#golzinho
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formulino · 1 year ago
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brasil vai levar de 4 ou 5 o que vcs acham
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ricardocaian · 1 month ago
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Des-reparação histórica
Já tem um tempo que preciso dar um recado sério pra amigos que eu levo em casa e usam da carência de meu pai, que doente não sai de casa, e adora estabelecer contato direto com quem me cerca como forma de cuidado e proteção além de ser mais alguém pra prosear, como ele geminiano que é gosta. Mas meu pai, que só se considera rico porque quando você veio da miséria, qualquer distância disso já parece uma fortuna. Mas conseguiu com sua empresa dar uma vida confortável não só aos seus filhos como também a suas ex mulheres, amigos, primos e o escambau. Mas não posso mais tolerar o comportamento oportunista de gente que eu considerava amigo. Eu rompi com algumas pessoas desde o ano passado porque não resistiram em fazer papel de amiga cuidadora enquanto na verdade quem tá cuidando sou eu de problemas financeiros dessa gente através do meu pai.
Tenho um cunhado branco de sobrenome italiano que vive que nem um príncipe, anda de carro zero, mora numa mansão, enquanto outro dia tinha só fumava maconha barrunfada e hoje diz que é grower. E esse mesmo FDP, veio meu dizer que eu só tenho disco porque meu papai pagou. Pois é o meu pai também que paga a vida desse folgado, não o pai dele. Lógico que minha irmã trabalha, muito bem inclusive e lá, mas nenhum deles teria essa vida não fosse o que meu pai vem construindo ao longo de quase 40 anos. Esse merda anda de carro zero e roupa de marca, enquanto eu uso emprestado um golzinho velho da empresa, ando de skate pra qualquer lugar e sempre andei de busu. Eu sou grato por tudo que tenho, e lamento que meu vício em cocaína já tenha onerado tanto meu coroa. Mas antes eu cheirando o dinheiro do meu pai e fazendo arte do que um italiano que usa tudo quanto é droga também com os confortos que meu pai e esse império de ferro construiu. Vá pedir dinheiro pro seu que é pastor ou então admita qual é realmente sua profissão, porque não é nada do que tá no seu perfil. Seu babaca, que eu só não explanei ainda todo porque tô esperando ele ter a coragem de cumprir a ameaça dele de dizer que ia me difamar com um monte de mentira. Eu sou de verdade, man, não tenho medo de calúnia. E eu só nunca abri um processo contra você porque eu iria ganhar, mas quem ia pagar a minha indenização era minha irmã, que tem vergonha de mim, mas não tem desse maconheiro, vagabundo e com mau hálito.
Nem eu tiro proveito da relação com meu pai, sou grato por tudo e vivo sem grana direto porque eu me recuso a fazer do meu coroa correria de caixa eletrônico. Que ficou barão porque é um gênio dos negócios e sempre investiu em arte e cultura e na minha educação. Eu já trabalhei tanto nessa vida e tá lá quase tudo no meu site. Eu sou graduado na UFBA, falo quatro idiomas, sou um excelente profissional, responsável, nunca perco um prazo e sempre aprovo trilha de primeira. Digo isso porque tem gente que acha que eu sou privilegiado por dinheiro não ser um problema na minha vida, mas como me disse Larissa Luz uma vez: nêgo, todo privilégio pra preto é pouco, chame isso de vantagem. Obrigado por me ensinar isso, querida.
Pois privilegiados são vocês brancos que mesmo sem dinheiro bebem Heineken todo dia, e sempre arrumam um quartinho ou algum parente pra pagar seus alugueres em bairro nobre e ainda tem um amigo como eu, generoso tal qual meu pai pra oferecer abrigo, comida e dividir as minhas drogas que vocês fingem que não usam. Outro dia fui ajudar uma carioca folgada (quase uma redundância) que eu pensei ser minha amiga, mas ficou comendo a mente de meu pai se fazendo de humilde e me jogando contra ele, e ainda fez ele pagar duas passagens aéreas de volta pro Rio porque o primeiro ela perdeu, e inventou um surto pra poder ficar mais tempo, sendo que a irmã dela podia pagar a porra da segunda passagem. Além de ter gritado comigo em minha casa e me mandado calar a boca. Eu devia ter enfiado a mão na cara daquela puta, puxado ela pelo cabelo e largado no meio da rua, mas infelizmente não posso porque sou preto e só mulher branca pode bater a vontade que não dá nada. O nome dela é Tâmara Berrada o nome dessa ordinária que eu quero mais é que se foda, pois deu chilique na casa de meu pai, vencendo um câncer, deixando ele estressado e brigado comigo por ter dito pra ele não cair no teatro dela, mas caiu direitinho só porque eu caí muito antes. Beterraba, sua cretina, não volte pra Salvador que minha gangue de mulheres brancas vão descê-lhe o cacete e eu só vou lá pra assistir, mas você merece um castigo cruel mesmo. Meu pai está morrendo e eu agora estou tendo que fazer um reparo em nossa relação depois da discórdia que você plantou e eu não tenho tempo pra isso porque curtir ele vivo é a minha única tarefa.
Enfim, é isso. Se você é meu amigo ou amiga, meu critério de corte é: recebeu qualquer pix do meu pai seja pra salvar seu cachorro, comprar um celular, ou extorquindo dizendo que eu fiz algo que as câmeras da minha casa provam que eu não fiz, você tomou cartão vermelho. Inclusive essa que foi até a casa do meu pai com os filhos adultos intimidar ele e fazer ele acreditar que eu havia cometido algum crime enquanto estava dopado de alprazolan depois de uns dias sem dormir usando a droga que ela também serrava porque gosta e é serrona. Essa se chama Lorena Herztsriken (acho que é assim que escreve o nome daquele cadáver andante). Sim ela estava em minha casa e eu sonâmbulo de medicação não lembro do que ela diz que eu fiz pois não foi nada. Meu pai só veio acreditar em mim quando me viu pelado pela casa dele sem falar coisa com coisa sendo cuidado pelas cuidadoras dele com o meu pau mínimo sem constranger nem assediar ninguém. Porque até dormindo em pé eu não sou ameaça pra mulher nenhuma. Eu vou explanar mesmo vocês duas pra inaugurar a minha série mensal de “Branco cancelado do mês”, e devolver na mesma medida o que vocês brancos fizeram comigo de maneira covarde me acusando de ser agressor. Quem me dera, porque destruir minha carreira e meus sonhos é algo que me enfurece e me faz ter os pensamentos mais violentos possíveis, mas eu não quero morrer e nem ser preso.
Tem até uma companhia de teatro que meu pai salvou na pandemia a pedido meu e não me seguem ou me apoiam, e ao invés de estarem me convidando pra trabalhar fazendo trilha pra teatro (que eu sou foda fazendo) não, fica nessa covardia de não querer minha imagem por perto, ainda que eu já tenha sido dessa “família”, há longos anos atrás. E eu só vou poupar eles dessa patifaria porque o que importa é o teatro ainda vivo, e não a ingratidão da gente desse grupo. Pelo menos meu pai investe na cultura, ainda que esse só faça besteirol e da ida ao teatro um mero entretenimento.
Tá na hora de cancelar gente BRANCA, galera! Essa gentalha que não toma banho, aproveitadora que só quer nos re-colonizar pra extrair nossas riquezas e fazer nossos corpos de objeto, pois seja por ação ou omissão já tentaram me destruir várias vezes. Mas eu tô forte agora e não vou dar a outra face mais não. Quem vai pra cruz é o Jesus branco que vocês tem fetiche, não mais eu, que ando com puta e traficante, que nunca me pediram um centavo pra nada e sabem da minha história de vida e do meu corre. Jesus tá do meu lado, mas eu não vou deixar que me fodam que nem foderam com ele só porque a gente é humano e ainda quer crer numa possível melhora dessa civilização selvagem. Mas é difícil demais combater sozinho no Brasil essa estrutura eurocêntrica, colonial e capitalista que continua mantendo a carne preta a mais barata na feira, só que agora vendendo-a embrulhada na cartilha progressista por uma feminista branca ou de um esquerdomacho branco e escroto igual.
Meu pai é um homem preto fora da curva, provavelmente o primeiro grande empresário de ascendência afro-indígena do país a juntar patrimônio e dinheiro sem ser artista ou jogador de futebol. E ele idoso e doente, tá cada dia mais generoso e é mais ingênuo do que eu quando recebe atenção e afago e acha que facilitar financeiramente a vida de meus “amigos e amigas” é uma retribuição pela amizade deles. Mas afeto não se compra, afeto se dá sem pedir troco, como fazem sempre meus impecáveis amigos e amigas pretas, além dos brancos que tem bom senso e realmente me amam, e a quem a carapuça não serviu. Pra vocês a porta de casa sempre estará aberta.
Recado dado! Se mexerem com meu pai, vão ser cancelados com foto e nome completo aqui junto com um vídeo com meu relato, porque já se somam vários e tá na hora dos pretos dizerem quem vai pra fogueira do constrangimento agora. A diferença é que eu cancelo com uma live sem corte dando a real e ainda posto os prints, porque tenho três bolas de testosterona e coragem pra isso.
E mais: meu pai não aceita dinheiro de volta, mas eu aceito, então devolvam o que subtraíram dele no meu pix [email protected] porque eu não vou mais fazer desreparação histórica com pessoa branca nenhuma mais! Só devolvam o que extraíram pra eu poder pagar um almoço pra todos os meus amigos que de fato me amam pelo que sou, não pelo que tenho.
Tira a mão da minha grana.
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fragmentos-perdidosx · 3 months ago
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Mané Galinha e a Mulher Jamanta
A camioneta do circo desfilava pela rua onde a molecada jogava bola: golzinho, uma respeitada e séria modalidade futebolística, variação do futebol de rua e da pelada, e acabou por prender a atenção dos donos de pés esfolados em crescimento, afinal, era descalço que se corria, com grandes chances de tirar o tampão do dedão do pé com um chute mal calculado, alguns com os chinelos nas mãos para não perder e evitar levar cascudos da mãe à noite. O veículo chegou a parar a final do torneio do dia.
O homem que dirigia o carro decorado anunciava ao microfone, ligado a caixas de som acondicionadas na caçamba, a data do início dos espetáculos do Circo Fantástico e também descontos nos ingressos para quem levasse os papeizinhos lançados ao asfalto por ele pela janela. 
— O circo chegou, criançada! — propagava o homem ao microfone em voz empostada, com um chapéu vermelho, uma pena branca espetada e jaqueta estilo caubói coberta de franjas.
As atrações recém-anunciadas partiam do globo da morte com audaciosos e habilidosos motociclistas; palhaços hilários; a inteligente elefoa Mary; leões selvagens; malabaristas altivos; equilibristas de impressionar; o Homem-Aranha; e passavam pelo mágico Magnus, oriundo de um longínquo lugar do Oriente.
Todos, petrificados, presenciavam o anúncio do evento mais glorioso dos últimos meses que São Gabriel da Moitinha tinha notícia. A chegada do circo. A bola lá, parada na sarjeta, esquecida, recostada ao meio-fio; o torneio sem a definição de um campeão. 
A garotada era um silêncio só, compenetrada, quando fora lançado pela direção máxima da trupe um desafio em alto e bom som. Quem era dotado de bravura suficiente para enfrentar a Mulher Jamanta no ringue montado no centro do picadeiro do Circo Fantástico? Além da glória eterna, o vencedor receberia premiação em dinheiro vivo.
Neste momento gigantesco, a molecada em polvorosa! A atração parruda do circo media mais de um metro e oitenta centímetros de altura, peso que ultrapassava cem quilos, braços com diâmetro equivalente às pernas dos praticantes dos torneios de golzinho, coxas torneadas avassaladoras, peitoral comparável à caixa de câmbio de um Fenemê, cabelos desgrenhados, um resquício de buço e raiva. Muita raiva!
— Quem será que vai lutar com a Mulher Jamanta? — indagou Marcelinho, morador da casa em frente ao torneio de futebol, ao restante do grupo.
— Ninguém em São Gabriel da Moitinha tem essa coragem — sentenciou Borboleta.
— Eu! E vou acabar com essa tal mulher jamanta! — gritou lá do fundo Dentinho, o mais exibido e franzino do grupo. Todos caíram em gargalhada.
— O Dentinho não aguentaria um sopro — balbuciou Pé de Breque, em risos engasgados. 
  Transcorrido o arrebatamento da notícia do Circo Fantástico na cidade, a bola voltou a rolar na rua. Afinal, era final de campeonato. Assunto mais que valoroso na Rua dos Pássaros e adjacências. Contudo, o poder de concentração dos jogadores na decisão havia minguado, porque os pensamentos estavam voltados à mulher jamanta e quem poderia enfrentá-la com dignidade para não macular, levar à lama o nome de São Gabriel da Moitinha. 
No jantar, o assunto foi o circo, as atrações. Aos pais, pedidos desesperados para não ficar de fora da tenda. Marcelinho até promessa de se dedicar mais nos estudos fez, de não jogar tanta bola na rua e alcançar notas melhores nas provas caso o pai firmasse compromisso de dar-lhe dinheiro para ir ao circo em companhia dos amigos.
O dia frio de inverno amanhecia com fôlego diferente para os estudantes da única escola da cidade. Na hora do recreio, as conversas sobre o circo ganhavam forma, especialmente a atração circense que atendia pela alcunha de Mulher-Jamanta, que até o momento ninguém tinha visto em São Gabriel da Moitinha.
Não se tinha notícia, um dia depois da chegada da trupe, sobre algum intrépido oponente que subiria ao ringue para enfrentar a lutadora e, assim, garantir que a localidade não herdasse a imagem de uma cidade de frouxos. Cogitavam-se vários nomes, surgiam especulações em torno de alguns, comentários sobre as possíveis habilidades marciais, mas nada concreto. Não se tinha conhecimentos de candidaturas ao trono ou à vergonha.
A tarde foi atípica na Rua dos Pássaros. Não houve torneio de golzinho porque a molecada se dirigiu ao terreno baldio cedido pela prefeitura para que a lona do circo fosse erguida. Não se tratava de uma companhia grandiosa. Ao contrário. Um circo de tradição familiar, daqueles nos quais as estrelas ajudam a montar e desmontar a estrutura do espetáculo, pegam no serviço pesado, sem aplausos e holofotes. Não tinha uma variedade de animais exóticos e acrobatas voando pelos ares. O Circo Fantástico era modesto, apresentava-se por pequenas cidades do interior, mas tinha algo especial.
Em volta do terreno, trailers que serviam de moradia aos artistas e funcionários, caminhões e carros formavam um círculo, com apoio de cercas móveis, e o vai e vem dos trabalhadores empenhados em deixar tudo pronto para a noite de estreia marcada para o próximo fim de semana. 
Nas proximidades, os curiosos, os meninos da Rua dos Pássaros, olhavam atentamente à movimentação, à espera da aparição da estrela do circo, a Mulher Jamanta. A esperança era de testemunhar se a lutadora era realmente forte como o homem do carro de som anunciara nas ruas da cidade. Mas foram embora frustrados porque ela não deu as caras. Conseguiram ver apenas homens e mulheres que pareciam normais trabalhando incansavelmente para erguer a tenda, levantar o gigantesco mastro com a bandeira azul e vermelha do Circo Fantástico na ponta, que tremulava ao vento. 
O jeito foi retornar para casa. Alguns pensaram que teria sido melhor ter jogado futebol na rua, como faziam todas as tardes, já que não conseguiram ver o que era tido como a principal atração do circo, a mulher jamanta e seu corpo avantajado, e nenhum leão ou outro animal sequer. Apenas um cotidiano entediante de trabalho de bate aqui, marreta ali, desce lá, levanta acolá. 
Três dias se passaram. Os garotos já tinham até um filho da cidade no ringue com a temida Mulher Jamanta. O carro do circo continuava a rodar pelas ruas e avenidas para anunciar a estreia, as atrações e a tão esperada luta que poderia não acontecer por falta de oponente. “São Gabriel da Moitinha não merece isso”, comentavam os garotos e garotas, cuja a esperança de testemunhar o embate escorria pelos dedos como água.
Foi, então, que Dentinho, saído da fila da cantina na escola, esgueirou-se em direção ao grupo de amigos para contar a maior novidade dos últimos tempos. Ele havia reservado a bombástica informação, que seria até tratada como um furo jornalístico de parar as prensas, para ser ostentada no intervalo das aulas, quando teria mais atenção de colegas lagarteando ao sol no pátio para diminuir o frio.
— Gente, gente… Temos um oponente à Mulher Jamanta —  declarou Dentinho aos amigos, com a boca ainda cheia de cachorro-quente que dona Jurema preparava e vendia para os estudantes.
— Quem é? Quem te disse? — perguntou de forma incrédula Pé de Breque que era, na verdade, um encrenqueiro que não morava na Rua dos Pássaros, embora vivia por lá para jogar bola e participar de outras brincadeiras.
— Meu pai garantiu que o Mané Galinha aceitou o desafio do circo — disse Pé de Breque, tentando acrescentar mais credibilidade à informação.
Pé de Breque residia na rua de cima de Mané Galinha, um jovem adulto que vivia correndo pela cidade, fazendo exercícios físicos, ensinando artes marciais de graça para alguns súditos e que, dizem na cidade, que não bate muito bem da cabeça. O menino explicou que o pai, na volta do trabalho, parou para conversar com Mané Galinha no portão de sua casa e ele confidenciara que lutaria com a Mulher Jamanta a fim de receber a premiação em dinheiro prometida pelo circo em caso de consistente vitória. 
Mané Galinha se transformara no salvador da imagem de São Gabriel da Moitinha e detinha, agora, a total admiração da molecada que se animava novamente para ir ao circo assistir a uma batalha épica com a Mulher Jamanta, no final, derrotada, com a cidade extasiada e orgulhosa de seu filho.
Meninos e meninas passaram, então, a bisbilhotar a rotina de treinos de Mané Galinha, que quase sempre estava vestido com um quimono branco que lhe conferia mais autoridade no campo das lutas, ou maior fama de mentecapto. Não sei. Ninguém em São Miguel da Moitinha, nem mesmo o prefeito Miltom da Sorveteria, conhecido por sua astucia, tinha a resposta certa para definir as condições psicológicas do desafiante. 
Os moradores da cidade atestavam o empenho de Mané Galinha nos treinamentos para enfrentar a Mulher Jamanta no Circo Fantástico. Havia relatos até de que o promissor oponente, em busca de calejamento, batia com violência desmedida a canela nas pilastras de madeira da área de sua casa e em bananeiras no quintal que chegavam a definhar. Era dolorido só de imaginar a cena.
Os garotos da Rua dos Pássaros, evidentemente, eram os mais empolgados. Chegavam de bicicleta à frente da casa de Mané Galinha para vê-lo se preparar para o combate. O lutador, então, reunia seus discípulos e desembocava portão afora para correr. Durante o trajeto, pessoas o seguiam. Alguns disseram tempos depois que as corridas pré-luta de Mané Galinha, com o engajamento espirituoso de moradores durante o trajeto, inspiraram cenas do filme Forrest Gump, sucesso de bilheteria na década de 1990. “Run, Forrest, run!”
Nesses dias, a garotada se dividia entre escola, calçada da casa de Mané Galinha que treinava incansavelmente e montagem do Circo Fantástico no terreno mais afastado. Estava tudo pronto. Lona erguida, arquibancada, picadeiro, bilheteria, carrinhos com guloseimas, bichos alinhados, artistas ensaiados, público ansioso. 
A tão aguardada noite de espera havia chegado. Na primeira fila, a meninada da Rua dos Pássaros agoniada. Circo pequeno é um salve-se quem puder. O palhaço atende na bilheteria, o acrobata faz algodão-doce, o mágico vende souvenirs. Quando o espetáculo começa correm para seus lugares.      
O mestre de cerimônias Monarca, com uma cartola e bigode invejáveis, surge no picadeiro montado em um cavalo-branco, que tinha lá seus muitos anos de préstimos à atividade circense, munido de um megafone. Assim, conseguiu roubar a atenção do público. As arquibancadas não estavam tão cheias, é verdade, mas o show tinha que seguir.
— Respeitável público, o circo chegou...! — anunciou Monarca, para o encantamento da garotada.
A primeira apresentação foi de Zé Malabarista, um homem magro e ágil, dono de um bigode retorcido, que também tinha participação no grupo de palhaços. Equilibrava pratos, bolas e até facas afiadas enquanto sorria alegremente para a plateia. Dizia-se que ele havia fugido de um circo maior, onde seu talento não era reconhecido.
O espetáculo teve continuidade com Madame Mistério, uma cartomante com olhos penetrantes com poder de prever o futuro. Alguns acreditavam que ela tinha artimanhas sobrenaturais; outros achavam que era apenas uma charlatã. O palhaço Picolino, com feição triste, vestido com roupas coloridas e um nariz vermelho, fazia rir. Mas quando as luzes se apagavam, ficava sozinho, olhando para o retrato de sua amada, que havia partido anos atrás.
Passaram pelo picadeiro outros artistas, animais exóticos e nenhum sinal de Mané Galinha. O pensamento negativo tomara conta, de que o representante marcial de São Gabriel da Moitinha havia desistido do embate com a Mulher Jamanta e estava dentro de casa com as portas trancadas. 
A magia do circo continuava a se espalhar pela tenda, quando Monarca declarou que a grande atração da noite ocorreria logo após a perigosa exibição dos Motociclistas Malucos no globo da morte. O cheiro de óleo queimado inundou o ambiente e o ronco dos motores das motos era ensurdecedor. Quatro motos no globo, depois cinco. A sensação era que em algum momento a acrobacia motorizada daria errado e alguém se machucaria. A apresentação foi um sucesso, os motociclistas se perfilaram no picadeiro, ergueram os braços e receberam os aplausos de uma plateia entusiasmada. 
Monarca retornou com seu cavalo-branco e anunciou o combate, finalmente. A garotada na primeira fila, apreensiva, nem piscava os olhos. Vidrados, os originários da Rua dos Pássaros e adjacências ouviram o mestre de cerimônias dizer que veriam a mulher mais valente e destemida da face da Terra, dotada de força descomunal e agilidade capazes de vencer mais de um homem em uma luta.
O mestre de cerimônias criou uma atmosfera tensa na tenda ao enaltecer as habilidades da Mulher-Jamanta, suas medidas e propósito de humilhar qualquer homem que a desafiasse no ringue preparado para a grande final do espetáculo com ajuda de palhaços, malabaristas, mágico, motociclistas, vendedores e quem estava disponível no momento para não deixar a diversão parar.
— Vamos, primeiro, apresentar o desafiante da noite. O nome dele é Mané, que veio em busca do prêmio para derrotar nossa espetacular Mulher Jamanta. Vocês acham que ele consegue? —  disse Monarca, referindo-se ao Galinha, que não gostava do apelido que ganhou quando criança por aplicar injeções de ácido sulfúrico em pés de galinha para, simplesmente, vê-las não conseguir ciscar.
Mané Galinha subiu ao ringue sob esfuziantes aplausos, vestido com um quimono branco. Circundou o ringue em uma corrida leve e, ao parar em seu corner, retirou a faixa preta de uma graduação que poderia ser caratê ou símbolo de extrema habilidade em outra arte marcial. Mané Galinha era declaradamente fã de Jean-Claude Van Damme, ator de Hollywood e lutador profissional. A estatura, ao menos, era semelhante. Mané Galinha estava em forma, mas não passava de um metro e sessenta centímetros. Embora a bravura fosse inflada. 
Mané Galinha, solitário no corner, com aparência aflita, ouvia Monarca convocar a Mulher Jamanta. Era chegada a hora.
— Ela, que nunca perdeu uma luta, promove massacres no ringue: muuuulheeeerrr jaaaamantaaaa! 
A Mulher Jamanta irrompeu as cortinas do picadeira com um maiô vermelho-verdadeiro e botas brancas brilhantes e franjas até os joelhos. A garotada não acreditava no que acabara de testemunhar. A atração número um do Circo Fantástico era muito maior que Mané Galinha e nutria expressão fechada, de pura crueldade. Era o fim do ávido grabielense-da-moitinha!
O gongo soou para uma luta em três assaltos que tinha Monarca, agora, na posição de juiz. O clima esquentou na tenda. A molecada entusiasmada gritava: “Mata ela”; “Vai Mané Galinha, acerta ela” e frases motivacionais que aqui se mostram indizíveis. A tenda virou um pandemônio já no início do combate. 
Os lutadores se estudavam. O cheiro de feno e suor pairava no ar. Monarca, com sua cartola brilhante, ajustava o bigode, atento aos movimentos. Jamanta tomou a inciativa do ataque ao avançar com golpes poderosos, seus punhos atingindo o ar. Mané Galinha, ágil como uma raposa, esquivava-se e reagia prontamente com pontapés. A plateia rugia!
O combate se desenrolava bem. Alguns chegaram a espalhar pelas esquinas de S��o Miguel da Moitinha que a seria uma luta combinada, mas ficava claro ali no picadeiro que não havia marmelada. Jamanta desferia golpes brutais, enquanto Mané Galinha usava sua agilidade para escapar e contra-atacar. O público aplaudia e vaiava, alternadamente.
Fim do primeiro round e Mané Galinha havia sobrevivido até ali. No remeço, ele executou um salto-mortal ao agarrar-se às cordas do ringue. Girou no ar e, com um chute certeiro, derrubou Jamanta. Explosão de aplausos, enquanto a lutadora se levantava, atordoada.
A trocação foi intensa até o término do segundo round e não se tinham a compreensão clara de quem estava mais inteiro no ringue. Mas para o time da casa, Mané Galinha tinha uma pequena vantagem. 
No meio do último round, impressionantemente, Mané Galinha tirou da cartola uma mata-leão, um estrangulamento magistral pelas costas, que fez Jamanta apagar e cair no tatame como uma grande árvore cortada a machadadas. Monarca foi obrigado a abrir contagem e depois erguer o braço do vencedor, declarando-o campeão da noite e entregar a premiação em dinheiro ao mais novo herói de São Gabriel da Moitinha, ovacionado pelo público por minutos que pareciam intermináveis.
A fama de Mané Galinha, a partir desse dia, correu como busca-pé de São João pela cidade. A molecada vivia rodeando-o em tudo quanto é canto. Ganhou novos alunos nas aulas grátis de artes marciais e cada vez mais seguidores nas corridas pelas ruas. De desassistido a notável, resume-se. Na eleição municipal seguinte, o morador mais ilustre de São Gabriel da Moitinha se candidatou a prefeito e venceu nas urnas Zé da Sorveteria, que já havia sentado na cadeira mais importante da cidade por três vezes. 
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kur00c4t · 1 year ago
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no golzinho do dodoi <3
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meszz · 5 months ago
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cabia mais um golzinho ali...
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saucetail · 7 months ago
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COLOMBIA POR FAVOR faz um golzinho para mi
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quebraram · 9 months ago
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Esta ouvindo musica agora? qual?
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artesubjetividade · 1 year ago
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Emanuele de Souza.
Reuni todas as minhas bonecas e começava a brincar, criando, imaginando, os repertórios eram diversos, e quando materialidade dos brinquedos se tornavam insuficientes diante da fantasia, era nas imagens presentes em revistas, jornais, folhas de supermercados, que recorria, cortando, colando. Tudo se transformava em potenciais brinquedos em minha mão.
Recuei muitas vezes diante daquele olhar que começou em casa, e prosseguiu na rua, muitas vezes acompanhadas de sussurros como, “sapatão”, “mulher-macho”, quando deixei as bonecas de lado e passei a me divertir com brinquedos construídos culturalmente para meninos. 
Na rua de trás, era onde me reunia com outras crianças para jogar futebol. Lembro-me que, nas partidas, sempre voltava para casa com o pé machucado, mas não me importava, pois no dia seguinte estava eu lá de novo, e de novo, preparada para mais uma rodada de “golzinho”.
Quando era chegada a época de pipa, eu e minha prima, ao conseguir algumas, e com medo de nosso país acharem e sofrermos as consequências, escondíamos em um vão do lado da casa. A primeira vez que conseguimos colocar uma pipa no alto, eu estava de um lado erguendo-a e ela do outro lado puxando. Foi uma felicidade imensa, ver as cores e formas se perderem no céu, de um feito genuíno de duas crianças que só queriam se divertir, mas que já tinham em seus corpos as marcas da divisão de gênero no simples ato de brincar.
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vidadevasta · 1 year ago
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felipe11 · 1 year ago
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Léo Santana,NAtan,Golzinho Vermelho
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sandrazayres · 1 year ago
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O “GOLZINHO VERMELHO” É OU NÃO É GG?
O “GOLZINHO VERMELHO” É OU NÃO É GG? Novo lançamento de Léo Santana e Nattanzinho chegou aos trending topics e os fãs levantaram a questão A nova colaboração de Léo Santana, ao lado do cantor NATTAN, que foi apresentada hoje, levantou uma divertida questão: Caberia o GG num “Golzinho Vermelho”? Nattanzinho, em sua conta do Twitter, fez o desafio e Léo Santana prontamente topou. O vídeo com a…
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gazeta24br · 1 year ago
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Canção faz parte do EP “Sofrência ou Fuleragem?”  O gigante não para!!!! Com um sucesso arrebatador em todo Brasil com a canção “Posturado e Calmo” que está entre as músicas mais tocadas e ouvidas nas plataformas digitais e redes sociais em todo Brasil, Léo Santana traz mais uma novidade que promete!! Nesta sexta, 24 de agosto, foi lançada em todos os aplicativos de música e clipes no YouTube mais 3 canções da 1ª parte do EP áudio visual “Sofrência ou Fuleragem?” gravado em Goiânia no mês de maio. São elas: “Reserva”, “Babalu” e “Golzinho Vermelho” que é o carro chefe e a aposta desse lançamento que conta com a participação mais do que especial de Nattan, mais conhecido como Nattanzinho, que deu um brilho e um toque pra lá de especial a canção. A canção mistura além da alegria e energia ímpar dos 2 artistas juntos, o pagodão baiano característico da “FULERAGEM” de Léo Santana com a batida irresistível do piseiro de Nattanzinho. Com letra fácil que gruda na cabeça e uma coreografia gostosa no refrão, a música ficou gostosa e um “Chicletinho” que promete badalar e embalar as farras da galera que ama uma “Fuleragem” e uma boa resenha com amigos, família e com certeza vai bater certo na sua playlist e nos paredões. “Nattanzinho é um amigo querido, sou fã da energia dele e por isso, não poderia estar de fora desse meu projeto. ‘Golzinho Vermelho’ tem a cara da fuleragem, da cachaça da resenha, e ninguém melhor que ele para estar comigo nessa canção tão especial. Sem dúvida ele é o melhor representante dessa “Fuleragem”. A mistura tá tão boa, tão gostosa, que você não consegue ouvir uma vez só! Espero que vocês curtam muito, gravamos essa canção com muito carinho.”, comentou animado o GG Léo Santana. O EP Áudio Visual “Sofrência ou Fuleragem?” está disponível em todos os aplicativos de música e o clipe de “Golzinho Vermelho” pode ser conferido no canal oficial de Léo Santana no YouTube. Fotos: Rubens Cerqueira Ouça agora: https://umusicbrazil.lnk.to/golzinhovermelho Assista o clipe: https://youtu.be/n2KJ3wfvYk4
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letras2wi · 1 year ago
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Léo Santana - Golzin Vermelho (part. NATTAN) Letra
Léo Santana – Golzin Vermelho (part. NATTAN) Lyrics, Letra Golzin Vermelho (part. NATTAN) Letras, Lyrics: E aí, bebê? E aí, bebê? Tu vai me levar pra onde depois desse rolê? Tu vai me levar pra onde depois desse rolê? Sabe meu Golzinho vermelho? Todo rebaixado, topado de som É motel disfarçado É a gente fazendo amor e banco fazendo ren Keren-keren Keren-keren É a gente fazendo amor e o banco…
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arena-do-povo-react · 1 year ago
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citoufrases · 2 years ago
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Todo final de semana ele compra um Whisky e energético, eu pego as águas de côco da minha geladeira e faço gelo. Montamos o nosso copo, um “cirrarrito” e um Halls para acompanhar. Entramos no Fúria da Noite, nosso banguela (golzinho preto bolinha) aumentamos o som e saímos por aí, sei lá qualquer lugar, mas o nosso lugar preferido é matar a lara no Mc. E esse é o nosso rolê! Simples, mas divertido pra caral**!
Cara, nós damos cada risada! Fofocamos super, e programamos o nosso futuro.
No finalzinho da noite assistimos algo ou jogamos um baralho, e pra fechar aquele amor de sobremesa!
Aí eu te pergunto...preciso de muito?
A questão é que hoje em dia as pessoas buscam isso aqui💲em alguém, não o caráter, respeito e o amor. Eu agradeço a Deus todos os dias por não ser essa pessoa, e você também não.
De você eu só preciso do básico, pois tu já é muito!
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thisismyworldyeah · 2 years ago
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Vai Irlanda, faz um golzinho pfvr
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