Stories from the City, Stories from the Sea e pouco mais), e cuja vasta discografia tem sido um prazer explorar. Mas não estava preparado para a melancolia pagã de I Inside the Old Year Dying, um disco melancólico, onírico e absolutamente arrebatador da primeira à última faixa. Apanhou-me já em Dezembro, pelo que ainda não consegui comprar o vinil, mas de Janeiro não passará.
Duas menções honrosas:
Illegal Planet, de Rita Braga (aqui): uma surpresa, encontrar ficção científica na música portuguesa! E que música: Rita Braga cria mundos e histórias através de uma sonoridade fascinante, que encanta tanto em disco como ao vivo.
Ones and Zeros, de Birds Are Indie (aqui): 2023 foi o ano que me reconciliou com a música portuguesa, e isso deve-se em parte à descoberta dos Birds Are Indie: um pop/rock simples, arejado, descomprometido e cativante (e também com traços de ficção científica).
Cinema: O Rapaz e a Garça, de Hayao Miyazaki (aqui)
Mantenho: Hayao Miyazaki é o maior cineasta vivo, e quem tiver dúvidas pode ir ver o seu mais recente filme, O Rapaz e a Garça, para perceber porquê. Ninguém faz cinema de animação como Miyazaki, como ninguém conta histórias como ele - a odisseia do jovem Mahito entre a realidade traumática e o escapismo fantástico merece figurar entre as grandes obras do mestre japonês, como A Viagem de Chihiro ou A Princesa Mononoke. E, tal como aqueles, também iremos encontrar novos aspectos a considerar sempre que regressarmos a O Rapaz e a Garça. É um filme extraordinário.
Duas menções honrosas:
Godzilla Minus One, de Takahashi Yamazaki: vi-o no penúltimo dia do ano, e apesar de a crítica ser muito positiva não estava preparado para encontrar um filme tão bom, nem para encontrar um Godzilla tão assustador. Há muito tempo que um filme não superava tanto as minhas expectativas. Será certamente um dos filmes de que falarei aqui em Janeiro.
Nayola, de José Miguel Ribeiro: que Nayola não tenha chegado pelo menos à longlist do Óscar de Melhor Filme de Animação é absurdo, dada tanto a qualidade superlativa da sua animação como a profundidade temática do filme. José Miguel Ribeiro pega na peça A Caixa Preta de José Eduardo Agualusa e Mia Couto para explorar os traumas da guerra civil de Angola através da história partilhada de três gerações de mulheres. Estreou em Março, e escreverei sobre ele um dia destes.
Televisão: N/A
A grande série televisiva que vi em 2023 foi sem dúvida Severance, mas como é do ano passado não conta. Também foi no ano que agora termina que finalmente comecei a ver The Expanse, e tem sido excelente. De 2023 vi a terceira temporada de The Witcher, que apesar de me ter divertido não creio que mereça figurar em qualquer lista.
Videojogos: N/A
Tal como na televisão: joguei óptimos jogos, mas nenhum de 2023. Para Baldur's Gate 3 faltou-me um computador decente; para Armored Core 6: Fires of Rubicon faltou-me uma demo que me permitisse testar o jogo e perceber se a jogabilidade deste título da FromSoftware me agrada; e para Alan Wake 2 faltou-me, enfim, jogar Alan Wake (algo que tenciono corrigir em 2023, se conseguir encontrar em algum lado a remastered edition da PS5). Mas joguei Control, também da Remedy, que foi talvez o jogo que mais gostei de jogar desde Horizon Zero Dawn, e que por si só justificou ter comprado a PS5; joguei Stray, que é adorável; e, claro, joguei Horizon Forbidden West: Burning Shores, que é um DLC e não um jogo integral (mas que nem por isso deixa de ser muito bom). A ver se escrevo sobre estes títulos um dia destes.
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E com esta brincadeira acabei por escrever 975 palavras/5701 caracteres (com espaços), o que é para aí mais 600 palavras/3000 caracteres do que planeava escrever quando me sentei ao computador. O que, para final de ano, não está nada mau. Aos leitores do Sobreiro Mecânico deixo então votos de um excelente 2024.
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claudiosuenaga · 2 years
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Os 60 anos do início do Concílio Vaticano II, da destruição da Igreja Católica, da edificação da Contra-Igreja e da fusão com a Religião Mundial
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Este que foi o último Concílio Ecumênico, o Vaticano II (CVII), que se reuniu de 1962 a 1965 no próprio Vaticano, sob a presidência dos papas João XXIII (1881-1963, eleito em 1958) e Paulo VI (1897-1978, eleito em 1963), foi e continua sendo elogiado por muitos como o concílio que promoveu “a abertura para os grandes temas da atualidade no mundo”, mas na verdade não foi senão um deliberado e devastador assalto à Igreja e à fé católicas. Os “reformistas” ou “modernistas” lograram destruir todo e qualquer vestígio da Igreja e da fé tradicionais ao orientarem a Igreja para uma direção completamente nova, no que a atualização do rito da Missa, que passou a ser rezada não mais em latim (que sempre foi odiado pelos inimigos da Igreja), mas em língua vernácula, constitui um tímido exemplo quando comparada às nefandas resoluções de se estabelecer um “diálogo” com comunistas e maçons, seus inimigos declarados, e de se abandonar o ensinamento de que a Igreja Católica Romana é exclusivamente a única e verdadeira Igreja de Cristo, dispensando-a assim de procurar a reconversão e o regresso dos hereges e cismáticos. A "mundanização" da Igreja e a descristianização do mundo, teve início, precisamente, a partir do  Vaticano II. Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Há pouco mais de 60 anos, no dia 11 de outubro de 1962, era inaugurado em rito extraordinário pelo Papa João XXIII (1881-1963,eleito em 1958) o XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica, o Vaticano II (CVII), que havia sido convocado no dia 25 de dezembro de 1961 por meio da bula papal "Humanae salutis" por este mesmo Papa. O Concílio, que era para durar três meses, durou mais de três anos e só terminou após quatro sessões, no dia 8 de dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.
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Abertura do Concilio Vaticano II
O cardeal Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini ascendeu ao trono de Pedro com o nome de Paulo VI após a morte do Papa Angelo Giuseppe Roncalli, ocorrida em 3 de junho de 1963.
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O discurso de abertura do Concílio Vaticano II sendo pronunciado pelo Papa João XXIII
Em 22 de junho, o novo Papa anunciou que a parte preeminente de seu pontificado seria dedicada à continuação do CVII. No dia seguinte, no Angelus na Praça de São Pedro, na janela do Palácio Apostólico, ele chamou ao seu lado o cardeal belga Leo-Jozef Suenens (1904-1996), a quem atribuiu um papel dominante  na orientação dos trabalhos conciliares.
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Papa Paulo VI na janela do Palácio Apostólico em Roma.
O historiador italiano Roberto de Mattei (1948-), professor emérito da Universidade de Roma e agraciado em 2008 pelo Papa Bento XVI (1927-, Papa de 2005 a 2013) com a comenda da Ordem de São Gregório Magno em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à Igreja, em seu referencial livro Il Concilio Vaticano II. Una storia mai scritta (O Concílio Vaticano II, Uma História Nunca Escrita, Rio de Janeiro, Ambientes & Costumes, 2013), descreve a ascensão do comunismo na Itália e o envolvimento de Paulo VI na geopolítica da época.
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Roberto de Mattei
Já no final dos anos 50, Montini havia mostrado suas preferências pelo movimento da Democracia Cristã da Itália em direção aostatus não confessional e ao socialismo. Tornou-se suplente do secretário de Estado em 1937 e lá permaneceu até 1954, quando foi nomeado arcebispo de Milão, mas sem o chapéu de cardeal. Na verdade, a promoção foi um rebaixamento. De Mattei apresenta evidências de que Montini mantinha relações secretas com comunistas na Itália e lhes havia passado informações confidenciais do Secretário de Estado e dos países do Leste.
A eleição de Montini como Papa sob o nome de Paulo VI efetivamente deu uma bênção papal ao “compromisso histórico” do presidente Aldo Moro na Itália e, de fato, entre 1963 e 1964, o Papa salvou duas vezes a Democracia Cristã do colapso total.
Paulo VI apoiou desde o início a “abertura à esquerda” dos democratas-cristãos, que em 23 de novembro de 1963, sob a liderança de Aldo Moro (1916-1978), membro ativo da Igreja Católica e um dos líderes mais destacados da democracia cristã na Itália e que acabou morto pelas Brigadas Vermelhas (um grupo paramilitar de guerrilha comunista italiana formada em 1969), formaram o primeiro governo italiano com os socialistas. No CVII, Paulo VI foi quem bloqueou pessoalmente, em 1965, a iniciativa de quase quinhentos padres conciliares que exigiam a condenação do comunismo, não só por suas convicções particulares, mas por um certo motivo que exporemos logo adiante. No plano internacional, a exemplo de seu  antecessor, ele apoiou a chamada Ostpolitik, que estendeu a mão aos regimes comunistas da Europa Oriental.
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O Papa Paulo VI entrega ao Metropolita Ortodoxo Meliton de Heliópolis um decreto durante a sessão de dezembro de 1965 do Concílio Ecumênico Católico Romano na Cidade do Vaticano. O decreto cancela as excomunhões que levaram ao rompimento entre as igrejas romana e ortodoxa nove séculos antes. Foto: Associated Press.
Este que é o último e definitivo Concílio Ecumênico, elogiado por muitos como o concílio que promoveu “a abertura para os grandes temas da atualidade no mundo”, não foi senão uma fratura radical, uma descontinuidade com o passado, um deliberado e devastador assalto à Igreja e à fé católicas. 
Os "progressistas", "reformistas" ou "modernistas" lograram destruir todo e qualquer vestígio da Igreja e da fé tradicionais ao orientarem a Igreja para uma direção completamente nova, no que a atualização do rito da Missa, que passou a ser rezada não mais em latim (que sempre foi odiado pelos inimigos da Igreja), mas em língua vernácula, constitui um tímido exemplo quando comparada às nefandas resoluções de se estabelecer um “diálogo” com comunistas e maçons, seus inimigos declarados, e de se abandonar o ensinamento de que a Igreja Católica Romana é exclusivamente a única e verdadeira Igreja de Cristo, dispensando-a assim de procurar a reconversão e o regresso dos hereges e cismáticos.
O filósofo, historiador e cientista político alemão Eric Voegelin (1901-1985) assinalou esse enfraquecimento da Igreja, “abalada por uma crescente inquietação no seu interior” e que cada vez mais assumia uma posição meramente defensiva “contra os movimentos intelectuais dominantes do nosso tempo”. [Palavras proferidas por Eric Voegelin na abertura de sua conferência intitulada “The Gospel and Culture”, editada em 1971 em Jesus and Marys Hope (Pittsburgh Theological Seminary Press, p.59-101) e mais tarde sob o título Evangelho e Cultura, in “The Collected Works of E. Voegelin”, vol. 12, Published Essays, 1966-1985 (Louisiana State University PressBaton Rouge/London, 1988, p. 172-212; trad. de Mendo Castro Henriques, Luís Salvador, M.ª Eduarda Barata, Mário Jorge e Nuno Bettencourt).
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Eric Voegelin com seus alunos
De Mattei em seu já citado livro, avaliou que o CVII causou "O colapso da segurança dogmática; o relativismo da nova moral permissiva; a anarquia no campo disciplinar; o abandono do sacerdócio e da vida religiosa da parte de sacerdotes e religiosos, e o afastamento da prática religiosa de milhões de fiéis; a infiltração da heresia através dos novos catecismos e dos novos ritos; as contínuas profanações da Eucaristia; o massacre das almas à medida que as igrejas se livravam de altares, balaustradas, crucifixos, estátuas de santos, mobiliário sagrado, quadros que acabaram em armazéns de antiquários." (Lindau, Turim, 2011, p.575),
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No discurso que proferiu no dia 11 de outubro último em celebração aos 60 anos do CVII, o Papa Francisco (1936-, eleito em 2013) disse que "O Concílio recorda-nos que a Igreja, à imagem da Trindade, é comunhão. Em vez disso, o diabo quer semear a cizânia da divisão", e apelou para que "Não cedamos às suas adulações, não cedamos à tentação da polarização". Como bem lembrou de Mattei, "O Papa Francisco evocou o diabo [...], mas já em 29 de junho de 1972, em um célebre discurso, Paulo VI advertia sobre a 'fumaça de Satanás' que havia entrado no 'templo de Deus'. Passaram-se cinquenta anos e, no templo de  Deus, a fumaça de Satanás é sufocante, mal se consegue respirar. Por que  fenda entrou, e quando ocorreu, se não por ocasião do acontecimento que  o Papa Francisco, de maneira triunfal, celebrou?"(Mattei, Roberto de. O Vaticano II e a fumaça de Satanás dentro do templo de Deus, in https://www.robertodemattei.it/pt-br/o-vaticano-ii-e-a-fumaca-de-satanas-dentro-do-templo-de-deus/)
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Papa Francisco em 11 de outubro de 2022 proferindo o discurso de celebração dos 60 anos do CVII.
A cizânia a que se referiu Francisco, é a que opõem de um lado os progressistas, que procuram avançar junto com o mundo moderno, fazendo-lhe todo tipo de concessões, e de outro os conservadores ou tradicionalistas que com suas próprias paróquias e seminários continuam em um curso diferente do restante da Igreja, em uma tentativa quixotesca de restaurar o catolicismo romano e a teologia católica a um modelo anterior ao CVII e até mesmo anterior ao século XX.
Por muitos caminhos tortuosos, o embate dos primeiros tempos cristãos e da Idade Média com os inimigos da Igreja continuaram durante a Idade Moderna e a Época Contemporânea, mas a partir de então seus ataques passaram da guerra aberta para a penetração pacífica, o que estava mais de acordo com o espírito da época. A diretiva da Maçonaria e da complexa rede de sociedades secretas sinistras sempre foi a de que “Satanás deve reinar no Vaticano e que o Papa deve ser seu escravo”.
Em A Crucificação de São Pedro: A Paixão da Igreja” (Le Crucifiement de Saint Pierre: la Passion de l'Église, Éd. Notre-Dame-des-Grâces, 2009), Pascal Bernardin, autor de Maquiavel Pedagogo (1995) e O Império Ecológico ou a Subversão da Ecologia pelo Globalismo (1998), demonstra que o CVII pôs em marcha um processo de autodestruição da Igreja, que a abalou desde seus fundamentos. Como consequência, todos os países católicos e todas as nações foram gravemente afetados. 
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Pascal Bernardin
Bernardin concluiu que o CVII e a Nova Teologia inspiraram-se na doutrina panteísta da Maçonaria, que confunde o Criador e a criatura, a natureza e a graça. Esta “Espiritualidade Global” será a Religião Global, indissoluvelmente ligada ao Governo Global. Compreendemos melhor, nessa perspectiva, porque a igreja Conciliar tinha necessidade do CVII e porque esta igreja apóstata – que não tem mais nada a ver com a autêntica Igreja Católica – deve se fundir à Religião Universal em curso de edificação. 
Bernardin mostrou ainda porque o espírito maçônico soprou sobre o CVII: “A História da Humanidade é a história da salvação e da luta entre as Duas Cidades pela conquista das almas, única questão que vale a pena. De essência diabólica, a Revolução é uma revolta contra Deus, inspirada constantemente por Satã. Seu fim último é a destruição da Igreja e a edificação da Contra-Igreja. Com esta verdade elementar esquecida, o fio condutor partido, a História se obscurece, perde seu sentido e se torna um mistério incompreensível.”
A respeito dessa Revolução, de Mattei confirmou os detalhes de uma reunião secreta realizada em Metz (cidade no nordeste da França) em agosto de 1962, dois meses antes da abertura do CVII, entre o cardeal francês Eugène-Gabriel-Gervais-Laurent Tisserant (1884-1972) e o Metropolita Nikodim (1929-1978, arcebispo ortodoxo russo de Leningrado e Novgorod de 1963 até sua morte e agente do Serviço Secreto Soviético, o Comitê para Segurança do Estado [Komitet Gosudartsvennoi Besorpasnosti (KGB)]. 
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O Cardeal Johannes Gerardus Maria Willebrands (1909-2006) acompanhado pelo Metropolita Nikodim (1929-1978, metropolita ortodoxo russo de Leningrado e Novgorod de 1963 até sua morte) no último dia do Concílio Vaticano II. O Pacto de Metz foi respeitado. O comunismo não foi condenado, nem sequer mencionado, nos documentos oficiais do Concílio.
Nesse infame encontro que ficaria conhecido como o Pacto de Metz ou mais popularmente o Acordo Vaticano-Moscou, Tisserant e Nikodim acertaram que o Papa João XXIII, como era de seu desejo, seria "favorecido" com a presença de dois observadores ortodoxos russos no Concílio; em troca, a Igreja Católica concordava que o CVII não condenaria o comunismo soviético nem a Rússia soviética. Em outras palavras, aceitava-se uma "presença  ecumênica" no Concílio em troca da garantia de que a questão do comunismo não seria tocada durante os trabalhos. Em essência, isso significava que o CVII iria comprometer a liberdade moral da Igreja Católica ao fingir que aquela forma mais sistemática do Mal humano na História da Humanidade (o Comunismo) não existia – apesar de, na mesma altura em que o CVII iniciava os seus trabalhos, os soviéticos e o patriarcado de Moscou, controlado pelo Kremlin, perseguirem, prenderem e assassinarem milhões de católicos. 
O Pacto de Metz não só explica porque a questão do comunismo não foi sequer mencionada, o que deu total aval às revoluções esquerdistas e à Teologia da Libertação que nos solapam até hoje, como porque não foi atendido, também até hoje, o pedido de Nossa Senhora de Fátima para a Consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração, apesar de, na época, por ocasião do cinquentenário da aparições na Cova de Iria, católicos de todo o mundo aguardarem com expectativa a divulgação do Terceiro Segredo e a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Que melhor ocasião, com cerca de 3.000 bispos reunidos ao redor do Papa no próprio coração da cristandade, de atender solene e unanimemente os pedidos de Nossa  Senhora? Em 3 de fevereiro de 1964, Monsenhor Dom Geraldo de Proença Sigaud (1909-1999), Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Diamantina, em Minas Gerais, entregou pessoalmente a Paulo VI uma petição assinada por 510 prelados de 78 países que implorava ao Pontífice, em união com todos os bispos, consagrar o mundo, e de maneira explícita, a Rússia, ao Imaculado Coração de Maria. O Papa e a maioria dos Padres conciliares, no entanto, ignoraram o apelo e as demais campanhas em massa que foram feitas nesse sentido.
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Monsenhor Dom Geraldo de Proença Sigaud em 1964.
As consequências da rejeição do Concílio ao apelo de Nossa Senhora para a Consagração da Rússia foram imensas e terríveis e as sentimos até hoje. Se o pedido da Consagração tivesse sido atendido, grandes graças teriam sido derramadas sobre a humanidade e teria começado um movimento de retorno à lei natural e cristã. O comunismo teria sido extirpado, a Rússia se convertido e o mundo teria experimentado uma era de paz e ordem. A consagração malograda permitiu que a Rússia continuasse espalhando seus erros pelo mundo. 
O alcance revolucionário do CVII foi muito mais além e propiciou a revolução cultural dos 60 com suas modificações profundas na mentalidade, na linguagem e nos costumes. Maio de 1968 com seu caráter internacionalista, policultural e interclassista, na verdade começou em Outubro de 1962. Quando o lema satanista auto-contraditório "É proibido proibir" [derivado da lei da Thelema "Fazes o que tu queres, há de ser o todo da Lei", do ocultista inglês Aleister Crowley (1875-1947)] foi proclamado nas ruas de Paris, as igrejas cristãs não podiam negar que muitas das ideias de 68 tinham sido aceitas no CVII e nos encontros do Conselho Mundial de Igrejas (evangélicas e ortodoxas). 
Além da revolução sexual e da comoção do comunismo na França e em outros países (os Estados Unidos e a Guerra do Vietnã), a América do Sul viu o surgimento da Teologia da Libertação, que pretendia receber um placet (por favor) da encíclica Populorum Progressio, que abordava “situações cuja injustiça clama aos céus” e das violações da dignidade humana que poderiam legitimar a revolta armada. Na América Latina, os bispos católicos reunidos em Medellín (Colômbia) na Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-americano de 24 de agosto a 6 de setembro de 1968, acolheram a caminhada das comunidades eclesiais de base, aprovaram que a pastoral fosse apropriada pelos esquerdistas, e oficialmente aceitaram a Teologia da Libertação.
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“Il est interdit d'interdire” (É proibido proibir), lema dos estudantes de maio de 68 pixado nos muros de Paris.
Por muito tempo ignorado e até mesmo classificado como uma "teoria da conspiração" por muitos estudiosos, o Pacto de Metz foi revelado inicialmente pela própria imprensa comunista e depois comprovado com elementos inéditos e irrefutáveis primeiro por Jean Arfel, nacionalista francês e escritor católico tradicionalista, mais conhecido por seu pseudônimo Jean Madiran (1920-2013), em seu artigo "O Acordo Roma-Moscou" (Itinéraires, n° 280, fevereiro de 1984), e depois por de Mattei em seu já citado livro O Concílio Vaticano ll: Uma História Nunca Escrita (Rio de Janeiro, Ambientes e Costumes, 2013), publicado originalmente em 2011 na Itália e que recebeu o Prêmio Acqui Storia 2011 de melhor obra científica. De Mattei encontrou no Arquivo Secreto do Vaticano uma nota escrita por Paulo VI que confirma a existência deste acordo. 
George Weigel (1951-), autor católico norte-americano, analista político e ativista socia, publicou no segundo volume de sua biografia do Papa João Paulo II, Witness to Hope e Tranquillitas Ordinis: The Present Failure and Future Promise of American Catholic Thought on War and Peace (New York, HarperCollins, 1999), documentos que encontrou nos arquivos do KGB, da Służba Bezpieczeństwa (SB) polonês e da Stasi da Alemanha Oriental que confirmam que os governos comunistas e os serviços secretos dos países de Leste tinham penetrado no Vaticano, chegando a infiltrar-se até aos mais altos níveis da hierarquia católica para promoverem os seus interesses.
O Padre Paul Kramer (1933-2020), conhecido sacerdote que em 28 de novembro de 2013 declarou a vacância da Sé Romana devido às heresias de Jorge Mario Bergoglio, também denunciou a existência do Pacto de Metz em seu abalizado e alarmante livro The Devil's Final Battle (O Derradeiro Combate do Demônio), compilado e editado em 2003 junto com a equipe de redação da Missionary Association de Buffalo, Estados Unidos, consolidando aprofundados estudos sobre a Mensagem de Fátima e especialmente sobre o Terceiro Segredo.
Segundo o Padre Kramer, que considera publicamente que a sede está vacanti desde a eleição do ilegítimo Papa Francisco, "o acordo era substancialmente o seguinte: o Papa João XXIII, de acordo com o seu ardente desejo, seria 'favorecido' com a presença de dois observadores ortodoxos russos no Concílio; em troca, a Igreja Católica concordava que o Concílio Vaticano II não condenaria o comunismo soviético nem a Rússia soviética. Significava isto, em essência, que o Concílio iria comprometer a liberdade moral da Igreja Católica ao fingir que aquela forma mais sistemática do Mal humano na História da Humanidade (o Comunismo) não existia – apesar de, na mesma altura em que o Concílio iniciava os seus trabalhos, os soviéticos perseguirem, prenderem e assassinarem milhões de católicos." [Kramer, Pe. Paul, O Derradeiro Combate do Demônio, Coimbra (Portugal), Associação Missionária/edição on-line, 2009].
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Padre Paul Leonard Kramer
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O Papa João Paulo II (1920-2005, eleito em 1978), que se de um lado engajou-se pessoalmente para livrar o Leste Europeu e a sua terra natal, a Polônia, das garras do comunismo, do outro pouco fez para deter o avanço das correntes ditas "progressistas" como a Teologia da Libertação na América Latina, mormente no Brasil, deixando, por exemplo, de extirpar os quadros assumidamente marxistas, limitando-se a aplicar-lhes tímidas recomendações e reprimendas. No início de 1981, ainda praticamente no início, portanto, de seu pontificado, descreveu com dramaticidade a crise e o paroxismo a que chegara a Igreja e os católicos pós-CVII, dando-nos a esperança de que pudesse modificar tal situação que, no entanto, para nos causar ainda mais espécie, só se agravou nos últimos anos:
“Temos que admitir realisticamente e com sentimentos de intensa dor que hoje os Cristãos, na sua grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e mesmo desapontados; abundantemente se espalham ideias contrárias à verdade que foi revelada e que sempre foi ensinada; heresias, no sentido lato e próprio da palavra, propagaram-se na área do dogma e da moral, criando dúvidas, confusões e rebelião; a liturgia foi adulterada. Imersos num relativismo intelectual e moral e, portanto, no permissivismo, os Cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, por um iluminismo vagamente moral e por um Cristianismo sociológico desprovido de dogmas definidos ou de uma moralidade objetiva.” (Citado em L’Osservatore Romano, 07-02-1981).
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Papa João Paulo II
O cardeal Gerhard Müller, ex-prefeito da Doutrina da Fé, demitido por Francisco em 2017 e que em 2021 foi encarregado por este de ser membro do Tribunal da Assinatura Apostólica, depois de quatro anos sem encargo vaticano apesar de vivendo em Roma, denunciou em um artigo publicado em 19 de julho no site The Catholic Thing, que a intenção “clara” do Papa Francisco com o seu “motu proprio Traditionis Custodes” é “condenar à extinção a longo prazo” a celebração da Missa na Forma Extraordinária, introduzida por Bento XVI com “Summorum pontificum” (2007) do Missal que existiu de Pio V (1570) a João XXIII (1962).
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Cardeal Gerhard Müller. Crédito: Daniel Ibáñez / ACI Prensa.
Em seu último manifesto “REPETITA JUVANT: Como com sua própria autorreferencialidade a ‘igreja conciliar’ se coloca fora do caminho da Tradição da Igreja de Cristo”, publicado no dia 27 outubro, o arcebispo italiano Carlo Maria Viganò (1941-) ressalta que graças ao Vaticano II, “A vida civil tornou-se uma barbaridade indescritível, e junto com ela a moralidade pública, a santidade do matrimônio, o respeito pela vida e a ordem da Criação”, e que, ainda assim e apesar disso, com total cinismo e descaramento, “esses propagandistas do Vaticano II respondem com os desafios da bioengenharia, do transumanismo, sonhando com seres produzidos em massa conectados à rede global, como se manipular a natureza humana não fosse uma aberração satânica indigna mesmo de hipótese.” ]
Viganò avalia ainda que a “A igreja pós-Vaticano II eclipsou quase inteiramente a Igreja de Cristo”, e ao ajoelhar-se “zelosamente às exigências do mundo”, seguir “a ideologia verde e o transumanismo”, revela “algo terrivelmente egocêntrico, típico do orgulho luciferiano, em afirmar-se melhor do que aqueles que nos precederam, censurando-os erroneamente por um autoritarismo de que quem fala é o primeiro exemplo, com propósitos diametralmente opostos à salvação das almas.”
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Arcebispo Carlo Maria Viganò
O Padre Prior, Frei Tiago de São José, do Monte Carmelo, em sua conferência em 5 de novembro último, comentou sobre a homilia de Francisco por ocasião dos 60 anos do Concílio Vaticano II. Para o Frei Tiago, “dentro de uma leitura segundo os critérios do Catolicismo, este Concílio representou uma ruptura com o que a Igreja manteve em todos os séculos. Nesse sentido, vemos a abordagem de Monsenhor Viganò, membro da hierarquia atual da Igreja que percebeu que tudo isso que está acontecendo não corresponde ao que Cristo determinou para a sua Igreja e o que todos os Papas prescreveram. Por isso, o seu testemunho nos ajuda a despertar para a realidade difícil que estamos enfrentando. Além disso, a Encíclica do Papa Leão XIII, Immortale Dei nos é apresentada como um farol seguro para nos direcionar no correto sentido segundo os princípios do verdadeiro Catolicismo.”
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Frei Tiago de São José
Assista a esta conferência de Frei Tiago em seu canal Monte Carmelo no YouTube:
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Recomendo ainda a conferência de 26 de setembro de 2020, “Viganò revela os principais erros do Concílio Vaticano II”, em que Frei Tiago comenta o pronunciamento do Arcebispo Viganò do dia 21 de setembro daquele ano, pelo qual podemos entender porque o “Concílio” não passou de uma armadilha para destruir a Igreja, fundando uma nova igreja que tende a substituir o catolicismo. Dentro desta perspectiva, o Padre Carmelita nos dá alguns conselhos e orientações importantes para permanecer na verdadeira Fé e sermos fiéis a Deus neste tempo de profunda apostasia e escuridão:
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Segue também a recomendação para a conferência “Arcebispo Viganò declara FALSA E ILEGÍTIMA a Igreja de Bergoglio”, transmitida em 20 de de novembro de 2020 e na qual Frei Tiago comenta o pronunciamento de Viganò feito em 26 de outubro: “De fato, nós sabemos que uma Anti-Igreja ocupou a Igreja Católica Apostólica Romana e deu lugar ao nascimento de uma nova religião, com uma nova doutrina, uma nova moral, nova liturgia e outra disciplina.”
Frei Tiago, além de mostrar a posição do Arcebispo, ex-núncio Apostólico dos EUA, também explica a coerência e o realismo da sua conclusão fundamental, ou seja: a Igreja de Bergoglio, resultado final do processo de demolição do Vaticano II, não é a Igreja Legítima de Jesus Cristo. O problema da crise da Igreja é aqui bem resumidamente apresentado numa tríplice reflexão que desenvolve os argumentos em torno de três palavras chaves: APOSTASIA — ECLIPSE — PAIXÃO DA IGREJA. Nessa perspectiva BÍBLICA, PROFÉTICA E MÍSTICA, podemos entender a situação grave em que vivemos desde o Concílio Vaticano II, especialmente após a eleição de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, S.J. (1936-, eleito em 2013).
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Não perca no meu Canal no YouTube, minha conferência a respeito do Concílio Vaticano II com muitas mais considerações e análises:
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