#Vazio e o Octaedro
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this is the prologue of something im writing, but ill never actually post because it is a very painful read
and i didnt get my editors permission also
this is Sol Poente
tw: blood, implied violence
SOL POENTE
Prólogo
Ele primeiro sentiu algo firme, plano e áspero sustentando seu corpo deitado, logo após retomar sua respiração. Filetes maleáveis faziam cócegas nas pontas de suas orelhas, nas laterais de seu pescoço e em seus pulsos, e sentia seu rosto frio. Abriu seus olhos devagar, e viu a escuridão da noite tomando o céu para si, adornada por galhos preenchidos de folhas verdes e diminutos flocos esbranquiçados caindo devagar, o ambiente quase estático e ao mesmo tempo em movimentação, como uma reprodução em loop. Seu corpo recobrava os movimentos aos poucos, e a única coisa que conseguiu fazer por alguns minutos era piscar.
Quando finalmente sentiu que poderia mexer seu pescoço livremente, sem ser impedido pelo peso da sua cabeça, olhou ao seu redor. Primeiro, para si próprio, e as roupas que vestia. Ele certamente não saberia dizer, mas vestia apenas um quimono preto tradicional no corpo, com uma boa parte do tecido em seu peito preenchida por uma mancha escura e amarronzada. Olhou para seus pés nus, e percebeu outra coisa em sua visão periférica: uma outra perna, à sua esquerda. Virou sua cabeça para o lado, e viu outro homem, deitado de bruços ao seu lado, vestindo um quimono assim como ele, porém cinza. Uma expressiva tinta escarlate estava parada ao redor da barriga dele, e parecia que ele não respirava mais a algum tempo. Seu rosto estava pálido, seu olhar vazio e vidrado, seus lábios separados, brancos e secos. Estava morto.
Ele ficou encarando aquele homem durante um tempo; até virou seu corpo assim que pôde para vê-lo melhor. Era um homem velho, com algumas rugas já marcando seu rosto, e fios brancos destacando-se em seu cabelo preto. Sentiu algo molhado em seu rosto, percorrendo o tronco de seu nariz e sua têmpora esquerda: lágrimas percorriam sua pele, e ele não sabia o porquê. Talvez ver um humano como ele, em um estado tão deplorável e inerte, tenha o comovido. Talvez estivesse assustado e receoso pela visão que tinha. Mas isso não importava realmente. Ele não tinha muito tempo para se preocupar com isso, porque não muito tempo depois, percebeu um vulto escuro passando para ficar logo acima de seu corpo.
Virou sua cabeça para cima, e viu um octaedro preto do tamanho da sua mão flutuando logo acima de si. Um de seus vértices continha um pequeno ponto de luz vermelha, que parecia encará-lo fixamente como se fosse um olho. Ele se assustou, e rastejou para trás com seus cotovelos apoiados na grama para afastar-se o máximo possível.
Então, aquilo falou com ele.
Em uma voz grave e firme, em palavras diretas e objetivas, algumas vezes afiadas, ele lhe disse tudo o que precisava saber. Saciou sua curiosidade em, principalmente, saber quem é. Se reconhecer. Passou minutos inteiros falando, ressoando em seus pensamentos, colocando e retorcendo suas ideias em sua mente como vermes se ajeitariam e deslizariam em um intestino. E quando ele finalmente soube, quando finalmente suas dúvidas foram sanadas, ele se levantou, determinado a cumprir seu único e verdadeiro objetivo.
Só precisaria de um nome.
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