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Diferenças geracionais no comportamento: convergências e divergências (1)
Este post se origina de um estudo de caso sobre a jornada do cliente na Geração X, realizado pelos alunos da disciplina de Planejamento Estratégico de Marketing (PEM). O exercício buscou proporcionar uma visão detalhada das nuances do comportamento do consumidor, em particular às diferenças geracionais.
Ao longo deste post, vamos explorar objetivamente essas questões, eventualmente úteis tanto no ambiente acadêmico quanto para profissionais de Marketing.
A atividade proposta
Na continuação da atividade, cada estudante foi convidado a adicionar ao quadro 'Características e comportamentos das gerações de consumidores' acréscimos baseados nas próprias experiências pessoais. Como você pode imaginar, isso gerou muitos insights valiosos.
Cada vez mais entretido com a análise, lembrei-me de um filme famoso, do início dos anos 2000 e que parecia estar em sintonia com os conteúdos, “O Diabo veste Prada (2006)”. Já o assistiram?
Providencialmente, um filme
A trama envolve a experiência pessoal de uma jovem jornalista (Andy Sachs, interpretada por Anne Hathaway), que é contratada para trabalhar como assistente de uma editora de moda (Miranda Priestly, por Meryl Streep).
O filme explora, a partir do foco que quer se dar aqui, as diferenças culturais e geracionais entre os personagens. Andy aprende, na trama, a importância do trabalho duro e do sacrifício.
Pesquei um diálogo que ilustra isso, entre Andy e Nigel Kipling (Stanley Tucci), a partir do minuto 32:12:
Andy - Ela me odeia [Miranda, a chefe], Nigel. Nigel - E é meu problema porque... Oops, espere. Não é meu problema. Andy - Não sei mais o que posso fazer. Sabe? Porque se faço uma coisa certa, não é reconhecido. Ela nem mesmo agradece. Mas se eu faço alguma coisa errada ela é terrível. Nigel - Então, desista. Andy - O quê? Nigel - Desista. Eu consigo outra pessoa para esse trabalho em 5 minutos. Alguém que realmente queira. Andy - Mas, eu não quero desistir. Não é justo. Mas, sabe, eu gostaria de ter um pouco de reconhecimento. Eu estou me matando e tentando muito. Nigel - Andy, cai na real, você não está tentando. Você está lamentando. O que quer que eu diga, hã? Quer que eu diga para você: coitadinha, a Miranda é injusta, tadinha da Andy. Acorda, garota. Ela está fazendo o trabalho dela. Nigel - Não sabe que está trabalhando onde se publicam os melhores artistas do século? Halston, Lagerfeld, de la Renta. E o que conseguiram, criaram, foi muito maior que arte. Porque vive-se para isso. Bom... não você, é claro. Mas algumas pessoas. Nigel - Acha que isso aqui é apenas uma revista? Isso [indicando a revista Runaway, que ambos trabalham] é um arauto de esperança para... sei, lá. Digamos, um garoto de Rhode Island, com seis irmãos, que finge ir ao treino de futebol, mas na verdade está indo a aula de costura e lê Runaway de noite sob as cobertas com uma lanterna. Você não tem ideia de quantas lendas passaram por aqui. O que é pior: você nem liga. Nigel - Quer saber? Muitas pessoas morreriam para trabalhar aqui, neste lugar que você desdenha. E ainda quer saber por que ela não beija sua testa? Ou não dá uma estrelinha por uma tarefa feita no fim do dia? Acorda, querida. Andy - Tá legal, estou estragando tudo. Nigel - Uhum. [concordando]
Interação entre os personagens
Embora que o filme tenha sido lançado numa época em que os Zoomers, que são meus alunos de graduação atuais, eram muito jovens, a dinâmica entre os personagens parece capturar bem as diferenças geracionais que observamos ainda hoje.
Perfil dos personagens
Nigel (por volta dos 45 anos em 2006): membro da Geração X - nascidos aproximadamente entre 1965 e 1980. Muitos da Geração X cresceram em um período de mudanças culturais e econômicas, o que os levou a serem mais autossuficientes e céticos em relação às instituições. No ambiente de trabalho, são conhecidos por sua ética de trabalho forte, adaptabilidade e pragmatismo. Muitos deles entraram no mercado de trabalho antes da revolução digital completa e, portanto, testemunharam uma transição massiva na forma como o trabalho é realizado. Andy (por volta dos 22 anos em 2006): representante da Geração Y ou Millennials - nascidos aproximadamente entre 1981 e 1996. Os Millennials são frequentemente caracterizados por sua familiaridade com a tecnologia, valorização da flexibilidade, busca de propósito no trabalho e desejo de feedback e reconhecimento constantes. Eles cresceram durante um tempo de expansão tecnológica rápida, prosperidade econômica e de incertezas (como a crise econômica de 2008). Muitos criticam os millennials por serem "entitled" (com sensação de merecimento), mas muitos argumentam que essa geração simplesmente valoriza a transparência, a autenticidade e quer fazer a diferença.
Análise da cena: Andy e Nigel
A interação entre os personagens é um estudo de caso interessante sobre as diferenças geracionais no ambiente de trabalho. Nigel, como um típico membro da Geração X, tem um profundo respeito pela tradição e pelo legado que sustentam a indústria da moda. Em contraste, Andy exemplifica as características mais marcantes da Geração Y. Ela não apenas busca um sentido mais profundo em seu trabalho, mas também dá grande importância à flexibilidade e à comunicação aberta e constante.
Afinal.. Podemos atualizar essa dinâmica para os dias de hoje, encontrando paralelos entre a Geração Y, que agora está mais velha, e a emergente Geração Z? Mesmo em contextos distintos, existe algum ponto de convergência?
Comportamento de Consumo e Gerações
No contexto da nossa disciplina, que foca no comportamento de consumo, essas diferenças geracionais são relevantes. Diria, inevitáveis. Consumidores mais velhos, representados por sujeitos o Nigel, tendem a ser mais leais às marcas e valorizam a qualidade e a durabilidade, características que ele também busca em sua carreira. Já os mais jovens, na casa dos 20, podem ser mais propensos a experimentar novas marcas e estilos, algo que também se reflete em sua abordagem mais flexível ao trabalho. Esta diferença na abordagem de consumo pode ser vista como um reflexo de suas respectivas visões de mundo e valores geracionais.
Como essa compreensão das diferenças geracionais pode nos ajudar a criar personas de compradores mais eficazes? É possível atingir um nível de entendimento tão profundo dessas diferenças que elimine a necessidade de diálogo entre gerações?
Ligação com "Conflitos Geracionais e o Saber Convencionado"
Há oito anos escrevi um post despretensioso, Conflitos Geracionais e o Saber Convencionado, no qual abordava a tendência de estereotipar as gerações mais jovens como desrespeitosas ou preguiçosas, uma ideia que tem raízes profundas na história. Porém.. isso é algo antigo, acontece há alguns milhares de anos.
No entanto, cada geração traz seu próprio "desconforto criativo" que pode ser muito benéfico. No filme, vemos isso na forma como Andy desafia o status quo, muito parecido com o que os jovens fazem nas organizações hoje em dia. Ela não é desrespeitosa, mas sim questionadora - uma qualidade essencialmente positiva.
Em resumo, a cena entre Andy e Nigel não é apenas um choque de personalidades, mas também um choque de gerações. Cada um vem de um contexto geracional que molda suas expectativas, tanto no ambiente de trabalho quanto no comportamento de consumo. Essas diferenças não devem ser vistas como barreiras, mas como oportunidades para crescimento e entendimento mútuos.
Em tempo: se você gosta de resenhas de filmes bem-feitas, recomendo o canal de James Woodall no YouTube. Ele fez uma análise perspicaz do filme deste post.
Espero que este conteúdo tenha sido útil para você. Fique à vontade para compartilhar suas reflexões nos comentários. T+
Como citar este post (ABNT 10520:2023): LOPES DE SOUZA, J. C. Diferenças geracionais no comportamento: convergências e divergências (1). Marketing Cotidiano. Blumenau, 10 out. 2023. Disponível em: https://marketingcotidiano.tumblr.com/post/730566384500850688/diferen%C3%A7as-geracionais-1. Acesso em: dia mês ano.
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