#encoberto
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solie mente vazia é oficina do diabo e por isso eu estava pensando aqui aqui 💭💭💭💭 seungcheol no começo de um relacionamento e na hora do sexo ele tem um pouco de medo pelo fato dele se grandao (em todos os sentidos) e por ser forte dms (🤤🤤) ele tem medo de machucar a reader e acaba sempre fazendo um amorzinho baunilha e um dia ele escuta ela no telefone com a amiga q está cansada de ser tratada igual boneca de porcelana e depois disso o homem vira o cão na cama
baita plot bom, rai [🫦]
— 𝗻𝗼𝘁𝗮𝘀: queria ele puto comigo... (eu dei um salto nos fatos por ser mais tranquilo de desenvolver, mas ainda mantive todas as circunstâncias que você falou) — 𝗮𝘃𝗶𝘀𝗼𝘀: size kink (big dick cheollie), dumbfication, sexo desprotegido, palavrões demais e degradação.
"E o quê eu sou? Repete.", as palavras foram praticamente rosnadas no seu ouvido. O tempo que você levou para interpretá-las foi muito maior que o usual, o raciocínio estava lento, quase inexistente. A cabecinha usava todos os neurônios para tentar fechar as pernas fracas, mal sabia como ainda se mantinha em pé, talvez por estar agarrada ao braço de Seungcheol como se sua vida dependesse disso. "Não. Abre os olhos.", o comando veio acompanhado de uma mão balançando o seu rostinho. Droga, tinha certeza que eles estavam abertos uns instantes atrás — é difícil focar em tanta coisa ao mesmo tempo.
"Eu não... não consigo.", choramingou. Não sabia o que não 'conseguia', se referia à basicamente tudo.
"Consegue.", refutou. "Você mesma disse que aguenta, não foi o que você falou?", a estabilidade na voz não combinava com o jeito que os dedos abriam sua entradinha sem dó. O som molhadinho foi encoberto por mais um gemidinho dengoso seu. Não aguentaria gozar mais uma vez. Não, não. As coxas já estavam encharcadas, Cheol ia te fazer desmaiar. "Me responde quando eu te perguntar alguma coisa, amor. É a última vez que te aviso."
"Desculpa. Me desculpa.", agarrou-se mais ao braço dele, as perninhas tremiam. Ouviu um suspiro desapontado e sentiu uma pontinha de culpa, não gostava de decepcionar seu Cheollie.
"Cê sabe que eu detesto fofoca, amor. Por quê que não falou diretamente comigo, hein?", te olhou questionandor a medida que diminuía a velocidade das estocadas. Já você, aproveitou o ritmo mais lento para respirar.
"Não sei.", arfou.
"Sabe. Sabe sim.", refutou de novo, o polegar desenhando círculos apertadinhos no seu clitóris. O abdômen se apertou, tentando expulsar a sensação insuportável. "Diz, princesa. Por quê?"
"Você ia- Cheol, porra... ia dizer não 'pra mim.", os dígitos se ondularam lá no fundo, sua entradinha espasmou.
"E por quê eu ia dizer não, amor? Qual o motivo?", franzia as sobrancelhas, falava manso como se tentasse explicar algo complicado a uma criancinha estúpida.
"Pra não machucar, Cheollie...", tentou se encolher nos braços dele, mas foi impedida de imediato. Sentia seu corpo sendo consumido por um desespero estranho, ia gozar, mas parecia estar completamente à deriva — só o olhar autoritário de Seungcheol não era suficiente para te manter no chão. "Mas não machuca. Eu... eu aguento, já disse que aguento.", choramingava e era muito contraditória.
Ele assistia suas pernas tremelicando, o corpo contrariava o que a mente fazia questão de impor. Mas se Seungcheol precisava te mostrar isso na prática, ele iria. Não importa o quanto tentasse esconder: tinha um ego gigantesco e ouvir a palavra "frouxo" juntamente ao nome dele na mesma frase havia sido um ataque muito mais eficaz do que ele gostaria que fosse. A paciência se dissipou, os dedos deixando seu interior de repente.
O corpo molinho não mostrou resistência ao ser colocado em cima do balcão que ficava ao lado da pia. Seungcheol inspecionou a bucetinha arruinada, cuspindo ali só para garantir. Você assistia a cena completamente zonza, os bracinhos se apoiando no mármore gelado atrás de você. As mãos fortes se livraram do aperto da calça, o tamanho intimidava 'pra caramba — por mais que você se fingisse de destemida. Era espesso e pesado da pontinha até a base, o inchaço ditava o quão cheinha você iria ficar assim que Cheol terminasse. Não ia caber, talvez escorresse.
Te abriu de uma vez só e você jura ter ouvido sua audição chiando. O gritinho ficou preso na garganta sendo substituído por um som surdo. Ardia, Seungcheol havia te aberto gostosinho com os dedos mais cedo, mas você definitivamente se sentia cheia. Era como se lotasse o seu corpo inteirinho, não adiantava se esforçar para sair — não que você quisesse. O buraquinho mal espasmava, sem conseguir lidar com a pressão. Cheol não impediu mais um suspiro desapontado — parecia fazer aquilo contra os próprios princípios, só para provar que estava certo.
"Princesa, é 'pra tirar?", soava preocupado, o jeitinho cuidadoso não se esvaía de maneira alguma — ele realmente achava que iria acabar te quebrando sem querer. Você negou meio atordoada, os olhinhos apertados, murmurava uma série de 'eu aguento's.. teimosa até o último segundo. Seungcheol detestava teimosia.
Seu corpo tremeu numa estocada forte. Não conseguia nem racionalizar as sensações, as mãozinhas trêmulas arranhavam a superfície gelada, pois não havia onde se segurar. Olhou para baixo, a boca nem se fechava deixando arfares tímidos arranharem a garganta — a voz ainda estava presa, seu estado era patético.
Encarou o ponto onde vocês dois se conectavam. Nunca se acostumaria com o quão obsceno tudo era, Seungcheol te abria tanto... parecia prestes a te rasgar interinha. As dobrinhas da sua entrada acompanhavam os movimentos, apertando sempre que sentia ele sair de dentro de você — até nisso era gulosa.
"Olha 'pra mim.", ele murmurou, as mãos apertando o interior das suas coxas como alerta. E você tentou, jura que tentou, mas a cabecinha pervertida não conseguia tirar o foco do que acontecia no meio de vocês dois. Cheol precisou te agarrar pelo maxilar para finalmente conseguir o que queria.
O rosto austero nunca falhava em fazer sua bucetinha se melar toda — não curtia estressá-lo, mas era difícil sentir outra coisa que não fosse tesão quando ele te olhava desse jeito.
"Era isso que você queria?", socou com mais força e seu corpo retesou com o impacto. Dessa vez não deu para segurar o gemidinho desesperado. Ardia 'pra cacete e era uma delícia, você não sabia mais o que pensar. "Era, porra? Era isso?"
Os dígitos que comprimiam suas bochechas não te deixavam responder de maneira alguma. Cheol foi mais fundo e você sentiu seus olhos arderem, olhava-o cada vez mais estúpida, perdia-se entre gozar ou desmaiar — talvez os dois. Quase choramingou ao sentí-lo sair de repente, mas o aperto no seu rostinho ainda te impedia de muita coisa. Seungcheol te fez olhar para baixo novamente, a outra mão ocupada em te foder com três dedos sem resistência alguma.
"Olha o jeito que 'cê fica aberta, caralho. Acha mesmo que isso não vai machucar depois? Teimosa 'pra cacete.", tentava te dar lição de moral mesmo sabendo que sua cabecinha não processaria nada daquilo. Tudo o que fez foi se molhar mais, quase salivando ao ver o próprio buraquinho arruinado.
Seungcheol sentia a sanidade dele se esvaindo ao te ver tão burra. Você não aprendia mesmo. Logo foi arrematada num beijo bagunçado, mas cheio de tesão. Arranhava os braços fortes, deixando que ele domasse sua boquinha como bem quisesse. Ele te roubou até o último resquício de oxigênio, era obcecado por você — por todas as partes.
Seu sorrisinho molenga e completamente apaixonado quando ele te soltou fez Seungcheol quase esporrar ali mesmo. Se ele soubesse que você precisava ser quebrada para agir desse jeito talvez tivesse o feito muito antes. Novamente, entrou tão forte quanto da primeira vez, o pau escorrendo mais ainda ao sentir o quão quentinha e carente você estava.
Por um tempo, o baque surdo das peles se chocando foi a única coisa que ecoava através das paredes do cômodo. Você já havia se perdido completamente, o corpo ondulando a cada estocada. Choramingava, se babava inteirinha, não queria parar. Seungcheol agora te agarrava pelo cabelo, o outro braço enlaçava sua cintura para te impedir de cair para trás — não era preciso muita análise para notar que você havia sido reduzida a uma bonequinha de foda.
"Agora me responde: eu ainda sou frouxo, princesa?", sussurrou contra sua bochecha, a pergunta parecia retórica. "Fala, _____. Ou eu já te quebrei?", o uso totalmente irregular do seu nome te tirou da órbita desordenada que a sua cabeça fazia. Gastou os últimos neurônios funcionais que tinha para cavar mais fundo a própria cova:
"É... você é. Você-", soluçou. "Você 'tá fazendo tudo que eu quero, tá- Cheollie...'tá... porra, ah!", incoerente, Seungcheol quase não conseguiu te entender. Estúpida, estúpida, estúpida! O homem riu baixinho, mas o tremor do peito dele foi suficiente para te fazer tremer junto.
"Se ainda consegue falar é porque eu não quebrei de verdade...", ele concluiu. Separou-se do seu corpo. "Ajoelha 'pra mim, princesa. Vou acabar com a sua boquinha também."
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eres mía, felipe otaño
pairing: felipe otaño x fem!reader summary: você tinha o noivo dos sonhos, o vestido perfeito e a data marcada. mas é claro que o seu ex-namorado precisava aparecer do nada para bagunçar toda a sua cabeça, de novo. warnings: SMUT!! cheating, era pra ser smut tapa na cara murro na costela mas acabou virando angst (sorry), remember com o ex, oneshot meio longa pq me empolguei, reader tchonga e pipe com 0 amor próprio pro plot fazer sentido, p in v, dirty talk, manhandling, (um tiquinho de) dry humping, fingering, degrading beeeem levinho, dsclp eu sou perturbada e precisava compartilhar isso com o mundo. note: tava ouvindo eres mía do romeo santos (muito boa, recomendo!!!!) e o pipe numa pegada ex magoadinho que ainda não aceitou direito o fim do namoro simplesmente DOMINOU minha mente. aí já viu, né? tive que largar o bom senso e tudo que tava fazendo pra escrever.
no te asombres si una noche entro a tu cuarto y nuevamente te hago mía bien conoces mis errores el egoísmo de ser dueño de tu vida
VOCÊ NÃO DEVERIA ter saído de casa naquela noite.
sinceramente, nem queria ter ido. o casamento seria amanhã e você estava uma pilha de nervos, pensando em tudo que poderia dar errado. apesar de ter uma cerimonialista e uma equipe inteira com mais de dez pessoas à sua disposição — que seu noivo, gentilmente, contratou para te ajudar —, intencionava passar a noite toda checando, novamente, todos os mínimos detalhes porque não confiava em mais ninguém além de si mesma para garantir que seu dia fosse o mais perfeito possível. isso, claro, até suas amigas invadirem sua casa, gritando e pulando igual crianças hiperativas, e te arrastarem para uma boate de quinta com a desculpa de que você tinha que sair para farrear com elas uma última vez antes de se entregar de corpo e alma para a vida de castidade do casamento.
e você, contrariando todas as suas ressalvas e o sexto sentido que implorava para que não fosse, acabou aceitando. era só uma despedida de solteira, afinal. usaria uma fantasia ridícula — um véu xexelento, um vestidinho branco curtíssimo que mais parecia ter saído de um catálogo da victoria’s secret e uma faixa rosa com “noiva do ano” escrito em letras douradas, garrafais —, beberia um pouco, dançaria até se acabar e aproveitaria uma última noite de extravasamento com as amigas de longa data. justamente o que precisava para desestressar um pouquinho antes do grande dia.
nada demais, certo?
seria se não tivesse o visto. de costas sob a luz neon e encoberto pela névoa fina de gelo seco, ele parecia ter saído diretamente de um sonho — ou um pesadelo, se preferir — e você quase se convenceu de que realmente estava presa em algum tipo de alucinação causada pelo combo estresse pré-cerimônia + álcool. até faria sentido no momento mais delicado da sua noite ver em um estranho qualquer a figura do ex que você, apesar de jurar o contrário, nunca conseguiu esquecer totalmente, numa pegadinha maldosa pregada por seu cérebro sacana, para tentar, aos quarenta e cinco do segundo tempo, te fazer duvidar das suas escolhas. entretanto, sabia que buscar se convencer daquilo seria, no mínimo, idiota e ilógico e você, além de não ser nem uma idiota, também era uma pessoa muito lógica.
não tinha álcool ou estresse no mundo que te fariam confundir aquela silhueta que conhecia mais do que a palma da própria mão. os ombros largos escondidos pela camiseta preta, que sempre foram sua obsessão secreta, os braços fortes que por tantas noites frias te aninharam, acalmaram e apertaram, servindo como um casulo para te proteger do mundo do lado de fora, e a cabeleira sedosa, significativamente mais longa desde a última vez que se viram, na qual amava afundar os dedos em afagos demorados, só para sentir a textura dos fios castanhos deslizando sobre a pele. era capaz de reconhecer felipe otaño — ou pipe, como costumava chamá-lo quando ainda compartilhavam alguma intimidade — até de olhos fechados.
sentiu o mundo girar e o estômago contrair, enjoado, pronto para expelir todo o conteúdo de repente indesejado. havia perdido milhares de noite de sono pensando em como seria o momento que se reencontrariam, como agiria e reagiria ao vê-lo novamente depois de tanto tempo, todavia, em todos os cenários que antecipou na sua cabeça sempre se imaginou fazendo algo muito mais maduro e racional do que simplesmente fugir covardemente igual uma gatinha apavorada.
“preciso ir”, avisou as amigas rapidamente, sequer dando tempo para que elas tentassem te convencer a ficar mais um pouco ou se oferecessem para ir junto, e literalmente saiu correndo, aos tropeços, da boate, desesperada para ficar o mais longe possível daquele fragmento do seu passado irresoluto.
já de volta ao apartamento, que em poucas horas deixaria de ser seu, não pôde evitar de pensar em tudo que no último ano tanto se esforçou para esquecer, hiperventilando com o turbilhão de sentimentos adormecidos que resolveram despertar todos de uma vez só. a essa altura, felipe deveria ser uma página virada da sua história, algo distante e incapaz de perturbar a paz supostamente inabalável que tanto lutou para estabelecer. não conseguia entender o que tinha de errado consigo. não era isso que você queria?! estava a um passo de alcançar a vida tranquila, monótona e rotineira que sempre sonhou e, ainda assim, seu coração se retorcia dentro do peito como se você estivesse prestes a tomar a pior decisão de todas.
a campainha tocou, de súbito, te afastando dos pensamentos indesejados. em uma noite normal, teria ficado com raiva da inconveniência de quem resolveu ser sem noção para vir incomodar tão tarde, porém, o alívio de ter a possibilidade de ocupar a mente com qualquer outra coisa que não fosse aquilo foi tão grande que até torceu para encontrar do outro lado da porta a senhorinha do apartamento trinta e dois, que adorava alugar seu ouvido por horas com as histórias intermináveis sobre a argentina dos anos setenta.
para a sua angústia, não era ela.
“você não excluiu o meu cadastro da portaria”, a voz arrastada arranhou seu cérebro cansado e precisou de quase um minuto inteiro para que os neurônios raciocinassem a imagem que seus olhos enxergavam. “por que, hein? tava esperando a minha visita, nenita?”.
o apelido escorrendo pelos lábios carnudos e rosados com tanto escárnio enviou um choque diretamente para a parte de trás da sua cabeça, que instantaneamente se converteu em uma pontada azucrinante de dor. perdeu o ar, sentindo-se minúscula ante a presença asfixiante, enorme, despreocupadamente encostada no batente da sua porta, e o ruído em seus ouvidos triplicou de altura.
“felipe, por que você tá aqui?”, conseguiu, finalmente, balbuciar uma pergunta.
ele sorriu abertamente, um pouco maldoso, bastante ferido, como se não acreditasse que você estava mesmo perguntando aquilo — até porque nem ele saberia responder.
felipe, também, não sabia o porquê de ter se dado o trabalho de ir até seu apartamento. ao ver um vislumbre do que pensou ser você, agiu no impulso, sem razão, e quando se deu conta estava na sua porta, tocando a campainha, tarde demais para dar meia-volta e desistir de sabe-se lá o quê. diria para si mesmo que só queria confirmar que realmente tinha te visto na boate, que não estava ficando louco, mas, no fundo, ele sabia que o que havia o levado para lá foi a descrença, alimentada pela esperança de ter se confundido e te encontrar de pijama, confusa de sono, sem um anel de compromisso reluzindo na canhota.
“ué, vim dar os parabéns para a…”, esticou a mão e tocou a tira de cetim que ainda pairava sobre seu peito, resvalando suavemente os dedos na pele desprotegida do decote escandaloso. “noiva do ano!”.
a vontade de vomitar te invadiu novamente. não tinha preparo para lidar com pipe, nunca teve. ele era inconstante, irregular, incontrolável… um furacão impossível de prever, logo, impossível de se preparar. passava truculento e imperdoável, bagunçando tudo que encontrava pelo caminho e principalmente você, que inevitavelmente acabava com a vida virada de cabeça para baixo, completamente desarranjada. sentiu no fundo da garganta o gosto amargo daquele sentimento de vulnerabilidade que te acompanhou durante todo o tempo que passaram juntos, como namorados, causado justamente pela agonia de não ter o controle da situação, de ter a existência nas mãos de outra pessoa, longe do seu alcance.
esse foi, aliás, o grande motivo para ter terminado com o otaño: a falta de controle. você, tão certinha e organizada, que desde criança gostava de planejar qualquer coisa minuciosamente, até as mais simples, porque ser pega de surpresa era enervante demais para você então tinha uma necessidade quase fisiológica de estar sempre a um passo à frente de tudo, mas que, no relacionamento de vocês, tinha justamente o contrário; com pipe, seus dias eram um constante passeio de montanha-russa, impremeditável: não importava o quanto se preparasse para a descida, toda vez ela acharia um jeito novo para te aturdir.
por isso, seu noivo era o homem perfeito para você. calmo, uniforme, corriqueiro, totalmente premeditável e incapaz de agir pelo impulso, o que oferecia a segurança de uma rotina sólida, sem imprevistos. isso deveria ter sido suficiente para você bater a porta na cara de felipe e deletá-lo completamente do seu sistema, porém, quando percebeu já tinha permitido que ele entrasse novamente dentro da sua casa, e consequentemente da sua vida, sem oferecer a menor resistência aos avanços das mãos grandes que buscavam, ávidas, tocar cada centímetro da sua pele gélida, te enclausurando entre aqueles braços fortes só para garantir que você não teria como fugir de novo.
“deixa eu te dar um presente de casamento”, pediu com aquele tom de voz baixo e servil, embebido de desejo, sabendo bem como só aquilo era suficiente para te deixar toda molinha, prontinha para ele. os olhos tremeram sobre as pálpebras e soltou um grunhido fraquinho, sentindo aquele calor conhecido envolver a sua pele arrepiada, fazendo seu sangue borbulhar dentro das veias.
“pipe, eu me caso em algumas horas…”, o restinho de consciência que existia em você suspirou contra o rosto dele, tão próximo, e nem sabia mais para quem exatamente estava dizendo aquilo: se era para ele ou para si mesma.
“mas agora você é minha. pela última vez.”
pipe sempre te beijava com a fome de mil homens, querendo consumir o máximo de você, como se a vida dele dependesse daquilo. os lábios fartos envolviam os seus com urgência, rápidos, vorazes, te dando tudo que tinha ao mesmo tempo que tirava tudo de você, numa troca contínua, e a língua quente e úmida invadia sua boca abruptamente, dominando a sua, ocupando cada espacinho da cavidade molhada. você nunca admitiria aquilo em voz alta, mas sentiu saudade de ser beijada de verdade, devorada por lábios sedentos e lascivos, capazes de demonstrar só com aquele simples ato o quanto te desejava. gemeu ruidosamente quando ele te apertou contra a parede fria da cozinha e pôde sentir cada músculo teso pesando sobre os seus, afundando-lhe no gesso claro. o homem avançou a perna um pouco para frente, invadindo com a coxa o espaço entre as suas, na intenção inicial de te dar algum tipo de apoio e garantir que você conseguiria se manter em pé durante todo o ato; porém, você, inebriada, mal percebeu os movimentos desesperados do próprio quadril, que se empurrava para frente e para trás, buscando qualquer tipo de fricção que aliviasse a tensão cruciante que já estava completamente instalada no baixo-ventre.
“mira eso… mal encostei em você e já tá se esfregando em mim igual uma perrita no cio”, caçoou, estalando a língua em uma falsa desaprovação para esconder o ego masculino amaciado. “que foi, nenita? não estão te comendo direito? ay, pobrecita…”
resmungou um palavrão baixinho, envergonhada, se contorcendo toda ao sentir ele erguer um pouquinho mais a perna e pressionar a intimidade sensível bem de levinho, só para te provocar e provar a própria teoria. e, para pontuar ainda mais a provocação, o homem deslizou a mão esquerda para o núcleo incandescente e pressionou a palma contra intimidade dolorida, sentindo toda a umidade que já escorria abundante pelas dobrinhas delicadas, encharcando a calcinha branca de algodão. balançou a cabeça para os lados, produzindo um tsc, tsc, tsc baixinho, fingindo estar decepcionado, todavia incapaz de disfarçar o sorriso vaidoso que se pintou na face extasiada ao constatar que, mesmo após tantos meses, você ainda reagia tão bem aos toques dele e que, pelo jeitinho entregue — o mesmo que ficava quando passavam um tempinho mais longo sem sexo, o que era raro na relação de vocês, mas vez ou outra acontecia —, nenhum outro foi capaz de te proporcionar o mesmo que ele.
arrastou a pontinha dos dedos pela carne coberta, alcançando o pontinho de nervos e o circulou com suavidade, os olhos vidrados na sua expressão sofrida e deleitosa, a boquinha entreaberta permitindo que os suspiros sôfregos deslizassem dengosos pela sua língua. ele afastou o tecido branco para o lado, soltando um gemido deliciado ao ter o veludo avermelhado derretendo-se diretamente sobre os dígitos calejados, a entradinha negligenciada apertando-se ao redor de nada. “pipe…”, o chamou em súplica, fincando as unhas nos ombros largos sob o tecido da camiseta preta, ensandecida com o tesão que queimava sob sua pele.
felipe aproveitou a mão livre para segurar seu pescoço delicadamente, acariciando a extensão macia e buscando entalhar na memória, novamente, todos os detalhezinhos que ele já conhecia tão bem e que, depois daquela noite, não veria mais. os pares de olhos, amantes de uma vida passada, enlaçaram-se e pipe se dissolveu em emoções indesejadas, desnecessárias, que fizeram a boca trabalhar mais rápido que o cérebro: “você não tem ideia de como eu senti falta dessa carinha que você faz quando tá assim, toda desesperada, doidinha pelo meu pau”, confessou sentimental, mas se arrependeu logo em seguida. não queria, nem deveria, falar de sentimentos e do passado, tampouco sobre como você o destruiu quando foi embora sem explicação e como o destruiu, mais uma vez, quando reapareceu vestida daquele jeito, esfregando na cara dele a felicidade de estar se casando com outro homem.
então, empurrou aqueles pensamentos para o fundo da mente, de onde nunca deveriam ter saído, e deixou que os dedos fossem engolidos pelo buraquinho necessitado, junto com o ressentimento, torcendo para que seus fluídos lavassem o sentimento amargo do sistema dele.
lentamente, ele movimentou os dígitos largos para dentro e para fora, curvando-os para atingir o pontinho mais doce dentro de você, o polegar subindo para estimular o clitóris inchadinho. você revirou os olhos, e tinha certeza que os vizinhos já conseguiam ouvir seus lamentos exasperados, repetindo o nome de felipe como uma prece sofrida, pedindo por mais e mais, tão carente por toques mais expressivos que te libertassem da agonia insuportável que maltratava o baixo-ventre. o homem conhecia todos seus pontos mais fracos e sabia exatamente como usá-los para, com o mínimo contato possível, te quebrar inteira e te deixar assim, inconsistente, enlouquecida, implorando por ele em uma insanidade avassaladora, assustadora, desconhecida até mesmo para si. ele te desmontava e remontava a bel-prazer, transformando-lhe no que quisesse, como se você fosse a bonequinha favorita dele.
“você vai pensar em mim amanhã, na sua noite de núpcias”, prometeu ao pé do seu ouvido, deixando uma mordida suave na derme sensível da lateral do seu pescoço. “quando ele te tocar, quando te beijar… você só vai conseguir pensar em como ele nunca vai ser capaz de te dar metade do que eu te dou”.
pipe te deixou por um segundo para se desfazer da calça e da sua calcinha, ouvindo seu chorinho magoado, mas não demorou em arrastar as mãos para sua bunda, apertando a carne macia com força antes de te alçar e carregar seu corpo trêmulo até a estrutura de madeira presente no centro do cômodo. te foderia primeiro ali, sobre a mesa da cozinha que conhecia tão bem o íntimo de vocês, mas já planejava depois te levar para o quarto, para a cama que tantas vezes compartilharam, onde afundaria o rosto em sua buceta sensibilizada e faria questão de limpar cada gota do prazer que estavam prestes a compartilhar, do jeitinho despudorado que ele sabia você amava, apesar de fingir que não. naquela noite, ele queria muito mais que gravar sua pele: queria se gravar na sua alma, garantir que cada nervo do seu corpo lembrasse dele por toda a eternidade, para que você, assim como ele, fosse condenada a pensar todo santo dia pelo resto da sua vida no que abriu mão.
esfregou a cabecinha dolorida do pau nos lábios encharcados, embebedando-se com a sua essência, misturando-a a dele, e você gemeu audivelmente em resposta, ansiosa, arqueando-se para ficar o mais perto possível de pipe, numa vontade louca de fundir os dois corpos em um só. o argentino franziu o cenho, um misto de mágoa e tesão o atingindo como um soco na boca do estômago. não conseguia não devanear com uma circunstância diferente, em que o vestido branco embolado na cintura seria um de noiva de verdade e o anel brilhando no seu dedo seria uma aliança dourada com o nome dele gravado na parte interna.
você seria a mais bela das noivas, disso ele tinha certeza.
incapaz de conter o sentimentalismo, se viu entrelaçando os dedos aos seus, puxando-os de encontro a face e depositando um beijo delicado no diamante solitário, assim como faria se a ilusão fosse verdadeira, antes de empurrar o membro endurecido profundamente dentro de você, sentindo suas paredes o apertando numa pressão semelhante a que fazia o coração dele, estilhaçado, dentro do peito.
aquela era a terceira destruição que você causava na vida de pipe, entretanto, dessa vez, ele iria garantir que fosse a última.
quando o sol chegasse ao ponto mais alto do céu, você estaria caminhando pela igreja decorada para jurar amor eterno ao homem que era perfeito para o que havia planejado para a vida, mas naquele momento, com o véu noturno os escondendo, toda sua existência pertencia unicamente ao homem imperfeito, de quem seu coração jamais seria capaz de se recuperar.
si tú te casas, el día de tu boda le digo a tu esposo con risas que solo es prestada la mujer que ama porque sigues siendo mía
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@silencehq
POV 03: O que Tommaso estava fazendo durante a confusão e como não virou estatística graças ao melhor amigo.
Gatilhos: Pisoteamento, crise de pânico.
As foices de Tommaso estavam em riste, prontas para atacar o que quer que fossem aquelas criaturas medonhas que avançavam sobre a linha de frente, sobre seus outros amigos. Muitos dos filhos de Ares que conhecia, bem como os de Atena, tomando o passo adiante, em proteção e descrença também, por que não? Já haviam sido orientados por Circe, já haviam sido informados sobre a situação envolvendo Hécate e todos os envolvidos... O que mais deveriam temer? Não era como se as coisas não estivessem soando mais seguras agora, certo?
Errado. No instante seguinte, em meio a quem Tommaso conseguia avistar no meio daquela loucura, viu inúmeros rostos desconhecidos clamando por socorro, chegando a amparar alguns enquanto corria em disparada na direção de quem mais interessava para ele. Simplesmente porque não era a porra de um herói, não estava ali para fazer nada além do mínimo por quem ele não amasse.
Nem sinal de @deathpoiscn ou @hellersdarcy. Havia avistado os cabelos claros e as tatuagens de Nate na direção oposta, mas em meio ao desespero, também não conseguiu buscar muito mais pelo amigo. Vislumbrava a figura de @pallastorres no combate, junto dos patrulheiros, e quanto a ele imaginaria que ficaria bem, então poderia focar nos outros. Ninguém. Nem @melisezgin, nem @misshcrror, nem @eroscandy. Apenas rostos e mais rostos afobados, indo contra a maré, empurrando-o por estar no sentido contrário, o pânico de não estar encontrando nenhum de seus amigos no meio de toda aquela loucura ou não conseguir chegar até eles. Acabando por parar diante de quem era a última pessoa que poderia chamar de amiga nas atuais circunstâncias.
Às margens do risco iminente da fenda, testemunhando @pips-plants quase sendo arrastada. Em choque. Suscitando no filho de Tânatos a dúvida cruel de deixá-la ir, de deixá-la se levar, já que aquilo envolvia a mãe dela. Deixá-la ser arrastada para pagar pelos pecados dos irmãos, de seus aprendizes da magia... Seria o certo. Vingaria parte da dor que o Beneviento sentia após o assassinato do próprio irmão. Um membro do próprio chalé. E foi esse sentimento, na verdade, que o motivou a se arriscar e a forçar o corpo mais um pouco, esticando-se ao máximo para tentar puxar Pietra para junto dele, utilizando de toda a força que seus músculos, apesar de não tão aparentes, possuíam. Certificando-se de tê-la são e salva, dentro do possível, guiando-a para fora daquela loucura toda, em vias de avisá-la que havia visto, aparentemente, @kretinanão tão distante de si, ciente de que a perdera na multidão, mas acabando por interromper seus próprios planos ao sentir as pernas se emaranhando e o corpo terminando de ceder. Caindo, indo de encontro ao chão; podendo se levantar rapidamente, mas com outros corpos avançando sobre ele. Pisando na altura de suas costelas, fazendo-o bater a cabeça algumas pares de vezes contra o chão antes que entendesse o que estava acontecendo e tentasse se proteger.
As vistas escurecendo, o ar começando a lhe faltar, a sensação familiar de estar tão próximo do lado de lá, com a paz intermitente de poder se encontrar com o pai em breve. A sensação das costelas contra a própria carne, as vozes soando tão altas e de repente tão distantes, tão dispersas, conforme seus sentidos iam afunilando e sua vontade de lutar e resistir iam na contramão do que seria de se esperar. Por que deveria continuar? Por que deveria se levantar? Tudo estava ruindo. Haviam tido bons momentos na ilha de Circe e isso parecia ser o suficiente agora. Alguma morte com tranquilidade, algum acidente que seria rapidamente encoberto por mais preocupações e especulações ao redor da situação que viviam naquele Acampamento...
Até que sentiu-se ser erguido pelos ombros, braços muito familiares envolvendo sua cintura e conferindo-lhe todo o suporte necessário para se fazer em pé, mantendo ambos estáveis enquanto aquele mar de gente continuava correndo ensandecidamente, mesmo que agora de forma menos aglomerada do que antes.
O cheiro igualmente familiar invadindo as narinas de Tommaso, sendo o suficiente para trazê-lo de volta à vida, de volta à realidade. Um dos motivos mais efetivos pelo qual não deveria desistir, não deveria se deixar ir; a figura de Nate servindo literalmente como uma golfada de ar em meio a um episódio de sufocamento, do coração do filho de Tânatos lutando sozinho contra a desistência do cérebro e da vontade dele de continuar, incapaz de perceber motivos bons o suficiente para isso até estar sendo ajudado por um dos principais, socorrido e guiado pelo @natesoverall.
#pov3#pov#drop 6#SWF:RITUAL#swf:ritual#só o pó da rabiolaaaaaaaa eu tô muito tristeeeee#no próximo post eu vou considerar o momento que o tommaso souber das amigah e aí já emenda os poderes dele brotando
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O céu estava encoberto, as nuvens de um tom cinza transmitiam-me a mensagem de que havia coisas em oculto que nesse momento eu não conseguiria enxergar. O aprendizado era, mesmo que sem a clareza do caminho, continuar em frente com a certeza de que o sol retornaria como sempre. A noite escura da alma prolongava-se por tempo o suficiente para que meu ser exausto buscasse redenção e quisesse desistir. Nos piores dias, eu ainda colocava um som para tocar e dançava como se aquele fosse meus últimos instantes. Eu sorria como se fosse a última vez que poderia alegrar-me com algo. Eu me despedia como se fosse a última vez que veria os meus. Eu já desconhecia o que o futuro me aguardava. Passei a viver sob o céu cinzento e os pingos de chuva com a esperança nos raios luminosos que eu já presenciei em estações anteriores. Sentia falta do seu calor, da sua vitalidade, da energia que seu fogo trazia para a chama de meu coração. Contudo, nesse momento, somente poderia supor, acreditar e torcer para que o verão de minha vida retornasse.
@cartasparaviolet
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𝐌𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒
Fotos, cartas, poemas e simples lembranças, Meros vestígios do tempo em que tudo era belo. Agora vagamos como almas vazias, sem esperanças, Apenas presos naquele momento mais singelo.
Ainda presos naquela ilusão, Parece que ainda queremos explorar esse sentimento. sem entender que isso é apenas uma obsessão, Continuamos insistindo em ficar nesse tormento.
Talvez isso não fique encoberto eternamente, Uma hora todos nós enxergamos a verdade. Sozinho eu liguei os pontos, mentalmente, E descobri que acima de seus sentimentos, havia a sua vaidade.
Os belos momentos que agora estão na sua lista feita sob insignificância, Se transformaram em minhas trágicas poesias, ambos sem importância.
— Merj.
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⊹ 𝗣𝗢𝗩 ⊹ 𝘄𝗵𝗲𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝗹𝗶𝗴𝗵𝘁𝘀 𝗴𝗼 𝗼𝘂𝘁 𓂅
for @silencehq
As luzes da Casa Grande já haviam se apagado completamente quando Violet alcançou os últimos degraus que levavam ao sótão. O ranger da escadaria de madeira deveria ser o suficiente para chamar a atenção de qualquer semideus ou... criatura que ainda estivesse acordada, mas além dos ruídos habituais de uma construção antiga, o local permanecia silencioso. Violet tinha certeza de que estar ali era uma demonstração gigantesca de estupidez, mas havia uma força muito maior que parecia clamar pela presença da filha de Perséfone.
Apesar de explorar o Acampamento com frequência, especialmente na companhia de seu colega – e cúmplice em expedições questionáveis – Maxime, ela andara evitando lugares nos quais pudesse ser surpreendida com facilidade por aqueles que zelavam pela segurança dos campistas. Violet definitivamente não o fazia por medo, mas sim para evitar punições enfadonhas como limpar os estábulos e cuidar de qualquer outra coisa desinteressante.
A porta do sótão estava entreaberta, e isso deveria ser um sinal bom o suficiente para que a semideusa simplesmente desaparecesse dali e buscasse a ajuda de Quíron. Ninguém costumava frequentar aquela parte da Casa Grande, e seja lá quem tivesse ousado abrir a porta, deveria estar planejando, no mínimo, pregar uma grande peça nos campistas. Mas, naquela noite, Violet não faria alarde. Sua mão direita percorria a corrente de ferro estígio que envolvia seu pescoço, pronta para, a qualquer momento, tomar o pingente em formato de romã que se tornaria – embora a semideusa rezasse para que isso não fosse necessário – uma adaga afiada.
Quando as mãos trêmulas de Violet finalmente tocaram a maçaneta à sua frente, a jovem poderia jurar que ouvira passos. "É oficial, tô ficando louca", ponderou, sacudindo a cabeça como se o gesto fosse afastar possíveis considerações sobre aquilo ser ou não seguro. Não foi necessário abrir totalmente a porta para que a semideusa notasse a névoa vermelha, que se unia à iluminação fraca e dançava pelo ambiente, formando sombras distorcidas nas paredes e no chão. Ela tinha certeza de que aquilo se tratava de magia, e uma magia desconhecida pela filha de Perséfone.
O olhar de Violet subiu lentamente, percorrendo a extensão do objeto de madeira adornado que lembrava os púlpitos de igrejas antigas. Acima dele, um livro flutuava, sustentado pela névoa rubra e opressiva. — Esse é o grimório de Hécate... — murmurou para si mesma, um calafrio percorrendo sua espinha enquanto sua mente se ocupava em criar um flashback muito vívido de todo o incidente com os Filhos da Magia.
Os pés da semideusa pareciam se mover por conta própria, atraídos pelo livro que emitia um zumbido grave e estranhamente satisfatório. Ela nunca havia chegado perto do grimório, muito menos o visto pessoalmente. Tudo o que ela sabia – e isso era quase nulo – sobre ele era fruto de aulas e sessões de bisbilhotagem por trás das portas. O som de um suspiro profundo cortou os pensamentos de Violet, que cambaleou para trás, agora com sua adaga em punho. O suor escorria por suas têmporas, e ela estava mais alerta do que nunca.
À frente da semideusa, ela finalmente notou a origem dos passos que ouvira; afinal, estava sendo observada durante todo aquele tempo. Alguém – ou algo? – estava de pé ao lado do grande livro; o corpo e a face encobertos por vestes negras, tornando a figura quase imperceptível a olhos menos atentos. Violet brandia a adaga à sua frente, mas seja lá quem estivesse no sótão com ela, parecia se recusar a fazer qualquer movimento. Ela não fazia ideia se tinha sido um golpe do medo, mas pensou ter visto olhos muito castanhos fitando-a por baixo do capuz. Antes que a filha de Perséfone pudesse pensar em correr, a figura mascarada ergueu as mãos, manipulando a névoa vermelha em uma enorme esfera brilhante e projetando-a diretamente sobre a semideusa.
Com um grito estrangulado escapando de seus lábios, Violet acordou entre cobertas ensopadas de suor.
Semideuses mencionados: @maximeloi.
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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ and through the crowd i was crying out and in your place there were a thousand other faces. i was disappearing in plain sight... heaven help me, i need to make it right. / @silencehq
tw: menção a sangue, ferimentos e violência.
a mudança no ar, o vento passando mais forte, fazendo tornando o farfalhar das árvores mais ruidoso e movendo as nuvens no céu encoberto. todos os presságios da tempestade o tinham suspirando pesadamente, mas ainda assim despreocupado. o pensamento inocente de que era só chuva. ele ia correr, claro, procurar abrigo. não estava a fim de tomar banho de chuva naquele dia, estava frio demais para tal. estava com amara, na mesa de doces, rindo com a amiga entre uma mordida e outra no cupcake, sobre o acidente com sua camisa, quando tudo começou.
e era sempre assim, de repente, que tudo mudava. que a paz esvaia pelos dedos. e, por isso, ele prezava tanto os treinos, sobre estar em forma e pronto. era por isso que, como patrulheiro, pegava no pé dos semideuses que faziam parte da equipe porque aquilo era passível de acontecer. não podiam se deixar levar pela ideia de que estavam seguros. para eles, nenhum lugar no mundo era seguro.
diante da confusão se instaurando, lynx sabia o que devia fazer. girou os pulsos, uma volta completa, para ativar suas espadas e logo as tinha, uma em cada mão, pronto. entretanto, precisou lutar contra o seu instinto primário em situações de perigo: procurar o irmão. talvez as pessoas não entendessem o motivo de ser tão ligado ao gêmeo, mas não importava. styx era a pessoa com que tinha compartilhado todos os momentos da vida, dos bons aos ruins, sem qualquer exceção. ele era parte sua e quase podia ouvir a voz da mãe repetindo constantemente que deveriam cuidar um do outro. era isso o que faziam normalmente, mas ali, tendo o posto de patrulheiro, ele precisava priorizar os outros. precisava assegurar a segurança dos outros campistas e residentes do acampamento. podia confiar que o irmão sabia se cuidar. teria que confiar.
tudo escalou de maneira muito acelerada. não só ao seu redor, com os dois monstros invadindo o que deveria ser uma noite de comemoração e divertimento, mas dentro de si também. infelizmente, lynx estava com amara quando ela perdeu o controle de seus próprios poderes e assim, acabou entre os afetados. por estar mais perto, talvez ele tenha um dos mais afetados pelos poderes alheios. a sensação esmagadora se fez presente sem demora. a sensação de que fora socado na boca do estômago, todo o ar esvaindo do pulmão e no peito, a sensação de quem esmagava o coração entre os dedos, sem qualquer misericórdia. batalhas eram o seu elemento. normalmente, não sentia nada tao restritivo. ele era determinado, corajoso e até meio estúpido. era por isso que estava na linha de frente. ele atacava. só que ele não conseguia. não conseguia ir para onde devia, nem fazer o que devia. não quando sua mente inundava com alucinações.
sangue para todo o lado. cobrindo os campos do acampamento, gritos agonizantes, a correria. todos os rostos próximos deformados, assumindo fisionomias monstruosas que ele precisava destruir. foi assim que lynx acabou ferindo alguns campistas, no alto de suas alucinações, eunwol entre eles. porque era isso que ele fazia, ele atacava. e podia ser bastante impiedoso, cego pela violência que corria nas veias, que era da sua natureza, que era de onde vinham suas forças. a herança divina pesando cruelmente e terminando nos habilidosos golpes das espadas. no sangue se misturando a àgua da chuva, ao chão terroso, e enchendo as narinas com aquele cheiro incomum, que ainda assim não era forte o suficiente para tirá-lo do transe.
mas ele sabia o que precisava fazer. seu próprio sangue escorria pela perna, manchando a calça jeans, fazendo que a arrastasse enquanto andava. mesmo com a ligeira sensação de tontura, se obrigava a permanecer consciente e tão focado quanto podia. toda a confusão seu redor, os gritos, a correria, os rugidos dos monstros atacando, os sons das espadas colidindo. tudo aquilo o alcançava e vinha em sua direção como ondas de energia atravessando o corpo, subindo pela espinha, trazendo um arrepio que não tinha qualquer ligação com a temperatura. seu dom estava se manifestando, toda aquela energia caótica que não podia ignorar. bem como não podia ignorar o comichão nas palmas das mãos, os dedos trêmulos.
lynx girou os pulsos novamente, recolhendo as espadas. fechou os olhos por tempo o bastante para que respirasse fundo uma única vez. quando tornou a abri-los, as íris negras estavam brancas, opacas. as mãos abertas, palmas para cima, recolhendo toda aquela energia. normalmente, pensava cuidadosamente em como converteria tanta energia. usava de maneira estratégica, porque precisava ser cuidadoso, afinal. guerra, destruição, caos, nada disso escolhia suas vítimas. pessoas inocentes também estavam passíveis de sucumbir à força de seu poder. grandes poderes, grandes responsabilidades.
todavia, ele não teve tempo daquela vez. não houve tempo para pensar. não havia espaço para isso. sua mente estava cheia, sobrecarregada. e foi naquele exato momento, no momento errado, que um grupo passou correndo por si e ele ouviu aquela breve troca de informações: "é o styx, ele foi envenenado". o coração afundou em direção as entranhas. tudo o que tinha comido e bebido ameaçou voltar pela garganta, em contrapartida.
styx. aquele monstro se passando por eunwol dissera o nome dele. e o ameaçara de morte. sem conseguir formar uma linha de raciocínio completa, o nome do irmão e a morte eram as únicas coisas se firmando em sua mente. o grito que veio do fundo da garganta era gutural. assustado, arrependido e temeroso que o pior pudesse ter acontecido. e no mesmo momento, trovões estralaram no céus, raios chovendo sobre as árvores que circundavam o acampamento, quase tão ruidosos quanto as raízes das árvores pulando para fora da terra, erguendo-se como chicotes, levando tudo consigo e criando um enorme rastro de destruição conforme os troncos atingiam o chão, derrubando alguns no processo.
como naquele campo de futebol tantos anos atrás, lynx não tinha noção do que tinha feito. não tinha sido por querer, sequer minimamente. o chão sob seus pés também cedeu, fazendo com que caísse e batesse a cabeça. por sorte, não com força o bastante para desacordá-lo. sentia o sangue escorrendo pelo rosto, mas precisava ajudar. pela segunda vez na noite, lutou contra a vontade de ir atrás do irmão. daquela vez, porque não queria encarar a possibilidade de ter acontecido o pior. então, mesmo ferido, atormentado pelas alucinações, culpado e fisicamente esgotado, lynx juntou-se aos outros na luta contra a quimera, decidido a tirar de perto o máximo de pessoas que pudesse. ainda que precisasse lutar contra a vontade de atacá-las também, resistindo à voz em sua mente que gritava que elas eram monstros também.
quando tudo acabou, sequer conseguiu ir atrás irmão. lynx caiu no meio do caminho, desacordado. exausto.
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Provérbios 27:5-6 | ARC
5 Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto. 6 Fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que aborrece são enganosos.
Ninguém gosta de repreensão. Quando vem de um amigo, parece doer ainda mais. Isso acontece porque nos importamos com a opinião dos nossos verdadeiros amigos, sabemos que são pessoas que nos amam. Lembre-se de que é melhor ser ferido por um amigo do que beijado por um inimigo. O inimigo que se faz de amigo, não se importa com sua dor e só diz o que você quer escutar.
@aplicativodabiblia
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Encoberto (Concealed) © Ricardo Félix aka Photography is Silence Fiction:
#ricardo felix#original photogragphers#original art#photographers on tumblr#sky#tree#sun#cloudy#dusk#purple#nature
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*Devocional Diário.*
Quinta - Feira 17/10/24
*Tema:* Obra Maior
Lucas 19:10
Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido".
🙏🏻 *Frases do Dia.*
Se formos livres por dentro, nada nos aprisionará por fora.
*Augusto Cury*
🌅 *Provérbios do Dia.*
Pv 17.24
O homem de discernimento mantém a sabedoria em vista, mas os olhos do tolo perambulam até os confins da terra.
📖 *Leitura Biblíca Diária.*
Eclesiastes 12.14
Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.
" *Deus é Fiel e abençoará a sua Vida hoje* "
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O FAMOSO HALLOWEEN DO PALÁCIO
Por: Sophie Boulanger
DISCLAIMER: Essa é uma leitura IC, com a coluna postada dentro do Jornal Oficial da Coroa. Muitos dos convidados do castelo não entendem o porquê da França ter um Halloween diferente, e muito menos porquê não ser televisionado/transmitido. Não influência no plot da central, mas pode ajudar a compreender. Enfim, aproveitem!
Anualmente, ao longo de séculos, exalta-se a grandiosidade da festa de Halloween promovida pela monarquia francesa, que atrai elogios por sua impecável decoração, seu requintado cardápio e, claro, pelas fofocas que escapam sorrateiramente aos ouvidos do público. E, a cada ano, persistem os mesmos questionamentos incansáveis: "Quem são os escolhidos para os cobiçados convites?", "Qual será a atração surpresa preparada para esta edição?". Contudo, a pergunta de maior relevância permanece incólume: "Por que essa celebração é realizada atrás de portões fechados, envolta em sigilo?". O véu do segredo é hábil em ocultar qualquer vestígio de informação assim que as imponentes portas do salão de festas se cerram, mergulhando os presentes em um enigma encoberto pela escuridão, misticismo e terror. Apesar da magnitude desse evento anual, é consenso entre os frequentadores que a atmosfera enigmática está intimamente entrelaçada com a fábula do Halloween, que teve seu início em 2101.
A atual celebração tem raízes na antiga celebração celta, conhecida como Samhain, que ocorria no final de Outubro. Os celtas, que habitavam áreas da Irlanda, Reino Unido e França há mais de 3.000 anos, acreditavam que nessa data o mundo dos vivos e dos mortos se sobrepunha, permitindo que os espíritos dos falecidos voltassem à terra. Para afastar esses espíritos e evitar serem assombrados, os celtas usavam máscaras e acendiam fogueiras.
Conta-se que há séculos atrás, durante uma noite sombria de outono, quando as folhas dançavam em espirais ao sopro do vento, o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos se tornava tênue. Nessa noite mágica, os espíritos dos falecidos emergiam de suas sepulturas para vagar pela Terra mais uma vez. Pessoas relatavam que no meio do outono, nas noites mais escuras, escutavam vozes de pessoas queridas falecidas, sempre as chamando para segui-las para um lugar não determinado. Algumas até chegaram a ver essas pessoas, mas elas estavam sempre vestidas de branco, carregando nos braços as mais diversas riquezas materiais, que seriam da pessoa se ela apenas seguisse consigo...
Imediatamente após uma enfermidade que assolou a população de uma região no interior da França, os moradores de uma vila começaram a sofrer de diversos súbitos desaparecimentos. Isso foi imediatamente associado às pessoas começando a seguir seus entes queridos recém perdidos, seduzidos pela oferta não apenas de vê-los novamente, mas também de conseguir os luxos que ofereciam. Em busca das riquezas dos espíritos dos familiares, uma figura encapuzada, trajando apenas consigo uma foice, apareceu pela vila com a intenção de saquear as riquezas dos espíritos. Para alcançar seu objetivo, espreitava pelos bosques, aguardando por quem passasse por ela. Diziam que a figura não era humana, e, portanto, solitária. Como a figura não era capaz de possuir um próprio ente para saquear, ceifava as vidas dos membros do vilarejo, mergulhando-os em um destino desconhecido e tenebroso em troca das preciosidades que ofereceriam. A figura ficou conhecida como o Ceifador de Almas.
A aldeia, amedrontada e determinada a proteger-se, recorreu a algo novo e nunca experimentado: máscaras feitas de penas de animais. Estas, feitas com partes de animais que consumiam na vila, possuíam o poder de ocultar a identidade daqueles que as usassem, protegendo-os da lâmina aterrorizante do Ceifador.
À medida que a noite caía e as sombras se alongavam, os moradores da aldeia se reuniam em torno de uma grande fogueira, entoando cânticos ancestrais para invocar a proteção dos antigos deuses contra o Encapuzado. As máscaras adornavam seus rostos, transformando-os em seres misteriosos e impenetráveis aos olhos dos espíritos errantes. No crepúsculo, quando o véu entre os mundos enfim se dissolvia, os vivos e os mortos dançavam juntos em uma valsa enigmática, com os semblantes ocultos sob as máscaras encantadas. O Ceifador de Almas, confuso e incapaz de reconhecer suas presas habituais, recuava, sua sombra esvanecendo-se de volta a escuridão, pensando que naquela vila não haviam mais almas vivas que pudesse utilizar como sacrifício, e que entre aqueles mortos não haviam mais riquezas.
Como agradecimento pelo descanso das almas, os deuses permitiram que os entes queridos deixassem para os vivos os pertences de ouro e prata para suas famílias, permitindo que descansassem. Da noite para o dia, de uma região que foi assolada pela doença e morte nasceu uma vila que brilhava em saúde e finanças, sendo capaz de ajudar toda a região... E justamente essa região que tanto cresceu e tornou-se próspera é o que hoje conhecemos como Fontenay.
E assim, a tradição das máscaras no Halloween perdura ao longo dos séculos, lembrando a todos os habitantes do reino a importância de proteger suas identidades contra os espíritos malignos que vagam na noite de Samhain. Os franceses, com suas máscaras adornadas, celebram não apenas uma festa, mas a preservação de suas almas contra as garras do mundo além-túmulo.
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A Casa de Espelhos, Parte II
Dançando sozinho na luz do dia Para os olhos extasiados em janelas O esquecimento é desconstruído Em seu lugar, urge ao mais urgente
Cada pedaço de misericórdia Entregue ao que mais quis de mim mesmo Os espelhos varrem sobras de vaidade Para dentro do meu tato
O segredo encoberto pelo meu silêncio Enquanto conquisto números e quartos Cada mácula é uma rosa desleixada do buquê E toda a carne já presume uma petulância covarde
Minha casa não tem rosto, o pouco que a reconheço É o fragmento do perfume de vinagres cristalizados A cada olhar, eu invento jogos de azar Eu desvio pupilas negando consoantes
Eu não diferencio mais intimidade de intimidação Quem me quis, me julga. Quem me ama, me envenena Cada fracasso estendido ao céu de concreto e suposições Extingue parte vital do que perpetuo, cria o meu desconforto
Eu perdoo com desleixo, menos a mim É hora de retalhar essa confiança Pulando períodos eufóricos, esfregando contra espantalhos Reconstruindo o delírio e o dever de elefantes brancos
O corpo não é uma casa, mas um bordel órfão de casais Quiçá, a coisa toda seja uma mescla entre uma catedral e um consultório Alterando-se de importunações e descanso. Ascendendo e Descendendo Conforme urge a necessidade de opor-se ao acolhimento
O mantra se criou quando me disse: Aqui você pode passar tuas noites, Aqui será a casa derivada do confronto ao tango Onde você poderá derramar todas as suas dores
#inutilidadeaflorada#poema#poesia#pierrot ruivo#carteldapoesia#projetoflorejo#mentesexpostas#lardepoetas#espalhepoesias#projetoalmaflorida#projetovelhopoema#pequenosautores#pequenosescritores#projetoartelivre#arquivopoetico#projetoversografando#rascunhosescondidos#projetonovosautores#liberdadeliteraria#projetonaflordapele#autoral#projetomardeescritos
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"Lindo é deixar a Esperança despertar a cada Amanhecer!... Lindo é ver o Sol que, mesmo encoberto pelas nuvens, sempre brilha e faz a Vida renascer!.. É a LEI da VIDA, eterna e imutável, nos pedindo para ter Fé, para acreditar... e nos dando uma nova chance de tudo renovar!!!"
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Fernando Pessoa O fado cantado à guitarra
O fado cantado à guitarra Tem um som de desejar. Vejo o que via o Bandarra, Não sei se na terra ou no ar.
Sou cego mas vejo bem No tempo em vez de no ar. Goze quem goza o que tem. A nau se há-de virar.
Canto às vezes sem dar voz Como penso sem falar. A cegueira que Deus me pôs E um modo de luz me dar.
Vejo claro quanto mais deixo O corpo cego às escuras. Rogo pragas, mas não me queixo. As pedras são todas duras.
Vejo um grande movimento Em roda de uma árvore alta. Das estrelas no firmamento Há a mais nova que falta.
A preguiça (?) anda de rastos, Os mortos gemem na cova. Os gados voltam aos pastos Quando desce a estrela nova.
Lei[o] no escuro os sinais Do Quinto Império a chegar. O Bandarra via mais, Mas Deus é que há-de dar
Sinto perto o que está longe, Quando penso julgo que fito, Meu corpo está sentado em hoje Minh'alma anda no Infinito.
Ando pelo fundo do mar, Pelas ilhas do avesso, E uma coisa que há-de chegar Tem ali o seu começo.
Há no fundo d'um poço em mim Um buraco de luz para Deus. Lá muito no fundo do fim Um olho feito nos céus.
E pelas paredes do poço Anda uma coisa a mexer. Rei moço, lindo rei moço, Só ali te posso ver!
Meu coração está a estalar, Minha alma diz-lhe não. Vejo o Encoberto chegar No meio da cerração.
Vendidos à Inglaterra, Caixeiros da França vil, Meteram a gente na guerra Como num cesto aos mil.
Este vem trôpego e cego Lá das Flandres e das Franças, Só para o Leotte do Rego Endireitar as finanças.
Este, que aos muros se encosta, Veio doido lá da tropa, Só porque o Afonso Costa Queria ser gente na Europa.
Anda o povo a passar fome E quem o mandou para a França Não tem barriga para o que come Nem mãos para o que alcança.
Metade foi para a guerra, Metade morreu de fome. Quem morre, cobre-o a terra. Quem se afoga, o mar o some.
Ninguém odiava o alemão. Mais se odiava o francês. Deram-nos uma espada para a mão E uma grilheta para os pés.
É inglesa a constituição, E a república é francesa. É d'estrangeiros a nação, Só a desgraça é portuguesa.
E a raça que descobriu O oriente e o ocidente Foi morrer de balas e frio Para a cama dos Costas ser quente.
Mas a verdade há-de vir, O mal há-de ser descoberto E Portugal há-de subir Com a vinda do Encoberto.
Hão-de rir dos versos do cego; Hão-de rir mas hão-de chorar, Quem não for o Leotte do Rego E tiver Pátria a que amar.
M[ija]ram na pia da Igreja, Escreveram na porta do Paço É em linha recta de Beja Que está quem traz o baraço.
Era dez réis por cada homem Para o Chagas ter fato novo. Cada prato que eles comem É tirado da boca do povo.
Quem é bom nunca é feliz, Quem é mau é que tem razão; O Afonso vive em Paris E o Sidónio está num caixão.
Pobre era Jesus Cristo E ainda o puseram na cruz. De dentro de mim avisto O Princípio de uma luz.
Um dia o Sidónio torna. Estar morto é estar a fingir. Quem é bom pode perder a forma Mas não perder o existir.
Depois de quarenta e oito Quando o sol estiver no Leão, Há-de vir quem traga o açoite, Até os mortos se erguerão.
Não riam da minha praga, Os que viverem verão Porque toda a Bíblia acaba Na visão de S. João.
Sou cego mas tenho vista Com os olhos de ver no escuro. Falta o melhor da conquista Que é ver para lá do muro.
Falo na minha guitarra Só com o meu coração, Vejo o que via o Bandarra E no fim há um clarão.
Vejo o Encoberto voltar, Vejo Portugal subir, Há uma claridade no ar E um sol no meu sentir.
Por que mesmo quem não acredita É preciso acreditar; Quando a gente endoidece de aflita, Até se abraça ao ar.
Até que para o lado da barra Há-de vir um grande clarão, E voltar, como diz o Bandarra, El-Rei Dom Sebastião.
No seu dia veio o segundo, No outro será o terceiro, Se o segundo foi para o fundo, O terceiro será o primeiro.
Eu não quero nenhum estrangeiro, Francês e inglês é o demónio, Cuidado com o Terceiro Que não é o Pimenta ou o Sidónio.
Logo que a Lua mudar De onde não mostra valia, No meio do meio do ar Há-de aparecer o dia.
Na sua ilha desconhecida O Encoberto já vai acordar. Inda tem a viseira subida E o ar de dormir a pensar.
Seu olhar é de rei e chama Pela alma como uma mão. Não é português quem não o ama. Viva D. Sebastião!
Minha esquerda é a direita De quem corre para mim. Do futuro alguém me espreita, Portugal não terá fim.
s.d.
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| Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
| 1ª versão: Poesia Profética, Mágica e Espiritual. Fernando Pessoa. (Poemas estabelecidos e comentados por Pedro Teixeira da Mota.) Lisboa: Ed. Manuel Lencastre, 1989.
▪︎ ᵛᶦ́ᵈᵉᵒ ᶦⁿ ᵖᶦⁿᵗᵉʳᵉˢᵗ
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Quando resolvi sair da caminhonete, o rádio tocava uma música que havia feito muito sucesso uns dez ou doze anos antes. Sei disso porque me lembro de minha mãe cantarolando essa música na cozinha de casa, enquanto preparava o almoço e eu brincava com Duque, nosso cachorro. Era o que se pode chamar de um tempo feliz, mas, naquela época, eu ainda não sabia disso. Esperei a música terminar, numa espécie de homenagem à minha mãe e àqueles tempos. Então caminhei em direção às casas brancas e seus luminosos coloridos. Era uma noite escura, de céu encoberto, e continuava ventando.
Marçal Aquino, in: Famílias Terrivelmente Felizes
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À medida que a agitação na China comunista cresce, também cresce sua agressão no cenário mundial | economia | recessão | Partido Comunista Chinês | Epoch Times Brasil
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