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#engenharia de produção
edsonjnovaes · 4 months
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Carro a água, não dá?!?
Existe uma lenda em torno do “carro movido a água” que já vem de muito tempo, mas será que realmente existiu essa tecnologia e, principalmente, que um complô de fabricantes da indústria teria matado seu inventor?Ricardo de Oliveira – Notícias Automotivas. 13 set 2023 Na internet, encontra-se nomes associados com a suposta tecnologia, como Stanley Meyer e Jean Chambrin, dois supostos inventores…
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kazsas · 22 days
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seventeen universitário
oii👋 aqui é kaz!
desculpa pelo sumiço, minha rotina tá uma bagunça que mal tenho tempo de entrar aquiKKKKK vou tentar ser mais ativa e responder as asks que me mandaram!
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에스쿱스
fez um tecnólogo em Empreendedorismo e focou entrar na área de Administração Empresarial; fez o curso quase que a pulso; trader de dia e boyzinho de choppada de noite; o típico cara que fica no canto do bar com os amigos fumando um cigarro caçando alguém pra dar uns beijinhos.
정한
estudante de Direito que sempre ganha nos debates por ter MUITA lábia; entrou no curso já sabendo que ia se tornar advogado criminalista; todas as meninas do curso já tiveram/tem um crush nele (às vezes até as docentes); aquele colega de grupo que vai te mandar mensagens às 04 da manhã com link de artigo sobre o trabalho.
조슈아
está no 5 semestre de Pedagogia; o queridinho dos professores orientadores e crush de vários alunos do departamento; é focado em se tornar educador infantil, mas às vezes o cargo de supervisor de ensino lhe chama.
formado em Odontologia com especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia; trabalha na clínica do pai e o mesmo sempre o exibe pra todos os clientes; nunca mais conseguiu ir em um date sem reparar na arcada dentária da pessoa; as crianças adoram tirar raio x com ele.
호시
quinto semestre de Dança; o maior hater da matéria de Comportamento Motor já visto (quase pegou DP); vai tentar ensinar uma coreografia aleatória no meio do rolê só pra fazer todo mundo rir; tá sempre indo na sala de Fisioterapia pra ganhar massagem de graça usando a desculpa que tá ajudando os colegas.
원우
no 4 semestre de Tecnologia em Jogos Digitais; senta-se na frente porque não enxerga um palmo a sua frente; o estereótipo de nerd tímido; nunca esquece a data de entrega dos trabalhos por conta do hiperfoco que cria neles.
우지
bacharel em Música e faz especialização em Engenharia de Áudio e Produção Musical; aluno destaque do departamento pela sua dedicação; quase não conversa com a galera do curso mas tem uma boa relação com todo mundo; vira e mexe faz uns freela como produtor.
도겸
no 3 semestre do bacharelado em Teatro e AMA a formação; sempre é visto andando pelo campus a galera do departamento de música e dança; só faltou ter explodido de felicidade quando foi escalado para ser o Rei Arthur no quinto título de Lancelote-Graal; vive de rolinho com as meninas do curso de Cinema.
민규
o estudante de Educação Física que só entrou no curso pra ter mais um motivo pra ir para a academia; faz parte da atlética e todo semestre tenta puxar uns calouros pra participar também; o único universitário do planeta que gosta do estágio (natação infantil).
디에잇
graduando de Fotografia, acabou de entregar o seu belíssimo TCC sobre "Fotografia publicitária e Moda"; era o terror dos colegas na apresentação de trabalho por sempre entregar fotos magníficas; pensava em trancar a faculdade pelo menos umas 15 vezes por semestre.
승관
no 6 semestre de Jornalismo; toda semana ele diz para os colegas que vai trancar o curso e não aguenta mais (nunca trancou); fez umas aulas experimentais de fotografia e se apaixonou; inimigo da timidez e realiza TODOS os trabalhos de pesquisa de campo entrevistando estranhos na rua; estagia como cinegrafista pra filial de uma rede de TV.
버논
o aluno mais são do curso do Marketing; ninguém sabe como ele passa os semestres sendo que toda aula ele tá no barzinho na frente da faculdade; o maior hater da matéria de economia; quer fazer marketing de influência, mas sempre acaba indo pro lado de mídia social.
디노
toda vez que ele fala que tá no último semestre de Moda as pessoas não acreditam; a pessoa que você deve procurar caso precise de uma agulha (sempre tem uma perdida na bolsa, já furou os dedos mil vezes por causa disso); trabalha com consultoria de moda e quase infartou com os uniformes das Olimpíadas; discípulo de Vivienne Westwood.
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muito muito muito obrigada por ler até aqui!
lembrando que sugestões, elogios, críticas, ameaças, etc podem ser postadas nos comentários!
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realprvncess · 3 months
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Era Uma Vez… Uma pessoa comum, de um lugar sem graça nenhuma! HÁ, sim, estou falando de você ANGÉLIQUE VIVIENNE GRIMALDI. Você veio de MONTE CARLO, MÔNACO e costumava ser PRINCESA, SOCIALITE, PROGRAMADORA, EMPRESÁRIA E FILANTROPA por lá antes de ser enviado para o Mundo das Histórias. Se eu fosse você, teria vergonha de contar isso por aí, porque enquanto você estava FAZENDO BORDADO LIVRE, tem gente aqui que estava salvando princesas das garras malignas de uma bruxa má! Tem gente aqui que estava montando em dragões. Tá vendo só? Você pode até ser CORRETA, mas você não deixa de ser uma baita de uma OBSTINADA… Se, infelizmente, você tiver que ficar por aqui para estragar tudo, e acabar assumindo mesmo o papel de FORA DA LEI na história TANGLED… Bom, eu desejo boa sorte. Porque você VAI precisar!
my girl's ready to take control, she just blows my mind
A princesa Angélique, popularmente conhecida como Angie, nasceu no dia 15 de janeiro de 1995 na família real do Mônaco, imersa desde jovem em um ambiente de alta sociedade e responsabilidades. Inserida nas melhores instituições de ensino da Europa, ela se destacaria não apenas pelo brilhantismo natural, mas pela dedicada formação em Engenharia da Computação no MIT, nos Estados Unidos, e sua habilidade diplomática e carisma também nato. Além disso, Angie possui um verdadeiro compromisso com causas filantrópicas e uma grande paixão pela programação e sua capacidade de realizar grandes feitos na vida das pessoas.
Considerada uma verdadeira prodígio, foi uma aluna mais que exemplar na faculdade do Massachussets, e em seu penúltimo ano, abriu a própria empresa de tecnologia chamada Engel. A Engel é uma empresa focada em tecnologia biomecânica especializada em próteses avançadas para braços e pernas. A equipe, composta por engenheiros e médicos especialistas, está atualmente desenvolvendo aparelhos auditivos e outras inovações, ainda na fase de pesquisa, nos últimos dez meses. Apesar dos altos custos de produção, a princesa faz doações de próteses regularmente por meio de um programa de sorteio que já possui muitos contemplados ao redor do mundo. No seu tempo livre, ela gosta de equitação, história da arte, palavras cruzadas e artesanato.
No momento em que foi abduzida para o Mundo das Histórias, Angie estava discutindo a relação com o namorado. No meio do bate-boca, anunciou que ia tomar um banho, levando consigo o livro novo. Preparou a banheira com sais, pegou a garrafa de vinho mais antiga da adega de casa e, depois de se acomodar confortavelmente, abriu o livro para começar a leitura. Foi então que, de repente, foi sugada pelo livro, encontrando-se do mesmo jeito como viera ao seu antigo mundo: nua e confusa.
Nota OOC: Apesar da diversidade cabelos nos gifs da FC, pode-se considerar que Angie é loira!
she only listens to the radio to see who's alive
Angie é muito correta. Muito mesmo. Nunca colou em uma prova sequer, ou então pagou alguém para fazer trabalhos e/ou exames! Nem é por pressão ou por ter sido criada como uma princesa que deve sorrir para as câmeras e ser sempre muito bem educada, mas porque ela é naturalmente assim. Uma goody two-shoes nata.
Ela curte muito looks clean, como terninhos e a completa ausência de estampas e mistura de texturas. Essa moda do Mundo das Histórias a deixa um pouco desconfortável. Não é acostumada a usar vestidos e nem peças extravagantes.
Se vê algo de errado acontecendo, se mete no meio! Isso é um dos aspectos de sua personalidade que a popularizou no Mundo Real.
Tem dois irmãos mais velhos e dois irmãos mais novos. É a filha do meio, mas não entende o meme por trás disso. É a favorita de seus pais e sabe disso.
Por causa dos feitos da sua empresa, um pouco de ego cresceu nela. Se acha a mais inteligente da sala. Estar no Mundo das Histórias, onde não é nem de longe a pessoa que mais sabe, está a matando por dentro.
Sua visão de vida é puramente lógica. Não gosta de esoterismos, religiões, nem nada do tipo, mas não julga quem recorre a tais crenças. Só não servem para ela.
Inspirações: Blair Waldorf e Serena van der Woodsen (GG), Amy Santiago (B99), Kat Stratford (10TIHAY).
she wakes up scared of getting old, she don't feel no shame
Conexões platônicas
NAKED FREAK-OUT: como descrito acima, Angie foi transportada para o Mundo das Histórias completamente pelada! Eugene/Flynn foi a pessoa que a viu nessa situação e que a ajudou. Ela é muito a grata a ele e meio que se agarrou ao mesmo durante esse tempo todo. É a pessoa mais próxima que ela tem.
THIS LOSER IS YOU (canons only): ao chegar numa terra desconhecida da qual ela não sabe nada sobre nada, a princesa surtou um pouco. Muse escutou todo o ataque de pelanca, enquanto ela berrava aos quatro ventos que era isso e aquilo e que nada disso deveria acontecer com alguém como ela e pensou, com razão, que ela era muito arrogante, e desde então tem se dedicado a fazê-la sofrer! Angie não é esnobe, mas com Muse... ela é, até o último fio de cabelo!
BETTY AND VERONICA: eu gostaria muuuito de uma Veronica para a Betty ansiosa, golden girl, girl next door, tudo tem que ser perfeito da Angie!!! Aberto para qualquer gênero.
TBA
Conexões românticas
SLAP-SLAP-KISS: com base no último evento (RIP Lancelot), gostaria de alguém que a Angie não se deu desde o dia um no Mundo das Histórias, mas a tensão sexual é inegável. Como acreditavam que nunca mais iriam se ver, resolveram ceder ao que sentiam e se beijaram em uma das festas! Agora... fica em aberto as consequências desse beijo. Aberto para qualquer gênero.
ALL GIRLS WANT BAD BOYS (canons only): esse personagem é um vilão ou um anti-herói vilanesco, mas ela tem essa síndrome chamada I Can Fix Him. Tudo que ela encontra quebrado, quer consertar, e com esse Muse não vai ser diferente. Ela realmente acha que pode convertê-lo para a bondade ou, pelo menos, a decência.
TBA
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equipebrasil · 1 year
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Querida, queride e querido Tumblr,
Todas essas reações pelo painel andam me deixando meio zonzo. Elas são quase inebriantes!
Quando digo que sou dominado pelo cheiro do sucesso... é porque, em geral, não sou um cara emotivo. Venho de uma longa linhagem de Bricks e nos orgulhamos de ser assim… Bricks. Mas, caramba, aqui estou eu, quase aos prantos com a beleza desse arco-íris de reações à minha frente. Eu devia ter incluído um 🌈 nas reações!
É isso mesmo, produção? Eu lanço um novo produto, e ele não é encerrado em um dia, nem me dão um chute no traseiro me mandando de volta para o exílio em Clawland?! Eu posso mesmo me orgulhar?!??
Senhoras e senhores caranguejos, não sei o que dizer…
Mas eu sei o que VENDER!
Adquira sua MERCADORIA Reações Abstratas aqui mesmo, no Empório! Meu leal vice-diretor, Roberd, preparou um lote de incríveis [patches/adesivos/broches] com base no conjunto (reconhecidamente) incompleto de reações que vocês vêm usando e se deliciando no decorrer do dia.
Por um tempo limitado, vocês podem reagir a coisas NA VIDA REAL! Está esperando o quê? Procure o novo botão para clicar e COMPRE JÁ!
Com as melhores reações,
Brick Whartley Diretor de Reações Diretor de Merchandising e Engenharia Física (de licença)
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claudiosuenaga · 2 years
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Jack Parsons, o cientista-ocultista Anticristo que acendeu os foguetes da NASA com as chamas do Inferno
Por Cláudio Suenaga
Poucos ainda reconhecem o nome dele, mas Jack Parsons teve um papel fundamental em levar a humanidade ao espaço. Parsons foi um cientista de foguetes que inventou o primeiro combustível de foguete de estado sólido fundido em 1942. Ele abriu o caminho para a produção em massa dos dispositivos que lançariam seres humanos nas estrelas e abasteceriam as armas de guerra. Juntamente com associados do Caltech (California Institute of Technology ou Instituto de Tecnologia da Califórnia), ele fundou o Jet Propulsion Laboratory (JPL), uma organização que abriu o caminho para a NASA. Parsons também perseguiu uma obsessão ao longo da vida com o ocultismo, o sexo e a interseção dos dois. Ele se juntou a Thelema, o movimento oculto fundado pelo ocultista e satanista britânico Aleister Crowley, e assumiu o ramo californiano do movimento. O fundador da Cientologia, L. Ron Hubbard, viveu na casa de Parson por um tempo e realizou com eles os famigerados "Trabalhos de Babalon". Parsons tentou, repetidamente, usar magia sexual para convocar várias divindades para o plano terrestre. Tudo isso enquanto trabalhava como cientista de foguetes. A vida de Parsons é estranha e fascinante. Ele era um cientista dedicado que ajudou a empurrar a humanidade para as estrelas, mas perseguiu o objetivo final de gerar um golem Anticristo para apressar a chegada do Apocalipse e morreu em uma explosão em seu laboratório caseiro aos 37 anos.
Desde a sua criação em 1958, a verdade das origens ocultas da NASA foi discretamente escondida da consciência pública, e o ocultismo subjacente por trás de todos os seus projetos e missões sempre foi encoberto por um manto imaculado de pureza técnica-científica. Nenhum empreendimento humano, aliás, parece mais distante das superstições primitivas e do antigo misticismo do que a NASA, uma agência solidamente fundamentada na lógica física-matemática precisa e na racionalidade tecnológica pragmática.
Poucos sabem, porém, que as origens da NASA estão ligadas ao pioneiro na engenharia de foguetes, o ocultista e satanista Marvel Whiteside Parsons, mais conhecido como Jack Parsons (1914-1952), um gênio megalomaníaco brilhante pouco ortodoxo que nunca viu contradições em sendo ao mesmo tempo um cientista e um ocultista, direcionar suas atividades para ambas as áreas a ponto de as fazer convergir.
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A "árvore genealógica" da astronáutica e do ocultismo nos Estados Unidos. Ilustração de Barbara Diener.
Discípulo do mais perverso de todos os praticantes do ocultismo da história moderna, o satanista inglês Aleister Crowley (1875-1947), que se intitulava a “Besta do Apocalipse 666” e que realizava rituais tão poderosos e abomináveis que até mesmo o ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945) o expulsou da Sicília em 1923 chamando-o de “bárbaro”, Parsons foi uma das figuras mais proeminentes na propagação de Thelema nos Estados Unidos, fundada por Crowley em 1904 na cidade egípcia do Cairo quando um espírito conhecido como Aiwass ditou a ele um texto profético conhecido como The Book of the Law (Liber AL vel Legis). Cairo que é chamado de Al-Qahir, o nome árabe do planeta Marte. Ele tinha o tipo de visão mental alucinatória sobre espírito, magia e liberdade humana que lançaria a cultura californiana de cabeça para baixo no final da década de 1960, causando uma revolução mundial no pensamento que ele nunca veria.
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Aleister Crowley (esq.) e Jack Parsons. Fotos: The Mirror, Los Angeles, 1952-06-20, vol. IV, nº 218, p.1.
E, mesmo que sua carreira científica não despertasse interesse acadêmico na época, com o tempo Parsons passou a ser reconhecido por sua importante contribuição para a exploração espacial que conhecemos hoje, tanto que a comunidade aeroespacial ergueria uma estátua em sua homenagem no JPL (Jet Propulsion Laboratory ou Laboratório de Propulsão a Jato), sigla que curiosamente se presta a ser traduzida por “Jack Parsons Laboratory”, o que não deixa de corresponder à verdade. O JPL que ele ajudou a fundar, hoje emprega mais de 5.500 cientistas e tem um orçamento anual de mais de US$ 1,4 bilhão. Foi lá que as sondas lunares e as sondas Voyager 1 e 2, foram construídas.
A União Astronômica Internacional [International Astronomical Union (IAU)] batizou com seu nome uma cratera de impacto no lado escuro da Lua – como não poderia ser mais conveniente –, a oeste-noroeste da cratera Krylov.
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Vista oblíqua da cratera Parsons, no outro lado da Lua, voltada para o oeste. Fonte: Lunar and Planetary Institute, Lunar Orbiter Photo Gallery Lunar Orbiter 5/NASA.
Jack Parsons, como não poderia deixar de ser, era de linguagem sanguínea nobre, descendente do irlandês Richard Parsons, 1º Conde de Rosse (1702-1741), maçom e membro fundador do Hell-Fire Club. Nascido em Twickenham, Middlesex, Richard, que era filho de outro Richard, o 1º Visconde de Rosse (1657-1703), e de Elizabeth Hamilton, sobrinha de Sarah Jennings, Duquesa de Marlborough, foi um notável libertino, como viria a ser Jack, rebelando-se contra as normas da época. Ele escreveu o livro Dionysus Rising (A Ascensão de Dionísio) depois de uma viagem ao Egito, onde alegou ter encontrado pergaminhos dionisíacos saqueados da Grande Biblioteca de Alexandria antes que este fosse queimado até o chão. Ao retornar a Dublin, Parsons escreveu seu livro baseado nos pergaminhos e fundou um grupo chamado Sacred Sect of Dionysus (Seita Sagrada de Dionísio), que existe até hoje com o nome de Revived Order of Dionysus (ROD), ou Ordem Revivificada de Dionísio, uma ramificação da Maçonaria com sede na Old Absinthe House em Nova Orleans que diz possuir uma das duas únicas cópias conhecidas do livro. A ROD acredita que a Maçonaria é derivada de um culto pré-cristão chamado Dionysiac Architects (Arquitetos Dionisíacos).  
Se Parsons sentia-se à vontade e muito bem colocado no ambiente ocultista, é porque trazia isso no sangue, portanto. Filho único de uma família rica, influente e bem conectada, porém disfuncional, que vivia em uma enorme mansão na “Millionaire Row” de Pasadena, Parsons nasceu em Los Angeles, Califórnia, em 2 de outubro de 1914. Ele foi batizado com o primeiro nome do nome do pai, Marvel H. Parsons (1894-1947), mas sua mãe Ruth Virginia Whiteside (1893-1952) se recusava a chamá-lo assim, preferindo a alcunha "Little Jack".
Sua mãe havia se divorciado dele logo após o nascimento de Jack, quando descobriu que Marvel mantinha um caso com uma prostituta. A criação junto com os avós ricos de sua mãe, fez de Little Jack, como em breve será chamado por todos, uma criança solitária, reclusa e devotada aos estudos, em especial às ciências ocultas, e o imbuiu de um profundo ódio à autoridade e um desprezo por qualquer tipo de interferência em sua atividade. Inspirado por revistas pulp como Amazing Stories e livros de ficção científica de Júlio Verne, logo cedo desenvolveu um interesse por foguetes. Ele se imaginava indo em um foguete para a Lua e via a ciência e a magia como formas de explorar essas novas fronteiras, libertando-se da Terra literal e metafisicamente.
Parsons foi atraído pelo ocultismo, pois ele tinha um conjunto de ambições muito mais elevado e acreditava que a magia rompia com os limites do mundo físico. Ele queria literalmente derrubar as paredes do espaço-tempo e tinha um conjunto de ideias totalmente não científicas sobre como fazê-lo. Ele desenvolveu um interesse mais profundo pela bruxaria e pelo lado sombrio da magia, tornando-se fascinado por poltergeists e aparições fantasmagóricas. Consta em seu diário que com apenas 13 anos de idade, fazendo uso principalmente de trechos do Velho Testamento, do Zohar e do Talmude, teria invocado Satã com sucesso pela primeira vez depois de meses de tentativas frustradas e infrutíferas. Na ocasião dessa primeira aparição de Satã, Parsons confessa ter se acovardado diante daquele que ele tanto buscava. A experiência o deixou tão amedrontado que só retomaria essa seara na idade adulta.
A bolha segura e confortável em que Jack Parsons passou a infância e a adolescência foi quebrada pela Crise Econômica de 1929. As dificuldades financeiras da família o obrigaram a trabalhar nos fins de semana e durante as férias escolares nos escritórios da Hercules Powder Company, onde aprendeu sobre explosivos e sua utilização potencial na propulsão de foguetes.
Junto com o colega de escola Edward "Ed" S. Forman, com quem vinha explorando o assunto de forma independente em seu tempo livre, construiu e testou diferentes foguetes e logo construiu o seu próprio motor de foguete de combustível sólido, ao mesmo tempo em que mantinha intensa correspondência com engenheiros pioneiros de foguetes como o compatriota Robert Hutchings Goddard (1882-1945), o russo Konstantin Eduardovich Tsiolkovski (1857-1935), e os alemães Hermann Oberth (1894-1989), Willy Ley (1906-1969) e Wernher von Braun (1912-1977) – com quem, aliás, passava horas conversando ao telefone.
Após concluir o colégio no verão de 1933, matriculou-se no Pasadena Junior College com a esperança de obter uma graduação tecnológica em Física e Química, mas foi forçado a abandonar depois de apenas um semestre devido a situação financeira crítica da família. Ele ainda tentou obter uma licenciatura em Química na Stanford University, mas novamente foi forçado a abandonar. Parsons, que não era muito bom em matemática, nunca obteve mais do que um diploma do ensino médio.
Embora com limitada educação formal, Parsons demonstrou enorme aptidão, e em 1934, ele e Forman se juntaram a Frank Joseph Malina (1912-1981), futuro engenheiro aeronáutico e pintor. Durante muito tempo, os experimentos foram realizados sem apoio financeiro e feitos de maneira amadora, mas isso não era o suficiente para parar os três. Por conta dos testes com explosivos, o trio ficou conhecido por seu aparente desejo de morte coletiva e foi apelidado de “Esquadrão Suicida”. 
Na véspera do Halloween de 1936, em 29 de outubro, o “Esquadrão Suicida” liderado por Parsons, químico autodidata e mestre das artes das trevas, se reuniu na represa Devil’s Gate em Pasadena, na parte mais estreita do cânion Arroyo Secco, no sopé das montanhas de San Gabriel, perto do local de uma barragem, a cerca de 400 metros do campus da Caltech, para testar um motor de foguete primitivo alimentado por oxigênio e álcool metílico, preso a um suporte. Mas a combustão que eles esperavam não aconteceu. Em vez disso, a mangueira de oxigênio pegou fogo no chão, causando uma mini tempestade de fogo no desfiladeiro.
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Os membros originais do “Esquadrão Suicida” do JPL, em 1936, a partir da esquerda: Rudolph Schott, Amo Smith, Frank Malina, Ed Forman e Jack Parsons. Foto: Cortesia da Caltech.
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Parsons (em jaqueta escura) e seus colegas da GALCIT em Devil's Gate, Arroyo Seco, no Halloween de 1936. Este experimento deu início às atividades do Laboratório de Propulsão a Jato. Foto: NASA-JPL/Caltech.
Esta seria a primeira incursão do “Esquadrão Suicida” na propulsão de foguetes e gerou os rumores de que Parsons, guiado Magia Sexual (Sex Magick), uma prática ritualística planejada pelo líder da O.T.O., havia aberto um portal para o inferno na represa Devil’s Gate (Portão do Inferno). O nome Devil’s Gate se deve a uma rocha escarpada que se parece com o rosto de um demônio com chifres. O túnel é fechado por um portão de ferro e exala um clima aterrador. Uma série de mortes e desaparecimentos de crianças alimenta os rumores de que Parsons teria de fato aberto no local um “portal para uma dimensão infernal”, a atrair caçadores de fantasmas e investigadores paranormais.
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A infame rocha em forma de diabo que deu nome à represa Devil's Gate. Foto de Nikki Kreuzer/The Los Angeles Beat.
Embora o teste na noite de Halloween tenha sido um fracasso, chamou a atenção do físico húngaro-americano Theodore von Kármán (1881-1963), o então diretor dos Laboratórios Aeroespaciais de Pós-Graduação do Instituto de Tecnologia da Califórnia [Guggenheim Aeronautical Laboratory at the California Institute of Technology (GALCIT), criado em 1929] em Pasadena. Liderados por Kármán, os três formaram o Projeto de Pesquisa de Foguetes GALCIT, afiliado à Caltech (California Institute of Technology).
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Theodore von Kármán, então diretor do Laboratório Aeronáutico Guggenheim da Caltech. Foto: LAist.
Sem encontrar financiamento para seus projetos, Parsons trabalhou como uma testemunha especialista em explosivos forenses. Um trabalho forense que lhe proporcionou publicidade na mídia foi o julgamento do capitão Earl Kynette em 1938 pelo atentado cometido contra o investigador particular e ex-detetive da polícia de Los Angeles chamado Harry Raymond, que andava investigando a corrupção no Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) e no governo da cidade.
Em 14 de janeiro daquele ano, Raymond foi ferido por uma bomba que havia sido plantada debaixo de seu carro. Kynette foi apontado como o principal suspeito e julgado por tentativa de homicídio. Parsons foi contratado para construir uma réplica da bomba que permitisse deduzir os explosivos usados ​​para ativá-la e reconstituir a explosão, o que foi vital para a condenação de Kynette.
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Parsons em 1938, segurando a réplica da bomba usada no julgamento do assassinato do policial Capitão Earl Kynette. Fonte: Encyclopedia.
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John Whiteside Parsons posa com sua réplica da bomba caseira usada na tentativa de matar Harry Raymond. Foto do Los Angeles Times de 7 de maio de 1938.
À medida que o interesse de Parsons pelo ocultismo se desenvolvia, seu colega Malina se dirigiu à Academia Nacional de Ciências [National Academy of Sciences (NAS)] para obter financiamento para “propulsão a jato” como um meio de desenvolver aeronaves mais ágeis. Em 1939, o grupo GALCIT recebeu US$ 1.000 (£ 595 no câmbio de hoje), tornando-se o primeiro grupo de pesquisa de foguetes financiado pelo governo na história. Um quarto do financiamento teve que ir para a reparação de danos aos edifícios Caltech causados ​​pelos experimentos do grupo, que acabou sendo forçado a se mudar para alguns galpões de ferro no cânion Arroyo Seco, onde foram observados de perto pelo FBI (Federal Bureau of Investigation ou Birô Federal de Investigação), que procurava se certificar que nenhum extremista político estava tendo acesso os explosivos.
Foram as instalações de testes em Arroyo Seco que mais tarde evoluíram para o JPL, que por sua vez desenvolveria uma associação vital com um projeto de foguete espacial mais avançado proposto pelo Comitê Consultivo Nacional de Aeronáutica (National Advisory Committee for Aeronautics), a NACA, antecessora da NASA. A contribuição deste grupo para o esforço de guerra não pode ser negligenciado, tampouco seus primeiros esforços em engenharia de foguetes que forneceram grande parte do impulso para os posteriores projetos da NASA a partir do final dos anos 50 até o eventual desembarque do homem na Lua.
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O "Esquadrão Suicida" original em 12 de agosto de 1941. Da esq. para a dir.: Fred S. Miller, Jack Parsons, Ed Forman, Frank Malina, Capitão Homer Boushey, Soldado Kobe e Cabo Hamilton. Nota interessante: o filho de Frank Malina, o físico Roger Malina, é casado com a educadora britância Christine Maxwell, irmã de Ghislaine Maxwell, socialite britânica conhecida por sua associação com Jeffrey Epstein. Foto: Encyclopedia.
Mas Parsons estava tomado por ideias extraordinárias que buscavam alturas muito mais elevadas do que meros projetos de foguetes. No mesmo ano de 1939, depois de considerar brevemente o marxismo, Parsons conheceu a Igreja Thelema, o movimento religioso ocultista fundado por Crowley em 1904, e junto com sua primeira esposa, Mary Helen Northrup (1910-2003), com quem se casara em 1935, ingressou na maçônica Agape Lodge, um ramo californiano e “braço armado” da Ordo Templi Orientis (O.T.O.), organização ocultista germânica fundada pelo rico industrial alemão Carl Kellner (1851-1905) em 1903.
Kellner acreditava ter descoberto uma "Chave" que oferecia uma explicação para todo o complexo simbolismo da Maçonaria e dos mistérios profundos da natureza. Em 1895, ele começou a discutir sua ideia de fundar uma Academia Maçônica com seu associado Albert Karl Theodor Reuss (1855-1923), que seria chamada de Ordo Templi Orientis (Ordem Templária Oriental). Tanto os homens como as mulheres seriam admitidos em todos os graus desta Ordem, mas a posse de altos graus maçônicos seria um pré-requisito para a admissão no círculo interno da O.T.O. Devido à regulamentação da Grand Lodge estabelecida, as mulheres não podiam ser feitas maçons, o que parece ter sido uma das razões para que Kellner e seus associados resolvessem criar sua própria ordem a fim de reformar o sistema e permitir a admissão de mulheres.
Com a morte de Kellner em 7 de junho de 1905, Reuss e Franz Hartmann (1838-1912), que havia sido discípulo de Helena Blavatsky (1831-1891) na Índia e fundador da Sociedade Teosófica na Alemanha em 1896, se tornaram os chefes da O.T.O., reformulada em 1925 por Crowley após a sua expulsão da Golden Dawn de acordo com o princípio “Faça o que quiser” da Thelema. Parsons logo se identificou com as propostas da Thelema e com a liberdade sexual única que promovia, como a de incentivar os participantes a trocar de parceiros, isso três décadas antes da revolução sexual.
Em 1935, por ordem de Crowley, o ocultista e mágico cerimonial inglês expatriado Wilfred Talbot Smith (1885-1957) fundou a Agape Lodge Nº 2 e transformou a sua casa em Hollywood na 1746 Winona Boulevard em sua sede. Smith anunciou o fundação de seu grupo em um anúncio na revista American Astrology e imprimiu um panfleto explicando o que era a O.T.O.
Parsons não via nenhum problema em conciliar suas atividades científicas e mágicas, tanto que antes de cada teste de lançamento de foguetes, para desespero de seus colegas, cantava o hino de invocação ao deus grego Pã. Parsons não deu nenhum indício inicial das agitações internas que o levaram a adorar o diabo e levar uma vida dupla extraordinária: cientista respeitado durante o dia, ocultista dedicado à noite.
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O thelemita Wilfred Talbot Smith. Publicado em Martin P. Starr, The Unknown God (Teitan Press, 2003). O livro não especifica a origem da imagem.
Parsons subiu rapidamente na hierarquia, e em março de 1941, foi encarregado pelo próprio Crowley para liderar e tirar da decadência a Agape Lodge que o seu fundador Smith havia transformado em um mero ponto de encontro para orgias de finais de semana. Observando a aptidão natural de Parsons para a magia sexual ritual Thelema, os membros o viam como um potencial sucessor da “Grande Besta”, o próprio Aleister Crowley, a quem Parsons chamava de “Pai Mais Amado”.
No mesmo ano, o grupo GALCIT demonstrou os primeiros foguetes de decolagem movidos por jato.
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Frank Malina (de chapéu e óculos) observa enquanto Von Kárman trabalha nos esboços de um projeto JATO em 1941. Foto: JPL.
Ao mesmo tempo, Parsons começou a ter um relacionamento sexual com a irmã de 17 anos de sua esposa Helen, Sara Elizabeth Bruce Northrup Hollister (1924-1997); sua esposa, por sua vez, começou um relacionamento com Talbot Smith.
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Rara foto de Jack Parsons e Sara "Betty" Northrup pescando. Foto: Alchetron.
Os quatro, junto com outros thelemitas, acabaram se mudando para uma mansão de onze quartos apelidada de “The Parsonage” ("O Presbitério") na 1003 Orange Grove Avenue, em Pasadena, em junho de 1942. Todos contribuíam para o aluguel e viviam comunitariamente no que se tornou a nova base da Agape Lodge. No lote, eles abatiam seu próprio gado para alimentação, bem como para seus rituais de sangue. Parsons converteu a garagem e a lavanderia em um laboratório químico e frequentemente realizava reuniões de discussão de ficção científica na cozinha.
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The Parsonage – 1003 S. Orange Grove. Foto: Pasadena Now.
Apesar de Parsons reconhecer que a maioria dos membros da O.T.O. estava muito mais interessada em orgias banais para a satisfação ordinária de seus desejos – ou quando muito em “uma pseudomanifestação de poder místico por meio da sensualidade” – do que em uma ascensão espiritual autêntica, ele não ficou atrás em matéria de orgias ao promover concorridos rituais de magia sexual na mansão, frequentada por uma variedade de boêmios e excêntricos, entre eles o jornalista Nieson Himmel, fã de ficção científica, o físico e engenheiro Robert Alden Cornog (1912-1998), físico e engenheiro que ajudaria a desenvolver a bomba atômica ao integrar o Projeto Manhattan, e o oficial da Marinha durante a Segunda Guerra Mundial e escritor de ficção científica Lafayette Ronald Hubbard, mais conhecido como L. Ron Hubbard (1911-1986), o futuro fundador da Cientologia, uma religião que ensina que as entidades alienígenas não só são responsáveis pela utilização de seres humanos como avatares, como os usam para fazer o mal.
As drogas (álcool, maconha, cocaína, anfetaminas, peiote, mescalina e opiáceos) fluíam livremente, assim como os parceiros sexuais. Crowley chamava o casamento de “uma instituição detestável”, e Parsons usou essa justificativa para explicar seus desejos sexuais insaciáveis. A pousada atraiu atenção negativa, com a polícia e o FBI recebendo alegações de que abrigava um culto praticante de orgias sexuais e magia negra – embora, após a investigação, não tenha sido considerado uma ameaça à segurança nacional. Rumores davam conta de bestialismo, mulheres grávidas dançando nuas através de aros de fogo cerimonial e crianças inocentes sendo violadas e sacrificadas por magos envergando sinistros mantos negros.
Em 1942, o grupo GALCIT fundou a Aerojet para continuar a desenvolver foguetes deste tipo, com Parsons como engenheiro de projetos. Uma das principais inovações do grupo foi o desenvolvimento do Jet-Assisted Take Off (JATO) para o US Air Corps, com Parsons desenvolvendo um combustível sólido de foguete de queima restrita que era estável o suficiente para ser armazenado indefinidamente. Parsons convencera o governo de que o foguete poderia ser útil em tempos de guerra e sua tecnologia do motor e o combustível foram comercializados por meio da Aerojet. Versões desse combustível foram eventualmente usadas pela NASA no ônibus espacial, bem como em mísseis balísticos militares. e formou um negócio de sucesso chamado Aerojet. Em 1943, o Exército dos Estados Unidos encomendou 2.000 foguetes da empresa.
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Parsons em pé acima de um propulsor JATO no JPL em junho de 1943. Foto: Encyclopedia.
A devoção absoluta e obsessiva de Parsons a Satã – a quem definia como “a força motriz que move o submundo de energia espiritual e também física” – ia tão longe que até mesmo os seus pares mantinham os dois pés atrás em relação a ele. Parsons passou a realizar evocações de entidades por meio do vodu, que considerava o mais violento e eficaz dos meios para estabelecer contato com os espíritos infernais. Os membros da Agape Lodge chegaram a escrever uma carta a Crowley reclamando da atmosfera aterradora criada por seu líder nos cultos da O.T.O., a quem acusavam de ter transformando as práticas de magia sexual tradicionais da Thelema em experiências tão assustadoras e perigosas quanto aquelas praticadas nos cultos a Inanna, a grande prostituta da Babilônia, as mais obscuras do cabalismo. Esse ritual requeria que o iniciado na O.T.O. visualizasse a árvore da vida com suas 10 esferas e suas 22 partes interconectadas, e caso fosse aprovado no Juramento do Abismo, tornava-se Irmão Negro da Cabala.
Os novos acionistas majoritários da Aerojet o expulsaram em 1943 porque desaprovavam seus “métodos de trabalho pouco ortodoxos e inseguros”, atestados pelo FBI após uma série de investigações sobre seu envolvimento com o ocultismo, drogas e promiscuidade sexual. Em resposta, Parsons e Forman fundam a Ad Astra Engineering Company, nome baseado em um dos provérbios latinos preferidos de Parsons: “ad astra per aspera”, que significa, literalmente, “pelas dificuldades, aos astros”, ou, em tradução livre, “alcançar a glória por caminhos árduos, espinhosos”.
No mesmo ano, o governo dos Estados Unidos ouviu que a Alemanha nazista estava desenvolvendo o foguete V-2 e então deu ao grupo de pesquisa de foguetes GALCIT, agora sem Parsons, recursos para desenvolver armas baseadas em foguetes. A Aerojet foi então renomeada como Laboratório de Propulsão a Jato [Jet Propulsion Laboratory (JPL)], tornando-se uma instalação formal do Exército dos Estados Unidos sob contrato da Caltech.
Em 1945, Jack Parsons ainda era o sumo sacerdote da Loja Ágape de Crowley, em Pasadena, onde L. Ron Hubbard se juntou a ele. Impressionado com a exuberância e energia de Hubbard, Jack escreveu uma carta falando sobre ele a Crowley: “Deduzi que ele está em contato direto com alguma inteligência superior. Ele é a pessoa mais ‘thelêmica’ que já conheci e está de acordo com nossos próprios princípios.” Ele logo foi iniciado nos segredos da O.T.O. e se tornou o parceiro mágico de Parsons, recebendo o nome de “Frater H”. Juntos, Parsons e Hubbard criaram um sórdido esquema de magia sexual chamado “Trabalho de Babalon” para trazer o Anticristo e o Apocalipse.
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L. Ron Hubbard, de escoteiro a fundador da Cientologia. Foto: Cision PRweb.
A “Manifestação de Babalon” era o feito satânico mais perseguido por Parsons desde que lera em 1940 na revista pulp Unknown a versão original do conto “Darker than you think”, de Jack Stewart Williamson (1908-2006), protagonizado por uma mulher de cabelo escarlate que monta uma grande besta. Parsons identificou a ruiva com Babalon, a “Scarlet Woman” (“Mulher Escarlate”), a consorte da Grande Besta 666, que pela profecia de Crowley daria à luz a um “Messias Thelêmico” ou “Moonchild”, nome de um romance escrito por Crowley em 1917 e publicado pela primeira vez pela Mandrake Press em 1929 cuja trama envolve uma guerra mágica entre magos brancos e negros por causa de uma criança ainda não nascida. O “Filho da Lua”, um veículo humano para uma “semente demoníaca”, não muito diferente do “Bebê de Rosemary”, inauguraria o Aeon (Era) de Hórus e encerraria a de Osíris, representado pelo cristianismo, pelas demais religiões patriarcais – “inimigas da civilização” – e pelos homens e instituições a eles subordinados. Babalon, a contraparte Thelêmica de Kali ou Ísis, foi descrita por Parsons como sendo ao mesmo tempo “...negra, homicida e horrível, abençoada e reconfortante, reconciliadora dos opostos, a apoteose do impossível”.
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No livro do Apocalipse 17:3-5, a Babilônia é retratada como a "A mãe das prostitutas e das abominações da terra": "E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua fornicação; E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra." O Apocalipse prediz que no fim dos tempos, a Babilônia (então uma das maiores cidades da Mesopotâmia, parte da cultura suméria), ficará nua e sua carne será comida e queimada no fogo.
Na Thelema de Crowley, que se baseou nessa passagem do Apocalipse, Babalon era, ou pelo menos representava, a própria Terra. Imbuído de um certo gnosticismo, Parsons referia-se a Babalon como "Sophia" e acreditava que ela era a personificação da sabedoria, alguém que desempenhara um papel fundamental na criação do universo e da humanidade. No mito de Sophia, ela deu à luz muitos seres malignos enquanto estava presa no submundo. Um desses seres foi o demiurgo, que criou este nosso falso mundo e lhe conferiu todas as suas más qualidades. Sophia ajudou a devolver a luz ao mundo, e quando o demiurgo criou Adão, ela ocultou a consciência do primeiro homem, apenas devolvendo-a ao mundo por meio da primeira mulher, Eva. Ou seja, embora Sophia fosse de fato a mãe das "abominações" na Terra, o gnosticismo a pinta como uma figura materna sábia e benevolente.
O mais provável, no entanto, é que Crowley tenha criado o termo Babalon a partir de Babalond, proveniente do idioma enoquiano e que se traduz como "prostituta", até porque Crowley realizava invocações dentro do sistema de magia enoquiana, conforme registrado em seu livro The Vision and The Voice (Liber 418) [A Visão e a Voz (Livro 418)], de 1911, em que narra a sua jornada mística enquanto explorava os 30 étires enoquianos originalmente desenvolvidos por John Dee (1527-1608) e Edward Kelley (1555-1597) no século XVI. De todas as suas obras, Crowley considerou este livro o segundo em importância atrás apenas do Livro da Lei, o texto que estabeleceu seu sistema religioso e filosófico de Thelema em 1904.
Crowley provavelmente escolheu esta grafia em particular para o nome de Babalon por sua significância cabalística. Trocando-se a letra Y por um A, o termo "al" surge no centro da palavra. A palavra também separa-se silabicamente (em Inglês) em Bab-al-on. Bab é o termo em árabe para "porta" ou "portal". AL é uma das chaves para a compreensão do Livro da Lei, bem como um dos títulos cabalísticos de Deus, significando "O Um", em hebraico. On é o nome egípcio para a cidade conhecida pelos gregos como Heliópolis, a cidade das pirâmides. Pelo sistema de numerologia hebraica conhecida como gematria, o nome Babalon soma 156, número de quadrados em cada uma das tabelas elementais do sistema de magia enoquiana de John Dee e Edward Kelly. Estas tabelas são, por si, identificadas com a Cidade das Pirâmides, sendo cada quadrado a base de uma pirâmide.
Mesmo com sua amante Sara trocando-o por Hubbard, a quem conheceu na O.T.O. em 1945, Parsons seguiu trabalhando com ele nos rituais Babalon na tentativa de fazer com que o espírito da deusa Babalon, "A Mãe das Abominações", encarnasse em Sara.
Para realizar o trabalho de Babalon, exigia-se a quebra das barreiras do tempo e do espaço. O impossível era precisamente o que Parsons, o cientista-mago ou o mago-cientista, tinha em mente. Entrevendo na bomba atômica o instrumento que quebraria essas barreiras e abriria as portas para outras dimensões, Parsons iniciou o físico, filho de imigrante judeu alemão, Robert Oppenheimer (1904-1967), assim como seus amigos físicos atômicos judeus do Los Alamos National Laboratory, não muito distante da base de lançamento de foguetes em Pasadena, sendo que muitos cientistas do S-1 Uranium Committee, do Comitê de Pesquisa de Defesa Nacional (National Defense Research Committee), que mais tarde evoluiu para o Projeto Manhattan, já eram ligados ao ocultismo, mais propriamente com a Cabala. Uma foto tirada em um recinto do clube satanista Bohemian Grove em 14 de setembro de 1942, mostra vários cientistas do S-1 Uranium Committee ali reunidos, entre eles Julius Robert Oppenheimer, o químico Harold Clayton Urey (1893-1981), o cientista nuclear e Prêmio Nobel de Física de 1939 (por sua invenção do cíclotron ou acelerador de partículas) Ernest Orlando Lawrence (1901-1958), o químico James Bryant Conant (1893-1978), o engenheiro e físico Lyman James Briggs (1874-1963), o químico Eger Vaughan Murphree (1898-1962), o físico Prêmio Nobel de Física de 1927 Arthur Holly Compton (1892-1962) e o físico britânico-canadense-americano Robert Lyster Thornton (1908-1985).
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O S-1 Comitê de Urânio do Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento Científico [Office of Scientific Reasearch and Development (OSRD)] reunido em Bohemian Grove. Da esquerda para a direita: Major Thomas T. Crenshaw, Julius Robert Oppenheimer, Harold Urey, Ernest Orlando Lawrence, James Bryant Conant, Lyman James Briggs, Eger Vaughan Murphree, Arthur Holly Compton, Robert Lyster Thornton e Coronel K. D. Nichols. Foto de Donald Cooksey.
O Laboratório Nacional de Los Álamos, no estado do Novo México, é uma instituição federal coordenada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos e gerido pela Universidade da Califórnia. Criado em 1942, o Laboratório funcionou como centro secreto para o desenvolvimento das três primeiras armas nucleares, e seu primeiro diretor científico foi Oppenheimer, o qual teve como auxiliares mais próximos o general Leslie Richard Groves (1896-1970), um oficial do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos que supervisionou a construção do Pentágono e dirigiu o Projeto Manhattan, e o físico Ernest Orlando Lawrence (1901-1958). Um outro cientista que trabalhou na equipe foi o físico judeu de origem húngara Edward Teller (1908-2003), que havia emigrado para os Estados Unidos.
Em 16 de julho de 1945, a primeira bomba atômica com o nome em código “Trinity” explodia em Alamogordo, cidade situada no condado de Otero, no Novo México, a 48 quilômetros de Socorro, perto de um lugar chamado “Estrada da Morte” (La Jornada del Muerto), no paralelo 33 (33º 40’38”N), na linha de Mísseis de White Sands, irradiando o que a Cabala chama de “força demoníaca do fogo”. Oppenheimer recordou mais tarde que ao testemunhar a explosão, lhe veio à mente um verso do texto sagrado hindu Bhagavad Gita, parte do poema épico indiano Mahabharata, datado do século IV a.C.: “Tornei-me a Morte, Destruidora de mundos.” No exato local da explosão abriu-se uma cratera de vidro radioativo de 3 metros de espessura e 330 m de diâmetro. As montanhas da região foram fortemente iluminadas por cerca de 2 segundos, o calor foi tão intenso que a onda de choque foi sentida a mais de 160 km, e o cogumelo atômico chegou a 12 km de altura. Tempos depois, no hipocentro da explosão, foi erguido um obelisco de lava solidificada com cerca de 3,65 m de altura.
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Em 16 de julho de 1945, a Era Atômica começou com a detonação da primeira bomba atômica. Os cientistas do Projeto Manhattan detonaram o primeiro dispositivo atômico às 5h29, na Jornada del Muerto, no deserto do Novo México. Para o teste do Projeto Trinity, a bomba foi colocada no topo de uma torre de aço de 30,48 m de altura designada como Zero. O Marco Zero ficava ao pé da torre. Equipamentos, instrumentos e pontos de observação foram estabelecidos a distâncias variadas do Marco Zero. Os abrigos de observação de madeira eram protegidos por barricadas de concreto e terra, e o ponto de observação mais próximo ficava a 9,17 km do Marco Zero. Um incrível flash de luz iluminou o céu quando a temperatura do ar subiu para mais de 4.982º C. Em segundos, testemunhas viram a primeira nuvem em forma de cogumelo já criada por armas atômicas. Uma nuvem multicolorida subiu 11,58 km no ar em sete minutos. Onde antes ficava a torre, surgiu uma cratera de 804 m de diâmetro e 2,43 m de profundidade. A areia na cratera foi fundida pelo calor intenso em um sólido semelhante ao vidro, da cor do jade verde. Este material recebeu o nome de trinitita. O ponto de explosão foi nomeado Trinity Site. Foto: Departamento de Energia dos EUA.
Em seu livro Sociedades Secretas e Guerra Psicológica [Secret Societies and Psychological Warfare, Dresden (NY), Wiswell Ruffin House, 1992], o pesquisador de ocultismo e sociedades secretas norte-americano Michael Anthony Hoffman II (1957-), refere-se ao seu conterrâneo e igualmente pesquisador de ocultismo James Shelby Downard (1913-1998), segundo o qual um feto Golem, conhecido na alquimia como um “homúnculo”, estava dentro do gigantesco cilindro apelidado de “Jumbo” pelos trabalhadores da construção civil, colocado perto do “março zero” em 16 de julho de 1945, imediatamente antes da explosão da “Trinity”, a primeira bomba atômica (criação e destruição da matéria primordial) em Alamogordo, Novo México (“The Land of Enchantment” ou “A Terra do Encantamento”, epíteto dado em setembro de 1935 por Joseph A. Bursey, diretor do State Tourist Bureau, que desenhou um folheto usando esta frase).
O governo dos Estados Unidos nunca ofereceu uma explicação convincente para o propósito da cápsula de 7,62 metros de comprimento, 3,05 metros de diâmetro, paredes com 35,6 cm de espessura de puro aço e peso total 194 toneladas, fabricada sob medida em uma usina siderúrgica do leste e transportada em um grande caminhão de 64 rodas. Oficialmente, a ideia era detonar a bomba próximo ao Jumbo, que seria uma espécie de contenção ao plutônio, que podia vir a ser reutilizado, já que os militares não queriam desperdiçá-lo por ser muito caro na época, como é ainda hoje.
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Jumbo, o gigantesco cilindro que conteve um homúnculo ou feto Golem para ser irradiado junto com a detonação da primeira bomba atômica no marco zero. Foto: Aeroflap.
Parsons e Hubbard estavam obcecados com a ideia de que este cilindro tinha sido um meio de animar radioativamente um feto Golem, conhecido na alquimia como um “homúnculo”, e que este homúnculo representou a primeira criação de vida artificial na Terra desde a criação do rabino, talmudista e matemático austríaco Judah Löw Ben Bezaleel, mais conhecido por Rabino Löw (1525-1609), que completou a iniciação oculta de John Dee em Praga, onde este aprendeu gematria, a prática cabalística de substituir números pelas letras de uma palavra para obter seu significado oculto. Como já vimos, Dee chamou a essa linguagem do crepúsculo de “enoquiana”, e ocultando seu jargão cabalístico, afirmou que “anjos” haviam revelado a ele e a seu assistente Edward Kelley, “grandes tábuas com letras incomuns” que formavam a língua mais antiga de todas, a “língua dos anjos”, que consiste em “uma série de palavras sagradas”. Parsons era um avatar dessa linguagem e sua loja O.T.O. transmitiu a mesma gnose que Dee havia recebido.
O feto teria sido irradiado com a explosão do teste da primeira bomba atômica no Novo México. Parsons, em obediência cega a Lúcifer, usou o feto para testar o fenômeno luciferiano que os cabalistas costumam chamar de “a força demoníaca do fogo atômico”. Na tradição interna da O.T.O., explicou Hoffman, “ a energia nuclear é considerada uma forma de consciência diabólica, uma entidade demoníaca literal por direito próprio”. Hoffman cita Aleister Crowley que alegoricamente chamou-o de um poderoso ser: “...os mágicos procuraram fazer este homúnculo... eles começaram a tentar fazer o homúnculo em linhas muito curiosas... Além disso, e isso é o ponto crucial, eles pensaram que, ao realizar este experimento em um lugar especialmente preparado, um lugar magicamente protegido contra todas as forças incompatíveis, e invocando naquele lugar alguma força que eles desejavam, algum ser tremendamente poderoso – e eles tinham conjurações que eles pensavam ser capazes de fazer isso – viria a causar a encarnação de seres de infinito conhecimento e poder que levariam o mundo inteiro em direção da Luz e da Verdade.”
Este lugar mágico, “protegido de todas as forças incompatíveis”, foi Alamogordo, no Novo México, a “Terra do Encantamento”, protegido da histeria da guerra sob o estado de segurança nacional.
Hoffmann prossegue esclarecendo que a gênese desse homúnculo irradiado pelo fogo atômico foi inspirada na enigmática sigla “INRI” de Albert Pike, grau 33 e Soberano Grande Comendador da jurisdição do sul do Rito Escocês no século XIX: Igne Natura Renovatur Integra (“Nascer pelo Fogo Renova a Vida”). Esta é uma paródia da sigla INRI pregada na Cruz acima de Cristo: Iesus Nazaraeus Rex ludaeorum (“Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”).
A matéria morta animada (homúnculo) era a da O.T.O., a “Criança do Novo Aeon” simbólica, a “Criança da Lua” da Terra da Morte (Egito), ou seja, Hórus, filho de Ísis, “o Bebê de Rosemary”. A doutrina da O.T.O, refletindo a antiga tradição ocultista, afirma que somente mantendo a primeira animação do homúnculo encarnada na terra, poderia adulterar a natureza avançando para o estado de engenharia genética, clonagem e bestialidade do xenotransplante (processo de transferir cirurgicamente um tecido de uma espécie para outra distinta) que se tornaram práticas usuais da ciência. Parsons, Hubbard e a O.T.O., em associação com outros cientistas do Laboratório Nacional de Los Álamos, da JPL, da Caltech e da Aerojet, estavam envolvidos em eventos científicos e cerimoniais destinados a manter esse homúnculo vivo na terra.
O portal aberto com a explosão da primeira bomba atômica, teria sido ampliado por Parsons e seu parceiro Hubbard (que na ocasião usava o pseudônimo “Frater H”) em 1946 com o trabalho de Babalon propriamente dito, que buscava trazer a este plano astral a própria deusa Babalon. Estes que foram considerados os rituais cabalistas mais pesados já realizados, tiveram início em 1º de março de 1946 na mansão de Parsons, "o Presbitério". Parsons escreveu um relato bastante detalhado do “Magnum Opus”, que começou com Hubbard afirmando: "O ano de Babalon é 4063. Ela é a chama da vida, o poder das trevas, ela destrói com um olhar, ela pode levar tua alma. Ela se alimenta dos (fins) dos homens. Bela e horrível." No terceiro dia, Hubbard e Parsons integraram fluidos reprodutivos nos rituais: "Estenda um lençol branco. Coloque sobre ele o sangue do nascimento... pense nas coisas obscenas e lascivas que você não poderia fazer. Tudo é bom para Babalon... A luxúria é dela, a paixão é sua. Considere tu, a Besta [violando]." No dia seguinte, Hubbard presidiu um "frenesi sexual" entre ele e uma mulher que havia sido recrutado para as cerimônias. Ao longo de duas semanas, Hubbard e Parsons tentaram introduzir a criança astral no mundo, os dois envolvidos em cânticos rituais, desenhando símbolos ocultos no ar com espadas, pingando sangue animal em runas e se divertindo para "impregnar" tabuletas mágicas.
Em uma das façanhas mais célebres da história do satanismo, Parsons se tornou um irmão negro da Cabala, mago negro do caminho da mão esquerda da tradição do judaísmo místico, convertendo-se no próprio mal. De acordo com Hubbard, durante o ritual, Parsons abriu um buraco no espaço-tempo, um portal interdimensional, e algo maligno saiu de lá.
Por esse portal é que muitos pensam teriam chegado os OVNIs que inauguraram a Era Moderna dos Discos Voadores um ano e meio depois, em 24 de junho de 1947, com o avistamento do piloto Kenneth Arnold (1915-1984) sobre as Montanhas Cascade no estado de Washington, e alguns dias depois, no começo de julho, com até mesmo a queda e a captura de um deles em Roswell, no Novo México. Não é à toa que para certos círculos oficiais, Parsons seria a figura-chave que explicaria não só o surgimento do Fenômeno OVNI na segunda metade do século XX, como também revelaria a sua origem demoníaca. Numa certa ocasião, Parsons e Hubbard passaram cerca de 40 dias no Deserto de Mojave, região situada ao sul da Califórnia, sudoeste de Utah, sul de Nevada e noroeste do Arizona, realizando ostensivamente rituais de invocação de alienígenas baseadas nas do próprio Crowley e que anos depois seriam praticados pelos ufólogos sem que tivessem a noção de que não estariam fazendo mais do que replicar o modus operandi dos satanistas. E como já vimos no capítulo anterior, esta não foi a primeira vez em que um portal dimensional teria sido intencionalmente aberto.
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Kenneth Arnold, que relatou ter avistado nove objetos circulares perto do Monte Rainier em 24 de junho de 1947, inaugurando a Era Moderna dos Discos Voadores, visto aqui em foto de 1966. Foto: Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
O portal aberto por Crowley se ampliou desde então, graças às explosões nucleares e aos “ajustes” herméticos adicionais de Parsons. Crowley e seus amigos tiveram sucesso em abrir esses portais, mas falharam no fechamento deles. O que seus esforços podem ter conseguido foi a ampliação drástica e a destruição de um portal mágico existente e o subsequente não fechamento dele. Talvez o rasgo que eles criaram não tenha sido possível fechar.
No início de 1946, Hubbard e Sara convenceram Parsons a abrir um negócio juntos, comprando iates na Costa Leste e navegando com eles para a Califórnia para vendê-los com lucro. Eles estabeleceram uma parceria comercial em 15 de janeiro sob o nome de “Allied Enterprises”, com Parsons investindo um capital de US$ 20.000 (e que consistia em todas as suas economias), Hubbard acrescentando US$ 1.200 e Sara não contribuindo com nada. Hubbard e Sara partiram para a Flórida no final de abril, com Hubbard levando consigo US$ 10.000 retirados da conta da Allied Enterprises para financiar a compra do primeiro iate da parceria. Semanas se passaram sem notícias de Hubbard, que fugiu levando consigo o dinheiro.
Parsons inicialmente tentou obter reparação por meios mágicos, realizando um “Ritual de Banimento do Pentagrama” para amaldiçoar Hubbard e Sara, mas depois recorreu a meios mais convencionais para obter a reparação, processando o casal em 1º de julho no Circuit Court em Dade County. Parsons acusou Hubbard e Sara de quebrar os termos de sua parceria, dissipar os bens e tentar fugir. O caso foi resolvido fora do tribunal onze dias depois, com Hubbard e Sara concordando em reembolsar parte do dinheiro de Parsons enquanto mantinham um iate, o Harpoon, para eles. O barco logo foi vendido para aliviar a falta de dinheiro do casal. Sara conseguiu dissuadir Parsons de pressioná-los, ameaçando expor seu relacionamento anterior, que começou quando ela era ainda menor de idade. Hubbard e Sara se casaram no meio da noite de 10 de agosto de 1946 em Chestertown, Maryland, isso enquanto Hubbard ainda não tinha se divorciado legalmente de sua primeira esposa, Margaret Louise “Polly” Grubb (1907-1963).
Em suma, Parsons perdeu a maior parte de sua forturna no golpe, a empresa se desfez, e Hubbard e Sara fundaram juntos uma nova religião, a Cientologia, baseado em tudo o que tinham aprendido com Parsons e a Thelema.
Sara, uma figura importante no ramo de Pasadena da O.T.O., onde era conhecida como “Soror (Irmã) Cassap”, desempenharia um papel importante na criação de Dianética, que evoluiria para o movimento religioso da Cientologia, a “ciência moderna da saúde mental” de Hubbard. Ela foi a auditora pessoal de Hubbard e, juntamente com ele, um dos sete membros do Conselho de Administração da Fundação de Dianética. No entanto, o casamento foi seriamente perturbado. Hubbard iniciou uma campanha prolongada de violência doméstica contra ela e a sequestrou e sua filha pequena. Hubbard espalhou alegações de que ela era uma agente secreta comunista e a denunciou repetidamente ao FBI, que se recusou a tomar qualquer atitude, categorizando Hubbard como um “caso de patologia mental”. O casamento terminou em 1951 e gerou manchetes escandalosas nos jornais de Los Angeles. Posteriormente, ela se casou com um dos ex-funcionários de Hubbard, Miles Hollister, e se mudou para o Havaí e depois para Massachusetts, onde morreu em 1997.
A traição de Betty e sobretudo de Hubbard deixará uma marca indelével na alma de Parsons. Após este incidente, ele se desligou da O.T.O. Sua busca mágica continuou na solidão, concentrando-se no realizando um ritual de quarenta dias chamado "Oath of the Abyss" ('Juramento do Abismo"), que Parsons descreverá mais tarde como "loucura e terror". Ele fazia rituais usando pentagramas, escrituras obscuras e sua “varinha mágica” para criar um vórtice de energia para que o elemental fosse convocado. Sem eufemismos, Parsons se masturbava em “tabletes mágicos” ao som do Segundo Concerto para Violino do russo Serguei Sergueievitch Prokofiev (1891-1953) em nome do avanço espiritual, enquanto Hubbard (referido como “O Escriba” no diário do evento) examinava o plano astral em busca de sinais e visões.
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Rara foto de Jack Parsons tirada na época em que conheceu Marjorie Cameron.
Quando a atriz Marjorie Cameron (1922-1995), uma flamejante ruiva de olhos verdes visitou Parsons em sua mansão “The Parsonage” em 18 de janeiro de 1946, uma sexta-feira, logo em seguida à finalização da série de rituais Babalon, Parsons imediatamente pensou que suas tentativas de evocar sua mulher perfeita haviam funcionado e viu nela a Mulher Escarlate almejada, a deusa Babalon em forma humana que daria à luz um “Moonchild” ou homúnculo que nas palavras de Crowley seria “mais poderoso do que todos os reis da terra”.
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A "ruiva escarlate" Marjorie Cameron em relação tórrida com Jack Parsons. Foto: Cameron-Parsons Foundation.
Ambos sentiram uma atração imediata e irresistível um pelo outro e passaram a viver juntos. Durante duas semanas, ficaram trancados no quarto de Parsons onde realizaram “rituais de magia sexual”. Em uma carta a Crowley datada de 23 de fevereiro de 1946, Parsons exclamou: “Eu tenho o meu elemental! Ela chegou uma noite após a conclusão da operação e tem estado comigo desde então.” Cameron não fazia ideia de que ela havia sido “invocada” dessa forma. Ela se tornou sua musa e foi tema de um livro de poesia que Parsons escreveu na época. Em outubro do mesmo ano, se casaram.
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Jack Parsons com segunda esposa Marjorie Cameron, a "Mulher Escalate". Note o objeto preto na mesa que parece um disco voador. Foto: Cameron-Parsons Foundation.
Marjorie Cameron contou à sua colega de profissão em Hollywood, a atriz austríaca Renate Druks (1921-2007), a respeito de seu batizado cabalista no rito babilônico, o qual se realizou na presença de Hubbard. A operação foi formulada para abrir um portal interdimensional, estendendo o tapete vermelho para o aparecimento da deusa Babalon em forma humana empregando as chamadas Enochianas (linguagem angelical) do mago elisabetano John Dee e a atração da força sexual da cópula para este fim.
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Nos anos 40, Cameron ingressou na Marinha dos Estados Unidos, onde desenhou mapas para almirantes e trabalhou em uma unidade fotográfica durante a Segunda Guerra Mundial. Cortesia da Cameron-Parsons Foundation.
Renate atuaria em 1954 no média metragem de 38 minutos Inauguration of the Pleasure Dome, que reflete o profundo interesse de seu roteirista e diretor, o cineasta underground Kenneth Anger (1927-), pela Thelema, conforme atestado pela presença da própria Marjorie Cameron no papel da “Mulher Escarlate”, isso mesmo, enquanto Renate fez o papel de Lilith e a famosa escritora pornográfica Anaïs Nin (1903-1977) o de Astarte. O conceito de Crowley de uma festa de máscaras ritual onde os participantes se vestem como deuses e deusas serviu de inspiração direta para o filme em que personagens históricos, bíblicos e míticos se reúnem na cúpula do prazer e se tornam parte de um banquete visual de imagens sobrepostas, alucinações e decadência. A Mulher Escarlate, Prostituta do Céu, fuma um baseado grande e gordo. Lady Kali abençoa os ritos dos filhos da luz enquanto o Senhor Shiva invoca a divindade com a fórmula “Força e Fogo”.
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Marjorie Cameron interpretando a si mesma, a "Mulher Escarlate", no filme Inauguration of the Pleasure Dome, de Kenneth Anger.
Marjorie conta que durante a cerimônia de sua iniciação na Thelema, Jack foi possuído pelo espírito do Anticristo e no mesmo momento manteve relações sexuais com ela, que engravidou gerando aquilo que a Cabala chama de “Golem”. A Cabala ensina que a matéria morta pode ser reconduzida à vida, como um Golem, por meio de encantamentos e mantras ocultistas, e que “Ele [Adão] foi trazido à vida pelo sopro de Deus, mas antes disso, ele era chamado de Golem (Golan). Deus o criou do mais fino barro retirado, segundo a tradição judaica, do topo de Monte Sião, considerado o centro ou umbigo do mundo.”
Ao seu antigo professor, Parsons contou que o feto foi abortado e retirado do ventre de Cameron, e o “tecido fetal” entregue a agentes do governo, que, acreditava a O.T.O., tinham custódia do homúnculo. Que uso preciso foi feito dos restos mortais do bebê abortado são desconhecidos.
Cerca de dois anos depois, em 31 de outubro de 1948, Parsons contou a Marjorie que o Golem havia sobrevivido, e que era uma menina. Parsons proclamou o aspecto espiritual desta encarnação de “Babalon” como uma afinidade entre ela e o movimento de libertação das mulheres, que esse tempo estava em sua infância. Ele escreveu: “Seu espírito está dentro de todas as mulheres para proclamar sua igualdade com os homens”. Segundo Parsons, ela se tornaria uma figura pública internacional dedicada a levar a cabo o trabalho do Anticristo: “Babalon está encarnado na Terra hoje, aguardando a hora certa de sua manifestação...” Naquele ano, Jack Parsons batizou a si mesmo com o nome ocultista de Belarion Armillus Al Dajjal, que significa “o Anticristo”. Esse cabalista entendia que Jesus Cristo e o Cristianismo eram inimigos do desenvolvimento da civilização humana, e, portanto, deviam ser banidos.
Com o início da Guerra Fria e o macarthismo em curso, todos os acadêmicos suspeitos de serem simpatizantes do comunismo foram excluídos e muitos de seus colegas perderam o certificado de segurança, acabando desempregados. Em 1951, Parsons perdeu o seu e quase foi processado por traição por passar documentos sigilosos de seu então empregador, a Hughes Aircraft Co. [pertencente ao aviador, engenheiro aeronáutico, industrial, produtor e direitor de cinema Howard Robard Hughes Jr. (1905-1976)], para o nascente governo israelense com quem estava negociando um foguete. Parsons foi investigado pelo FBI, acusado de espionagem pelo governo norte-americano e impedido de trabalhar com foguetes. Ele não foi considerado culpado, mas sua carreira científica terminou. Ele se viu obrigado a ganhar dinheiro como trabalhador braçal, auxiliar de hospital e mecânico de automóveis. Tendo sido expulso da ciência, Parsons tornou-se ainda mais profundamente arraigado no ocultismo.
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Documento confidencial do FBI de novembro de 1950 sobre alegações de espionagem contra Parsons. Fonte: Encyclopedia.
Algo deu errado, porém. O tapete vermelho foi estendido, mas a criança física não foi concebida. Em 13 de abril de 1951, Parsons e Cameron realizaram um estranho ritual que misturava o rito de invocação a Babalon e a cerimônia tradicional do casamento pagão, o Handfasting. Ali, naquela sombria sexta-feira 13, foi semeado no ventre da Mulher Escarlate o Anticristo espiritual, não encarnado. Marjorie, que mais tarde participaria do movimento iconoclasta e contracultural do sul da Califórnia, declarou que Parsons, possesso pela entidade Belarion Armillus Al Dajjal, o “Anticristo”, tentou engravidá-la sexualmente.
A devotada vida de Parsons chegou ao fim com um estrondo monumental pouco mais de um ano depois, em 17 de junho 1952. Pouco antes de uma viagem planejada para o México, Parsons recebeu uma grande encomenda de explosivos para um filme. Outrora um titã em sua área, Parsons passou seus últimos dias aplicando suas habilidades na criação de pirotecnia e explosivos para a indústria cinematográfica, mais especificamente para a Special Effects Corp. Enquanto Marjorie fazia compras para as férias planejadas, Parsons preparava o pedido em seu laboratório doméstico na 1071 South Orange Grove, antiga fazenda Cruikshank, um terreno na Millionaires Row, repleto de compostos e produtos químicos voláteis, quando acidentalmente, segundo a versão oficial da polícia, deixou cair um tubo de mercúrio e explodiu a si mesmo em pedacinhos.
A explosão mortal que foi sentida a um quilômetro de distância, destruiu o laboratório na garagem de Parsons, danificando seu braço direito e quebrando o outro braço e as duas pernas e deixando um buraco em sua mandíbula. Em meio aos destroços, havia páginas espalhadas, cobertas por símbolos como pentagramas e textos escritos em idiomas desconhecidos. Ele morreu 45 minutos depois.
Não houve funeral para Parsons. Quando sua mãe ouviu a notícia, ela ficou tão atormentada que se juntou a ele na morte, engolindo um frasco de pílulas para dormir. Apesar das especulações de suicídio ou assassinato, a polícia considerou a sua morte como um acidente. Várias teorias sugerem que a explosão foi resultado de velhos rancores de seus inimigos, uma conspiração sinistra do FBI, um experimento mágico-científico que deu errado, o fato de sua garagem estar repleta de produtos químicos explosivos ou uma combinação de algumas delas. O FBI rapidamente entrou em cena e misteriosamente apreendeu todos os seus registros e notas, que permanecem “classificados” até hoje. Entre os seus pertences, havia uma caixa preta quadrada coberta de símbolos mágicos, cujo paradeiro é totalmente desconhecido.
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A foto da misteriosa caixa preta coberta de símbolos ocultistas provavelmente apreendida pelo FBI em foto do jornal LA Herald Express de 18 de junho de 1952. Fonte: Caltech.
A despeito de tantas e tão elevadas ambições herméticas, as vidas de Crowley, Parsons e Hubbard tiveram um fim trágico, afinal de contas. Crowley morreu como um pobre viciado em heroína em 1º de dezembro de 1947, e Hubbard morreu de um derrame em 1986.
A recorrência às “forças da escuridão” para operar e governar este mundo era justificada por Parsons como um expediente para acelerar a história e antecipar a chegada de uma nova era que, conforme escreveu em seu Manifesto do Anticristo, poria “Um fim às pretensões do homem ocidental, escravocrata da suposta nova ordem mundial (...) o verdadeiro e derradeiro fim da hipocrisia do cristianismo; o fim de toda servitude moral; o fim da culpabilidade e do medo; o fim de toda autoridade que não seja representada pela coragem e pela força inteligente; o fim da autoridade de religiosos podres, policiais corruptos e descumpridores da lei e ordem que deveriam preservar; o fim da mediocridade (...) das areias da Babilônia surgirá o espírito do Anti-Cristo no século XXI.”
A perfeição cósmica almejada por Parsons não era diferente, afinal, do super-homem de Nietzsche e do objetivo final buscado pelos revolucionários de todas as matizes. Grande parte do mal que hoje se manifesta no mundo não estaria sendo gerado precisamente por homens imbuídos desse tipo de filosofia e mentalidade revolucionária, homens que criam os problemas e se tornam os problemas porque pensam que o mundo deve ser “purificado” do mal por meio do próprio mal?
Apelar às forças do mal a fim de combater o mal equivale a apelar à guerra a fim de evitar a guerra. Pretender extinguir o mal introduzindo mais mal no mundo é a essência mesma do satanismo, essência essa cultivada pelos cientistas do CERN ao continuarem realizando os grandes rituais de Parsons no LHC. Em tempos modernos, ocultistas como John Dee, Aleister Crowley, L. Ron Hubbard e Jack Parsons reivindicaram ter aberto buracos de minhoca utilizando métodos mágicos. Seria também coincidência que o logotipo do CERN seja composto pela repetição por três vezes do número 6, o que resulta no número da “Besta do Apocalipse” 666, usada por Crowley?
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ambientalmercantil · 6 months
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apoloflexoembalagens · 8 months
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Xeikon CX3: Revolução Digital em Impressão "Label" - Qualidade, Versatilidade e Eficiência!💡 Saiba mais: https://www.apolo.com.br/XEIKON 📞 WhatsApp (11) 3164-9400 💬 Link: https://www.apolo.com.br/WhatsApp
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Falando em tecnologia, a Cheetah 2.0 da CX3 é um espetáculo: cinco estações de impressão, processo rotativo completo, qualidade de imagem equivalente à Offset e Rotogravura, garantindo cores consistentes e vibrantes. Com uma interface homem-máquina intuitiva e integração máquina a máquina, a CX3 minimiza erros humanos e melhora a eficiência operacional.
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liberphilia · 2 years
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Fazendo curso de CS50 - o curso de ciência da computação de Harvard
Depois de uns alguns anos trabalhando com Inbound Marketing, - mais especificamente com marketing de conteúdo, produção de conteúdo e redação - notei que eu precisava compreender um pouco mais sobre Ciência da Computação.
Após trabalhar ao lado de programadores e de criar conteúdos para sites, portais e blogs, percebi que, mesmo não trabalhando diretamente com programação, eu sempre estaria envolvida, de alguma forma, com computadores e códigos.
Compreender o básico sobre o assunto irá me ajudar a solucionar alguns "problemas simples", como também irá agregar à minha vida profissional.
Procurando um curso
Bom, após identificar uma necessidade, passeio a buscar soluções.
Meu objetivo era encontrar um bom curso, mas precisava ser gratuito! Depois de algumas pesquisas encontrei o CS50 de Harvard.
O curso 💻
O CS50 é um curso introdutório de Ciência da Computação de Harvard, e é um curso bastante reconhecido!
Nele você aprende sobre computadores, como a Internet funciona e também sobre programação. O curso dá uma ótima base para iniciar projetos em Web Design, Bancos de Dados, Sistemas Eletrônicos, Programação de Software, entre outros.
Estou achando curso bem desafiador e exigente. No entanto, ele está disponível tanto para pessoas com experiência em programação quanto para quem não sabe nadinha de nada.
Mas confesso que fico perdidinha em várias aulas! (risos de nervoso)
O bom é que há fóruns e tutores (brasileiros) que ajudam a revisar as tarefas do curso. Além disso, os demais alunos são bem participativos e ajudam quem possui dúvidas. É uma comunidade bem legal!
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O ponto positivo é o desafio e a chance de aprender junto com os alunos de universidade tão renomada. Com esforço, é possível concluir todas as aulas e tarefas.
Estou procurando dar o meu melhor 🤎
O professor David J. Malan possui uma didática incrível! As aulas são super interessantes e com muuuuuuuito conteúdo.
Ah, outro ponto positivo é que todos os materiais das aulas e dos Sets de Problemas foram traduzido diretamente do material original (CS50 2021 - licença do CS50). Isso significa que você vai aprender tudo que todos os alunos de Harvard aprendem!
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O que você irá aprender no curso:
A compreender de uma forma mais ampla sobre a ciência da computação e programação;
A como pensar algoritmicamente e a como resolver problemas de programação de forma eficiente;
Alguns conceitos como abstração, algoritmos, estruturas de dados, encapsulamento, gerenciamento de recursos, segurança, engenharia de software e desenvolvimento web;
A iniciar os conceits em linguagens como C, Python, SQL e JavaScript, além de CSS e HTML.
Espero que essa dica ajude você também! 🤎
Acesse o curso aqui
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hafsanurbrasil · 10 months
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REVISTA | Reportagem com Hafsanur Sancaktutan para a InStyle (Setembro/2019)
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Nos encontramos com Hafsanur Sancaktutan, a quem assistimos na série de TV Gülperi na temporada passada, em um dia de agosto, quando a chuva se declarava outono e se recusava a parar. No final do nosso processo de preparação, felizmente, a sorte sorriu para nós e o sol apareceu quando iniciamos as filmagens na natureza fértil de Neighbourhood. Não temos dúvidas de que dias coloridos e de sucesso aguardam Hafsanur, que temos o prazer de conhecer com seu lindo rosto, físico delicado e caráter suave.
Eu sei que você começou no teatro no ensino médio, você pode me contar como os eventos se desenrolaram?
H: Sempre gostei muito de teatro. Quando soube que havia um grupo de teatro na minha escola, me envolvi imediatamente sem pensar. Eu tinha um professor que me acompanhava em todos os sentidos, o Emin Dinç. Eu o agradeço, me ajudou muito. A primeira peça que atuamos foi a peça de Bertolt Brecht chamada "Kuralla Kural Dışı". Depois foi "Otobüs Oyunları" de Sevilay Saral. Eu pude continuar no teatro por dois anos durante o ensino médio. Escolhi a graduação numérica porque queria ser engenheira aeronáutica. Eu também comecei no caratê. Então, tive que fazer uma pausa no teatro.
Parece que a engenharia aeronáutica foi arquivada, mas qual é a sua graduação no karatê?
H: Evoluí para Faixa Preta, 2º Dan e tenho muitas medalhas nas lutas que participei. Quero voltar ao caratê, mas preciso treinar para poder competir novamente.
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Como a atuação veio pela primeira vez à sua mente?
H: Eu queria desde criança. “Vou ser como Natalie Portman”, disse um dia a alguém de quem gosto muito. "Você não pode ser", disse ele. Eu fiquei devastada. Naquele dia decidi mostrar as pessoas que não acreditavam em mim, que eu podia me tornar uma atriz.
O que o papel de Fidan na série Gülperi e a experiência na série acrescentaram a você?
H: Meu papel em Gülperi foi um começo para mim, eu aprendi muitas coisas sobre o setor. A Fidan me mostrou o quanto eu realmente quero essa profissão.
Você pode falar sobre seu papel em Aşk Ağlatır e o processo de desenvolvimento do projeto?
H: Ada, a quem eu interpreto, é uma garota muito colorida, ambiciosa e forte, mas há obstáculos em seu caminho. Acredito que Ada superará esses obstáculos um a um porque eles são muito semelhantes aos da Hafsanur. Corri muito pelo projeto, fiquei sem dormir, mas sempre acreditei que ia acontecer. Como consegui boas curvas, corri ainda mais atrás. Foi uma estrada cansativa para mim, mas eu gosto de lutar.
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Qual é o tema da série? Como podemos ver no vídeo promocional, parece fazer o público chorar.
H: Conta a história do conflito entre as consciências e os amores de jovens que migraram do campo para Istambul e tentam sobreviver por conta própria. Uma vida difícil aguarda minha personagem em Istambul. Será uma série sobre amor e amizade entre seis homens e mulheres diferentes. Não se preocupe, vai te fazer chorar, mas também te faz rir de vez em quando (risos).
Como você se preparou para o papel?
Comecei meu papel criando o histórico da personagem. Tenho algumas amigas que se parecem com Ada perto de mim e conversei muito com elas. Aprendi a perspectiva delas sobre a vida. Depois de resolver isso, me fechei para o mundo exterior e comecei a trabalhar duro.
Quais são suas expectativas para o futuro?
H: Ainda estou no começo da estrada. Meu primeiro objetivo é trabalhar duro e cumprir meu papel no Aşk Ağlatır da melhor maneira possível. Farei o meu melhor para estar entre os melhores atores no futuro. Espero conseguir atingir este objetivo. Além disso, não quero sair do teatro e quero atuar em uma peça na primeira oportunidade que tiver.
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Como você acha que difere de seus colegas na atuação?
H: Acredito que cada ator tem uma aura diferente, um talento. Em primeiro lugar, há uma produção muito disciplinada, paciente e que nunca se cansa de trabalhar. Atuar é o meu sonho. E estou pronta para fazer o que for preciso para que esse sonho dure a vida toda. Sem cansar, sem entediar... Então posso dizer que meu maior diferencial é o meu trabalho duro.
Você acabou de terminar o ensino médio, que caminho está trilhando para si mesma?
H: Estou muito interessaao no corpo humano, mudanças emocionais. Quero estudar psicologia na universidade porque acho que também está relacionado à minha profissão. Estou em um período agitado e cansativo da minha vida, mas definitivamente quero ir para a universidade. É por isso que meu primeiro objetivo agora é entrar em uma universidade. Ao mesmo tempo, quero estudar atuação na Turquia e focar nisso no exterior.
Você é ambiciosa?
H: Em vez disso, acredito que o sucesso não é uma coincidência. Conquistei tudo pelo que lutei e acreditei. Mas quando me perguntam se sou ambiciosa, digo: “Tanto quanto deveria ser, sim”…
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O que você está assistindo?
H: Eu não posso assistir muita TV. Adoro filmes de arte independentes, tento acompanhar os festivais o máximo que posso. Por exemplo, adoro assistir desenhos animados. O último filme que assisti no cinema foi 'O Ritual'. Também tem produções que assisto nas plataformas digitais. O conteúdo da Netflix, especialmente 'Mindhunter', é um dos meus favoritos ultimamente. Não posso deixar de mencionar 'Peaky Blinders', que é uma das minhas séries de TV favoritas.
Quais são seus hobbies? O que você faz nas horas vagas do trabalho?
H: Eu amo dançar. Eu gosto de caminhar, pular e escalar. Também adoro ir para a cozinha e fazer sobremesa (risos).
Então, que sobremesas você está fazendo?
H: Adoro fazer qualquer coisa que se adapte ao meu gosto, fico feliz em tentar. Meu favorito recente é Cheesecake de San Sebastian (risos).
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Que tipo de criança você era?
H: Eu era como um menino corajoso que nunca descia do alto das árvores, nunca tinha medo de nada. Eu não me dava muito bem com meus colegas. Minha família finalmente encontrou a solução quando me matriculou no caratê. Pratiquei caratê profissional por sete anos. Ainda tenho um pouco dessa Hafsa dentro de mim (risos)
Você se lembra do primeiro filme que assistiu?
H: Não me lembro do primeiro filme que assisti mas Cisne Negro foi o filme que voltei a ver quando criança, por influência dele.
Como você está com moda e compras?
H: Como toda mulher, tento segui-lo o máximo possível. Mas não gosto de comprar e usar uma peça só por moda.
Qual foi a última coisa que você comprou para você?
H: Comprei tênis.
Tradução e revisão: Hafsanur Brasil
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odigodisse · 11 months
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👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
🙌 FOI UM SUCESSO 🙌
🤩 SENAI TALKS 🤩
O SENAI Belo Horizonte CFP Paulo de Tarso levou mais informação sobre qualificação profissional e atração de jovens talentos para o setor da construção civil.
Realizamos debates estratégicos sobre:
✅ SENAI, fabricantes e construtoras juntos, qualificando profissionais para o setor da construção civil.
✅ Aplicação de inovações tecnológicas para atrair jovens profissionais ao setor da construção civil
Esperamos que os participantes tenham gostado da experiência e que aproveitem as informações sobre qualificação e inovações tecnológicas para atrair jovens profissionais para o setor da construção civil.
Mais uma vez, agradecemos à organização do Construa Minas 2023 e aos patrocinadores que tornaram possível a realização desta edição do principal evento da indústria da construção civil de Minas Gerais.
O SENAI Belo Horizonte CFP Paulo de Tarso também reitera o agradecimento pela participação dos especialistas renomados da DVG Sical, Fassa Bortolo e PGB Engenharia pela atenção dispensada na produção do SENAI Talks.
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wuchiyama · 1 year
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Ensaio sobre o filme Animal Farm (1999) - Não basta ter boas intenções.
Boas intenções não são o suficiente. Animal Farm, adaptação cinematográfica do livro homônimo de George Orwell, se constrói em torno desta máxima. Aliás, antes de começarmos a aventura, vamos a uma nota preliminar: essa resenha se refere a adaptação de 1999, há uma outra da década de 50 com significativas diferenças narrativas que podem alterar a interpretação da obra em alguma medida.
A narrativa segue a lógica de uma fábula clássica. Dadas as devidas proporções, encontramos animais com características humanas e uma moral ao fundo, embora está seja muito mais complexa do que a moral da história de fábulas infantis. Não é para menos, apesar da linguagem infantil e da semelhança como a estrutura de desenho animado, só é possível captar o grosso do sentido da obra quando se tem uma mente mais madura.
O plot é simples, chega a ser didático. Depois de ser submetidos a fome, péssimas condições de trabalho e maus tratos, os animais de uma fazenda resolvem fazer uma revolução, só para descobrir, tardiamente, que o problema nem sempre é o sistema político, mas a ambição desenfreada dos indivíduos.
Como toda forma de arte, a linguagem do cinema se constrói como uma metáfora do real. Nada é gratuito na construção do filme. Cada escolha de cena e personagens traz a tona uma série de interpretações possíveis, muitas delas, obviamente, herdadas do texto de Orwell.
Contudo, os sentidos da adaptação do livro podem não ser exatamente os mesmos do livro, é comum que na passagem da linguagem literária para a linguagem cinematográfica haja algum ruído, uma mudança nas intenções e nos horizontes de interpretação, sempre relacionado a cosmovisão de quem a executa.
Leve em conta que o livro foi escrito em 1954, como uma crítica a União Soviética, que na visão de Orwell havia se desviado dos ideais do comunismo e que o filme, produzido na década de 90, embora ainda contenha muito dessa crítica, acontece sob circunstâncias socioculturais bem diferentes.
Vejamos alguns personagens:
O Senhor e Senhora Jones: Na interpretação do filme de 99, o casal de fazendeiros podem ser facilmente interpretados como proprietários de terra, detentores dos meios de produção, o pequeno burguês, numa linguagem mais marxista. Encarnam a figura de patrões irresponsáveis que prezam o lucro a qualquer custo, sem se importar com a saúde dos funcionários e de seu próprio negócio.
O senhor Pilkington: Nada melhor que um rico fazendeiro emprestador de dinheiro para encarnar a figura do mercado, sempre disposto a dar com uma mão para depois tomar com as duas. Trata-se da mão invisível da elite, endinheirada e sempre em busca de mais, não nutrindo nenhum amor pela pobreza e por qualquer coisa que possa interferir negativamente em seus interesses.
Velho Major: O velho porco é a imagem idealizada de todo precursor de revolução. Coloque aí, Lênin, Gramsci, Marx... Qualquer um que tenha lançado as fundações das bases ideológicas de qualquer movimento revolucionário. São as palavras dele que inflamam a revolta animal e são suas palavras que serão distorcidas, mais adiante, por causa dos interesses escusos de nosso próximo personagem.
Napoleão: Um porco Berkshire. É a figura do revolucionário brucutu, cuja principal linguagem é a violência. Ele encarna figuras como Stalin, Fidel, Guevara e companhia, na boca um belo discurso e na mão o fuzil.
Squealer: Um porco Tamworth. Até conseguiria conectar a personagem com alguma figura histórica, caberia ali facilmente Molotov e Goebbels, marketeiros de primeira mão, respectivamente da União Soviética e na Alemanha da Segunda Guerra. Contudo, o personagem é, sobretudo, uma personificação da propaganda e da engenharia social. Seus discursos, a distorção dos princípios do animalismo, são aquilo que dá condições para que a ditadura de Napoleão se perpetue.
Snowball: Um porco doméstico. Representa o revolucionário idealista, cheio de boas intenções e, como todo os mortais, disposto a pequenas corrupções em nome da causa. Sua principal linguagem é o convencimento intelectual, por meio de uma argumentação racional ele tenta estimular os animais da fazenda a buscar melhores condições de vida e trabalho, mas ainda assim faz usufruto da desigualdade ao aceitar que se reserve para os porcos a melhor parte da alimentação.
Boxer: Um cavalo. O gigante gentil da fazenda. Trabalhador e bondoso. Sempre pensando no bem estar da comunidade. Representa o proletariado que acredita piamente na revolução e que não poupa esforços para concretizar o ideal de sociedade que ela pretende. Infelizmente, Boxer é cego para as maquinações de Napoleão e Squealer, gastando até seu último suspiro de vida pela fazenda, sem poder usufruir da tranquilidade prometida na sociedade animalista.
As ovelhas: Representam o proletariado de massa de manobra, aqueles que são apanhados pela maré da revolução e apenas seguem com ela, sem realmente compreender o que ela é ou mesmo se ter uma opinião reflexiva sobre como está acontecendo. Elas repetem as palavras de Napoleão e cumprem suas ordens religiosamente.
Jessie: A cadela. É pelo seu ponto de vista que a história é apresentada a nós, parece ser o proletariado intelectual tardio, que aprendeu pela experiência dolorida que a revolução não é feita só de boas intenções. A personagem foi uma das primeiras a perceber que havia algo errado acontecendo e são suas as digressões que intercalam as cenas do filme.
Outros elementos da narrativa também tem muito a dizer, escolhi algumas para desenvolver aqui:
O termo Animalismo, cunhado pelo Velho Major, é uma clara referência ao Comunismo, a ideia de igualdade na distribuição do produto do trabalho coletivo. Na verdade, toda a estrutura da obra responde a lógica do materialismo histórico de Marx.
O Moinho é uma representação da evolução técnica, originalmente pensada para facilitar a vida da comunidade, porém utilizada para maximizar os lucros do ditador. O exército, representado pelos cães adestrados, como ferramenta de controle social, uma metáfora para o autoritarismo que busca sufocar qualquer tentativa de mudar a ordem social.
O Entretenimento e Propaganda também são apresentados como ferramenta de controle, usados para distrair a comunidade de animais dos seus problemas e das tendências autoritárias de Napoleão. Cá pra nós, os animais hipnotizados, são nada muito diferentes de um ser humano que fica sentado na frente da TV como um saco de batatas, ou que tem um viés político como único filtro de informações.
Muito bem, mas o que podemos depreender do filme partindo da Sociologia.
Para começar, a metáfora do filme aponta para o papel óbvio da mídia, do entretenimento e do medo como ferramentas de controle. A TV aparece, em um certo momento do filme como um meio para desarmar uma confusão em torno da injustiça na distribuição de alimento, também é na TV que aparecem programas de natureza ufanista e ultrapatrióticas, sempre com o senso de que a fazenda está sob ameaça e de que é preciso trabalhar mais.
Por falar em trabalho, até mesmo ele é usado como ferramenta de controle. Em seu plano de dominação, Napoleão entende que sufocar os animais com serviço, sugá-los até a exaustão, desestimularia qualquer vontade de questionamento e revolução. Animais ocupados não têm tempo para pensar.
E quando a propaganda e o trabalho não dão conta de tolher a mente do indivíduo, o medo surge como dispositivo de intimidação. Os cães adestrados pelos porcos, originalmente pensados para encarnar a KGB russa, podem tranquilamente também ser uma metáfora para aparelhamento das entidades de segurança pública. Quando a polícia passa a ser servidora de um viés ideológico, deixa de ser prestadora de serviços e se torna uma ferramenta de coerção social.
Contudo, como disse à princípio, a grande lição desta fábula moderna é que boas ideias não garantem bons resultados. Não há dúvidas que o velho Major, ao pensar nos princípios do Animalismo, tinha boas intenções e sonhava com um mundo melhor para seus companheiros animais. Entretanto, frequentemente é esquecido que ideais só sobrevivem enquanto há zelo por eles. Mais que isso, é comum que grandes ideias sejam mal interpretadas ou mesmo deturpadas, dando origem a coisas totalmente diferentes do pretendido. A fazenda deveria ser um paraíso da boa vida para os animais revolucionários, contudo se transformou em um cativeiro de pobreza e trabalhos forçados.
Isso nos leva a outra questão: a ingenuidade custa caro. Decerto Napoleão, Snowball e Squealer são culpados por seus atos, contudo, a dominação só se tornou possível pela ingenuidade dos demais animais. Sua leniência e submissão tornou possível a vida miserável a que foram submetidos. Não é errado esperar o melhor das pessoas que nos representam politicamente, entretanto é uma grandessíssima estupidez fechar os olhos para seus erros.
Bons ideais só sobrevivem alimentados pelo engajamento em torno dele. Como qualquer outra coisa na vida, o projeto de um mundo melhor exige um tipo de comprometimento que se materializa em ações práticas. Não é o momento de uma revolução que determina seu sucesso, é o dia seguinte, é o quanto as pessoas envolvidas estão dispostas a, ativamente, ajustar o ideal ao real, pouco a pouco, transitando da sociedade que temos e a que queremos.
Mas professor? No fim das contas, Animal Farm é uma crítica a esquerda? Sim. Evidentemente sim. Em um primeiro momento a obra foi construída tendo em mente os erros da União Soviética e o distanciamento entre o projeto político de Stalin e o ideal comunista. Contudo, esta adaptação atualiza o seu significado. Cá pra nós: propaganda, desinformação, sufocamento via trabalho, a criação de um estado de pânico e inimizade entre grupos divergentes não é uma estratégia exclusiva de regimes autoritários à esquerda. Todos estes elementos estão presentes e patentes no ocidente capitalista e também compuseram a estratégia de dominação de governos fascistas e, até mesmo, do nazismo.
Aliás, vamos relembrar a icônica cena do filme, quando a Jessie, a narradora desta história, olha pela janela e vê a reunião entre Napoleão e o senhor Pilkington. Em dado momento, não se podia mais ver a diferença entre homens e porcos. Isso nos diz algo importante: a deformação que a corrupção causa é igual na esquerda e na direita, não há mocinhos quando existe gente sendo esmagada por um projeto de poder.
Algumas coisas que eu deixei de fora desta análise:
 Há outras personagens significativas que também carregam suas metáforas, como o corvo e o burro.
 Em certa medida, a obra de Orwell foi usada como propaganda antisocialista, apesar de conter claras críticas ao modo de produção capitalista.
 Existe toda uma querela em torno do título da obra: algumas versões vem com o título “A revolução dos Bichos”, outras fazem opção por “A fazenda dos Animais”, está última mais fiel ao texto original.
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camilafleck · 1 year
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Vamos começar a mostrar as fotos oficias da Mostra @artefactooficialbrasil 2023. Tema FELICIDADE. Projetei um espaço de conexões e sentidos para isto usei cores pastéis, como o nude, naturais e verde menta, que remete a natureza, formas orgânicas, pedras, seixos. No jantar podemos ver a linda luminária de papel obra de arte de Thomáz Velho. Pintura quadro por a. Theobald Galeria. Móveis artefacto. Só quem for no espaço poderá sentir a energia feita com Feng Shui por @crisbevilaqua.oficial . Fragrância por @kentrenos.atelieolfativo e aromaterapia terapêutica por @raphahammoud Venha nos visitar no Casa Shopping 3 piso e me conte os seus sentimentos ao entrar em nossa Casa Essence. Fotos @mca_estudio Agradecimento a todos parceiros nesta mostra PATROCINADORES Textura : I Colori di Venezia Som e tv: High End Vasos: Organne Tapetes: Avanti Quadros : Almacen a.Thebaldi Galeria Piso- Ekko Revestimentos COLABORADORES: Plenty Engenharia - Obra civil Chiaradia + Gayoso -projeto luminotécnico Cristal lux- luminárias técnicas Ângulo Iluminação- luminária de parede Latoog- Pendente Seixos Thomáz Velho- Pendente Jantar Tensoflex- tela tensionada Marcenaria- Serra Imperial Occo Design - painel eucaliptos Paisagismo - Vitae Paisagismo Cortina e Colchas- Atelier Klem Tinta- Villarejo Conceito Espelho - Humber Vidros Colchão - Orthobom Aromas- K entre nós Aromaterapia - Raphael Hammoud Feng Shui- Cris Bevilaqua PRODUÇÃO Andrea Falchi e Renan Scalabrini Rosa Kochen Tutto per la casa Dracena home O pano Ana Ciconha (galho) EQUIPE CAMILA FLECK Natália Fagundes e Gabriella Costa #artafacto #mostraartefacto2023 #mostraartefacto #camilafleck #felicidade #paollaoliveira #saladejantardecorada #riservagolf #alphavillebarradatijuca (em Artefacto) https://www.instagram.com/p/CqeZ5sNMLGx/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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kazsas · 5 months
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e se os piwon fossem brasileiros?
meu primeiro post aqui no tumblr, pfvr sejam compreensivos com essa pobre coitada (eu)
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테오
paranaense que ama chimarrão mais do que a própria vida; na época do colégio sempre era escolhido como noivo das festas juninas e ODIAVA; torcedor sofrido do athletico paranaense; tinha fama de pegador no EM mas era bv até a formatura; cursa engenharia de produção na UFPR; fã do Baco
기호
o crush da faculdade; autodenominado "libriano nato"; cursa publicidade e propaganda na UFRJ; fuma pod nos rolês e posta nos stories ao som de Mc Hariel; bate ponto em todos os festivais; riquinho, fez o ensino médio no Canadá
지웅
o palhaço da turma; conhece todos os barzinho de Boa Vista (Roraima) e vai te dar uma opinião sincera sobre todos as bebidas; o maior sonho de infância era fazer parte do Balão Mágico; paga de rockeiro no insta mas tá sempre indo para os shows de sertanejo ficar bêbado com meia dose; cursa artes visuais na UFRR
인탁
maranhense; posta vídeo biscoitado no tiktok; odiava ser chamado de japa na infância, hoje em dia abraçou e o @ do insta é @/j4pa_03; tem cara de bravo, mas na verdade ri até do vento; foi modelo infantil e figurante em novela do SBT; o sonho delas, o terror deles; faz uns freela de modelo mas o foco é se tornar o novo crush nacional do tiktok
소울
paulista; o crush de muitos na época do fundamental; todo final de semana tá no bairro da liberdade; sonhava em ser amigo dos youtubers de minecraft (até hoje ele tem o livro do RezendeEvil); hitou no tiktok fazendo barulho de villagers; torcedor do são paulo fc
종섭
sulista que odeia o sul; faz live na twitch e tem grupo no discord; o discípulo mais fraco do alanzoka; cresceu ouvindo rap de anime (escuta até hoje não ironicamente); o típico primo que fica no canto da festa jogando videogame ignorando todo mundo; usou o manto da akatsuki na festa de halloween da escola
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qualquer correção, sugestão, crítica ou elogio pode ser postada aqui nos comentários ou no inbox.
muito muito muito obrigada por ter lido até aqui!
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acersconsultoria · 2 years
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Noções sobre desenho técnico mecânico
Os desenhos técnicos utilizados na engenharia mecânica, são produzidos para que seja possível a representação; de forma completa; de peças, conjuntos, montagens, sistemas ou máquinas (que são objetos tridimensionais) em planos bidimensionais. Estes desenhos podem conter desde a representação de objetos simples, até de objetos bastante complexos.
As peças são detalhadas em vários planos e utilizando de vários recursos, para que a pessoa ou empresa que irá fabricá-la possa entendê-la completamente, sendo possível sua produção e para que esta peça ou conjunto seja funcional.
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Exemplo de representações de objeto tridimensional em planos bidimensionais por projeções ortogonais. Fonte: http://desenhotecnico2000.blogspot.com/2013/04/projecao-ortogonal.html
A padronização dos desenhos se dá por meio de normativas. No Brasil as normas de referência são as normas ABNT (com norma geral - ABNT/NBR 10647 e diversas normas auxiliares, padronizando escalas, tipos de linhas, cotagem, princípios de representação e etc). Estas normas, possuem os mesmos princípios de normas internacionais, fazendo com que os desenhos possam ser entendidos em praticamente qualquer lugar do mundo e por qualquer pessoa ou empresa.
O uso de padrões e normas torna-se necessário para que a fabricação desta peça ou conjunto seja possível, sem que aconteçam erros por interpretação.
Antes da criação de programas específicos para este fim (chamados mundialmente de “CAD - Computer Aided Design” ou de desenho assistido por computador), os desenhos eram feitos manualmente. Podemos citar como exemplo de programas para produção de desenhos técnicos, o AutoCad® e o Solidworks®.
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Exemplo de representação de equipamento em programa computacional. 
Fonte: https://blogs.solidworks.com/solidworksblog/
Após a criação destes programas, a confecção de desenhos manteve a padronização e normativas utilizadas, porém tornou sua produção, interpretação e distribuição mais rápida e fácil.
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petrosolgas · 2 years
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NG Metalúrgica está contratando Operador, Soldador, Mecânico, Técnicos e outros profissionais para preencher as vagas de emprego disponíveis
Para essa sexta-feira, (23/12), a companhia NG Metalúrgica está com grandes oportunidades de trabalho para o ramo da metalurgia nacional. São diversas vagas de emprego disponíveis para profissionais qualificados e com experiência no segmento. Se você tem interesse em atuar nesse mercado nos projetos da companhia, já pode realizar as inscrições nos processos seletivos.
Como realizar as inscrições para as vagas de emprego da NG Metalúrgica e concorrer nos processos seletivos para os cargos da metalurgia
Se você está em busca de novas oportunidades de atuação no mercado de trabalho nacional e possui experiência na metalurgia, esse é o seu momento! A companhia NG Metalúrgica está com as inscrições abertas para os processos seletivos de diversas vagas de emprego.
A empresa está buscando profissionais qualificados e experientes para complementarem o seu quadro de funcionários, contribuindo para a melhoria de seus projetos e operações. Dessa forma, você precisará apenas cumprir os requisitos exigidos para cada vaga nos processos seletivos.
Para realizar as inscrições, é necessário acessar o site da empresa, selecionar uma das vagas disponibilizadas e preencher todas as informações para os processos seletivos. Assim, você já estará concorrendo às vagas de emprego disponíveis na NG Metalúrgica.
Confira as vagas de emprego disponíveis pela NG Metalúrgica para atuação nos projetos da metalurgia nacional 
Agora que você já sabe como realizar as inscrições nos processos seletivos da companhia NG Metalúrgica, basta escolher qual posto de trabalho você desejará concorrer. Confira a seguir a lista completa:
Operador De Guincho
Operador De Centro De Usinagem
Fundidor De Metal Patente
Soldador Tig
Ajudante De Produção
Processista De Soldagem
Programador De Produção
Inspetor De Recebimento
Torneiro Mecânico
Jateador
Furador Radial
Fresador
Ajustador Montador — Turbinas
Ajustador Montador — Tubulador Industrial
Ajustador Montador — Redutor
Mandrilador Cnc
Mecânico De Manutenção
Praticante De Automação
Estágio Em Engenharia Mecânica
Estágio Em Engenharia
Soldador
Assistente Técnico De Campo — Especialidade Mecânica
Técnico De Automação — Assistência Técnica Em Campo
Caldeireiro
Saiba mais sobre a NG Metalúrgica
A NG Metalúrgica é fabricante de turbinas a vapor desde 1955. Através sua divisão Energia, vem realizando fornecimentos de turbinas de alta eficiência para cogeração de energia no Brasil e em todo o mundo, seguindo os mais rígidos critérios de seleção. Tendo em seu portfólio mais de 7.100 MW em projetos instalados em todos os continentes distribuídas em 53 países.
A NG Metalúrgica foi fundada em 1996 pelo empresário Narciso Gobbin (Nino) e sua família, com o objetivo de oferecer ao mercado toda a sua experiência acumulada ao longo de décadas no setor de bens de capital.
Investimentos em fábricas e maquinários e uma estratégia de crescimento e diversificação de produtos e mercados levaram a NG Metalúrgica ao que é hoje: pessoal qualificado, tecnologia de ponta e solidez.
A companhia segue restritamente o seu Código de Ética, um documento por meio do qual a NG e seus colaboradores reafirmam o compromisso com a visão, missão e valores que consideram essenciais para a existência e continuidade dos negócios.
Assim, ela permanece como uma das maiores companhias no setor da metalurgia e continua expandindo seus projetos no mercado brasileiro.
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claudiosuenaga · 2 years
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John Dee e as raízes ocultas do Império Britânico, da ciência moderna e do mundo moderno
O empurrão dimensional inicial para abrir um portal e trazer seres de outras dimensões a este mundo foi dado pelo polímata e ocultista John Dee (1527-1609), um dos maiores e mais influentes gênios de todos os tempos, uma figura magus maior que a vida. Conselheiro, confidente e consultor astrológico da Rainha Elizabeth I (1533-1603), concebeu a geopolítica para a construção de um novo império mundial, o Império Britânico (termo alcunhado por ele) e ajudou a fundar a ciência moderna e o próprio mundo moderno. Seus estudos cartográficos, bem como técnicas e instrumentos desenvolvidos por ele mesmo contribuíram muito para o progresso da navegação. Shakespeare se inspirou no próprio ocultista para elaborar o personagem Próspero, de A Tempestade.
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Dee nasceu em 1527, em Tower Ward, Londres. Seu pai era um cortesão menor que o criou como católico e o enviou para o St. John’s College, em Cambridge, aos 15 anos. Ali ele dormia apenas quatro horas por noite, passando o resto do tempo estudando tudo – geografia, astronomia, astrologia, ótica, navegação, engenharia náutica, escrituras, matemática, direito, medicina e criptografia. Fez tanto sucesso que foi nomeado membro fundador do Trinity College, em Cambridge, e convidado a fazer conferências por lá, onde chamou a atenção com seus conhecimentos de magia.
Na vanguarda do movimento que empurrou os limites da ciência e da magia, Dee ganhou uma reputação precoce por meio de sua invenção em 1546 de um besouro voador mecânico (animatrônico) para uma produção da Pax, uma das comédias de Aristófanes (446 a.C.-386 a.C.), apresentada na Grande Dionísia de 421 a.C. No Trinity College, o magnífico espetáculo teatral do Scarabaeus (um besouro de esterco monstruosamente grande) voando até o palácio de Júpiter, causou grande admiração e suspeita de que tivesse sido alcançado por meios sobrenaturais ou pelo próprio diabo, quando não passava de uma “ilusão mágica” para o teatro, conforme revela em Compendious Rehearsal, escrito em 1592 como um registro da petição à Rainha Elizabeth I para conceder-lhe alívio das “injúrias” e “indignidades” que estava sofrendo.
Suas viagens pela Europa começaram já em 1547, aos 20 anos. Em 1548, na Universidade de Leuven (ou Louvain, a cerca de 25 quilômetros a leste de Bruxelas, na Bélgica), conheceu e se tornou aluno e amigo do célebre cartógrafo belga Gerardus Mercator (1512-1594), que em 1569 desenvolveria matematicamente a projeção cilíndrica do globo terrestre. Esta relação duradoura permitiu o surgimento de exploradores britânicos como Walter Raleigh (1552-1618) e Martin Frobisher (1535-1594).
Profundamente influenciado pelas doutrinas herméticas e platônico-pitagóricas e pela crença de que o homem tinha o potencial para o poder divino que poderia ser exercido pelo meio da matemática, aos 24 anos ele lecionou álgebra avançada na Universidade de Paris, mais especificamente os Elementos de Euclides (século III a.C.), apresentando ao público pela primeira vez os sinais +, -, x e ÷, lotando salas e se tornando o conferencista de maior sucesso no continente.
Quando voltou para a Inglaterra, trouxe consigo uma coleção significativa de instrumentos matemáticos e astronômicos. Durante o reinado de Eduardo VI (1537-1553), ele já ocupava um alto cargo na corte como matemático, e em seu retorno, teve a oportunidade de lecionar em Oxford, em 1554, porém recusou a oferta por não concordar com a postura das universidades frente às disciplinas mais relevantes.
Nesta mesma época, mais do que apoio financeiro para dar prosseguimento aos seus estudos, Dee recebeu de Jane Dudley, Duquesa de Northumberland (1508/1509-1555), o antigo manuscrito Voynich, que veio à luz em 1912 depois que Wilfrid Michael Voynich (1865-1930), um revolucionário, antiquário e negociante polonês de livros raros em Londres, comprou na Itália o manuscrito que se encontrava perdido no meio de uma coleção mantida por padres jesuítas italianos. Junto ao manuscrito, uma carta datada de 1666, assinada por um acadêmico da cidade de Praga, República Tcheca, pedia a um jesuíta em Roma que tentasse decifrá-lo. A correspondência sugere que o manuscrito pertenceu a Rodolfo II, o Imperador Romano-Germânico da Casa de Habsburgo, Arquiduque da Áustria e Rei da Hungria, Croácia e Boêmia (1552-1612), conhecido por seu fascínio pelo ocultismo, e que o autor do livro talvez fosse o filósofo e frade franciscano inglês Roger Bacon, conhecido como Doctor Mirabilis (1220-1292). Uma análise físico-química dos papéis e das tintas feita em 2010, contudo, concluiu que o manuscrito deve ter sido produzido entre 1404 e 1438. Desde 1969, o manuscrito conhecido como o livro mais misterioso do mundo, foi mantido na Biblioteca de Manuscritos e Livros Raros Beinecke da Universidade de Yale. [1]
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Uma das páginas criptografadas do misterioso Manuscrito Voynich. Fonte: Beinecke Rare Book & Manuscript Library, Yale University.
Quando Maria I (1516-1558) chegou ao trono em 1553, Elizabeth I lhe pediu que elaborasse um horóscopo para ela e sua irmã. Porém, em um período de plena influência da Igreja e atividade da Inquisição, este serviço prestado à nobreza rendeu-lhe graves acusações, incluindo a de “traição” à Rainha, pois aplicar meios mágicos para prever eventos como a morte de um governante poderia induzir tais eventos magicamente. Ele ficou preso por três meses, mas depois foi exonerado.
Quando a então jovem Elizabeth I subiu ao trono em 1558, Dee já havia se tornado seu astrólogo, mago e conselheiro pessoal. Foi através de seus préstimos ocultistas que obteve apoio financeiro da monarquia. Ele deu conselhos astrológicos a ela quanto a melhor data para sua cerimônia de coroação em 1559.
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John Dee realizando um experimento diante da Rainha Elizabeth I. Pintura de Henry Gillard Glindoni (1852-1913).
Para Dee, um dos homens mais eruditos de sua época, assim como para a maioria da elite intelectual da época, a ciência e a magia eram diferentes facetas da busca para a compreensão total dos segredos do universo. Ele usava a magia como um meio para chegar a “um conhecimento mais profundo de todas as ciências, passadas, presentes ou futuras”. Em sua casa em Mortlake, Dee começou a acumular uma incrível coleção de livros e manuscritos raros (4.000 ao todo, incluindo muitos grimórios medievais como The Sworn Book of Honorius: Liber Iuratus Honorii, quecontém um sistema completo de magia, incluindo como obter a visão divina, comunicar-se com anjos sagrados e controlar espíritos aéreos, terrestres e infernais para ganhos práticos) que ultrapassou em muito as coleções das próprias bibliotecas contemporâneas de Cambridge (451) ou Oxford (379).
Seu interesse pela filosofia hermética cresceu ao longo de sua vida e ele publicou prolificamente, começando em 1564 com Monas Hieroglyphica (Mônada Hieroglífica), uma dissertação ocultista exaustiva sobre a natureza da forma matemática conforme compreendida pela Cabala. Ele propôs que um único hieróglifo (destinado a expressar a unidade mística de toda a criação e que representava todos os planetas em uma forma astralmente significativa) refletia as “monas” (ou unidade) do mundo, e que por meio desse hieróglifo a mente poderia obter alguma visão de um portal para aquela Unidade, que é o Céu.
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Versão de 1591 de Monas hieroglyphica, originalmente publicada em 1564. Escrito por John Dee em um estado místico, revelou segredos esotéricos nos campos da astronomia, alquimia, música, matemática, linguística, mecânica e ótica. Esta página de título inclui o glifo de Dee no centro, rodeado pelos quatro elementos (fogo, ar, terra e água) e lemas latinos. Acima está o título latino, o nome do autor, a localização (Londres) e uma dedicatória ao Sacro Imperador Romano Maximiliano II. Abaixo está uma citação bíblica de Gênesis, além de detalhes de publicação. Dois selos de biblioteca estão à direita. Fonte: Sciencephotogallery.
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Mais duas páginas de Monas hieroglyphica. Fonte: Sciencephotogallery.
Em 1572, uma nova estrela apareceu no céu, que permaneceu visível dia e noite por 17 meses, que hoje sabemos ter sido uma supernova do Tipo Ia, na constelação de Cassiopeia. Para o público, isso só poderia significar a imanência do eschaton (o fim do mundo). Para Dee, sinalizava que uma nova ordem mundial estava por vir, um Império Protestante Inglês, em vez de um Sacro Império Romano. Foi então que Dee propôs um “Império Britânico”, uma expressão que ele cunhou para o que ele concebia como uma restauração do reinado de Artur (lendário líder britânico que, de acordo com as histórias medievais e romances de cavalaria, liderou a defesa da atual Grã-Bretanha contra os invasores saxões no final do século V e no início do século VI), pois ele acreditava que as colônias originais de Artur eram, de fato, no Novo Mundo, mesmo que a América fosse a própria Atlântida. Dee via Elizabeth como a reencarnação de Artur, e a ele mesmo como o mago Merlim, o conselheiro do Rei Artur.
Graças aos seus conhecimentos de astronomia e ótica, chaves para a navegação marítima da época, Dee também desempenhou importante papel como conselheiro para as viagens expansionistas da Inglaterra, tendo treinado muitos daqueles que conduziriam as viagens de descoberta e colonização e estabeleceriam a superioridade naval da nação. Ele formou uma empresa para colonizar, converter e explorar as Américas, até mesmo para abrir uma passagem do nordeste para a Ásia, com o objetivo de buscar a fonte de toda a sabedoria oculta. Há fortes evidências de que Dee foi a força intelectual por trás da circunavegação do globo pelo capitão Francis Drake (1540-1596) entre 1577 e 1580. O próprio Dee recebeu os direitos de todas as terras recém-descobertas ao norte do paralelo 50, o que lhe daria o Canadá, se Drake tivesse ido mais ao norte do que o Oregon.
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General and rare memorials pertayning to the Perfect Arte of Navigation. John Dee, London, 1577. Fonte: Royal College of Physicians.
Assim começou o “Império Onde o Sol Nunca se Põe”. Ou seja, um dos impérios mais bem-sucedidos da história, que manteve grande parte do globo sob seu controle por quatrocentos anos e é responsável pelo mundo moderno, foi arquitetado por um alquimista que mantinha contato com entidades de outras dimensões.
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The Sun Never Set on the British Empire, circa 1937. Source: Origin of Nations.
O plano de Dee era usar a magia para fomentar as políticas expansionistas de Elizabeth I. Nas cartas confidenciais que trocava com a Rainha, assinava usando o código “007”, que denotava serem aquelas informações apenas para os olhos da Rainha. Os zeros representavam os olhos, e o sete era um número da sorte a título de proteção. Os maçons usam um símbolo parecido em forma de pino de gravata que eles chamam de “Duas Bolas com Bengala” (Two Ball Cane), um trocadilho e ao mesmo tempo uma senha secreta para um Mestre Maçom, Tubalcaim, e que também é um óbvio símbolo fálico. 
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007 e Two Ball Cane. Fonte: Civiltà Scomparse - II Punto Zero.
Dee era um dos espiões da Rainha Elizabeth, e suas viagens pela Europa sob o pretexto de “conferências espirituais”, eram feitas para coletar informações. A reputação de mago ocultista o precedia, e ele estava obviamente bem conectado devido a sua posição na corte. Por volta de 1580, criou para a Coroa mapas profundamente influentes de países recém-descobertos.
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Dee também era cartógrafo, tendo estudado com o grande Gerardo Mercator. Ele desenhou uma série de mapas manuscritos, incluindo um da América do Norte em 1580 para a rainha Elizabeth. Por volta de 1582, ele preparou um mapa do hemisfério norte com uma projeção polar para Humphrey Gilbert (mostrado acima). Sua representação do Polo Norte foi baseada no mapa de Mercator daquela região, sobre o qual Mercator havia escrito para Dee em 1577, explicando suas fontes. O restante do mapa parece ter sido desenhado para fins de propaganda, promovendo várias formas possíveis de navegar para “Cathaia”, que é mostrada em frente à Grã-Bretanha. O mapa mostra várias vias navegáveis abertas para o leste, incluindo rotas ao norte da Escandinávia e da Rússia e da América do Norte. Fonte: Antique Prints Blog.
No início da década de 1580, insatisfeito com seu progresso no aprendizado dos segredos da natureza, ele começou a se voltar para o ocultismo como meio de adquirir conhecimento. Tudo começou quando Dee, imerso em orações, teria recebido a visita do Anjo Uriel. A partir daí, procurava especificamente entrar em contato com mundos espirituais, anjos e outras formas de inteligência por meio de uma bola de cristal e de um espelho negro de obsidiana (“obsidian black mirror”) ancorados em uma “Mesa Sagrada” coberta por símbolos herméticos que agiam como uma espécie de portal para interligar outros mundos.
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Os símbolos herméticos da "Mesa Sagrada" de John Dee. Fonte: History of Science Museum.
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Uma reconstrução moderna da Mesa Sagrada com o Selo de Deus no centro e também sob as pernas da mesa. Fonte: Museum of Witchcraft and Magic.
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O espelho negro de obsidiana de origem asteca. Foto: Stuart Campbell.
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Da esquerda para a direita: Bola de Cristal, Estojo de Espelho e espelho negro de obsidiana de John Dee em exposição no British Museum de Londres. Foto: Curious Archive, 2020.
As visões de anjos eram invocadas na superfície reflexiva desse espelho de vidro vulcânico trazido do México para a Europa entre 1527 e 1530 após a conquista da região por Hernán Cortés (1485-1547). Os espelhos eram usados ​​pelos sacerdotes astecas para conjurar visões e fazer profecias. Eles estavam ligados a Tezcatlipoca, deus da obsidiana e da feitiçaria, cujo nome pode ser traduzido da língua náuatle como “Espelho Fumegante”. Para suas conjurações, Dee se valia ainda de dois discos de cera gravados com figuras e nomes mágicos, usados ao consultar seu espelho negro.
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Os espelhos da divindade Tezcatlipoca, que significa "Espelho Fumegante" na língua náuatle. Foto: Stuart Campbell.
Em 1582, ele conheceu um médium de Lancashire, Edward Kelley, então usando o nome de Edward Talbot (1555-1597). Kelley era 28 anos mais novo que Dee e trazia um histórico de vida polêmico e inconstante. Kelley era um hábil calígrafo que usava seus talentos para falsificar documentos, fato que lhe rendeu reclusões e a amputação de suas duas orelhas. Certa vez, quando estava na região de Glastonbury, Kelley recebeu de um amigo um tratado que abordava princípios alquímicos como a transmutação do metal em ouro, além de substâncias em pó que seriam as “tinturas da filosofia hermética”. Tanto o manuscrito quanto as substâncias teriam sido encontradas no momento da violação de um túmulo de um bispo católico da região.
Os dois passaram a dedicar todas as suas energias às atividades de contatação de espíritos, conduzindo suas “conferências espirituais” ou “ações” com ar de intensa piedade cristã, sempre após períodos de purificação, oração e jejum. Juntos, conseguiram progressos significativos através de transe, telepatia e clarividência. Dee considerava Kelley uma pessoa sensivelmente capaz de receber mensagens espirituais ao ver alguns cristais ou pedras refletidas no sol, arte essa chamada de cristalomancia, por meio da qual buscavam obter a famosa Pedra Filosofal, substância alquímica mítica capaz de transformar metais básicos como mercúrio em ouro ou prata e propiciar longa vida.
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John Dee, alquimista, matemático e astrólogo inglês, com seu assistente Edward Kelly, médium, alquimista e feiticeiro. Eles seguiram uma carreira aventureira como feiticeiros na Europa tentando descobrir a "pedra filosofal" que converteria metais comuns em ouro. A amizade deles foi prejudicada quando Kelly decidiu que eles deveriam compartilhar suas esposas. Aqui John Dee consulta sua bola de cristal com Kelly ao fundo. Crédito: Sheila Terry/Science Photo Library.
A magia enoquiana realizada por Dee com Kelley como seu vidente e necromante, era uma forma de Teurgia baseada em uma hierarquia de inteligências espirituais chamadas “Os Vigilantes”, que se identificaram como os mesmos anjos que haviam instruído o patriarca bíblico Enoque ou Enoc (do hebraico Hanokh, “iniciado” ou “dedicado”, pertencente a sétima geração de Adão, sendo filho de Jarede e pai de Metusalém, o avô de Noé) na sabedoria oculta do céu e cuja tarefa era zelar pela humanidade. Durante as sessões psíquicas, Kelly se comunicava com inúmeros anjos que lhes ditaram profecias, instruções invocatórias e ritualísticas e uma linguagem angélica especial que Dee chamou de “enoquiana”, a língua mater da humanidade, falada antes da queda de Adão. Dee sustentou que os anjos lhes ditaram laboriosamente vários livros dessa maneira. Ambos dedicaram-se à elaboração dessa língua angélica, adâmica ou enoquiana, formulando os respetivos alfabeto, sintaxe e gramática no sentido de uma interpretação cabalística que explicasse a unidade mística da criação.
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O diário manuscrito de John Dee de 6 de maio de 1583, mostrando as 21 letras da escrita enoquiana. Fonte: Wikipédia.
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O enoquiano é uma linguagem própria completa, com seu próprio alfabeto, gramática, tabuletas, etc. Fonte: Museum of Witchcraft and Magic.
Esses anjos não eram propriamente caridosos e transmitiam pronunciamentos furiosos sobre a natureza espiritual decaída da humanidade. Eles insistentemente comparavam os humanos a “prostitutas”, não no sentido sexual, mas no de que eles permitem que suas atenções sejam cativadas por literalmente qualquer coisa, exceto Deus. Os anjos descreveram a ordem do cosmos e fizeram previsões apocalípticas de eventos futuros na política europeia.
O uso de meios mágicos não cristãos para chamar anjos, especialmente em uma época em que não havia como distinguir anjos dos demônios, significava que não eram propriamente “anjos” os seres que Dee e Kelley contatavam. Ciente de que havia pelo menos quatro torres ou pilares que funcionavam como portais estelares sobre a terra, Dee pretendia abrir um desses portais para permitir a vinda desses demônios ou “anjos caídos” que revelaram o nome celestial para Satanás: Choronzon, o “Morador do Abismo”. Outro dos rituais realizados por Dee foi convocar os porteiros Archon Cernunnos. [2]
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A figura com chifres do tipo Cernunnos ou deus com chifres, no caldeirão de Gundestrup, em exibição no Museu Nacional da Dinamarca em Copenhague. Fonte: Wikipédia.
De sua parte, Kelley estava apavorado com os espíritos, reconhecendo-os como demônios e constantemente implorando a Dee para interromper as sessões. Dee insistiu em seguir em frente, sobrecarregando Kelley até a exaustão e mantendo-o praticamente prisioneiro em Mortlake. Embora Dee possa ter sido o membro mais inteligente da sua espécie, ele ainda era visto como um mosquito insignificante pelas hiperinteligências angelicais, especialmente quando a dupla começou a implorar por dinheiro – Kelley até perguntou se os anjos poderiam emprestar algum dinheiro a ele! Mas, apesar de toda a embaraçosa falta de evolução de Dee e Kelley, eles teriam que servir, porque os “anjos” tinham um plano e eles eram os que estavam no ganho.
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John Dee e Edward Kelly evocando um espírito. Arte de Ebenezer Sibley, por volta de 1825. Fonte: Wikipédia.
Em suma, os anjos queriam nada menos do que uma nova ordem mundial dirigida por princípios divinos e propuseram o que deve ser uma das ideias mais nefastas da história: uma religião mundial baseada no amor e na fraternidade, um supracristianismo ou supramonoteísmo que não apenas uniria o catolicismo e o protestantismo, mas também o judaísmo e o islamismo em um todo fundido. As almas de todo o globo seriam assim reunidas em torno de um Estado e uma Igreja únicas, todos dirigidos pelos próprios anjos a partir da Nova Jerusalém. Nesse sentido, Dee já havia dado o primeiro passo ao estabelecer uma nova ordem mundial temporal sob Elizabeth.
Os anjos eram tão fervorosos que ordenaram a Dee e Kelley que se apresentassem à corte de Rodolfo II, contassem que ele estava possuído por demônios e ordenassem que atendesse à mensagem angélica. Esta foi uma sentença de morte, mas Dee e Kelley cumpriram fielmente a instrução. Rodolfo II os ignorou, mas o núncio papal não, e planejou sua destruição. A Igreja, ao que parece, levou a sério as reivindicações de Dee e Kelley, talvez como uma ameaça à sua própria existência.
Entre 1582 e 83, Dee escreveu o De Heptarchia Mystica (Sobre a Regra Mística dos Sete Planetas), um guia para invocar anjos sob a orientação do Anjo Uriel, não publicado durante a vida de Dee. Ao longo do texto há referências ao poder de Deus, orações a Deus, etc., que até podem ser lidas como cristãs, mas há muitas passagens – e apenas uma delas seria suficiente – que denotam sua origem demoníaca. Esses “anjos” se identificam como “deuses, criaturas que governaram, que governam e que governarão sobre você”, espécies de demiurgos ou arcontes, construtores do universo físico. Dee recebe o poder sobre esses anjos – “Estes (anjos) estarão sujeitos a você” –, algo que somente Deus poderia ter. Deus é chamado de “Príncipe Geral, Governador ou Anjo que é o Principal neste mundo”, ou seja, este não é o Deus cristão, mas o próprio Diabo.
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Um dos desenhos contidos em De Heptarchia Mystica. Fonte: Esoteric Archives.
Em abril de 1583, os rumores de que eles estavam produzindo ouro por meio da alquimia, atraiu o interesse de um nobre polonês, Olbracht Łaski (1536-1604), que os convidou para trabalhar em sua casa. Dee e Kelly deixaram a Inglaterra e realizaram experiências alquímicas e mediúnicas dispendiosas que colocaram as finanças de Łaski em risco.
Na segunda metade da década de 1580, instalaram-se em Praga. Decepcionado por não conseguir desvendar o manuscrito Voynich, Dee entrega-o ao Conde Rodolfo II, que andava fascinado pela alquimia. Rodolfo II ficou muito impressionado, porém sua alquimia logo levou a queixas de bruxaria e heresia, com o Papa Gregório XIII (1502-1585, eleito em 1572) exigindo sua prisão. Rodolfo II permitiu que eles escapassem. Dee e Kelly tornaram-se então astrólogos independentes, e após alguns anos de vida nômade na Europa Central e de relativa estabilidade na Boêmia, durante os quais continuaram suas sessões mediúnicas ou conferências espirituais, Kelly de repente tentou sair, mas foi forçado por Dee a ficar.
Embora nenhum anjo na acepção da palavra jamais tivesse aparecido como mulher, os anjos garantiram a Dee e Kelley que nada poderia ser mais falso, já que apareciam frequentemente na forma de belas mulheres ou andróginos. Enquanto consultava o anjo Madimi, que já havia se mostrado uma jovem brincalhona e concisamente informativa, Kelley viu uma Madimi adulta se despir totalmente antes de dizer que eles deveriam “compartilhar todas as coisas em comum”, e até mesmo suas esposas.
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John Dee segurando uma caneta e Edward Kelley olhando para um anjo em um globo. Os espíritos El e Madimi podem ser vistos no fundo (contornos brancos). O Selo de Deus está na Mesa Sagrada em primeiro plano. Fonte: Museum of Witchcraft and Magic.
A instrução de Madimi não poderia vir em melhor hora para Kelley, que queria terminar com as conferências espirituais aterradoras para poder se concentrar na alquimia, que sob o patrocínio do nobre William de Rosenberg (1535-1592) o estava tornando rico. Jane Dee, que não suportava Kelley, chorou incontrolavelmente quando soube do plano, que Dee achou revoltante, mas acatou como um comando divino. Dee estava tão perturbado que convocou o anjo Uriel em protesto, que ratificou a validade do comando. Dee tinha então 60 anos, altura em que se voltou à doutrina agostiniana do “Ama e faze o que quiseres” [3] para garantir a si mesmo que sua alma não seria condenada. A frase de Santo Agostinho (Aurélio Agostinho de Hipona, 354-430), é claro, ecoaria quatro séculos depois no “Faça o que tu queres há de ser o todo da lei”, de Aleister Crowley.
Como sua saúde financeira dependia em grande parte das comunicações angélicas para os patrões ricos, Dee concordou com a troca de esposas, isto apesar da grande diferença de idade entre os quatro indivíduos e a imoralidade da situação. O “ménage à quatre” foi realizado depois que as quatro partes assinaram um contrato. “Eis”, os anjos disseram a eles depois que isso foi feito, “vocês estão livres”. Dois dias depois, uma nova presença apareceu, a “Mulher Escarlate”, chamada Babalon em enoquiano, a Prostituta da Babilônia do Apocalipse, que voltaria a ser invocada séculos depois por Aleister Crowley e seu discípulo Jack Parsons. Dee e Kelley ficaram tão apavorados que os dois se separaram e as sessões cessaram.
1588 amanheceu, e o Apocalipse que os anjos prometeram não se manifestou. Envolvido indiretamente na causa política que afligia a região, Dee foi expulso de Praga por Rodolfo II. Dee e Kelley nunca mais se viram.
Tendo convencido muitas pessoas influentes de que era capaz de produzir ouro, por volta de 1590 Kelley estava vivendo uma vida abastada. Rosenberg lhe doara várias propriedades e grande somas de dinheiro e o nomeara “Barão do Reino”, mas cansou-se de esperar por resultados, e Rodolfo II mandou Kelley para a prisão em maio de 1591, no Castelo de Křivoklát, na Boêmia Central, República Tcheca. Por volta de 1594, Kelley concordou em cooperar e produzir ouro, foi libertado e restabeleceu seu status anterior. Novamente falhou, e novamente foi preso, desta vez no Castelo de Hněvín, na região de Ústí nad Labem. Ao tentar escapar, Kelley fratura a perna e, devido aos ferimentos não tratados adequadamente, acaba por falecer em 1597, aos 42 anos de idade.
Quase falido após seis anos de viagem, Dee voltou para Mortlakeem 1589 para encontrar sua biblioteca saqueada e muitos de seus valiosos livros e instrumentos destruídos ou roubados (parte do acervo de Dee sobrevive na Biblioteca Britânica e em outros lugares). Logo depois que ele voltou, um surto de Peste Negra varreu Londres, pelo qual ele foi culpado. A praga também vitimou Jane Dee e cinco dos oito filhos de Dee. Por volta de 1592, buscou auxílio com a Rainha Elizabeth, que por sua vez o encaminhou para a cidade de Manchester, longe de Londres, para atuar como diretor do Christ’s College, um insulto a um acadêmico como ele. Seu mandato não foi nada feliz lá, e ele teve de retornar a Londres em 1605.
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John Dee. Fonte: R. Burgess, Portraits of doctors & scientists in the Wellcome Institute, London 1973, nº 775.7.
Quando Elizabeth I morreu em 1603, Dee perdeu seu patrocínio, bem como sua capacidade de se defender de seus muitos inimigos políticos e religiosos. James I (1566-1625), seu sucessor, um obcecado pela ameaça que as bruxas representavam, tanto que escreveu o Daemonologie em 1597, supervisionava pessoalmente a tortura de mulheres acusadas de bruxaria e lançou um contra-ataque cristão contra a era de alta cultura e alta magia de Elizabeth I.
Antes considerado o homem mais inteligente do mundo, Dee agora era forçado a vender seus livros e vários de seus bens para sustentar a si mesmo e a sua filha, Katherine, que cuidou dele até sua morte por volta de março de 1609, aos 82 anos, predita pelo Arcanjo Rafael, que disse a Dee sobre uma “longa jornada para além do mar”. Os anjos também o consolaram dizendo que seu nome e memória seriam preservados para sempre.
Após sua morte, um antiquário da região adquiriu o terreno onde situava-se sua residência com o intuito de promover escavações e buscar “relicários” pertencentes ao ocultista. Diversos registros redigidos pelo próprio Dee foram encontrados, entre eles, descrições detalhadas de suas práticas conhecidas como “conferências espirituais”. Parte desse conteúdo foi publicado em 1659 por Meric Casaubon (1599-1671), um erudito clássico franco-inglês que foi responsável pela ideia generalizada de que Dee estava agindo como uma ferramenta involuntária de espíritos diabólicos.
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Meric Casaubon. Artista desconhecido. Fonte: Art UK. 
Em A Treatise Concerning Enthusiasme (1655), Casaubon escreveu contra o entusiasmo e circunscreveu o domínio do sobrenatural. No ano seguinte, ele produziu uma edição de John Dee, retratando-o como tendo relações com o diabo. Além de atacar aqueles que negavam totalmente o sobrenatural e limitar o papel da razão na fé, Casaubon defendia o aprendizado humanista contra as reivindicações de uma nova filosofia natural emanadas de figuras da Royal Society.
Na mesma época, membros da Ordem Rosacruz reivindicaram Dee como um deles, embora não haja evidências de que o próprio Dee tenha pertencido a qualquer sociedade secreta.
Como tantos pensadores especulativos dos séculos XVI e XVII, Dee era o que o jornalista e escritor judeu anglo-húngaro Arthur Koestler (1905-1983) chamou de sonâmbulo, um dos visionários que criaram o mundo moderno por meio de suas tentativas de explorar os contornos prescritivos do antigo. O envolvimento de Dee em assuntos ocultos – vidências e canalizações –, combinava credulidade e uma paixão intelectual por discernir padrões no universo. Como o principal cientista prático e teórico da Inglaterra, Dee também defendeu o heliocentrismo e fez previsões científicas surpreendentes – do telescópio, da velocidade da luz, da quarta dimensão e dos usos da ótica para armas e energia solar que não seriam experimentados até a década de 1960.
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John Dee. Imagem: Mundo Tentacular.
Não há evidências de que Dee tenha conhecido Giordano Bruno (1548-1600), embora Bruno certamente conhecesse o trabalho de Dee; nem há evidências de que conheceu William Shakespeare (1564-1616), embora tenha ensinado o poeta, dramaturgo e estadista elisabetano Fulke Greville (1554-1628), que se declarou “mestre de William Shakespeare”, e mais de uma vez foi sugerido que Dee tenha servido de modelo para o mago de Shakespeare, Próspero, de A Tempestade (1610 ou 1611). Ambos os homens levantam questões preocupantes sobre o uso e abuso de sua “arte” ou poder mágico. Eles evocam visões teatrais que logo se dissolvem diante de nossos olhos, levando os críticos a traçar conexões entre sua magicamente “potente Arte” (A Tempestade, 5.1.50) e o poder do dramaturgo, o próprio Shakespeare. Descrições contemporâneas de Dee como alto e esguio, com uma longa barba branca, usando um longo vestido com mangas penduradas, tornaram-se a imagem arquetípica do mágico, incluindo o mencionado Próspero de Shakespeare.
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John Dee. Pintor desconhecido. Fonte: National Maritime Museum, Greenwich. 
A figura arquetípica de mago de John Dee foi encarnada por Christopher Lee (1922-2015) em sua interpretação do mago Saruman, o Branco, na trilogia O Senhor dos Anéis (The Lord of The Rings, 1999-2001),do diretor neozelandês Peter Jackson, baseado na obra doescritor, professor universitário e filólogo britânico John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973). O olhar plano e a barba branca são as principais semelhanças entre o ator e o bruxo. 
Saruman tem seu palantír, enquanto John Dee tem sua pedra de apresentação. Ambos são bolas de cristal que eles usam para inspecionar magicamente a terra e lhes dão o poder de falar com os espíritos. 
Saruman (que significa "homem de habilidade ou astúcia" no dialeto mércio do anglo-saxão) se comunica com "o Necromante", que é um nome dado à presença vaga e maligna que se esconde nas sombras da Floresta das Trevas em O Hobbit e mais tarde é revelado ser o próprio Sauron, que estava convocando demônios e trazendo os mortos de volta à vida neste momento, em vez de liderar orcs para a guerra contra Gondor. 
Saruman e John Dee eram magos de grande conhecimento tanto mágico quanto científico. Dee era um matemático, cartógrafo e mecânico. Saruman era um químico, tendo projetado a pólvora que seu uruk-hai usa para demolir as paredes do Abismo de Helm. 
John Dee e Saruman tinham redes de espionagem. Frodo e companhia devem se preocupar com os espiões do Mago Branco tanto quanto se preocupam com os próprios Cavaleiros Negros de Sauron. Além dos rufiões que Sauron emprega para se infiltrar e flagelar o Condado em O Retorno do Rei, ele tem um enxame de corvos chamados Crebain, que usa para espionar a Sociedade. A rede de espionagem de John Dee consistia em uma rede de agentes estrangeiros no exterior, muitos provavelmente à procura de católicos conspirando na França para retornar à Inglaterra e matar a rainha. Ele também pode ter usado espíritos e a magia de sua pedra de apresentação para espionar inimigos no exterior. 
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Christophe Lee como Saruman, a encarnação de John Dee. 
Saruman e John Dee são tão atraídos por um poder misterioso que os levam a fazer acordos com o diabo dos quais mais tarde se arrependem. Eles têm o complexo de Fausto, do médico, mago e alquimista alemão Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540), que teria feito um pacto com o diabo, a quem ele convoca em uma encruzilhada à meia-noite em um ritual necromântico a fim de obter conhecimento proibido de magia. No final, Fausto é arrastado para o inferno por demônios. Sua história foi contada inúmeras vezes, com destaque para a de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). O acordo de Saruman com Sauron é semelhante. 
Contribuições adicionais para o estudo da magia enoquiana foram feitas ao longo dos séculos por Thomas Rudd (1583-1656), engenheiro militar e matemático inglês, Elias Ashmole (1617-1692), astrólogo e alquimista britânico, Samuel Liddell “MacGregor” Mathers (1854-1918), ocultista britânico, William Wynn Westcott (1848-1925), ocultista britânico, Francis Israel Regudy, mais conhecido como Israel Regardie (1907-1985), ocultista e escritor que trabalhou como secretário pessoal de Aleister Crowley (1875-1947), e o próprio Aleister Crowley, que se tornou uma espécie de John Dee dos tempos hodiernos.
Notas
1. Com dimensões de um livro de bolso (16 centímetros de largura, 22 centímetros de altura e 4 de espessura), as 240 páginas do manuscrito em pergaminho de vitelo são ricamente ilustradas, sendo que algumas folhas têm várias vezes o tamanho do livro quando desdobradas. Metade do volume retrata plantas inteiras, a maioria não identificada (três delas foram, mas as espécies ocorrem em várias partes do mundo, não ajudando a localizar sua origem). Segue uma seção astrológica, com desenhos do Sol, da Lua, de estrelas, o zodíaco, círculos no céu e muitas mulheres nuas em piscinas com líquido verde. A seção seguinte contém estranhos desenhos de tubos, que se conjectura serem vasos sanguíneos, microscópios ou telescópios, e mais mulheres nuas em piscinas. Em seguida vem a seção chamada de farmacêutica, que parece uma lista aparentemente sobre folhas e raízes. O livro termina com páginas repletas de um texto formado por uma série de parágrafos curtos, ilustrado apenas por estrelas nas margens. Os cerca de 40 símbolos do texto lembram vagamente números arábicos e letras do alfabeto latino, bem como alguns sinais usados por alquimistas medievais. Eles estão organizados como em qualquer texto ocidental, agrupados em palavras separadas por espaços.
2. Cernunnos (em latim e em celta), deus chifrudo celta da natureza e da fertilidade que por vezes aparece sentado em posição de lótus e associado com animais. Karnon, do gaulês “corno”, é cognato de cornu do latim, de hurnaz do germânico, e de horn do inglês. Cernunnos é a mais antiga divindade do panteão celta. Há sinais, inclusive, de que ele seja anterior às invasões celtas. Independentemente de sua origem, o deus cornudo, galhudo ou cornífero, desempenha uma função importante não só por se tratar do senhor dos animais e mestre das caças, mas também da fertilidade e da abundância, regulando as colheitas dos grãos e das frutas e conectando a terra, o céu e o mar no centro sagrado do mundo. Posteriormente, foi considerado também o deus do dinheiro e, em alguns momentos, é associado ao Sol. Segundo as lendas, Cernunnos (o princípio masculino) é filho da grande deusa (o princípio feminino). Ele atinge sua maturidade no solstício de verão e se apaixona pela deusa. Ao fazerem amor, deposita toda sua força e a engravida. Quando a deusa dá a luz no solstício de inverno, o deus morre, pois foi ele mesmo que renasceu. É a representação da passagem das estações. Um símbolo do poder natural da vida, da morte e do renascimento. Essa relação incestuosa foi substituída por outra lenda, registrada por um poeta. Nela, Cernunnos nasceu da grande deusa sem seus chifres. Atingiu sua maturidade no verão e se apaixonou por Epona. Com ela se casou e ambos reinavam no subterrâneo, onde encaminhavam as almas. Porém, Epona precisava vir à terra cumprir suas funções de deusa da fertilidade, lembrando a história de Hades e Perséfone. Num desses momentos, Epona o traiu e uma galhada começou a nascer na cabeça do deus. Daí viria a ligação entre traições e chifres. No caldeirão Gundestrup, em Himmerland, Jutland, na Dinamarca, aparece sentado de pernas cruzadas, segurando uma serpente e um torque, ladeado por animais (incluindo um veado). A escultura está hoje no Museu Nacional da Dinamarca. Sua primeira representação conhecida está presente em uma gravação sobre rocha datada do século IV encontrada no norte da Itália. Aparece como um ser de aspecto antropomorfo, dotado de dois chifres de cervo na cabeça e dois torques em cada braço. O torque (espécie de argola aberta torcida com as extremidades em forma de esferas) é um atributo de poder e realeza utilizado no pescoço ou nos braços pelos grandes chefes e guerreiros mais destacados para que fossem identificados como mestres na sociedade celta. Ao lado dessa imagem estava desenhada uma serpente com cabeça de carneiro, símbolo de renascimento e sabedoria. Acreditava-se, então, que Cernunnos poderia tomar a forma deste animal. Frequentemente é representado acompanhado por animais, principalmente cervos e touros. Os deuses com chifres são sempre identificados como entidades de sabedoria e de poder. Na Antiguidade, tais protuberâncias cefálicas podiam ser levadas apenas pelos mais viris, dotados de valor, honra, masculinidade, etc. É possível que a ideia de “coroa real” venha daí. Um conto popular gaélico fala sobre viajantes que ganharam chifres ao comerem maçãs da floresta de Cernunnos. Após mordê-las, chifres cresceram em suas testas e eles passaram a compreender muitas coisas que aconteciam ao redor do mundo. Uma lenda escocesa afirma que chifres apareciam na cabeça dos melhores guerreiros. Os vikings são popularmente conhecidos por seus elmos com chifres, mas eles nunca levavam adornos semelhantes aos combates, pois isso seria um grande incômodo. Na verdade, utilizavam capacetes lisos e práticos, quase sem ornamentos. Os famosos capacetes com chifres eram utilizados apenas em cerimônias religiosas. Cernunnos foi muito adorado entre os povos celtas da França (Gália) e da Grã-Bretanha, onde foi associado a Belatucadnos, um deus da guerra. Os gregos associavam-no a Pã, mas os romanos o relacionaram a Mercúrio. Na Irlanda medieval, os chifres de Cernunnos foram transferidos ao Diabo, dando forças ao cristianismo contra o paganismo.
3. “Ama e faze o que quiseres. Tudo é permitido, que o amor permite; tudo é proibido, que o amor proíbe”, in Homilies on the First Epistle of John (Homilias sobre a Primeira Epístola de João), de Santo Agostinho.
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