#O Guardador de Rebanhos
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Si yo pudiera morder la tierra entera y sentirla en el paladar, sería más feliz un instante... Más no siempre quiero ser feliz. Es necesario ser de vez en cuando infeliz para poder ser natural... No todo es días de sol y la lluvia, cuando falta mucho, se ruega. Por eso tomo la infelicidad con la felicidad con naturalidad, como quien no se extraña que haya montañas y llanuras y que haya peñascos y yerba... Lo que se precisa es ser natural y tranquilo en la felicidad o en la infelicidad, sentir como quien mira, pensar como quien camina, y cuando se va a morir, acordarse que el día muere, y que el poniente es hermoso y hermosa la noche que permanece... Así es y que así sea...
– Alberto Caeiro (Fernando Pessoa), El guardador de rebaños: XXI
#fernando pessoa#alberto caeiro#el guardador de rebaños#o guardador de rebanhos#naturaleza#felicidad#infelicidad#serenidad#poesía#poetas portugueses
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Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas pessoas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos…
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem não anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros…
Alberto Caeiro, "O Guardador de Rebanhos"
12.03.2020
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"My look is clear like a sunflower I have the outfit to walk the roads Looking right and left, And every now and then looking back... And what I see every moment It's something I've never seen before, And I know how to do that very well... I know how to take the essential step Who has a child, if at birth, Notice that he was actually born... I feel born every moment For the eternal novelty of the World..."🌻🌻
[Alberto Caeiro -Note: Excerpt from "O Guardador de rebanhos", from the book "Poemas de Alberto Caeiro", by Fernando Pessoa (heteronym Alberto Caeiro).]
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Eu não tenho filosofia; tenho sentidos… Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe porque ama, nem o que é amar…
Amar é a eterna inocência E a única inocência é não pensar…
-Alberto Caeiro in O Guardador de Rebanhos
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— Poema "Guardador de Rebanhos", de Fernando Pessoa, no livro "Poemas de Alberto Caeiro [O Guardador de Rebanhos]". (Ed. Ática; 10.ª edição [1993]).
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Verso il 1912, salvo errori (che comunque sarebbero minimi), mi venne l’idea di scrivere qualche poesia di indole pagana. Abbozzai qualcosa in versi irregolari (non nello stile di Álvaro de Campos, ma in uno stile di media regolarità), e lasciai perdere. Si era abbozzato in me, tuttavia, in una maltessuta penombra, un vago ritratto della persona che stava scrivendo quei versi. (Era nato, senza che io lo sapessi, Ricardo Reis). Un anno e mezzo, o due anni dopo, un giorno mi venne in mente di fare uno scherzo a Sá-Carneiro: di inventare un poeta bucolico, abbastanza sofisticato, e di presentarglielo, non mi ricordo più in quale modo, come se fosse reale. Passai qualche giorno ad elaborare il poeta ma non me ne venne niente. Alla fine, un giorno in cui avevo desistito — era l’8 marzo 1914 — mi avvicinai a un alto comò e, preso un foglio di carta, cominciai a scrivere, in piedi, come scrivo ogni volta che posso. E scrissi trenta e passa poesie, di seguito, in una specie di estasi di cui non riuscirei a definire la natura. Fu il giorno trionfale della mia vita, e non potrò più averne un altro simile. Cominciai con un titolo, O Guardador de Rebanhos. E quanto seguì fu la comparsa in me di qualcuno a cui subito diedi il nome di Alberto Caeiro. Mi scusi l’assurdità della frase: era apparso in me il mio Maestro. Fu questa la mia immediata sensazione. Tanto che, non appena scritte le trenta e passa poesie, afferrai un altro foglio di carta e scrissi, di seguito, le sei poesie che costituiscono Chuva Oblíqua di Fernando Pessoa. Immediatamente e totalmente… Fu il ritorno di Fernando Pessoa - Alberto Caeiro al Fernando Pessoa - lui solo. O meglio, fu la reazione di Fernando Pessoa alla propria inesistenza come Alberto Caeiro.
Apparso Alberto Caeiro, mi misi subito a scoprirgli, istintivamente e subcoscientemente, dei discepoli. Estrassi dal suo falso paganesimo il Ricardo Reis latente, gli scoprii il nome e glielo adattai, perché allora lo vedevo già. E, all’improvviso e da derivazione opposta a quella di Ricardo Reis, mi venne a galla impetuosamente un nuovo individuo. Di getto, e alla macchina da scrivere, senza interruzioni né correzioni, sorse l’Ode Triunfal di Álvaro de Campos: l’Ode con questo nome e l’uomo con il nome che ha.
Fernando Pessoa, Lettera a Adolfo Casais Monteiro
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Não tenho ambições nem desejos. Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho.
O guardador de Rebanhos. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.
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Alberto Caeiro
8-3-1914
― “O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).
. Foto: almanakedanemeton.wordpress
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O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
O Guardador de Rebanhos In Poemas de Alberto Caeiro Fernando Pessoa, 1914
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I believe in the world as in a daisy, Because I see it. But I don’t think about it, Because to think is to not understand. The world wasn’t made for us to think about it (To think is to have eyes that aren’t well) But to look at it and to be in agreement.
I have no philosophy, I have senses… If I speak of Nature it’s not because I know what it is But because I love it, and for that very reason, Because those who love never know what they love Or why they love, or what love is.
To love is eternal innocence, And the only innocence is not to think…
– Excerpt from Alberto Caeiro (portuguese poet), O Guardador de Rebanhos, "II", translation by Richard Zenith
I am a keeper of sheep. The sheep are my thoughts And my thoughts are all sensations. I think with my eyes and my ears And with my hands and feet And with my nose and mouth.
To think a flower is to see it and smell it And to eat a fruit is to know its meaning.
That’s why on a warm day I feel sad because I enjoy it so much, And stretching out on the grass, And closing my hot eyes, I feel my whole body lying stretched out on reality, I know the truth and I am happy.
– Alberto Caeiro (portuguese poet), O Guardador de Rebanhos, "IX", translation by Richard Zenith
Originals under the cut
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
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Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
– Vaslav Nijinsky (1889 -1950), in “The Diary of Vaslav Nijinsky, January - March, 1919” (edited by Romola Nijinsky). [Vaslav Nijinsky, a famous ballet dancer and choreographer, spent the last 30 years of his life in and out of psychiatric hospitals and asylums; in his diary he expressed his great fear of hospitalization and confinement.]
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FERNANDO PESSOA/ALBERTO CAEIRO (1888-1935), “O GUARDADOR DE REBANHOS. V” (FRAGMENTO)
FERNANDO PESSOA/ALBERTO CAEIRO (1888-1935), “O GUARDADOR DE REBANHOS. V” (FRAGMENTO)
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E há poetas que são artistas E trabalham nos seus versos Como um carpinteiro nas tábuas!…
Que triste não saber florir! Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro E ver se está bem, e tirar se não está!… Quando a única casa artística é a Terra toda Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma.
Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira. E olho para as flores e sorrio… Não sei se elas me compreendem Nem se eu as compreendo a elas, Mas sei que a verdade está nelas e em mim E na nossa comum divindade De nos deixarmos ir e viver pela Terra E levar ao colo pelas Estações contentes E deixar que o vento cante para adormecermos E não termos sonhos no nosso sono.
s.d. “O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.
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Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei da verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
#poesia#sentimentos#mentespoéticas#meusescritos#poetizandoocaos#mentesexpostas#adrianacassa#poema#espalhepoesias
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Alberto Caeiro I - Eu nunca guardei rebanhos, I
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estacões
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Com um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes,
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer coisa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
8-3-1914 “O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.
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— Poema "Guardador de Rebanhos", de Fernando Pessoa, no livro "Poemas de Alberto Caeiro [O Guardador de Rebanhos]". (Ed. Ática; 10.ª edição [1993]).
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Fernando Pessoa – Pensamentos.me/VEM comigo!
” Sinto- me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo.” Fernando Pessoa. PESSOA, F. O guardador de rebanhos. Porto: Civilização. 1997 https://www.pensador.com Marii Freire. https://Pensamentos.me/VEM comigo! Imagem:pinterest/ James Graham Santarém, Pá 30 de janeiro de 2024 Source: Fernando Pessoa – Pensamentos.me/VEM comigo!
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