#bicho eu acho wue vou ter wue por no readmore
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nightmarefausto · 11 months ago
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Fausto quase conseguiu ignorá-lo e passar batido das explicações (quase, levando em conta que a casa era de Outono, cada partícula fazendo questão de realçar isso), olhos na interação das aves com genuína curiosidade, principalmente ao cantarolar animado do passarinho que parecia a beira da morte não meia hora atrás. Teletransporte é uma mentira pra você? flutuava em sua língua, impedida pelos dentes cerrados, lábios projetando-se para frente e sobrancelhas erguidas. "É a sua casa. Vai me deixar ficar? Não tem medo que eu o enfeitice quando não estiver olhando e o aprisione ao meu bem querer?" Apenas para confirmação, uma última chance para pensar melhor no que punha dentro de casa. Ocultando detalhes, ainda desconfiado da estadia de emergência, seus olhos finalmente encontraram os dele e oh. Oh. Seu coração deu uma guinada e os dedos se apertaram no bolso com a visão. É claro que, de todos os cômodos, desde a sala até o sótão, o quarto lhe fosse o mais familiar de todos, e como poderia ser diferente? Meio pasmo, seguiu as ordens em passos taciturnos para o segundo andar, o cheiro de folhas, madeira e orvalho ressuscitando uma memória há muito esquecida. A memória muscular, pelo menos, era mais fácil: blusas no cabide, botas alinhadas perto da parede, primeira porta do guarda roupa para as blusas de frio e terceira gaveta da cômoda para as calças.
Aquele cheiro nunca mais sairia de seu olfato, percebeu no momento em que trouxe a lã para seu nariz, os fios macios acariciando sua pele fria como uma benção em um clima daqueles. Só percebeu que demorava mais que o necessário ao se encontrar perto da cama, não ousando por um fio de cabelo onde antes havia sido seu paraíso pessoal, saindo dali a passos apressados mais uma vez em direção à sala.
Sua cabeça doía do quanto tudo aquilo parecia doméstico, familiar, e Fausto se sentiu nu, exposto – mas, mais uma vez, Outono tinha facilidade em quebrar suas barreiras com apenas um olhar, um comando e um estender de mãos. Saberia ele do poder que tem sobre si? "Obrigado." A fera desarmada seguiu em silêncio até o lado dele no sofá, mal tendo tempo de se aconchegar ao receber a caneca quente em suas mãos, recuando as mangas para acolher o calor. "A Torre estava... Sufocante. As paredes de pedra são frias, e os ambientes luxuosos, com muito poder em cada chama acesa. O excesso de detalhes, de magia, depois de tanto tempo sem- entende o que quero dizer? Caminhar numa floresta silenciosa no meio dos montes de neve branca deveria ter sido uma boa ideia." Precisava por pra fora, voz ligeiramente descontrolada do tom monótono usual. As pernas se dobraram e ele se encolheu contra o estofado, trazendo a caneca para sua boca, provando e nomeando cada um dos ingredientes. "Eu estou- eu estou cansado, Outono." Sorriu, desanimado. "Mas me fale de você. Diga-me sobre seus planos, seus protegidos, sobre os livros que leu essa temporada. Qualquer coisa bastará."
Sua memória tentava reunir as descrições daquele lugar em particular, os montes de neve diminuindo conforme se aproximava da casinha, aquela sensação de magia emanando atraindo-o. E mentiria se dissesse que sua respiração não havia ficado presa na garganta ao encontrá-lo, ouvindo seu nome como se fosse a primeira vez. Apertando o passo, quase correu para dentro do lugar, alívio em poder sair daquele frio e procurar a lareira mais perto para finalmente descansar. Retirando a pequena ave de dentro do sobretudo, suspirou aliviado em ver que ainda estava viva. "Caminhando." Resumiu tudo em uma só palavra, contando com todo o entendimento que Outono tinha de si para compreender que havia outra prioridade em seus olhos no momento, tirando o cachecol e criando um ninho para depositar o passarinho dentro, perto do fogo. "Veja, estava caído num monte de neve, provavelmente caiu do próprio ninho, a pobre criatura." Mais tranquilo de ter sua tarefa cumprida, finalmente o feérico se ergueu, olhando ao redor. Tudo ali indicava um ambiente familiar, aconchegante e confortável, tornando-o incrivelmente deslocado, de pé como uma sombra no meio da sala. A cor voltava aos poucos ao seu rosto, dedos compridos enfiados nos bolsos para disfarçar a rigidez. Não era uma ideia muito esperta sair após uma nevasca. "É aqui que vive com as suas irmãs? Pelo silêncio, sei que deve estar sozinho no momento." A voz saiu num tom jocoso, evitando-o com o olhar propositalmente, preferindo por contar os vasos de plantas na janela.
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