#[ ✵ ] : 𝘿𝙀𝙑𝙀𝙇𝙊𝙋𝙈𝙀𝙉𝙏
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lobodobem · 3 years ago
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𝖙𝖍𝖊 𝖘𝖍𝖔𝖜 𝖒𝖚𝖘𝖙 𝖌𝖔 𝖔𝖓
SEMANA DO DIA 14/06, CANNES/FRA.
Depois de ter um momento eureka lendo os diários da sua mãe, Wolfgang se obrigou a procurar jeitos de se livrar daquela situação. Tinha esquecido o seu celular quando foi à casa dos Glock uns meses atrás e nunca mais o achou. Logo depois que Baptiste Dupont desaparece, misteriosamente pistas contra ele ressurgem e ele é preso pela polícia com base em dicas e no próprio celular que havia perdido. E, claro, qualquer um que o conhecesse poderia dizer que esse não era o tipo dele, e que realmente tinha mandado mensagem para os amigos e contatos avisando que perdeu o celular, mas como Chandler o orientou, isso podia ser apenas uma estratégia e Wolf não tinha provas, enquanto a delegacia tinha seu celular. 
Então, ele precisava criar algumas provas.
ATO I.
Só que não era tão simples quanto parecia. Como ele podia provar que o avô era um babaca que estava há décadas sabotando a própria família? Lembrava de ter tirado fotos das transações para Baptiste, mas tinham todas ficado no antigo celular, então isso estava fora de questão. O homem era extremamente poderoso e sabia que ninguém de alta patente ou influente ia ajudá-lo, porque provavelmente já estavam no bolso dele. Como se derrotar o inderrotável? O evitar o inevitável? O único jeito na cabeça dele era pedir ajuda de alguém que não fosse influente escancaradamente, mas discretamente. Alguém que tinha poder, porém ninguém sabia disso. Alguém que podia descobrir qualquer coisa do seu avô sem que o contrário também acontecesse. Um hacker. O hacker. 
Wolfgang realmente desejou que Cédric ainda ficasse de olho no antigo celular, porque seria um pouco constrangedor ter que ligar para a ex namorada pedindo para falar com o irmão. Felizmente, a sua mensagem de pedido de ajuda foi respondida no outro dia. 
Quando soube que Eloise e Cédric tinham saído de Cannes, Wolf ficou um pouco triste porque tinha criado, ao menos em sua visão, um laço de amigabilidade. Gostava do garoto e não concordava com tratarem ele mal, especialmente porque Martin só fez tudo que fez por causa da família. Ainda assim, ficou feliz que o outro pudesse seguir em frente e que de alguma forma a vida o deu sim a sua irmã de volta... Exatamente por isso achou que não o veria mais. Então foi bem chocante, mas legal vê-lo na sua frente de novo no dia 13 de junho, batendo na sua porta.
❝ — Quem é vivo sempre aparece.❞ — foi seu cumprimento com um sorriso, que surpresamente recebeu de volta. “Eu não posso ir embora por umas semanas e tu já se enfia nessas roubadas”, respondeu ele. Depois disso, ele passou a tarde toda conversando com Cédric e explicando a sua situação. Foi um longo dia.
ATO II.
No fim das contas, o Martin só podia o ajudar até certo ponto. Claro que ele conseguiria puxar dados, conversas e até movimentações bancárias do avô, mas seria muito difícil que um juiz aceitasse isso, pelos meios ilícitos em que foram conseguidos. Ainda assim, os dados que ele extraiu serviriam para sustentar a defesa de Chandler e para que ele arranjasse meios de transformar aquelas provas que não tinham validade jurídica em algo cabal, como procurá-las por outro meios mais juridicamente aceitos. 
Chegaram em concordância de que o melhor jeito de pegar Gastón era fazê-lo confessar. Mas como isso era possível? Primeiro que o homem não se retirava da sua fortaleza lá em Viena e, mesmo que viesse para Cannes, como iam conseguir a sua confissão por meios lícitos? 
Essa parte ficou a seu encargo e, surpresamente, foi toda planejada por Wolfgang, cria de filmes e musicais de todos os gêneros e nacionalidades.
Primeiro, o Mateschitz precisou fazer uma visitinha na Mansão Glock. Precisou, com muito ódio no peito, pedir autorização do juiz para sair do país, mas depois de um acordo com Dietrich e o contato com a polícia, foi possível. Chegou com o rabo entre a pernas, triste, falando da sua prisão, dizendo que suspeitava do avô paterno. Já tinha percebido que falar mal do velho Mateschitz era a chave para o coração dos Glock desde sempre, então se utilizou daquela técnica para manipulá-los a ponto de que pensassem que ele tinha sido ludibriado por eles com muito sucesso. Para pessoas arrogantes, não bastava muito. Comentou sobre sua aceitação em Juilliard e que significaria muito para si que estivessem na peça de primavera que seria encenada no seu colégio, que seria uma forma de ter sua mãe consigo em um momento crucial.
Dito e feito. 
O último passo para que aquilo desse certo era um esforço conjunto de Chandler e Cédric e Wolf ficou nervoso com o combo improvável; ainda existia muito que pudesse dar errado naquilo tudo. 
ATO III.
No dia da peça, Wolfgang estava uma pilha de nervos. Precisava atuar de forma consistente e digna para não decepcionar os colegas e não fazer feio na frente de tanta gente importante (imagina se a Juilliard revoga a aceitação dele?); ainda assim, a única coisa que ressoava em sua mente era tudo o que precisava fazer e falar.
Antes do início do último ato, como combinado com o homem, Gastón veio falar com ele. O garoto respirou aliviado ao vê-lo entrar no camarim, porque chegou a imaginar que talvez não fosse dar certo. O velho o parabenizou e o encheu de elogios. Entrava aí a parte final do seu plano.
❝ — Obrigada. Significa muito a presença de vocês. Gostaria que minha mãe estivesse aqui.❞ — foi como iniciou a coisa toda. Gastón assentiu. “Ela está aqui, do jeito dela”, o clichê usado irritou muito Wolf e ele temeu não conseguir atuar do jeito que precisava. ❝ — Você acha que ela teria orgulho de mim? Sendo aceito na Juilliard? Às vezes fico me perguntando isso, se ela ou meu pai gostariam de quem eu sou e das escolhas que estou fazendo.❞ — declarou, encarando o avô com o que esperava ser um olhar infantil. “Eu tenho certeza que sim, ela se orgulharia de você independentemente de qualquer coisa. E seu pai, bom, não é meu filho, mas era como se fosse. Éramos muito próximos. Ele também teria muito orgulho, porque ele mesmo tomou decisões parecidas com as suas. Ele também notou que seu outro avô não era alguém para se ter por perto. Os dois teriam muito orgulho, filho, ainda mais de saber que você é corajoso e inteligente para entender as coisas e fazer as suas escolhas”, o garoto mal acreditou que um velho inteligente daqueles tinha caído na sua armadilha tão facilmente; achou que precisaria dançar um pouco mais para tal. 
Agora vinha uma parte crucial. Ele precisava agir conforme o plano e não ferrar com tudo. Precisava. Fez uma oração silenciosa e então mexeu nos bolsos, se certificando de que o gravador do celular estava ligado. ❝ — É uma loucura que um avô faça isso com um neto, não acha?❞ — forçou o tom, voltando a encará-lo. Notou que alguma coisa mudou na expressão alheia, mas Glock era mestre em disfarçar. O homem assentiu. “É uma atrocidade da natureza”, afirmou. ❝ — Ainda bem que eu escolhi o lado certo da família. Não ia querer ficar do lado de um criminoso que planta evidências e comete acidentes contra a própria família.❞ — insistiu, e naquele momento o celular gravando quase escorregou da sua mão, de modo que movimentou o bolso e Gastón percebeu. 
Bruscamente o mais velho puxou-o pela mão e tirou o aparelho do seu bolso. Um riso de deboche saiu dele. “Então essa era sua estratégia, garoto? Me arrancar uma confissão. Devo dizer que te subestimei, mas não muito. Isso é extremamente infantil da sua parte se achava que eu ia simplesmente soltar meus segredos para você gravar”, debochou ele. ❝ — Deve ser de família tentar plantar evidências.❞ — Wolf respondeu, olhando-o com raiva. “Bom, pelo menos você descobriu a verdade, o que quer dizer que não é completamente retardado. Pior para você, que vai ter que passar o tempo na cadeia sabendo disso. Me dizem que é pior, mas não sei, porque nunca aconteceu comigo”, o tom dele era enervante e se já não estivesse por um fio, teria agredido aquele velho ali mesmo. “Mas me diga, filho, tenho curiosidade de saber como descobriu”, demandou ele, cruzando os braços e parecendo interessado. ❝ — Os diários da minha mãe. Ela escreveu coisas sobre vocês e... Bom, só conectei os pontos.❞ — contou, fechando as mãos em punho, tentando conter o ódio que sentia por aquele homem bem ali. “Ah, Brigitte. Até quando não está aqui é a pedra no meu sapato. Depois de tudo que passei para fazer isso ter um fim, era de se imaginar que ia ter paz. Mas pelo visto é verdade o que dizem, o fruto nunca cai longe da árvore”, a frieza com quem ele falava aquelas coisas espantavam Wolfgang e o deixavam ainda mais tentado a perder o controle. ❝ — Você é um velho egoísta e ganancioso. Tudo isso pra que, hein? Dinheiro? Que dinheiro compra uma família?❞ — questionou. 
A resposta foi uma sonora risada. “Esse é seu ponto fraco, Wolfgang, pensar desse jeito. Ou melhor, não pensar. Por qual motivo você acha que uma família perdida ia aparecer depois de anos? Com certeza não é porque quer te chamar para jantar. Você é um garotinho burro. O único motivo pelo qual vim aqui hoje foi porque queria ver a sua cara de derrota pela última vez antes de ser preso. Você surrupiou os diários da sua mãe, então imagino que saiba o que acontece com quem se mete onde não é chamado”, foi o tom ameaçador usado pelo mais velho. O garoto respondeu: ❝ — O que tá dizendo, então? Que você, Gaston Glock, mandou matar sua própria filha? Mandou prender seu próprio neto?❞ — questionou ele. Antes de responder, ele riu novamente. “Tem certeza que tem todos os neurônios, filho? Precisa que te desenhem? Você quem deixou seu celular na minha casa e eu seria um tolo de não usar isso ao meu favor. Quem sabe depois de sair da cadeia você aprende a não cair no papo das pessoas tão facilmente”, ironizou Glock; Wolfgang estava furioso. ❝ — Então não foi Baptiste DuPont que me entregou para a polícia...❞ — comentou e o avô balançou a cabeça. “Você acha que aquele covarde ia ter coragem de fazer isso? Ele saiu correndo assim que a coisa ficou feia para ele. Na verdade, é até inteligente da parte dele, pena que você não fez o mesmo, aí eu fui obrigado a fazer as coisas do meu jeito”, — continuou o homem. ❝ — Então você plantou evidências mesmo? Isso é crime!❞ — exclamou o garoto. O mais velho riu novamente. “Muitas coisas são crime nesse mundo e tem gente que liga muito para isso.. É por isso que podemos diferenciar os bilionários das pessoas comuns”, o homem proferiu. Os dois ficaram em sil~encio por uns segundos, e o celular de Wolf, que estava ainda na mão do avô, fez o sinal de mensagem. 
Wolfgang sorriu, o que causou estranheza em Glock. “Perdeu completamente a cabeça, garoto?”, questionou. ❝ — Veja só, Gastón, você tem razão. Eu sou um garotinho inocente na maior parte das vezes. Talvez isso seja porque eu sempre senti muito a falta de uma família, ou sei lá o que, mas eu não sou burro. Como você bem disse, a fruta não cai longe do pé. E isso é verdade, mais do que você imagina.❞ — iniciou o seu monólogo. Agora que fez tudo que podia, precisava ter o seu desfecho naquilo tudo. ❝ — Uma vez eu perdi uma luta super importante, final de campeonato. Cara, aquela doeu. Não só porque ele me nocauteou, mas porque eu fiquei muito feliz quando soube quem era o meu competidor. Um garotinho, dois anos mais novo que eu, 15 centímetros a menos. Tá de brincadeira? Só podia ser a final dos sonhos. Eu fiquei me gabando disso por semanas. E sabe o que aconteceu? Ele me nocauteou com poucos minutos. Sabe por que? Porque eu fui arrogante. Igualzinho à você agora.❞ — foi muito satisfatório falar aquilo e o sorriso do austríaco apenas aumentava. ❝ — Você realmnente achou que eu fosse burro o suficiente pra quase derrubar o celular do bolso enquanto tentava te gravar e isso foi o que garantiu que não percebesse que tinha outra coisa te gravando. Ou pior, projetando a sua voz e imagem lá fora para o público inteiro ver.❞ — declarou, apontando para o macbook de Cédric posicionado em uma cadeira logo ao lado de ambos. ❝ — Game over, grandpa.❞ — disse, sorrindo. O rosto do homem ficou totalmente vermelho, mas antes que pudesse responder ou mesmo agredi-lo (Wolfgang se perguntou se ele não carregava uma Glock por aí), Bernard Chateaubriand abriu a porta. “Gastón Glock, você está sendo preso por suspeita de corrupção, extorsão, lavagem de dinheiro e homicídio”, continuou o homem enquanto fechava as algemas em seus pulsos. “Você tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que falar pode ser usado contra você no curso do processo. você tem direito a um advogado antes de ser interrogado e durante o interrogatório. se você não puder pagar um advogado, o estado irá lhe providenciar um”.
Enquanto via o homem ser carregado e algemado, Wolf sentiu-se emocionado. E não era por vê-lo finalmente ser preso por suas ações abomináveis, mas porque tinha reconstruído sua relação com Dietrich; porque tinha se reconectado com uma parte dos pais; porque tinha sido aceito pela universidade dos seus sonhos; porque tinha uma namorada incrível que amava muito; e porque tinha vingado os pais e tantas outras pessoas que o Glock insistia em fazer mal — pela primeira vez desde que nasceu, a vida nunca pareceu tão boa de ser vivida. 
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lobodobem · 4 years ago
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Wolfgang ficou um pouco desorientado no início da festa. Primeiro porque demorou a entender, em segundo porque quando entendeu, não acreditou. Marcellus tinha se superado nessa e, apesar de dividir seu dia com Valentin estar tão longe de um aniversário perfeito quanto possível, precisava admitir que era bacana o ex cunhado ter tentado unir todos. Ele tentava ao máximo não estragar aquilo evitando o co-aniversariante quando Faheera se aproximou. Vê-la enfaixada e com machucados ainda lhe causava arrepios. ❝ — Fahe!❞ — cumprimentou com um sorriso. Logo em seguida, balançou a cabeça. ❝ — Até poderia, mas ficar bravo com o Mars não tem graça. No fim das contas ele teve boas intenções.❞ — comentou, porque devia admitir que foi jogada de mestre juntar todos ali sem saberem. ❝ — Acho que o estilo da Holly tá muito longe dessa festa. Ela teria escolhido um tema mais classy e não teria dado uma festa para o Valentin, tenho quase certeza.❞ — afirmou, porque conhecia a melhor amiga como ninguém e sabia que apesar do humor distorcido, a Cotillard não se daria ao trabalho de convidar a outra metade dos colegas, ou homenagear um deles com uma festa. ❝ — Mas você tá gostando? Vi que veio até caracterizada! De lesões e tudo, bem Rocky da sua parte.❞ — brincou.
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@lobodobem​
Faheera achou a ideia da festa para ambos genial, mas temia que algo acontecesse… como uma briga que poderia destruir todo o lugar, por exemplo. Quando notou Wolfgang por perto, Fahe rapidamente se aproximou dele. “Juro que não tenho nada a ver com isso!” Brincou e provavelmente se renderia se um dos braços não tivesse enfaixado. Resultou do acidente, além de um curativo na testa e o pé mancando. O médico dissera que havia sido apenas uma distensão muscular, mas colocar os pés no chão e andar doia um pouco. Maldito acidente que novamente a afastava um pouco da pista de corrida. Como era uma ocasião festiva, optou por deixar a frustração de lado e decidiu que seria apenas sorrisos. “Você não vai ficar chateado com quem organizou isso, não é? Não muito, pelo menos? Por que eu acho essa situação toda a cara da Holly.” Faheera riu, pensando que as amizades devem ter se divertido bastante com aquela ideia.
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