Tumgik
#A primeira noite de um homem deixa de ser a tradicional história de uma relação heteronormativa e parte para um suspense com final imprevisí
lobodobem · 4 years
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𝖜𝖊𝖆𝖕𝖔𝖓 𝖔𝖋 𝖈𝖍𝖔𝖎𝖈𝖊 (#1)
DIA 19 DE MARÇO DE 2021, SEXTA-FEIRA, MADRUGADA, CANNES/FRA
Depois de voltar do Spring Break, Wolfgang chegou em Cannes com uma pilha de coisas para encarar, as quais havia evitado até então. O avô tinha ido para Viena já, tendo sido liberado para transferência para a mansão, onde ficaria de repouso intenso. Não era só encarar a mortalidade de alguém que ele ama e sempre foi sua única família, mas também tudo o que seu “acidente” queria dizer. A St. Patrick’s Day Hunt serviu para estravazar a sua ansiedade e procrastinar ainda mais suas prioridades... Até que o fim da semana chegou. 
Wolf voou para a capital da Áustria logo de manhã, virado por não ter dormido um minuto sequer na noite anterior. Tinha marcado jantar com Dietrich e Marion, mas passou a madrugada anterior toda lendo o diário da mãe e refletindo. Lá pela metade da meia noite, o garotou pegou o celular em algum canto obscuro da cama e começou a fazer pesquisa sobre os Glock. O objetivo? Ele não sabia direito... Qualquer coisa. Ou melhor, nada. Se não encontrasse nada seria perfeito, porque queria dizer que estava sendo maluco e imaginando coisas, criando teorias conspiratórias doidas para estragar uma das coisas boas que lhe aconteceu nos últimos meses. 
Os primeiros links do Google sobre “GLOCK CONSPIRACY THEORIES” nem se tratavam da sua família, mas sim de um corredor de fórmula 1. Precisou escavar bem fundo para achar alguma coisa da família materna e, mesmo assim, a maior parte das coisas não parecia ser nada além do normal para produtores da arma. Coisas que em maioria nada tinham a ver com a família em si. Depois passou a procurar sobre os nomes específicos dos familiares e nada sobre Brigitte além da sua trágica morte, sua primeira busca. Ao passar para Gastón Glock, porém, a coisa foi muito diferente. 
Ao que parecia, seu avô era uma figura muito controversa. Apesar de ser bem recolhido e quase um eremita, as pessoas pareciam colorir a sua personalidade e história ao bel prazer, quase como um hobby. Acabou por rir de algumas caricaturas que encontrou e estava pronto para fechar aquilo achando que não estava lidando com nada de mais, até que viu as notícias da sua tentativa de assassinato.
Supostamente em julho de 1999, o consultor fiscal da Glock, Charles Ewert, contratou um mercenário francês para assassinar Glock com um martelo em um estacionamento em uma aparente tentativa de encobrir o desfalque de milhões da empresa Glock. Embora os ferimentos de Glock incluíssem sete ferimentos na cabeça e a perda de cerca de um litro de sangue, Glock foi capaz de se defender do ataque acertando o assassino duas vezes. O assassino contratado, Jacques Pêcheur, de 67 anos, foi condenado a 17 anos de prisão pelo ataque. Charles Ewert foi condenado a 20 anos como resultado do testemunho de Pêcheur¹. O sorriso cômico sumiu do seu rosto, dando lugar a um ar sombrio e um cenho franzido. Aquilo parecia um drama e tanto, digno de enredo de romance. E quanto mais lia, mais sinistra a coisa toda ficava. Quando se deu por conta, já tinha lido todo material da internet sobre o assunto: como seu avô foi atacado em uma garagem, como revidou o assassino que chegou do nada, como ele foi encomendado pelo homem que estava no lugar, como aquilo acabou cobrindo (propositalmente ou não) uma transferência milionária muito esquisita nas contas da Glock. Ainda assim, mesmo para alguém que não era um gênio como ele, ainda existiam lacunas e dúvidas naquela história — entre outras coisas que lhe chamara atenção, porque alguém encomendaria um assassinato em sua presença? E ainda: se aquilo fora armação do avô, lhe causava calafrios o tipo de coisa que ele podia fazer por dinheiro.
Já eram três da manhã e Wolfie declarou que estava tarde demais para dormir e cedo demais para começar a levantar e arrumar as coisas para o vôo, por isso não resistiu em clicar no documentário de noventa minutos sobre a Glock na Netflix. O início foi meio maçante, sobre o uso de armas nos países e coisas assim, então precisou avançar muito para chegar na parte que tratava da família por trás do negócio. Foi então que descobriu que existiam poucas informações porque os Glock queriam assim e processavam a pessoa que ousasse mencionar o nome deles — e geralmente ganhavam. Não era um trabalho ruim e particularmente duas coisas lhe chamaram atenção.
Primeiro: Paul Januzzo, ao que ficou sabendo, era um advogado corporativo da Glock nos EUA, que acabou virando CEO da companhia e o maior responsável pela popularização do objeto no continente americano. Ele aparece no documentário em sua casa conversando. “Quando eu abandonei Gaston Glock e a companhia da Glock em... 3 de fevereiro de 2003, não foi exatamente uma despedida tradicional. Foi uma briga bem feia. Eu não estava particularmente feliz com ele. Então, o chamei e disse que ia lhe encontrar em sua casa antes que chegasse ao escritório naquele dia. Então fui até lá e me demiti e contei para ele pelo que estava me demitindo, praticamente disse que ele me dava nojo. E aí ele sacou uma arma. Eu podia ouvir ele carregando a arma no quarto dele antes dele voltar para a sala onde eu estava e falar comigo e aí ela já estava no cinto dele. E eu disse que se ele tocasse aquela arma de novo eu ia enfiar ela no ** dele. E, você sabe, foi essa minha demissão. Mas acima de tudo, eu tinha o fato de saber demais, porque quando investigamos para a Glock o seu fiduciário, descobrimos uma massiva fraude tributária de pelo menos 80 milhões de dólares. Existiam muitos fatores, mas era como... É como a mafia. Você pode entrar, mas é um pecado capital sair”, foi seu relato sério. O editor do documentário deixou claro que Paul foi preso em 2009 por fraude tributária, denunciado algum tempo depois de dar sua demissão à Glock. Agora ele processa a companhia por ter sido “gravemente lesado por uma conspiração”.
Esquisito, certo? Era esquisito que um advogado fiel da companhia chegasse a sentir nojo do fundador dela assim que fez investigações e acabou sendo preso logo depois da sua demissão. Mas ainda assim, era uma grande companhia, com grandes mistérios. Isso só podia ser comum. Além de que, não conhecia esse Januzzo e sabia que o cara podia estar só mentindo para ganhar atenção e dinheiro. Qual é, tinha acabado de voltar da prisão quando foi entrevistado e quis fazer seu nome, aparecer um pouco. Perfeitamente entendível, pelo menos até que visse a próxima parte da coisa toda.
O segundo ponto de atenção foi Charles Ewert. O coração de Wolfgang acelerou. Era por ele que tinha clicado ali, para saber sobre a tentativa falha de assassinato contra seu avô. Ao que parecia, ele tinha passado 15 anos na empresa como um fiduciário, mas segundo Charles ele havia ajudado a construir a Glock do chão. “Não apenas a construir, eu ajudei ela a ser gerenciada. Eu estava em Viena... Três vezes por mês, ou então em Klagenfurt. Sempre que tinha um problema era, ‘Senhor Ewert, precisamos de você. Só você sabe como contar as coisas para ele’. Eu precisava sempre dar as notícias ruins. Ele não tinha como me demitir, todos sabiam disso”, contou o homem. Ao ser perguntado como a relação mudou com o tempo, Ewert respondeu: “Mudou no dia em que ele foi atacado por um martelo. Antes disso, a relação era sempre a mesma, sempre boa”, explica, dizendo que não tinha motivos para encomendar o assassinato de Gaston, eis que ganhava muito mais estando sob as asas dele. “E mesmo se eu quisesse matar alguém, não teria sido feito na minha presença com um martelo de construção. Sou mais esperto que isso. Eu estaria sentado em um terraço com cinco testemunhas oculares e o corpo dele seria encontrado boiando... Em algum lugar da América Latina. Esse não é meu estilo. Quer dizer, me chame do que quiser. Filho da puta, caloteiro, lavador de dinheiro. Tanto faz. Mas assassino? E pior, assassino descuidado e desleixado? Ninguém acreditaria nisso”, comentou com muita segurança. O narrador então disse que no mesmo dia, apenas algumas horas depois do ataque, muito dinheiro foi transferido das contas sob a tutoria de Charles, transferidas diante da suspeita de sua participação no incidente. Estima-se que foi algo em torno de 35 milhões de dólares.
Wolfgang desligou a televisão assim que o documentário começou a rolar os créditos. Só existia uma frase em sua mente durante todo esse tempo: o senhor Charles Ewert cumpre uma sentença de vinte anos desde 2000. Isso quer dizer que...  ❝ — Ele está livre.❞ — falou, melodramáticamente, mesmo que ninguém pudesse lhe ouvir. A coisa toda era um dramalhão, então por que não ir atrás da verdade? O Mateschitz vasculhou a internet até encontrar algo próximo com o que queria. Em um site austríaco sensacionalista, condenava-se a volta à sociedade do “assassino sanguinário de cidadãos seniores”, com um vídeo da casa de Charles em Viena, com bairro e tudo. Wolf sorriu; estava fácil demais para ser verdade. “O senhor Ewert não deixa a imprensa nem visitantes se aproximarem, sempre muito carrancudo e balançando uma arma na mão. Será que é uma Glock?”, escreveu o jornalista, provavelmente achando que estava sendo espirituoso.
Isso é muito arriscado, pensou consigo mesmo enquanto analisava o endereço escrito no seu Bloco de Notas do celular. O homem era um recluso e passou os anos 2000 inteiro trancafiado em uma prisão, então não sabia mexer em celulares ou internet, talvez nem soubesse o que é Wi-Fi. Nunca recebeu uma pessoa sequer e andava armado. Mas eu não sou imprensa e, nesse caso, também não sou qualquer um.
Que mal fazia tentar?
CONTINUA...
¹ Trecho retirado da página do Wikipédia de Gaston Glock.
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furta-cores · 6 years
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A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM
(Com outro homem)
A primeira noite de um homem deixa de ser a tradicional história de uma relação heteronormativa e parte para um suspense com final imprevisível.
Na adaptação, Arthur é um jovem transexual que conhece um rapaz em um aplicativo de relacionamentos e decide ir em uma festa onde o rapaz está.
Arthur vai a academia, depois vai a festa. Após se encantar com o rapaz na festa, os dois saem juntos em clima de romance, chamam um carro e partem para um motel, onde coisas absurdas acontecem. Arthur está apaixonado por Pedro Sérgio, o rapaz charmoso do App.
O rapaz que Arthur conhecera no aplicativo torna-se um monstro ao descobrir mais sobre o passado de Arthur, que começa a lutar por sua vida no quarto do motel. O que Arthur pensava ser o ‘’crush’’ da sua vida mostra-se diferente de tudo aquilo.
A adaptação do conto troca a intenção da trama para chamar a atenção para vetores problemáticos: Encontros com desconhecidos pela internet, homofobia, preconceito, violência, relacionamentos. Apontando os riscos que a comunidade LGBTQ sofre trocando os diálogos para dialetos atuais e reconstruindo o cenário para uma construção visual moderna, abordando conflitos contemporâneos.  A primeira noite de um homem com outro homem é uma tragédia que intencionalmente incomoda o leitor com seu final seco, pois no começo da trama tudo parece correr muito bem, inclusive com as cenas de romance entre Arthur e Pedro Sérgio.
A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM
(Com outro homem)
Adaptação por Ana Vitória Ferreira de Freitas
 Pedro Sérgio. Cabelos soltos, ria muito enquanto dançava. Eu olhava para ele, sorria, olhava. A  música era muito barulhenta. Pedro dançava e sorria, então eu disse ao Hugo ‘’Que Bom.’’ Mas ele não escutava nada, mal me entendia. Me olhava com ar atordoado e por mais que eu repetisse ‘’Que bom, olha ele ali’’, ele não ouvia.
Pedro vestia uma calça skinny, bordô. Camisa preta, jaqueta jeans e um par de Dr.Martens que eu jamais poderia pagar. Ria muito enquanto dançava, mexia em seu telefone e interagia com amigos que estavam ao seu redor. E eu lá, olhando para ele. Quinze minutos, vinte, e pensava: ‘’Como fazer para chamá-lo até aqui?! E pensava ‘’Como dizer ‘’Olá, nos conhecemos, você não deve lembrar’’? Ele não iria saber.
O Garçom passou, maravilhoso. Não sabia se queria ele, as bebidas, ou tudo junto. O garçom se aproximou e eu disse ‘’Mais um, mais um só com gelo.’’ E o Hugo disse’ ‘’Mais dois’’. Daí perguntou alguma coisa que não consegui entender por causa da música hino que tocava Britney Spears. Dei uma risadinha como resposta e ele riu muito, deve ter perguntado alguma coisa engraçada, esse é dos que não perdem a oportunidade de gargalhar.
Daí a música diminuiu, entrou um desses pops moderninhos, mais tranquilos, e eu vi quando o Pedro foi lá para os fundos, onde ficava o balcão do bar. Fiquei olhando para ele.
De repente ele virou e eu que eu estava olhando. Sorriu como se dissesse olá, tudo bem, mas eu preferi ficar firme onde estava, defendendo a posição e esperando o garçom com mais um copo que havia pedido. Eram umas três da manhã e todos estavam muito alegres.
Acendi um cigarro e fiquei olhando os casais dançando.  Os caras um pouco doidos demais, exibiam corpos malhados e suados, com muito glitter e adereços coloridos. Procurei por Hugo, depois por Mateus, Elisa...Lembrei-me de uma noite em que todos viemos juntos aqui tomar campari, eu dizia ‘’Está tudo errado’’, e eles diziam ‘’mas  estamos juntos’’. Lembro vagamente por que tínhamos tomado um exército de martinis antes, e eu falava as coisas e esquecia em seguida, estava mesmo era perdido, e quando tomamos café da manhã juntos no dia seguinte, eu acho que me apaixonei.
 Não encontrei Mateus, nem Elisa, nem Hugo. Voltei a procurar por Pedro Sérgio, que tinha desaparecido. Quando fui ao banheiro, depois de ter tomado mais um e pedido um mais outro, encontrei Pedro. Estava na ponta do balcão, exatamente onde eu teria de passar para chegar à porta com a plaquinha ‘’Cavalheiros’’. Fiquei sem graça, preferi perguntar ao homem que fumava atrás do balcão, vigilante: ‘’Onde está o outro banheiro?’’
Pedro sorriu, percebeu, riu e eu ri também, disse ‘’Olá’.’’ Ele riu mais e respondeu: ‘’Você parece um urso, parece um ursinho barbudo.’’ Eu achei o máximo, na verdade eu não parecia nada mas achei o máximo do mesmo jeito. Sorri, e ele disse ‘’Eu estou muito louco hoje’’. Achei um pouco ofensivo o que ele disse, daí falei para ele ‘’Olha, eu vou ali a já volto, você não quer tomar alguma coisa comigo?’’ e ele perguntou ‘’Mas onde é que você está?’’, e eu disse: ‘’Não banque o bobo, você sabe muito bem, gatinho. Estava dançando horrores e olhando para mim  tempo todo, eu estou lá naquela mesa, sabe? Aquele cara lá é o Hugo, é meu amigo. Vai lá e fica esperando que chego em um minuto.
Quando voltei, nada do Pedro. Ele sabia jogar o jogo.
Passou um tempinho, eu pensando, a música explodiu de novo, eu desistindo e pensando em ir embora quando ele apareceu outra vez, dançando e rindo. Chamei-o com a mão, o cigarro entre os dedos para disfarçar o gesto, e ele finalmente veio e sentou ao meu lado, sempre rindo e dizendo ‘Olha você aí outra vez, não consegui achar sua mesa, sabe como é, estava procurando mas tem tanta gente.’’
Ele rindo sempre, então fiquei olhando para ele e dizendo ‘’Você está mesmo muito louco?’’ e ele respondeu: ‘’Que nada, sou sempre assim’’.
Mas eu pensava que na primeira noite de um homem com outro homem ele não se parecia como nenhum outro homem que eu tive a chance de conhecer. Ele era bem melhor que os caras gentis dos filmes, ou das personagens construídas dos livros de romance.
Me lembrei de um filme LGBT onde um cara toma a atitude e puxa o outro contra seu corpo. Daí falei ‘’Vem cá’’, e ele veio. Nos beijamos e eu disse ‘’Pedrinho... Estou meio bêbado e meio triste, estou mesmo é meio sem graça. Vamos sair daqui?
Ele riu outra vez, estava lindo, charmoso, como sempre. Muito mais lindo que no cinema. E disse ‘’Que esquisito você me chamar assim, de Pedrinho. Ninguém me chama assim.’’
Eu sorri feliz porque tinha um apelido para ele, não ia ficar repetindo Pedro Sérgio toda hora, não é mesmo? Não queria parecer a mãe dele. Afinal, estávamos indo fazer amor em algum hotel barato, com a possibilidade de sermos pegos, mortos ou massacrados por algum homofóbico. Eu tinha de chama-lo de um jeito especial, um jeito pessoal. Ele dizia ‘’Nunca ninguém me chamou assim, isso é muito carinhoso.’’
Ele foi buscar seu casaco, e eu pedi um último e a conta. Procurei Hugo, ele tinha desaparecido há não sei quanto tempo. Então Pedro voltou e eu pensei que no Instagram ele parecia mais baixo, na verdade era mais bonito pessoalmente. Ele parou na mesa onde estava um cara grisalho, parecendo um desses agentes ou atores de televisão. O cara olhou para mim de cima a baixo, olhou duro, e eu aguentei firme. O Pedro chegou na mesa, sentou, nos beijamos outra vez sem medo algum do sujeito esquisito. Olhei para a mesa do cara grisalho que também não estava mais lá, olhei para o Pedro, continuei sorrindo, corri os dedos por sua blusa, procurei a gola, senti sua pele, lembrei de um suco de pêssego que adoro.  Paguei a conta, nos levantamos, então e ele disse ‘’E aí?’’ e eu disse ‘’Na minha casa não rola. Desculpa.’’ E aí ele disse ‘’ E agora, para onde vamos? Eu quero ficar com você, porra.’’. Eu disse que não sabia, ele comentou num hotelzinho por ali perto, custava 50 pratas, mas a atendente era uma senhorinha que não era preconceituosa e administrava o local há décadas. Eu disse que tudo bem, por mim.
Na manhã seguinte, enquanto eu preenchia um cheque para pagar nossa noite no local, ele perguntou como era mesmo o nome que eu tinha inventado para ele, falei ‘’Pedrinho’’ e ele disse ‘’Não acredito. É legal. É muito melhor que pedrão. Haha.’’
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 ROTEIRO
 A Primeira noite de um homem
(Com outro homem)
FADE IN:
INT. QUARTO DO ARTHUR - DIA
Fotografias em cima da escrivaninha, ao lado de textos universitários espalhados, diversas molduras espalhadas no quarto abrigavam as fotografias de uma garota sorridente, de cabelos longos e castanhos.
Corta Para Menino Mexendo no Celular
                                                                  ARTHUR
CLOSE NAS MÃOS MEXENDO NO CELULAR.
PERSONAGEM NAVEGA NO APLICATIVO DE RELACIONAMENTOS. GRINDR.
ARTHUR
Plano close
ARTHUR
COLOCA CELULAR PARA CARREGAR NA TOMADA. Abre o armário, cheira uma camisa. Joga a camisa parao lado e pega outra, limpa. Toma banho, escova os dentes e vai para a academia correr.
INT. BOATE – PISTA DE DANÇA – NOITE
Plano Médio
DANÇANDO
Arthur
PLANO GERAL
CLOSE NOS OLHOS 
     1. INT.BOATE - NOITE
Jovens dançam e se divertem, o DJ toca música eletrônica, o bar está cheio, pessoas estão se divertindo.
PLANO CLOSE
Casal dançando, grupo de amigos interagindo, seguranças na porta.
PEDRO SÉRGIO
Na pista de dança, a câmera foca em um rapaz
PLANO CLOSE
Cabelos soltos, ri enquanto dança.
ARTHUR
PLANO CLOSE
Olha para Pedro e sorri.
Música barulhenta.
PEDRO SÉRGIO
Dança e sorri
ARTHUR
- Que bom
Eu tentava falar com Hugo, mas ele não escutava nada, mal me entendia.
ARTHUR
Que bom, olha ele ali.
(Sem resposta)
Pedro Sérgio
Pedro vestia uma calça jeans skinny, bordô. Camisa preta, jaqueta jeans e um par de Dr.Martens. Pedro ria muito enquanto dançava, mexia em seu telefone e interagia com amigos que estavam ao seu redor.
ARTHUR
Arthur estava lá, olhando para ele. Quinze minutos, vinte...E pensava ""Como fazer para chamá-lo até aqui?'E pensava ‘’Como dizer ‘’Olá, nos conhecemos, você não deve lembrar’’? Ele não iria saber.
GARÇOM
Olá, gostaria de um drink?
ARTHUR
Mais um, mais um só com gelo.
HUGO
Mais dois
HUGO
Hugo pergunta algo que Arthur não consegue entender por causa do barulho, tocava Britney Spears naquele exato momento.
A música diminui, entra um som pop moderninho.
ARTHUR
Arthur vê Pedro caminhando em direção ao bar, Arthur olha para ele fixamente com ar de desejo.
PEDRO SÉRGIO
Pedro se vira e percebe que Arthur está olhando em sua direção. Pedro sorri de maneira carismática.
ARTHUR
Arthur fica firme em seu lugar, defendendo sua posição e esperando o garçom trazer mais um drink que havia pedido. Eram três da manhã e todos pareciam muito alegres, a festa parecia ir bem.
Plano close
Arthur acende um cigarro e para para observar os casais dançando. Arthur nota algumas pessoas um pouco bêbadas ou loucas demais. Arthur repara no físico dos jovens que dançam sem camisa no palco da festa, os corpos malhados e suados, com glitter e adereços.
ARTHUR
Arthur procura rapidamente por Hugo, Mateus e Elisa, mas não encontra nenhum de seus amigos.
FLASHBACK
Arthur lembra-se de vez em que estava com Hugo, Mateus e Elisa em outra ocasião, e bêbado, disse ''Está tudo errado'', em seguida, seus amigos disseram ''mas estamos juntos. Arthur lembra de ter bebido várias doses de Martini após uma noite de excessos com seus amigos e Pedro Sérgio.
ARTHUR
(Pensamento) Quando tomamos café da manhã juntos no dia seguinte, eu acho que me apaixonei. Achei fofo, sei lá.
Enfim...Vou voltar a procurar os meninos e ver se vamos embora daqui da mesma maneira que chegamos. Juntos.
Arthur não encontra Matheus, nem Elisa, nem Hugo. Volta a procurar por Pedro Sérgio, que desaparece na multidão dançante. Arthur vai até o garçom e bebe mais dois drinks.
ARTHUR
Licença, por favor.
Garçom
Pois não?
ARTHUR
Me vê mais dois com pouco gelo, por favor.
GARÇOM
Claro, é pra já.
ARTHUR
Muito Obrigado.
Arthur vai até o banheiro e acaba encontrando Pedro Sérgio, que estava na ponta do balcão, exatamente onde Arthur precisaria passar para chegar ao toalete masculino.
Arthur se mostra sem jeito, se direciona até um homem que fuma atrás do balcão, o vigilante.
ARTHUR
Licença, campeão. Sabe me dizer onde é o outro banheiro?
PEDRO SÉRGIO
Pedro Sérgio vê tudo de longe. Pedro sorri e se aproxima do Arthur
ARTHUR
Plano CLOSE
Arthur olha para Pedro e sorri de volta
ARTHUR
Olá
PEDRO SÉRGIO
Pedro esboça um sorriso sincero
Você é um amor. Parece um urso, um ursinho barbudo.''
ARTHUR
Um ursinho barbudo HAHAHAH, eu não sei se eu pareço, mas achei o máximo você me chamar assim.
PEDRO SÉRGIO
É. Cara, eu estou muito louco hoje.
ARTHUR
Nossa...Olha, eu vou ali e já volto, você não quer tomar um drink comigo?
PEDRO SÉRGIO
Mas onde é que você está?
ARTHUR
Não banque o bobo. Você sabe muito bem, gatinho. Estava dançando horrores e olhando para mim o tempo todo, eu estou lá naquela mesa, sabe? Aquele cara lá é o Hugo, é meu amigo. Vai lá e fica esperando que chego em um minuto.
ARTHUR
Arthur volta e não encontra Pedro, decide então esperar ali.
Passa um tempo e a música explode novamente, contagiando todos na pista de dança. Arthur cogita ir embora, mas Pedro aparece outra vez.
PEDRO SÉRGIO
Dançando e rindo.
ARTHUR
Arthur faz um sinal de ''vem cá'' com a mão, o cigarro entre os dedos, a jaqueta desabotoada.
PEDRO SÉRGIO
Olha você aí outra vez! Não consegui achar sua mesa, cara. Sabe como são essas festas, é muita gente no mesmo espaço, né.
PLANO CLOSE
Pedro Sérgio sorri e se mostra interessado, sua expressão corporal é de receptividade
ARTHUR
Você está mesmo muito louco?
PEDRO SÉRGIO
Ah, olha, eu sou sempre assim, alegre, sabe? Mas sinceramente, quem não tá, né? HAHAHA
ARTHUR
Arthur pensa o celular e abre o bloco de notas. Sem que percebam, digita rapidamente: ''Eu pensava que na primeira noite de um homem com outro homem ele não se parecia como nenhum outro homem que eu tive a chance de conhecer. Ele era bem melhor que os caras gentis dos filmes, ou das personagens construídas dos livros de romance.'' Arthur fecha o aplicativo e guarda o celular.
ARTHUR
Vem cá
PEDRO SÉRGIO
Sim
Pedro caminha em direção a Arthur e os dois se beijam
PLANO CLOSE NO BEIJO
ARTHUR
Pedrinho...Eu estou meio bêbado e meio tonto. Vamos sair daqui?
PEDRO SÉRGIO
Pedro ri.
‘’Que esquisito você me chamar assim, de Pedrinho. Ninguém me chama assim.’’
ARTHUR
Arthur sorri, sem graça
Arthur pensa consigo mesmo: Eu sorri feliz porque tinha um apelido para ele, não ia ficar repetindo Pedro Sérgio toda hora, não é mesmo? Não queria parecer a mãe dele. Afinal, estávamos indo fazer amor em algum hotel barato, com a possibilidade de sermos pegos, mortos ou massacrados por algum homofóbico.
PEDRO SÉRGIO
Nunca ninguém me chamou assim, isso é muito carinhoso. Tipo, sério.
Pedro Sérgio levanta e vai buscar seu casaco em outra mesa.
ARTHUR
Arthur pede mais um drink e a conta.
Arthur procura Hugo, mas não o encontra.
PEDRO SÉRGIO
Pedro volta, com o casaco. Pedro para na mesa onde um cara esquisito está sentado, assistindo a tv do bar.
ARTHUR
Arthur pensa consigo mesmo; ''No Instagram ele parecia mais baixo, na verdade ele é mais bonito pessoalmente''.
PEDRO SÉRGIO
Arthur, querido...
Pedro parou na mesa onde estava um cara grisalho, parecendo um desses agentes ou atores de televisão.
Nesse instante, O cara olha para eles de cima a baixo
ARTHUR
Está tudo bem.
PEDRO SÉRGIO
Pedro Sérgio chega na mesa, senta, beija Arthur
ARTHUR
Arthur Olha para a mesa do sujeito esquisito e ele não está mais lá
Arthur continua sorrindo
Arthur corre os dedos pela blusa do Pedro, procura sua gola, sente sua pele macia. Arthur beija a nuca do Pedro, beija o rosto do Pedro e se levanta.
ARTHUR
A conta, por favor.
  EXT.BOATE - RUA - NOITE
PEDRO SÉRGIO
E aí? Tá afim?
ARTHUR
Óbvio. Mas na minha casa meio que não rola, foi mal.
PEDRO SÉRGIO
E agora, para onde vamos? Eu quero ficar com você, porra.
ARTHUR
Eu também quero. Na verdade, existe uma pensãozinha aqui perto, custa 50 pratas a diária e quem administra é uma senhorinha. Ela é meio que tranquila.
PEDRO SÉRGIO
Estranho é você saber todas essas informações, mas por mim tudo bem
ARTHUR
Ah! Haha, não! Bobo. Isso foi o que ouvi dizer, né. Uma bee amiga minha que é babado do rolê me contou sobre isso há algum tempo, e eu lembrei agora.
PEDRO SÉRGIO
Sim. Vamos ver qual é.
ARTHUR
Ok, eu vou chamar um carro, não deve demorar
PEDRO SÉRGIO
Ok.
EXT.BOATE.RUA - NOITE
Plano médio
Pedro e Arthur aguardam na calçada, na saída da boate
Uber chega, carro se aproxima
PEDRO SÉRGIO
É essa placa  mesmo?
ARTHUR
Acho que sim, vem
Arthur e Pedro Sérgio se aproximam do carro, conferem e entram
ARTHUR
Boa noite
Motorista
Boa noite! Sr.Arthur, certo?
ARTHUR
Isso, isso. O endereço já está no mapa.
MOTORISTA
Sim, certo.
CORTA
     EXT.RUA - NOITE
Arthur paga o motorista, Pedro sai do carro e o carro vai embora.
PEDRO SÉRGIO
Então, é aqui?
ARTHUR
Sim, baby. É aqui mesmo. Vamos? Tá tudo bem?
PEDRO SÉRGIO
Sim, tudo bem.
Arthur e pedro caminham em direção à entrada de um pequeno hostel, entram no local e uma senhora está sentada em uma cadeira, na recepção do local.
ARTHUR
Boa noite.
DONA CÉLIA (Recepcionista)
Boa noite, pois não?
ARTHUR
Arthur tenta falar, mas fica roxo de vergonha, gagueja algumas sílabas.
Ehmmm..Hmmmm...Eu...
DONA CÉLIA
Senhor?
PEDRO SÉRGIO
Então, dona. É que a gente quer um quarto pra uma diária. Eu e o meu amigo aqui.
ARTHUR
Arthur não fala nada, se mostra assustado e nervoso.
DONA CÉLIA
Pra vocês dois?
PEDRO SÉRGIO
É.
DONA CÉLIA
Olha mocinho, vocês deram sorte. Um casal saiu há pouco e acho que tenho uma quarto vago. O pagamento você pode fazer ao sair. É 50 pratas e se ficar mais tempo, paga multa. Se quebrar, paga multa. Se roubar ou fizer confusão aqui, eu chamo a polícia. Você entendeu, rapaz?
PEDRO SÉRGIO
Sim, certo.
DONA CÉLIA
Você é maior de idade? Está com documento?
PEDRO SÉRGIO
Sim, estou
DONA CÉLIA
E você?
ARTHUR
Sim, eu estou com a identidade aqui.
DONA CÉLIA
Tudo certo, então. O quarto de vocês é o 102. Boa noite e obrigada. O número da recepção é 332 caso precisem de algo há um quadro com os números importantes em cada quarto.
ARTHUR
Eu esqueci de perguntar, qual a senha do wi fi?
DONA CÉLIA
3211-0889. Mas se eu fosse você, esquecia a internet.
PEDRO SÉRGIO
Gente!!! Concordo. Haha.
  INT.QUARTO - PENSÃO
Arthur e Pedro Sérgio fazem o cadastro na recepção e caminham em direção ao quarto reservado. Os dois abrem a porta, verificam o quarto e entram. No quarto, uma cama de casal, ar condicionado, tv, banheiro, um frigobar, escrivaninha, telefone e abajur. O quarto era bem arrumadinho para 50 pratas.
ARTHUR
Que loucura, nós estamos em um motel.
PEDRO SÉRGIO
Isso não é um motel, são quartos de aluguel.
ARTHUR
AHAHAH, ahhh não! Quartos de aluguel? Que porra é essa?
PEDRO SÉRGIO
Ah, nem todo mundo que vem aqui, vem pra transar, né.
ARTHUR
Duvido. É muito barato. Até que é arrumadinho, mas sei lá.
PEDRO SÉRGIO
Bom, enfim. Cê quer beber alguma coisa? Tem umas cervejas nesse frigobar aqui, e a gente paga depois.
ARTHUR
Me vê uma
PEDRO SÉRGIO
Vem cá
Arthur senta-se ao ladro de Pedro, na cama. Os dois estão bem próximos.
ARTHUR
Pedro, olha pra mim
PEDRO SÉRGIO
Oi, como não olhar??? Com esse rosto tão lindo....
ARTHUR
Hahaha...É sério...Eu preciso falar com você...
PEDRO SÉRGIO
Mas você está falando comigo!! Desse jeito você me deixa ansioso, o que é?
ARTHUR
Não, você não entende. Eu preciso me afastar. Sai de perto de mim.
Arthur levanta da cama, para em pé em frente a Pedro
PEDRO SÉRGIO
O que você está fazendo? Por que você levantou? O que eu fiz?
ARTHUR
Arthur continua em pé, parado em frente a Pedro
Arthur olha pro chão...Uma lágrima cai de seus olhos. Arthur olha para Pedro e confessa
Pedro, eu fiquei com medo de te dizer antes, porque pensei que isso pudesse te afastar de alguma maneira. Eu sou trans.
PEDRO SÉRGIO
O Quê? Trans?
ARTHUR
É. Eu fiz um intercâmbio pra Irlanda quando tinha 18 anos, mudei quem eu era e me tornei quem eu sempre quis mas nunca consegui no Brasil. Me tornei uma pessoa livre desde então. Já faz um tempo que eu voltei.
PEDRO SÉRGIO
Pedro levanta da cama rapidamente, se mostrando surpreso e também confuso. Pedro olha para os lados, e depois olha para Arthur.
PEDRO SÉRGIO
Não é possível, fui enganado!!
ARTHUR
Eu sabia que isso ia acontecer
PEDRO SÉRGIO
Então você não tem?....Você é uma mulher?
ARTHUR
Eu não sou uma mulher, eu faço uso de hormônios. Tanto que você não percebeu. Eu sou um homem.
PEDRO SÉRGIO
Essa sua barba é uma barba de hormônio? Você tá de sacanagem?
ARTHUR
Se você gosta de homem, gosta de quem eu sou, isso não deveria fazer diferença. Eu não acredito que estou escutando isso de um cara gay, isso é hipocrisia e preconceito! Quando nos conhecemos você disse gostar de tudo em mim, e nos damos bem até então.
PEDRO SÉRGIO
Não, é o seguinte. Eu saí pra me divertir, não pra parar no motel com uma sapatão barbada. Você me enganou, sua filha da puta.
Pedro Sérgio bêbado se levanta, pega Arthur pela camisa e o joga contra parede.
ARTHUR
Que isso, me solta, isso é agressão, cara, eu não sabia que você era assim.
PEDRO SÉRGIO
Pedro dá socos no rosto de Arthur, que cai no chão.
Pedro espanca Arthur até o desmaio.
ARTHUR
Arthur clama por ajuda enquanto sofre jogado no chão frio
Não, para, me ajud-!!!!
Arthur desmaia no chão com o nariz e a face ensanguentados.
PEDRO SÉRGIO
CONTRA PLONGÉE
Pedro pega o celular no bolso de Arthur e desliga, o confisca. Pedro arrasta o corpo de Arthur até o banheiro do quarto e fecha a porta.
FIM.
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spleenlab · 7 years
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Histórias Extraordinárias - Poe
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Edgar Allan Poe (1809-1849) nasceu em Boston, EUA, e morreu em Nova York, lugar onde publicou uma de suas produções mais conhecidas, o poema O Corvo. Aos dois anos Poe ficou órfão de pai e mãe, dois atores fracassados, mas logo foi adotado por um rico casal de Richmond, que lhe garantiu uma boa formação cultural. Ou tentou, pois a vida acadêmica de Poe foi marcada por duas expulsões devido ao seu comportamento: uma da Universidade de Virgínia e outra da Academia Militar de West Point. A bebida, o jogo e as dívidas foram constantes em sua vida, e seu pai o deserdou e cortou suas relações com o escritor após a segunda expulsão acadêmica. A partir daí, passou a viver de sua escrita para jornais como o Southern Literary Messenger, dado importante para entendermos a forma de suas produções literárias. A morte de sua esposa, Virgínia, tirou Poe de vez dos trilhos, fazendo-o se afundar no alcoolismo até sua morte, aos 40 anos, em Baltimore.
O berço da iniciação literária de Poe, como mencionado, foi o jornal. Isso explica o caráter de fragmentação de capítulos bem marcada de sua obra, formato que instigava o leitor a comprar o jornal seguinte. Se antes o conto tradicional tinha um efeito moralizante e era exemplar, isto é, trazia uma ideia de vida, além de ser predominantemente oral, o conto moderno se destitui dessas funções e se apresenta na forma escrita, marcado pela intensidade, pelo choque, pelo êxtase. Poe não inaugurou o conto moderno, mas o consolidou, em meio a uma literatura marcada pela crise do sujeito do século XVII e XVIII: racional, centrado (o homem estava colocado no centro da Criação), entusiasmado pelas descobertas científicas. Tal crise está em acordo com o sentimento do século XIX, de início do desencanto pelas grandes descobertas científicas que se constituem de soluções que trazem mais problemas e consequências, início de uma aceleração no ritmo da vida cotidiana (nosso melhor exemplo para ilustrar esse modo de vida ascendente é o filme Tempos Modernos) e a noção de labirinto - homem sem verdade, sem possibilidade de solução, bifurcações de pensamentos que levam a mais caminhos e bifurcações, sem levar a uma saída. Dessa forma, Poe é um escritor que faz uma transição entre Romantismo e Modernidade, se posicionando contra páginas cheias de “frases belas que não dizem nada”. Por isso, sua literatura não é uma literatura de admiração, ela é toda constituída, reflexiva, racional, produto de um trabalho cerebral intenso e voltada a pensar não na lógica dos fatos, mas no comportamento das pessoas.
Histórias Extraordinárias 
A obra de Poe proposta em sala de aula para leitura e reflexão é Histórias Extraordinárias, mais especificamente os contos “O barril de amontillado”, “O gato preto” e “A carta roubada”, nela contidos. 
O Barril de Amontillado
Esse conto evidencia bem a preocupação da escrita de Poe em trabalhar acerca do comportamento do ser humano, dos sentimentos e pensamentos mais profundos produzidos por uma mente inquieta e a quebra com a lógica habitual em detrimento de uma atmosfera fantástica, obscura e exacerbada da condição humana. O texto gira em torno de uma vingança, cuja natureza desencadeadora o leitor desconhece, o que o impede de estabelecer conexões lógicas. O vingador oferece ao leitor a afirmação de que foi ofendido por aquele que irá sofrer a vingança, mas não se pode deduzir a gravidade ou a veracidade dessa ofensa. Tanto pode ser algo realmente grave quanto algo fútil aumentado pela mente da personagem (assim como acontece em Memórias do Subsolo, de Dostoiévski, obra que será trabalhada mais tarde neste blog, cujo personagem principal se vinga de outras pessoas por motivos logicamente fúteis, mas que o causam grande aflição).
A narrativa se desenvolve em Veneza, durante o carnaval, em torno do plano de vingança de Montresor sobre Fortunato. Desde o primeiro parágrafo do conto isso já é explicitado. Ambos são grandes conhecedores de vinhos, então Montresor convence Fortunato, que já estava embriagado, a ir até sua casa para ajudá-lo a reconhecer a autenticidade de um suposto barril de amontillado que recebera. O segundo aspecto que destacamos na literatura de Poe, a dualidade do ser humano, é explicitado nesse momento. Montresor forja um clima de amizade e animação para com Fortunato, dissimulando toda a cólera que sente e que originou seu plano de vingança: “Continuei, como de costume, a sorrir em sua presença, e ele não percebia que o meu sorriso, agora, tinha como origem a ideia da sua imolação”. Assumindo esse caráter, ele se utiliza de técnicas de manipulação em seu discurso para convencer o homem a ir ver o vinho, ferindo o orgulho de Fortunato ao supor que um Luchesi, desconhecido do leitor, seria tão bom quanto ele ou melhor em reconhecer vinhos: “Mas, como você está ocupado, irei à procura de Luchesi. Se existe alguém que conheça o assunto, esse alguém é ele. Ele me dirá...”. Mais tarde, comentando sobre o ambiente úmido de sua adega, Montresor desfere uma série de elogios e exaltações ao caráter do homem, afirmando que deveriam sair dali para que a saúde de alguém tão magnífico não fosse afetada e que poderia chamar Luchesi para o ajudar com o vinho. Isso quer dizer que ele aplica uma técnica de psicologia reversa, lança um desafio diretamente ao ego de Fortunato, fazendo com que ele insista em continuar. Ao longo do caminho, sob o pretexto de amenizar os efeitos da umidade, Montresor vai embriagando o homem ainda mais. Depois de percorrerem um longo caminho, chegam a uma cripta profunda, onde o ar é rarefeito. Como há pouca luz no ambiente, Montresor afirma que o amontillado está dentro da cripta e prende Fortunato a correntes que já o esperavam. Assim, Montresor fecha a cripta com tijolos e argamassa, que estavam escondidos sob uma pilha de ossos próxima à cripta.
Esses últimos dados são importantes para pensarmos no nível de detalhamento e complexidade do trabalho empregados no texto de Poe. Todos os itens já estavam previamente preparados e planejados para a execução da vingança. E isso se aplica não apenas no conteúdo do conto, mas também em sua forma, em suas simbologias. Poe constrói uma atmosfera obscura com alguns elementos-chave, tais como: falta de luz, imagem do vinho semelhante ao sangue, ossos das criptas expostos, umidade e salitre em excesso em um ambiente do subsolo cujo ar é rarefeito. Através desses elementos é formada a atmosfera sufocante de pavor, de morte eminente, de horror, que chega a seu êxtase com o enclausuramento de Fortunato. 
O gato preto
Um dos textos mais conhecidos de Poe, que inspirou a capa da edição da Abril Cultural (imagem acima) do livro no Brasil, “O Gato Preto” é entre os três contos o que mais revela essa ambiguidade do ser humano, bem como seu lado obscuro e perverso, além da questão do irreal, da quebra com a lógica, dos fenômenos que não necessariamente podem se valer da ciência para serem explicados. O narrador já inicia a história afirmando que espera por uma explicação lógica que foi incapaz de encontrar: “Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum - uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais”.
A personagem relata uma atmosfera dócil em torno de sua personalidade e de sua relação com os animais, desde criança, e recorre à memória emocional do leitor como recurso para validar esse seu caráter: “Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso.” Logo em seguida, ao comentar sobre os animais que possuía, cita a relação supersticiosa sobre gatos pretos, introduzindo pela primeira vez e de forma sutil a ordem do irracional no texto. Depois disso, faz uma transição gradual para o conflito do conto, mas uma transição muito rápida que alterna de um extremo ao outro, não amenizando, assim, o choque do leitor. Ele confessa que (citação 1), movido pela raiva, arranca um dos olhos do seu gato preto chamado Pluto. Ao mesmo tempo, o sentimento de culpa está muito presente no discurso, no momento presente em que o narrador conta a história, o que compõe o conflito dos dois lados. No entanto, logo após sua ação, seu comportamento assumiu um quê de frieza, de indiferença, e, pouco tempo depois, foi tomado novamente pela raiva ilógica: “E, então, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento”.
Nesse ponto, a personagem divaga sobre uma suposta impulsividade natural do ser humano em fazer o mal pelo mal, um desejo primitivo que procura se sobrepor à razão. Quem nunca teve vontade de cometer uma maldade imotivada, romper com uma ordem da realidade? Essa discussão se assemelha ao que mais tarde Freud irá nos trazer sob os conceitos de Id, Ego e Superego.
Tomado por essa perversidade, enforca Pluto em uma manhã e à noite acorda com sua casa sendo consumida pelo fogo. Em uma parede que ficou intacta, contra o branco do reboco, havia a imagem impressa de um gato preto enforcado. Então, o homem oferece uma explicação lógica muito bem articulada para o fato, mas não deixa de passar meses impressionado com a visão. É importante notar que o horror que o assombra vem do incêndio e da imagem, mas não por conta de algum tipo de remorso ou culpa. Após isso, um gato muito semelhante a Pluto aparece e ele o adota. Um trecho do texto aponta uma tentativa de reconstrução da atmosfera dócil, mas logo tudo se quebra novamente pela raiva e ele tenta matar o gato. Impedido pela mulher, ele a assassina, então. Ele prende o cadáver na parede de sua adega no porão, de forma tão detalhada e tão bem calculada que nem os policiais, em sua busca, são capazes de achá-lo. O homem tenta, ainda, encontrar o gato para matá-lo, mas sem sucesso. Então, nesse dia em que os policiais foram fazer a busca, quando estes estão indo embora, ele tomado pela desrazão abre a parede revelando não só o cadáver da mulher, mas também o gato que estava procurando. Esse cenário final é construído de forma a chocar e horrorizar o leitor, com imagens bem construídas em torno do obscuro, da morte, temas recorrentes de sua obra.
A carta roubada
Esse conto revela um outro viés da escrita de Poe: os contos de detetive, de investigação. Optamos por não fazer um detalhamento completo deste conto para não alongar mais ainda o texto, mas há alguns aspectos que devem ser mencionados aqui. A narrativa se desenvolve a partir de uma carta importante da realeza que fora roubada por um ministro. Um comissário de polícia é acionado para investigar e planeja minunciosamente a busca por todos os lugares possíveis onde o ministro poderia ter deixado o objeto. No entanto, ele a havia escondido no lugar mais óbvio possível, a carta estava praticamente exposta a quem quisesse ver em seu apartamento, pois ele previu os movimentos que seriam feitos por quem investigasse.
Citações
“Uma fúria demoníaca apoderou-se instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e genebra, fez vibrar todas as fibras do meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos!” - O gato preto.
“E não me enganei em meus cálculos. Por meio de uma alavanca, desloquei facilmente os tijolos e, tendo depositado o corpo, com cuidado, de encontro à parede interior, segurei-o nessa posição, até poder recolocar, sem grande esforço, os tijolos em seu lugar, tal como estavam anteriormente.” - O gato preto.
Curiosidades
Baudelarie (1821-1867) foi um grande fã da obra de Poe e traduziu o livro original “Tales of the Grotesque and Arabesque” para o francês, com o título de “Histoires Extraordinaires”, mesmo título que recebeu a tradução em português (“Histórias Extraordinárias”). O poeta foi responsável por fazer a obra de Poe conhecida na Europa.
Os contos de Poe são repletos de frases e referências em línguas que não eram sua língua materna, como latim e francês. Isso se deve aos seus estudos de grego, latim, francês, espanhol e italiano na Universidade da Virgínia, antes de sua expulsão.
Avaliações
O maior desafio dessa leitura foi tentar imaginar qual a reação que esses contos causaram nessa época em que a sociedade não tinha uma inventário de informações sobre Poe, muito menos os filmes de terror que temos aos montes hoje. Vivemos saturados de histórias de terror e cada vez mais elas precisam ser extremas para causar horror. As imagens e os sons horríveis já não são tão mais horríveis para nós, efeito ainda mais diminuído no texto. Apesar disso, em muitos momentos os contos conseguem causar horror, muito embora tenhamos consciência de que não na mesma medida que causaram quando foram publicados pelas primeiras vezes. Só esse fato já explicita a qualidade imensurável da produção literária de Poe. Os textos apresentam uma estética que atraem bastante, com temas obscuros, mórbidos, misteriosos. Além disso, um ponto intrigante é a filosofia da dualidade, do impulso do ser humano de destruir tudo quando está tudo bem. Hoje temos algum estudo um pouco mais sólido que são as descobertas de Freud, mas ainda assim tais questões são perpassadas de mistério, um mistério que atrai.
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reinaldomelo-blog · 7 years
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Herman Dooyeweerd - O que é o homem?
Capítulo 8, retirado do livro “No crepúsculo do pensamento ocidental: estudos sobre a pretensa autonomia do pensamento filosófico”
 §27. A crise da civilização ocidental e o ocaso de seu pensamento
        A questão: o que é o homem?[1] ocupa um lugar central no pensamento contemporâneo. Essa questão certamente não é nova. Após cada período na história do pensamento ocidental, quando todos os interesses estavam concentrados sobre o conhecimento do mundo externo, o imenso universo, o homem começava a se sentir insatisfeito. Nessa situação, a reflexão sempre se volta novamente sobre o enigma central da própria existência humana. Assim, tão logo esse enigma começa a intrigar o pensamento humano, todo o mundo externo com que se retira do foco de interesse.
        Em um de seus esplêndidos diálogos, Platão apresenta seu mestre, Sócrates, como um homem obcecado com apenas uma meta em sua busca por sabedoria: conhecer a si mesmo.[2] “Enquanto eu não obtiver sucesso em conhecer a mim mesmo”, disse Sócrates, “não tenho tempo para lida com outras questões, que a mim me parecem insignificantes em comparação com essa.”
        No pensamento europeu contemporâneo, entretanto, a questão: o que é o homem?, não é mais feita apenas do ponto de vista teórico. Ela se tornou um assunto crucial para muitos pensadores em virtude da inquietação espiritual da sociedade ocidental e da crise fundamental de nossa cultura. Talvez essa crise não ocupe o mesmo lugar na reflexão dos principais pensadores dos Estados Unidos como faz na Europa. Entretanto, também os Estados Unidos estão preocupados com o mesmo problema, uma vez que ele pertence à esfera da civilização ocidental.
        Qual, então, é o caráter dessa crise? E porque a questão: o que é o homem?, soa hoje como um grito de angústia?
        A crise atual da civilização ocidental se manifesta como um declínio completo da personalidade humana, cujo testemunho é o surgimento do homem massificado. Isso é imputado, por diferentes pensadores, à crescente supremacia tecnológica e à hiperorganização da sociedade moderna.[3] O resultado disso, supostamente, é um processo de despersonalização da vida contemporânea. O homem de massa moderno perdeu todos seus traços pessoais. Seu padrão de comportamento é ditado pelo que é feito em geral, transferido este a responsabilidade pelo seu comportamento para uma sociedade impessoal. E essa sociedade, em troca, parece estar sendo controlada por um robô, um cérebro eletrônico ou pela burocracia, pela moda, pela organização e outros poderes impessoais. Como resultado, nossa sociedade contemporânea não deixa lugar para a personalidade humana e para uma comunhão espiritual real de pessoa para pessoa. Mesmo a família e a igreja, frequentemente, não conseguem mais garantir uma esfera de intercurso pessoal. A vida familiar é, em larga medida, deslocada pela crescente industrialização, e a própria igreja é confrontada com o risco da despersonalização da vida congregacional, especialmente nas grandes cidades.
        Além disso, o homem médio secularizado de nossos dias perdeu todo e qualquer interesse verdadeiro na religião. Ele caiu presa de um estado de niilismo espiritual, negando todos os valores espirituais. Ele perdeu toda a sua fé e nega a quaisquer ideais mais elevados do que a satisfação de seus próprios apetites. Mesmo a fé humanista na humanidade e no poder da razão humana para governar o mundo e elevar o homem a um nível mais elevado de liberdade e moralidade não mais exerce qualquer apelo à mente do homem de massa atual. Para ele, Deus está morto, e as duas guerras mundiais destruíram o ideal humanista de homem. O homem moderno se perdeu e se considera como alguém lançado em um mundo sem sentido, que não oferece esperança de um futuro melhor.
        A civilização ocidental, que apresenta esses terríveis sintomas de declínio espiritual acha-se, além disso, confrontada pela ideologia totalitária do comunismo. Ela tenta se opor a ele com as ideias antigas da democracia, da liberdade e dos direitos inalienáveis do homem. Mas essas ideias também foram envolvidas pela crise espiritual que solapa seus próprios fundamentos. Em tempos antigos, argumenta-se, elas estavam enraizadas tanto na fé cristã como na fé humanista da razão. Contudo, o crescente relativismo que afeta a civilização ocidental não tem deixado terreno firme para uma fé robusta, uma vez que vem destruindo a crença em uma verdade absoluta. A fé tradicional que deu ao homem sua inspiração tem, em grande parte, sido substituída por métodos técnicos e organizacionais. E, em geral, é devido a tais métodos impessoais que os traços cristãos e humanistas de nossa cultura são exteriormente mantidos.
        Todavia, a civilização ocidental não pode ser salva apenas por meios técnicos e organizacionais. O poder mundial comunista, cuja ideologia ainda está enraizada em uma fé fundamentada, também tem esses meios à sua disposição, e os tem utilizado muito bem. Além do mais, a bomba atômica, que deu fim à Segunda Guerra Mundial, não é mais um monopólio americano. E essa terrível invenção da tecnologia ocidental pode apenas aumentar o temor da iminente ruína de nossa cultura. O incrível desenvolvimento técnico da sociedade ocidental, que tem produzido o homem de massa moderno, também destruirá nossa civilização, a não ser que se encontre uma forma de restaurar a personalidade humana.
§28. A filosofia existencialista como resposta à crise
        É contra esse pano de fundo de inquietação espiritual que a questão: o que é o homem?, veio a se tornar verdadeiramente existencial na filosofia europeia contemporânea. Ela já não é meramente uma questão de interesse teórico. Tornou-se, antes, uma questão concernente à existência total do homem em sua ansiedade existencial. Uma questão sobre ser ou não ser. Isso também explica a influência poderosa das tendências filosóficas existencialistas e personalistas contemporâneas sobre a literatura europeia e sobre seus jovens.[4] Agora a imagem idealista abstrata do homem apenas como ser moral e racional já não importa mais. A nova visão filosófica do homem preocupa-se com o homem em sua situação concreta o mundo, com seu estado de decadência como homem de massa contemporâneo e com suas possibilidades de redescoberta de si mesmo como personalidade responsável.
        Essa filosofia não mais considera o intelecto como o centro real da natureza humana.[5] Ela tem tentado penetrar o que é concebido como a mais profunda raiz do ego humano e a mais profunda inquietação espiritual humana. Segundo ela, o homem é lançado no mundo involuntariamente[6] e, para sustentar a sua vida, é obrigado a se voltar para as coisas que estão disponíveis neste mundo. O conflito pela existência caracteriza a vida do homem. Contudo, nessa situação de preocupação,[7] o homem corre o risco de perder-se como personalidade livre à medida que se entrega ao mundo, pois o eu humano ultrapassa todas as coisas existentes. O ego humano é livre, não estando disponível como um objeto concreto. Este é capaz de projetar seu próprio futuro e dizer ao seu passado: “Eu não sou mais o que fui ontem. Meu futuro ainda está em minhas mãos. Eu posso me modificar. Eu posso criar meu futuro com meu próprio poder”. Mas quando o homem reflete sobre a liberdade criativa de seu eu, ele é confrontado com a mais profunda causa da sua angústia, a saber, a ansiedade e o medo da morte. A morte, aqui, entendida não em um sentido meramente biológico, aplicável também aos animais, mas no sentido de um sombrio nada, da noite sem amanhecer que coloca um fim a todos os projetos, tornando-os sem sentido. Essa ansiedade e esse medo da morte são usualmente suprimidos, em conformidade com o modo despersonalizado de existência do homem massificado. Para alcançar uma existência pessoal, apropriada a si, o homem deveria francamente, e por antecipação, confrontar-se com a morte como o nada que limita sua liberdade em direção à morte, terminando no sombrio nada. Assim, essa primeira abordagem existencialista ao autoconhecimento humano revelou uma visão profundamente pessimista do homem.
        Entretanto, outros pensadores existencialistas mostraram uma possibilidade mais esperançosa de redescobrir a verdadeira personalidade do homem. Em concordância com a filosofia personalista de Martin Buber,[8] eles apontaram para a relação comunal essencial em nossa vida pessoal. Tu e eu são correlatos, os quais pressupõe um ao outro. Eu não posso me conhecer sem reconhecer que o meu ego está relacionado com o ego de meu semelhante. E eu não posso realmente ter um encontro pessoal com outro ego sem o amor. É apenas por meio de tal encontro em amor que eu posso alcançar um verdadeiro autoconhecimento e o conhecimento de meu semelhante.
        Assim, essa filosofia pareceu oferecer perspectivas para um conhecimento mais profundo do eu humano. E muitos teólogos são da opinião de que essa abordagem existencialista ao problema central da natureza humana é o caráter mais bíblico do que a visão tradicional da natureza humana, orientada pela antiga filosofia grega.
        Temo que essa opinião teológica testifique de uma falta de autoconhecimento do sentido bíblico radical. Mostrarei agora porque penso dessa forma. Primeiramente, entretanto, deixemos claro que todo diagnóstico precedente da crise espiritual da civilização ocidental falha em expor claramente a raiz do mal. Pois os sintomas de decadência espiritual dessa civilização, manifestando-se em uma crescente expansão da mente niilista, não podem ser explicados por causas externas. Elas são apenas o resultado último de um processo religioso de apostasia que se iniciou com a crença na autossuficiência absoluta da personalidade humana racional e que estava condenado a terminar com a própria destruição desse ídolo.
§29. O sentido do eu.
a)A transcendência do eu.  
        Como, então, podemos alcançar esse autoconhecimento real? A questão: quem é o homem?, contém um mistério que não pode ser explicado pelo próprio homem.
        No último século, quando a crença em uma assim chamada ciência objetiva ainda era dominante nos círculos influentes se supunha que a ciência, pela pesquisa empírica contínua, conseguiria resolver todos os problemas da existência humana. Há, sem dúvida, uma forma científica de adquirir conhecimento sobre a existência humana. Há muitas ciências especiais que se ocupam do estudo do homem. Mas cada uma delas considera a vida humana apenas de um posto de vista ou de um aspecto particular. A física e a química, a biologia, a psicologia, a história, a sociologia, a jurisprudência, a ética e assim por diante podem, todas elas, apresentar informações interessantes sobre o homem. Mas quando alguém pergunta a elas: o que e o próprio homem na unidade central de sua existência, em seu ego? Essas ciências não tem resposta. A razão disso  é que elas estão limitadas à ordem temporal da nossa experiência. Nessa ordem temporal, a existência humana apresenta grande diversidade de aspectos, assim como todo o mundo temporal no qual o homem se encontra. A física e a química informam-nos sobre a constelação material do corpo humano e as forças eletromagnéticas que nele operam; a biologia expõe as funções de nossa vida orgânica; a psicologia nos dá insights na vida emocional do sentimento e da vontade e tem penetrado até mesmo na esfera inconsciente da nossa mente. A história nos informa sobre o desenvolvimento da cultura humana; A linguística, sobre a capacidade humana de expressar pensamentos e sentimentos por meio de palavras e outros sinais simbólicos; a economia e a jurisprudência estudam os aspectos jurídicos e econômicos da vida social humana e assim por diante. Assim, cada ciência especial estuda a existência humana temporal em um de seus diferentes aspectos.
        Mas todos esses aspectos da nossa experiência e existência na ordem do tempo relacionam-se à unidade central de nossa consciência, a qual denominamos eu, ou ego. Eu experimento, e eu existo, e esse eu ultrapassa a diversidade de aspectos que a vida humana apresenta na ordem temporal. O ego não deve ser determinado por nenhum aspecto de nossa experiência temporal, uma vez que é o ponto de referência central de todos eles. Se ao homem faltasse esse eu central ele não poderia, de fato, ter qualquer experiência.
b)Uma crítica ao existencialismo
        Consequentemente, a filosofia existencialista contemporânea corretamente colocou que é impossível adquirir um autoconhecimento real por meio da pesquisa científica. Mas ela supôs, por sua vez que sua própria abordagem filosófica em relação a existência humana nos conduziria a esse autoconhecimento. A ciência, segundo nos é dito, está restrita à investigação do que é dado, a objetos concretos disponíveis. Mas o ego humano não é um objeto dado. Ele tem a liberdade de criar a si mesmo ao planejar o seu próprio futuro. A filosofia existencialista alega ser direcionada exatamente para a descoberta dessa liberdade do eu humano, em contraste com todos os dados disponíveis no mundo.
        Mas será verdade que podemos chegar a um real autoconhecimento por esse caminho? Pode essa filosofia, de  fato, penetrar no centro real e na raiz da nossa existência, como pensam muitos teólogos contemporâneos? Eu sou da opinião de que é um vã ilusão pensar dessa forma.
O pensamento filosófico está limitado à ordem temporal da experiência humana, assim como estão as ciências especiais. Nessa ordem temporal, a existência humana apresenta-se apenas em uma rica diversidade de aspectos, e não naquela unidade central radical à qual denominamos nosso eu ou ego. É verdade que nossa existência temporal apresenta-se como um corpo individual total e que seus diferentes aspectos relacionados a esse todo são, de fato, apenas aspectos dele. Contudo, vista meramente como um todo temporal, nossa existência humana não revela aquela unidade central da qual estamos cientes em nossa autoconsciência. Esse eu central, o qual ultrapassa a ordem temporal, permanece um verdadeiro mistério.[9] Tão logo tentamos capturá-lo em um conceito ou uma definição, ele retrocede como um fantasma e se torna um nada, Seria ele realmente um nada, como alguns filósofos afirmaram?
O mistério do eu humano é que ele é, de fato, nada em si mesmo; quer dizer, ele é nada enquanto tentamos concebê-lo à parte de suas três relações centrais as quais, unicamente, fornecem-lhe sentido.[10]
Primeiro, nosso ego humano relaciona-se com a nossa existência temporal total e com nossa experiência integral do mundo temporal como seu ponto de referência central. Segundo, ele se encontra, de fato, em uma relação comunal essencial com o ego de seus semelhantes. Terceiro, ele aponta para além  de si mesmo em direção à relação central com sua origem divina, em cuja imagem o homem foi criado.
A primeira relação, ou seja, aquela do ego humano com a ordem temporal do mundo no qual estamos colocados, não pode nos conduzir a um autoconhecimento real enquanto essa relação é vista apenas em si mesma. A ordem temporal da vida humana do mundo, com sua diversidade de aspectos, pode apenas distanciar nossa visão do centro real da existência humana enquanto buscamos conhecer a nós mesmos a partir dessa relação. Deveríamos buscar nosso eu no aspecto espacial de nossa existência temporal, ou na constelação material do aspecto físico-químico de nosso corpo, ou no aspecto de sua vida orgânica, ou naquele sentimento emocional? Ou deveríamos identificar nosso eu com o aspecto lógico de nosso pensamento, ou com o aspecto histórico de nossa vida cultural em uma sociedade temporal, ou com o aspecto estético, ou com o aspecto moral de nossa existência temporal? Em fazendo isso nós perderíamos de vista o centro real e a unidade radical de nossa natureza humana. A ordem temporal de nosso mundo experiencial é como um prisma, que refrata, ou dispersa, a luz do sol em uma rica diversidade de cores. Nenhuma dessas cores, entretanto, é a própria luz. Da mesma forma, o ego humano central não pode ser determinado por algum desses diferentes aspectos de nossa existência temporal terrena.
A segunda relação na qual nosso eu deve ser concebido é a relação comunal de nosso próprio eu com aquele de nossos semelhantes. Essa relação, entretanto, não pode conduzir a um autoconhecimento real mais do que a relação de nosso ego com o mundo temporal, se vista apenas em si mesma. A razão disso é que o eu de nosso semelhante nos confronta com o mesmo enigma com o qual nosso próprio eu se nos apresenta. Enquanto tentamos compreender a relação entre você e eu meramente na ordem temporal dessa existência humana terrena, precisamos ter claro que essa relação apresenta a mesma diversidade de aspectos que nossa própria existência humana temporal. Quer concebamos essa relação a partir do aspecto moral, do psicológico, do histórico-cultural ou do biológico, não chegaremos a qualquer conhecimento do relacionamento central entre o seu e o meu ego. Ao fazê-lo, estamos apenas perdendo de vista seu caráter central, que ultrapassa a diversidade de aspectos do nosso horizonte temporal de existência.
As visões personalistas e existencialistas do homem têm tentado determinar a relação eu-tu como uma relação de amor, um encontro interno de pessoas humanas. Mas no horizonte terreno do tempo, mesmo as relações de amor apresentam uma diversidade de significados e de caráter típicos. Referimo-nos ao entre marido e esposa ou entre pais e seus filhos? Ou será que temos em mente aquela relação de amor entre irmãos de crença, pertencendo a igrejas inter-relacionadas? Ou seria ela talvez a relação de amor entre compatriotas, que têm em comum o amor ao seu país? Ou teríamos em mente o amor geral ao próximo nas relações morais de nossa vida temporal? Nenhuma dessas relações temporais comunais toca a esfera central de nosso ego.
E quando a filosofia contemporânea fala de um “encontro interno” de uma pessoa com outra, precisamos perguntar: o que você entende por esse encontro interno? Um encontro interno pressupõe um autoconhecimento real, e este pode ocorrer apenas na esfera religiosa central de nossa relação com nosso semelhante. As relações temporais de amor, em sua diversidade típica de significados mencionada acima, não pode garantir um verdadeiro encontro interno. Jesus disse no sermão do monte: “Se você ama aqueles que lhe amam, qual é o mérito? Pois os pecadores também amam aqueles que os amam” (Lc 6:32). Jesus, aqui, está aparentemente falando de um amor que não se relaciona ao centro real de nossas vidas, mas apenas às relações temporais entre os homens em sua diversidade terrena. Mas como podemos amar nossos inimigos e abençoar aqueles que nos amaldiçoam e orar por aqueles que nos perseguem se não amarmos a Deus em Jesus Cristo?
c)O sentido do eu em sua relação religiosa com a origem
        Assim, a relação interpessoal entre você e eu não pode nos conduzir a um autoconhecimento real enquanto não for concebida em seu sentido central; e nesse sentido central ela aponta além de si mesma para a relação última entre o eu humano e Deus. Essa relação central é, assim, de caráter religioso. Nenhuma autorreflexão filosófica pode conduzir-nos a um autoconhecimento real de uma forma puramente filosófica. As palavras com as quais Calvino inicia o primeiro capítulo de seu livro-texto sobre religião cristã: “O verdadeiro conhecimento de nós mesmos é dependente do verdadeiro conhecimento de Deus” (Institutes I.i.1) são, de fato, a chave para responder à questão: quem é o homem?
        Mas se assim é, tem se a impressão, em um primeiro momento, que deveríamos utilizar a teologia para alcançarmos um real autoconhecimento, pois esta parece estar especialmente interessada no conhecimento de Deus. Entretanto, isso também se constituiria em um autoengano. Pois como ciência dogmática[11] dos artigos da fé cristã, a teologia não é mais capaz de conduzir-nos a um real conhecimento de nós mesmos e de Deus do que a filosofia ou as ciências especiais que estão interessadas no estudo do homem.[12] Esse conhecimento central pode ser apenas resultado da palavra-revelação de Deus operando no coração, o centro religioso de nossa existência, pelo poder do Espírito Santo. Jesus Cristo nunca condenou os escribas e fariseus por falta de conhecimento teológico-dogmático. Quando Herodes perguntou ao sumo sacerdote e aos escribas onde o Cris nasceria, ele recebeu uma resposta que, sem sobra de dúvida, estava correta de um ponto de vista teológico-dogmático, uma vez que estava baseada nos textos proféticos do Antigo Testamento.
        Entretanto, Jesus diz que eles não o conheciam nem conheciam ao Pai. E como eles poderiam ter um autoconhecimento real sem o conhecimento de Deus em Jesus Cristo?
        A visão teológica tradicional do homem que encontramos tanto nos trabalhos dogmáticos católico-romanos como na escolástica protestante não é, de maneira alguma, de origem bíblica.[13] De acordo com essa concepção teológica de natureza humana, o homem é composto de um corpo mortal e material e de uma alma imortal e imaterial. Esses componentes foram concebidos como unidos em uma substância. Entretanto, de acordo com essa visão de alma racional continua a existir como uma substância independente após a separação do corpo, i.e., após a morte. Em linha com essa visão da natureza humana, o homem foi denominado de um ser racional e moral em contraste com o animal, que carece de uma alma racional.
        Essa visão do homem foi, de fato, tomada da filosofia grega, a qual buscou o centro de nossa existência humana na razão, i.e., no intelecto. Mas nessa imagem do homem, em sua totalidade, não havia espaço para o centro real, i.e., o centro religioso de nossa existência, o qual nas Escrituras é chamado coração, a raiz espiritual de todas as manifestações temporais de nossas vidas. Essa imagem tradicional do homem foi construída à parte do tema central da palavra-revelação, a criação, queda no pecado e a redenção por meio de Jesus Cristo na comunhão com o Espírito Santo, Esse tema é o próprio centro da revelação divina, e somente ele pode revelar a verdadeira raiz e centro da vida humana. Ele é a única chave para o verdadeiro autoconhecimento em sua dependência do verdadeiro conhecimento de Deus. E é também o juiz único de ambas as visões, teológica e filosófica do homem.  Como tal, esse tema central da palavra-revelação não pode ser dependente de interpretações e concepções teológicas, as quais são trabalhos humanos falíveis, limitados a ordem temporal de nossa existência e experiência. Seu sentido radical pode ser explicado apenas pelo Espírito Santo, o qual abre nosso coração, de forma que nossa crença não é mais mera aceitação dos artigos da fé cristã, mas uma crença viva, instrumental para a operação central da palavra de Deus no coração, o centro religioso de nossa vida. E essa operação não ocorre de uma forma individualista, mas na comunhão ecumênica do Espírito Santo que une todos os membros da verdadeira igreja católica em seu sentido espiritual, independente de suas divisões denominacionais temporais.
§30.A palavra-revelação e o motivo básico bíblico
a)O tema da revelação: criação, queda e redenção
        Naturalmente, a criação, a queda no pecado e a redenção por meio de Cristo Jesus, como a Palavra encarnada, na comunhão do Espírito Santo, são também artigos de fé, tratados como tais em todas as teologias dogmáticas em adição a outros artigos que também estão, real ou supostamente, fundamentados nas sagradas Escrituras. Mas em seu sentido radical como o tema central da palavra-revelação e a chave do conhecimento, eles não são meramente artigos de fé, os quais são apenas formulações humanas da confissão da igreja; eles são a própria palavra de Deus em seu poder espiritual central endereçando-se ao coração, o núcleo religioso e o centro de nossa existência. Nessa confrontação central com a palavra de Deus, o homem não tem nada para dar, mas apenas para ouvir e receber. Deus não fala a teólogos, filósofos e cientistas, mas a pecadores perdidos em si mesmos, feitos seus filhos pela operação do Espírito Santo em seus corações. Nesse sentido central e radical, a palavra de Deus, penetrando na raiz de nosso ser, tem de se tornar o motivo-poder central do todo da vida cristã na ordem temporal com sua rica diversidade de aspectos, tarefas e esferas ocupacionais.[14] Como tal, o tema central da criação, da queda no pecado e da redenção deveria também ser o ponto de partida central e o motivo-poder de nosso pensamento teológico e filosófico.
        Será mesmo necessário, nesse ponto, considerar o sentido radical desse tema central da divina palavra-revelação? Não é esse sentido já bem conhecido a todos nós desde o início de nossa educação cristã? Talvez possamos questionar se isso é realmente verdade. Temo que muitos cristãos tenham apenas um conhecimento teológico da criação, da queda no pecado e da redenção por meio de Jesus Cristo, e que esse tema central da palavra-revelação não tenha ainda se tornado o motivo-poder central de suas vidas.
b)O sentido radical de criação, queda e redenção
        Qual é o sentido radical bíblico da revelação da criação? Como Criador, Deus se revela como a origem absoluta de tudo o que existe fora de si mesmo. Não há poder no mundo que seja independente dele. Mesmo Satanás é uma criatura e seu poder é tomado da criação, ou seja, da criação do homem à imagem de Deus.[15] Se o homem não fosse criado à imagem de Deus, a sugestão de Satanás de que o homem seria igual a Deus (Gn 3.5) não teria o mínimo poder sobre o coração humano. Tudo o que ele podia fazer era dar a esse poder uma direção apostata, mas a origem desse poder não estava nele. Se nosso coração se encontrar plenamente cativo à autorevelação de Deus como o Criador, não mais podemos imaginar que exista uma zona neutra e segura fora do alcance de Deus. Essa é a diferença fundamental entre o Deus vivo e os ídolos que se originam da absolutização daquilo que tem uma existência apenas relativa e dependente. Os antigos gregos, cuja concepção da natureza humana teve influência predominante sobre a visão teológica tradicional do homem, adoravam seus deuses olímpicos que eram apenas deificações dos poderes culturais da sociedade grega. Os deuses eram representados como seres invisíveis e imortais, concebidos com esplêndida beleza e poderes sobre-humanos. Mas esses deuses esplêndidos não tinham poder sobre o destino da morte, ao qual os mortais estavam sujeitos. Esse é o porquê do poeta grego Homero ter dito: “Mesmo os deuses imortais não podem auxiliar o lamentável homem quando o terrível destino da morte o atinge”. E o mesmo poeta diz que os deuses imortais se intimidam diante de todo o contato com o campo da morte.
        Mas atentemos agora ao que o Salmo 139 nos diz sobre Deus: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá tu estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estas também” (vv. 7,8). Aqui nós encontramos o Deus vivo como Criador, o qual os antigos gregos não conheciam. Em um contato indissolúvel com essa autorevelação como Criador, Deus revelou o homem ao próprio homem. O homem foi criado à imagem de Deus. E assim como Deus é a origem absoluta de tudo o que existe fora de si mesmo, Ele criou o homem como um ser em quem a inteira diversidade dos aspectos e faculdades do mundo temporal está concentrada no centro religioso da sua existência. Esse centro é aquele ao qual denominamos nosso eu, e o qual as Escrituras sagradas chamam, em um sentido religioso, de coração.[16] Como o assento central da imagem de Deus, o ego humano foi imbuído com um impulso religioso inato a fim de concentrar todo o mundo temporal sob o serviço de amor a Deus. E uma vez que esse amor a Deus implica o amor por sua imagem no homem, toda a diversidade das ordenanças temporais de Deus é relacionada com o mandamento religioso central do amor: “Amará, pois, o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento [...] e ao teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30,31). Esse é o sentido bíblico da criação do homem à imagem de Deus. Ele não deixa, assim, espaço para uma esfera supostamente neutra da vida que possa ser subtraída do mandamento central do reino de Deus.
Uma vez que a imagem de Deus no homem relaciona-se com a radix, ou seja, o centro religioso e a raiz de nossa existência temporal total, segue-se que a queda no pecado pode apenas ser entendida no mesmo sentido bíblico radical. A queda no pecado pode ser resumida como uma ilusão surgida no coração humano, quando o eu humano creu possuir uma existência absoluta como o próprio Deus. Essa foi a falsa insinuação de Satanás à qual o homem deu ouvidos: “Serás como Deus”. Essa apostasia em relação ao Deus vivo implicou na morte espiritual do homem, pois o eu humano não é nada em si mesmo e pode apenas viver da palavra de Deus e na comunhão amorosa com seu Criador divino. Entretanto, o pecado original não poderia destruir o centro religioso da existência humana e o seu impulso religioso inato de buscar sua origem absoluta. Ele poderia apenas conduzir esse impulso central para uma direção central falsa, apóstata, desviando-se em direção ao mundo temporal com sua rica diversidade de aspectos, os quais entretanto, têm apenas um sentido relativo.
Buscando o seu Deus e a si mesmo no mundo temporal e relevando um aspecto relativo e dependente deste mundo ao status de absoluto, o homem caiu vítima da idolatria. Ele perdeu o verdadeiro conhecimento de Deus e o verdadeiro autoconhecimento. A ideia de que um verdadeiro autoconhecimento possa ser restabelecido por meio de uma filosofia existencialista, à parte da palavra-revelação divina, nada mais é que a velha ilusão de que o eu é algo em si mesmo, independente do Deus que revelou como o Criador.
Apenas por meio de Jesus Cristo, Palavra encarnada e Redentor, a imagem de Deus tem sido restaurada no centro religioso da natureza humana. A redenção por Jesus Cristo em seu sentido bíblico radical significa o renascimento de nosso coração e deve se revelar no todo de nossa vida temporal. Consequentemente, não pode haver um autoconhecimento real à parte de Jesus Cristo. E esse autoconhecimento bíblico implica que toda a nossa visão de mundo e da vida precisa ser reformada em um sentido cristocêntrico; assim, toda e qualquer visão dualista da graça comum, que separe esta última de sua verdadeira raiz e centro religioso em Cristo Jesus, deveria ser rejeitada, em princípio.
A história da teologia dogmática prova que é possível dar uma explicação teórica aparentemente ortodoxa aos artigos de fé pertencente ao tema central triádico das sagradas Escrituras sem qualquer consciência da sua significância central e radical para uma visão da natureza humana e do mundo temporal. Nesse caso, o pensamento teológico não se encontra realmente cativo à palavra de Deus. Esta não se tornou o seu motivo básico central, sua força propulsora central. Ao contrário, isso prova o fato de ser essa teologia influenciada por outro motivo central não bíblico, o qual lhe confere a direção última.
Tal foi o tema escolástico de natureza e graça (introduzido na teologia e filosofia católicas-romanas desde o século XIII) que governou a visão teológica tradicional do homem. Esse tema conduziu a teologia escolástica à divisão da vida humana em duas esferas, a natural e a sobrenatural. A natureza humana pertencia à esfera natural e supostamente encontraria seu centro na razão natural. Essa razão natural seria capaz de adquirir um insight correto em relação à natureza humana e a todas aquelas assim chamadas “verdades naturais”, à parte de qualquer revelação divina, unicamente por luz natural. Obviamente, se tinha por certo que essa natureza racional do homem fora criada por Deus. Mas tal aceitação teológica da criação como verdade revelada não influenciou a própria visão sobre a natureza humana. Essa visão era ainda governada pelo motivo religioso pagão dualista do pensamento grego, conduzindo a concepção dicotômica da natureza humana.
Em adição a essa natureza ético-racional, o homem, supunha-se fora dotado em sua origem com o dom supranatural da graça, que seria a participação na natureza divina. De acordo com a doutrina católico-romana, esse dom supranatural da graça foi perdido na queda no pecado, sendo recuperado pelos meios de graça supranaturais que Cristo confiou à sua igreja. Dessa forma, a natureza racional humana seria elevada ao supranatural de perfeição a que estava destinada no plano da criação. Era tido como certo, entretanto, que o homem não poderia alcançar aquele estado sem a fé que é, por si mesma, um dom da graça ao intelecto humano; é, portanto, apenas pela fé que podemos aceitar as verdades supranaturais da revelação divina. Mas a esfera supranatural da graça pressupõe a esfera natural da vida humana, ou a da natureza humana. Essa natureza, de acordo com a visão católico-romana, não fora radicalmente contaminada pelo pecado. Ela teria sido apenas ferida desde que, conforme o plano da criação, ela fora destinada existir unida ao dom supranatural da graça. Como resultado do pecado original, a natureza humana perdera a sua harmonia original. As inclinações sensuais estão agora em oposição à razão natural que deveria governar sobre estas. No entanto, o homem pode chegar à aquisição das virtudes naturais, por meio das quais o governo da razão sobre as inclinações sensuais é efetivado. Apenas as virtudes sobrenaturais da fé, da esperança e do amor cristão pertenceriam, assim, à esfera da graça.[17]
Essa é a visão da natureza humana que tem sido sancionada pela doutrina da Igreja Católica-romana. Ela abandonou completamente o sentido radical de criação, da queda e da redenção como ele é revelado a nós na palavra de Deus.
A visão católica-romana desse tema central da revelação foi rejeitada pela Reforma. Mas como explicar que sua concepção da natureza humana como um composto de corpo material e alma imortal racional tenha sido geralmente aceita pela teologia escolástica protestante, tanto luterana como reformada? Não foi essa concepção tomada da filosofia grega, cujo motivo básico religioso pagão era radicalmente oposto àquele das sagradas Escrituras? Não falhou esse dualismo romano em avaliar o insight bíblico sobre a raiz e centro religioso da existência humana? Não era ele, consequentemente, incompatível com a doutrina bíblica relacionada ao caráter radical da queda no pecado, que afetou a natureza humana em sua raiz?
Como, então, pôde essa visão não bíblica ser mantida? A razão é que o motivo básico escolástico da natureza e da graça do catolicismo romano continuou a influenciar a visão teológica e filosófica da Reforma. Esse motivo básico introduziu um dualismo na visão inteira do homem e do mundo, o que infalivelmente desviaria o pensamento cristão da influência radical e integral da palavra de Deus.
Esse dualismo testifica de seu caráter não bíblico. Ele resultou da tentativa de acomodação da visão grega da natureza à doutrina bíblica da graça. De fato, o motivo escolástico da acomodação resultou em uma deformação radical do tema central da palavra-revelação. A visão escolástica de que a natureza humana criada encontraria seu centro na razão humana autônoma não poderia ser acomodada à visão bíblica radical da criação. Ela implicaria em que, na esfera natural da vida, o homem seria independente da palavra de Deus. Essa falsa divisão da vida humana em sua esfera natural e outra supranatural se tornou o ponto de partida do processo de secularização que resultou na crise da cultura ocidental, em seu desenraizamento espiritual. De fato, ela abandonou a assim chamada “esfera natural” ao governo de um motivo básico religioso apóstata, inicialmente o do pensamento grego e, mais tarde, àquele do humanismo moderno.
A razão humana não é uma substância independente; é, antes, um instrumento. O eu é o músico oculto que se utiliza dele. E o motivo central que governa tanto o pensamento quanto o próprio ego humano é de natureza religiosa central.
A questão: o que é o homem? Quem ele é?, não pode ser respondida pelo próprio homem. Mas tem sido respondida pela palavra-revelação que desvela a raiz religiosa e o centro da natureza humana em sua criação, queda no pecado e redenção por meio de Jesus Cristo. O homem perdeu o verdadeiro autoconhecimento desde que perdeu o conhecimento de Deus. Mas todos os ídolos do ego humano, os quais o homem projetou em sua apostasia, quebram-se quando confrontados com a palavra de Deus, que desmascara sua vaidade e seu vazio. Apenas essa palavra, por meio de sua influência radical, pode conduzir a uma reforma real de nossa visão de homem e nossa visão do mundo temporal; e tal reforma interna é o extremo oposto do esquema escolástico da acomodação.
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[1] Como notado na Introdução. Em razão do No crepúsculo ser um texto historicamente localizado (e originalmente publicado em inglês), a linguagem do texto original foi retida. Hoje em dia, é claro, perguntaríamos – como Dooyeweerd estava de fato perguntando em seu tempo – o que é a pessoa humana? Em um artigo recente, Janet Wesselius lista Dooyeweerd no projeto de uma crítica feminista nas concepções modernas do sujeito, utilizando a antropologia de Dooyeweerd. Cf. WESSELIUS, Janet Catherina. “Points of Convergence Between Dooyeweerdian and Feminist Views of the Philosophic Self”, em James H. Olthuis, ed. Knowing Other-wise: Philosophy on the Treshhold of Spirituality. Perspectives in Continental Philosophy. Bronx, NY: Fordham Univesity Press, 1997, pp.54-68.
[2] A máxima “conhece-te a ti mesmo” foi dada a Sócrates pelo oráculo de Delfos (Xenofonte, Memorabilia, IV.2.24-25).
[3] Cf. a análise de Heidegger do “eles” (das Man) e sua relação com a sociedade tecnológica e industrial. Cf. HEIDEGGER. Being and Time. Trad. John Macquarrie e Edward Robinson. New York: Harper & Row, 1962, §27.
[4] Principalmente a influência de autores como Heidegger, Sartre, Camus e Beckett.
[5] Em seu deslocamento do racionalismo e da interpretação tradicional dominante da pessoa humana como “animal racional”, o existencialismo é um aliado no projeto Dooyeweerdiano, o qual busca enfatizar a multidimensionalidade da pessoa humana. (O problema do existencialismo, como Dooyeweerd o vê, é que falha em reconhecer a transcendência do ego e seu sentido em relação à sua origem). O que se segue neste parágrafo é um esboço dos principais temas de Ser e tempo, de Heidegger.
[6] Sobre o “ser atirado” (Geworfenheit), cf. HEIDEGGER, Being and Time, § 38.
[7] Sobre a “preocupação” (besorgen) e “cuidado” (Sorge), cf. Being and Time, §§ 41-43.
[8] Cf. a discussão anterior sobre Buber, cap. 2, § 5.
[9] Blaise Pascal, seguindo Agostinho, aponta o enigma ou o mistério do eu: “O homem é além do homem [...]. Seja consciente, então, homem orgulhoso, que paradoxo você é para si mesmo. Humilhe-se, fraca razão! Esteja em silêncio, tola natureza! Aprenda que a humanidade infinitamente transcende a humanidade e ouça de seu Mestre sua verdadeira condição, da qual você está inconsciente”. PASCAL. Pensées. Trad, Honor Levi. Oxford: Oxford University Press. 1995, § 164.
[10] A discussão que segue tem um desenvolvimento paralelo com o cap. 2, §§ 4-6.
[11] “Dogmática” não no sentido de rígido ou inflexível, mas de ciência do dogma, dos ensinamentos da igreja.
[12] Cabe lembrar a distinção cuidadosa de Dooyeweerd entre teologia como ciência teórica delimitada pela perspectiva modal do aspecto da fé e a religião como o compromisso do coração, trabalhada no capítulo 6.
[13] A discussão presente ecoa nos temas desenvolvidos em maiores detalhes no capítulo 7.
[14] Aqui e no que segue, Dooyeweerd ecoa os temas de seu mentor, Abraham Kuyper, especificamente, o senhorio de Cristo sobre o todo da vida de tal forma que não haja esfera da vida sob a qual Cristo não possa dizer: “Meu!”. “De fato”, observou Kuyper no discurso de dedicação na Universidade Livre de Amsterdã, “não há um só centímetro de todo o território de nossa vida humana sob o qual Cristo, que é soberano sobre todas as coisas, não esteja clamando ‘Isto pertence a mim!’” (KUYPER. Souvereinteit in eigen kring. Amsterdam: Kruyt, 1880, p. 35, como traduzido por Calvin Seerveld). Assim, um entendimento radical ou integral da criação, da queda e da redenção refletir-se-á em cada faceta da vida: teoria, ocupações, família, etc.
[15] AGOSTINHO, De Vera Religione, xiii.26.
[16] C.f., por exemplo, Gênesis 8.21; 1 Reis 15.3; Sl 51.10; Jeremias 17.9-10; Mateus 6.21; Marcos 12.30; Romanos 10.10.
[17] Sobre as virtudes “naturais”, cf. AQUINO. Summa Theologiae, IaIIae.55.1; sobre as virtudes teológicas, cf. qu. 62.
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britannicoh · 7 years
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Ficha Para: O Legado.
“A Magia está em meu sangue!”
Nome: Rune Adriadne Follevir Morsectar.
Etimologia: Rune, significa Runa. Adriadne, deusa dos Labirintos.
É De importância saber o significado de “Morsectar”. Morsectar é junção de duas palavras em latim, sendo elas: Mors e sectatores. Unificando ambas em uma frase obtemos: Mors sectatores, cujo tradução seria Seguidores da Morte.
A Garota é a única que adota esse nome atualmente, sendo que seus acentrais, Seguidores de Voldemort, estão na maioria mortos ou atendem pelo sobrenome Follevir.
Idade: 18 Anos. Nascida no dia 14 de Janeiro, sabendo-se que a garota é de origem francesa, a mesma teria nascido no Inverno.
Nascimento de Rune: O Extremo frio, do rigoroso Inverno francês estaria tirando as pessoas de sua sanidade. Jamais havia se visto algo como aquilo. E Para a “Não Sorte” de Arabel Follevir, sua filha decidira nascer justo naquele dia. Após o dificílimo parto de sua criança, a mulher estaria cansada, estava precisando de um banho quente, aproveitaria a chance de que sua pequena filha,  estava dormindo.
Signo: Capricórnio.
Capricornianos: Os Capricornianos, tendem a ser vagarosos, lentos e acomodados. Mas são equilibrados, inteligentes, detalhistas e muito competentes, naquilo que se dispuserem. 
Sexualidade: Heterossexual
Aparência:
Fotos e Gif Via Imgur: 
 http://imgur.com/a/hJhBh
(Photoplayer: Jenna Coleman) 
Descrição: Rune tem um corpo não muito sensual, ela é magricela. Não chega a ser tão magra a ponto de lhe causar problemas ou a deixar menos forte que os demais, muito pelo contrário, Rune praticou luta (Apesar do desaprovamento de seu pai) e possui muita habilidade. Seu corpo não é um problema em seu ponto de vista. Tem um rosto um pouco arredondado com as Maçãs e os Olhos ressaltados. Sua boca não é nem um pouco carnuda e é bem simplória. Como mencionei, as Maçãs de seu rosto são ressaltadas, arredondas e avermelhadas, tornando-a fofa. Seus olhos ressaltados são esverdeados (Apesar dos olhos de Jenna não serem, Jenna foi a que se enquadrou melhor em Rune) com enormes cílios. Seu cabelo é curto. Geralmente ele se encontra solto, mas uma vez ou outra ela o prende. Possui uma cicatriz em sua barriga, causada por um feitiço mal executado.
Tatuagens: (Significado: Voltarei/ A Borboleta é uma marca de nascença, mais detalhes esta em “Família”)
http://imgur.com/a/hJhBh
História:
Rune vem de uma família renomada e tradicional do mundo bruxo. Conhecidos por sua linhagem pura. Sua família, cujo sobrenome atendo por Follevir, são extremamente ricos, seu pai, é dono de uma enorme emprese de Roupas de Primeira mão no mundo bruxo. Por conta das raízes tradicionais de sua família, Rune foi criada como se tivesse numa era medieval. Aprendeu os conceitos da formalidade, educação e por aí vai. Vale ressaltar que sua família é extremamente preconceituosa, especialmente em relação a “trouxas”. Apesar disto, Rune aprendeu por si só sobre os trouxas e os respeita. Não foi uma criança das que teve uma infância normal, ela tinha uma “agenda” lotada de compromissos, dentro deste termo, me refiro as aulas que a garota tinha em casa. Aulas de Bons Modos, Educação entre outras coisas. A Garota não tinha maturidade, longe disso, mas reprimia seus sentimentos dentro de si, pois foi isso que aprendera desde pequena. Ela acabou tendo que crescer rápido, isso por conta das diversas coisas que a garota tinha que fazer, mas isso a tornou responsável.
Desde pequena, a garota se apaixonou por Quadribol, e praticara o esporte desde os 6 anos. Foi aprendendo mais e mais e acabou se tornando uma ótima praticante do esporte.
A garota, acredita que o esporte, fora a melhor coisa que já lhe acontecera, e o mesmo a sempre a distraia quando estava chateada, o que acontecia muito quando menor.
Uma coisa marcante que acontecia com a garota, eram os castigos. Quando a garota não cumpria algo falado, ou aprontava alguma recebia duros castigos. Sua mãe, dava castigos menos pesados, mandava a garota apenas limpar algum cômodo da casa. Já com seu pai, era outra história, a garota apanhava e feio. Com o tempo, foi crescendo e isso foi acontecendo com menos frequência.
Além do Quadribol, Rune teve outra coisa cujo a distrai e a deixa feliz, na verdade, me refiro a uma pessoa. Horákkio o mordomo dos Follevir. O Homem é extremamente formal e velho, mas muito sadio. Ele sempre que podia, passava horas com Rune, brincando e distraindo a garota. Fez a infância da garota se tornar menos pesada. Inclusive, fora o mordomo que ensinou a garota a voar na vassoura. Ela sente um extremo carinho quando pensa no tal, e o considera muito mais que seu pai. Sempre que pode, a garota fica com ele, observando e atrapalhando o homem em seus serviços
Família:
Rune vem de uma família renomada e tradicional do mundo bruxo. Conhecidos por sua linhagem pura. Sua mãe, Arabel, membra da família de Ex-Seguidores de Voldemort, os Morsectar, casou-se em um casamento arranjado com Sharow Follevir. Ambas famílias se uniram para fortalecerem o laço com o Lorde das Trevas. Após a unificação de ambas as famílias, os “Morsectar” foram esquecidos na linhagem do tempo, prevalecendo agora, os Follevir.
Morsectar, a Casa dos Seguidores da Morte. A Primeira coisa a se saber sobre os Morsectar é que todos os seus membros, com exceção de Rune, estão mortos, desaparecidos ou então, agora adotam um nome diferente. Os integrantes desta família, não a chamavam de “Família” e sim de “Casa”. Praticantes das Artes das Trevas, foram grandes contribuidores tanto na 1ª quanto na 2ª Guerra Bruxa. Após a queda do Lorde das Trevas, foram caçados por Aurores e pelo Ministério. Muitos acabaram mortos, desparecidos e como disse, trocaram de nome. Todos os membros, legítimos desta casa possuem uma marca: As mulheres, possuem uma Borboleta, semelhante a uma tatuagem. Os Homens possuem uma espada, também semelhante a uma tatuagem. Rune e sua mãe, possuem a Borboleta em suas costas. Os irmãos de Rune, não possuem a Espada, o que significa, que não são membros legítimos.
Os Follevir. Após adotarem os Morsectar em sua família, os Follevir acabaram ganhando muita fama e, consequentemente, muito dinheiro. Donos de inúmeras lojas de roupas de primeira mão no mundo bruxo. Rune contém 2 Irmãos mais velhos, membros puros dessa família: Abraham Follevir e Drogo Follevir. Seu pai, Sharow, é um homem extremamente preconceituoso, tanto em relação a trouxas, como mestiços, mulheres jogadoras de quadribol etc. Importante destacar que os Follevir tem este tipo de preconceito ha décadas, todos seus membros são inteiramente preconceituosos, com exceção de Abraham e Rune.
Personalidade: 
Ao descrever Rune, podemos falar de um de seus traços mais marcantes: Devoradora de Livros. Seu fascínio por livros começou desde pequena, quando o mordomo de sua casa lia algumas histórias para a mesma dormir. Infelizmente, o mordomo não podia ler para a garota todas as noites, então, aos 4 anos de idade, a garota aprendeu a ler. Ela começou do básico, lendo livros como: Os Contos de Beedle , o Bardo. Ao crescer, seu fascínio foi aumentando cada vez mais. Sabendo-se que em sua casa tem uma enorme biblioteca, pode justificar ainda mais o seu gosto por leitura. Aos 8 anos, a garota já lia livros de avanço maior comparado a sua idade. Seu irmão, Abraham, também é um devorador de livros, o que a incentivou ainda mais a ter esse hábito. 
Empenhada e Determinada. Rune é totalmente empenhada e determinada a conseguir seus objetivos. Vira e mexe esta treinando feitiços. É Uma bruxa exemplar. Quando esta realmente determinada a conseguir algo, ela consegue. Não importa o que seja! Ela ira atrás até conseguir.
Fria. Rune é extremamente fria com todos. Raramente abre algum sorriso. É Difícil arrancar um sorriso da mesma, ela pensa que sorrisos são extremamente especiais. Trata todos com muita frieza e serenidade, não chegando a ser mal educada. O Oposto disso! Rune é extremamente formal e gentil na medida do possível, mas quando alguém perde sua confiança. Nunca abandona a formalidade. Sua frieza é algo de sua personalidade que a torna muito fechada, assim sendo, raramente fala de seus sentimentos. Os mesmos estão selados dentro de seu peito. Alguns podem pensar que a garota é antipática, mas não é. Ela tenta ser o mais simpática que consegue. Rune não é de fazer inimigos, mas quando faz, os ignora. Trata-os com mais frieza ainda.
 Sensata e Responsável, Rune é totalmente responsável e com uma mente estruturada, deixar deveres para última hora? Nunca. Ela jamais faria qualquer coisa do tipo. 
Serena, jamais perde a paciência. Obviamente, as vezes a garota pode vir a se estressar, mas isso quase nunca acontece. É Muito serena, calma. Esquentar sua cabeça? Não. Ela pode se irritar e sair do controle, mas não perde a classe e, caso seja com alguém superior a mesma, ela jamais aumentaria o tom de sua voz.
Introvertida. Em geral, Rune é uma pessoa que se sente melhor sozinha, é menos sociável e interage com menos pessoas. Não se abre facilmente. Concentra a sua energia no mundo dos pensamentos. Embora, ache sempre bom ter uma companhia agradável.
Sensorial. Rune corresponde ao tipo de personalidade mais materialista, obtém a informação através da observação de fatos e detalhes concretos. É extremamente realista e prática, evitando complicações e problemas. Não acredita em crenças, embora respeite quem acredite nas mesmas e tenta se guiar através da lógica e de fatos.
Rune é perfeccionista, gosta de tudo extremamente organizado e em seu devido lugar, odeia bagunça. E Se da melhor com pessoas organizadas, sendo assim, como ela. Nota-se que suas coisas estão sempre organizadas, arrumadas de alguma forma diante de um padrão, ou seja, ela organiza suas coisas com um padrão.
Gostos:
Ler. (Prefere um gênero de leitura mais pesado, aprofundando ao extremo na história, e que, na maioria das pessoas, não conseguem ler, porque não entendem.)
Treinar feitiços, em especial os mais complexos.
Dançar. Gosta muito, inclusive, de dançar valsa.
Café, vira e mexe, a garota esta sempre tomando café.
Manter-se aquecida, geralmente faz isso se cobrindo.
Inverno e Primavera. Gosta muito da primavera, por conta das flores.
Plantas, sejam elas Mágicas e não Mágicas.
Arte das Trevas, gosta muito de estudar, através de livros, a arte das trevas, apesar de não ser uma praticante.
Silêncio. Ela não se incomoda com barulho, mas prefere estar no silêncio, consegue se concentrar melhor.
Rune sabe apreciar um bom Ouvinte, e adora conversar com pessoas que tenham Assuntos Interessantes.
Roupas, a garota não é nem um pouco patricinha, tem muita preguiça de garotas patricinhas inclusive, mas não pode negar, a mesma adora roupas.
Piano e Violino, sendo assim, a mesma aprecia muito ambos os instrumentos. Tal tanto, que aprendeu tocá-los muito bem.
Objetos Medievais, tem um certo fetiche por objetos medievais, não precisa ser necessariamente algo medieval, algo antigo já é algo do interesse de Rune.
Quadribol. Pense em uma pessoa que ame Quadribol, pode se comparar a Rune. A Menina, além de voar extremamente bem, praticante do esporte desde pequena, a mesma é muito fã, apesar do desaprovamento de seu pai.
Luta, a garota também é praticante deste esporte desde pequena, aprendeu a lutar as escondidas, com seu mordomo. Quando era pequena, era uma péssima lutadora, não sabia fazer nada. Com o tempo foi evoluindo e atualmente, luta de uma forma exageradamente bem.
Desgostos:
Extrema claridade, Rune acha que a incomoda chegando a doer seus olhos.
Falsidade, deslealdade, mentiras, três características que acha desprezível em alguém, em especial, as mentiras, acredita que a mentira consegue levar a todos os outros “defeitos”
Muito barulho, como disse, Rune não se incomoda com o barulho, desde que não seja exagerado, muito barulho atrapalha sua concentração.
Sarcasmo de forma exagerada, acredita que pessoas que usufruem muito do sarcasmo são chatas, e não tem assuntos interessantes.
Bagunça, Rune é perfeccionista, portanto, tudo deve estar sempre em seu devido lugar.
Se atrasar, criada em uma família de costumes antigos, preza por uma pessoa pontual, assim como preza pela postura de uma pessoa, acaba julgando uma pessoa que não conhece, pela postura dela. 
Vícios: 
Livrólatra, pessoa viciada em livros ou em ler. 
Mania: 
Bibliomania, mania de compra e acumular livros.
Medos/Traumas ou Fobias:  
Extremo medo do desconhecido. E, especialmente, de ser/sentir-se impotente.
Roupas via imgur:
Casual: http://imgur.com/a/EIvoo
Formal: http://imgur.com/a/Edb0H
Pijama: http://imgur.com/a/PqQtK
Banho: http://imgur.com/a/sCRw4
Sair: http://imgur.com/a/HRycz
Encontro: http://imgur.com/a/MlxsX
Roupa de Baixo: http://imgur.com/a/O3HsV
Fantasia: http://imgur.com/a/KsQ0P
Lingerie: http://imgur.com/a/CxjEG
Sexualidade: 
Heterossexual
Casa: 
Slytherin (Sonserina). Definitivamente não é a casa preferida da garota. Sempre gostou muita da Ravenclaw (Corvinal). Entretanto, veio de uma família em que todos, sem exceção, foram para Slytherin. Com um pouco de medo de seus pais, a garota “aceitou” a casa.
Patrono: 
Beija-Flor.
Varinha: 
Madeira de Salgueiro com núcleo de coração de dragão, 30 centímetros rígida.
Joga Quadribol? Se sim, qual posição?
Sim, apesar do desaprovamento de seu pai, a garota é uma EXCELENTE voadora e mais ainda como jogadora. Tem também, uma imensa paixão pelo esporte, cujo qual pratica desde quando pequena. Artilheira.
Par? 
Sim, você decide.
Rune é:
* Virgem ( X )
* BV ( )
* BVL ( )
* Nenhum ( )
* Todos ( )
Permite:
* Hentai ( X )
* Hecchi ( X )
* Brigas ( X )
* Morte ( X )
* Estupro ( )
* Tudo ( )
Relacionamentos.
Relação com o Par:
Tímida. A Garota é extremamente reservada e não demonstra seus sentimentos, o trata normalmente, apesar de dar leves coradas. Tenta estar sempre conversando com o mesmo, mas mantendo um espaço.
Relação com Amigos:
Rune tem poucos amigos. Tenta escolher os mais interessantes e menos chatos. É Extremamente seletiva. Mas quem é amigo da mesma não se arrepende, além de trazer temas interessantes e ter um alto conhecimento a garota é muito leal e jamais trairia seu amigo.
Relação com Inimigos:
Depende muito do inimigo, se o inimigo da garota apenas a ignorar, não a provocando e nem gerando intrigas, a mesma faria o mesmo. Agora, quando o tal a provoca a mesma pode ser impiedosa. Apesar de isso acontecer raramente, pode ocorrer da garota estressar e tacar-lhe um feitiço ofensivo! Mas isso apenas quando a garota chegar no Ápice, tentará não entrar no jogo do mesmo.
Relação com Trouxas:
Trata-os com indiferença na maioria das vezes. Vindo de uma família preconceituosa, pode vir a acontecer da garota ter comportamentos estranhos e talvez maldosos, porém, não são propositais.
Relação com a Galera das demais Casas:
Também os trata com indiferença, tentando ser gentil na maioria das vezes. Quando zombam da garota a mesma não entra no jogo, os ignora.
Relação com os Professores:
Tenta tirar proveito dos tais, sempre tentando arrancar alguma informação a mais. Os professores provavelmente se dão muito bem com a garota, que sempre acaba os surpreendendo. Entretanto, a garota jamais, levantaria o tom de sua voz em meio a uma discussão com um professor.
Relação com a Lara:
Provavelmente a tratará com gentileza, tentando ser o mais legal possível. Tentará também, exibir seu alto conhecimento, se demonstrando muito inteligente e esperta, mas não de uma forma exagerada.
Relação com o Samuel:
Como sempre, provará ser uma pessoa de extrema inteligencia e esperteza. Será educada e agirá de com timidez.
Relação com a Diretora:
Apesar de sua enorme admiração pela tal, tentará também, tirar proveito da mesma, tentando arrancar uma informação ou coisa do tipo. Será extremamente educada e formal. A Diretora adora a garota, e trata ela muito bem.
Como se sentiria: 
Se descobrir que é amigo de um filho do tão falado Lorde das Trevas?: 
Tentaria se aproximar do mesmo. Tirando proveito do garoto, buscando mais conhecimento. Entretanto, não criaria nenhum laço afetivo com o tal e estaria sempre desconfiando, ou alerta.
Se se apaixonasse?: 
Tentaria se aproximar do par, mas de uma forma sútil e extremamente discreta. Não querendo dar a entender que se apaixonou pelo mesmo. Poderia vir a ficar nervosa e avermelhada em alguns momentos perto de seu par.
Ao descobrir a nova Profecia?: 
Seria a mais discreta o possível. Fingira não saber de nada e negaria até a morte se lhe perguntassem algo relacionado. Manteria a calma e analisaria e estudaria a mesma. Julgaria então através de seus princípios o que fazer, de qual lado ficar.
Se for traído?: 
Ficaria, a princípio, extremamente magoada e com raiva. Dependendo de tamanha traição, a garota daria o troco. Procuraria conforto em alguém de confiança ou em algum livro.
Em uma situação de risco:
Manteria a calma, porém com pensamentos rápidos e inteligentes. Tentando manter o controle e não se precipitar, tomando alguma decisão errada.
Algo mais? Por hora não.
Está ciente de que seu personagem está nas minhas mãos? Sim.
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minadpaz-blog1 · 7 years
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Como Conquistar Um Homem De Gêmeos ~ Coração Geminiano
Como Conquistar Um Homem De Gêmeos ~ Coração Geminiano
Se a sua pretensão é enamorar uma mulher de Áries, este cláusula vai apenas presentear conselhos eficazes e também convicções originais que apenas ajudarão a compreender seu objetivo.
Dica para homens que gostam de mulheres mas submissas: encontre uma senhora de Peixes. Elas são mas quietas, varias desejam ser donas de casa, não são mulheres de permanecer querendo espancar de frente, conseguem ficar alguma coisa submissas. Lógico que existem exceções e olhando Planta Astral da população podemos ver isso. Eu tenho probabilidade que ele me ama, e também senhoril com todo meu coração. Temos 6 anos de casório. E quero invocar a atenção dele pra não desabar na rotina.
Tem muitos defeitos que fico indignada: Não é pontual, só é amoroso pessoalmente, responsável, não para me babando, não me dá a atenção que eu adoraria, enfim, não trepa e também nem sai de cima. Porém quando estamos juntos, asemelhava a outra população, de tão perfeito que ele é. Carinhoso, atencioso, interessante, comunicativo. Esse jeito maluco dele, me deixa insegura, e me euloquece. Não sei que fazer com essa indivíduo que me confunde toda. Aff!
Para os homens, respeito é muito importante. Se você não souber respeitar seu homem, a felicidade não vai resistir muito. Existem muitas coisas que, para eles, soam como irrespeito. Será necessário respeitar os passos da conquista. Do contrário não será uma conquista e sim apenas mas uma conquista, uma proeza, uma invenção. a vida é curta DEMAAAIS pra deixar orgulho de lado , vai lá , arrisca tenta … você não possui certeza que seu amanha vai existir.
Não demore para perfurar jogo: fale com ela mais rápido possível sobre como se sente em relação aos dois. Quando for tentar ocupar uma amiga, é necessário descobrir que falar. Não a assuste, falando que já a patroa e não consegue subsistir sem ela, mas seja sincero e demonstre tudo que sente. Nada disso permanecer só falando de música, filme e séries. Você pode aprofundar nos temas apelando para que ela sente enquanto faz algo ou quando ver alguma coisa. Essa é a secção onde você deve descobrir os locais, onde tenha como marcar um pouco com a ela.Todos e cada um dos seus esforços no jogo do artigo é em fazê-la trespassar com você. Quanto amor pelos taurino gente…” Seja lá quem for… Vai se f… Ódio não é amor. Tenho é ódio. Mas adoro astromância. E também digo a todo planeta: Taurinos não prestam.
Hoje prosseguirei partilhar algumas métodos poderosas que vão mudar método como você pensa sobre os homens e também sobre a atração. Você vai aprender como seduzir um homem - prosseguirei falar do que FUNCIONA e do que NÃO FUNCIONA para fabricar atração intensa, aquele classe de atração que vai fazer ele ficar com vontade de ter uma relação mais profunda e longa com você.
De início, não procure este por quaisquer tipos de canais de comunicação que subsistir (Cara, Whatsapp, Sms, etc.), não vá na massa. Deixe que ele te procure. Nunca se entregue na primeira vez. Quanto mais oxigênio de mistério mais curioso e também fissurado eles vão permanecer por você. Deixe que ele trepar procure. Aqui mesmo no blogue eu já escrevi de forma mas detalhada essas atitudes e também isso você pode conferir nos backlinks que estão no final desse texto. Vejamos um breve recapitulação dessas atitudes para invadir um homem rápido sem cometer mais erros. fato é que nós homens, temos um radar para mulheres inseguras e também na maior parte das vezes a primeira sentimento é verdadeiramente a que resta! Introduza com um objecto que ela goste: Deduzo que neste instante você já sabe muita coisa sobre ela, pois deve ter fato indicado enquanto estávamos na tempo 1.
Você pode até tentar alegar que vocês já fizeram varias coisas singulares, e também até mesmo que durante namoro costumava movimentar mundos e também fundos para agradá-la. Bom, sentimos em informar, porém tudo isso está acima, tendo pouco ou nenhum valor. Se você quiser invadir sua esposa todos os dias, então precisa fazer algo especial por ela todos e cada um dos dias. É como adequava ilustre Dalai Lama: Só existem dois dias no ano que zero pode ser feito. Um se labareda ontem e outro se chama amanhã; desta maneira atualmente é dia certo para amar, confiar, fazer e também especialmente viver”.
Se seu namorado está a mostrar menos interesse em você e no vosso namoro, isso pode ser um sintoma que relacionamento está perto do término. Quando um homem está mas distraído, não liga para você como de antemão ou tem menos intimidade com você… As coisas não estão no bom caminho. Invadir um homem de peixes no primeiro encontro é fácil: Deixe ele selecionar. Além de este agradecer você então, é quase guardado de que você terá um encontro jocoso e também interessante, porque homem de Peixes é bastante criativo e também tende a evitar tudo que é convencional. E também lembre-se: nunca chegue por trás com um tapinha no ombro, isso pode petrificar elas. Vá pelo lado, ou pela na frente de. Permanecer parado olhando igual um maníaco também é ruim. Se for conversar, vá direto, se não, mude pra outra.
Como ele trabalha num café/restaurante com bar e também uma amiga,as vezes mas um companheiro,costumamos lá ir beber ou ingerir,e também falamos sem vez até lhe mandei torpedo a perguntar se ele ainda sentia alguma coisa por mim e ele disse que não, e também eu: se calhar dizes isso só porque não me queres magoar e este diz que se quisesse estar comigo simplesmente estava e eu pois porém tem de ter uma razão para de repente dizeres que já não sentes nd por mim,se for verdade e também este não respondeu.
Se você é Auto-Esperançoso com convicção, ainda que esteja fora de modo, viciado em drogas, mal-parecido, pobre, estar parado ou nenhum gênero de outro defeito” imposto pela sociedade, onde livramento considerem um perdedor, você sem embargo, irá liberar uma força diferente quando falar com uma senhora, e também a sensação que você irá transmitir a ela é de um Homem assegurado, e que está Completamente bem consigo mesmo, e quando se transmite essa segurança, eu posso lhe garantir, na visão da Senhora, você não terá a aspecto de perdedor que a sociedade pode enxergar.
Lendo a secção 2 eu vi um erro que cometi: entrei nesse assunto de relacionamentos por um par de vezes nas nossas conversas (suponho que foi meio melodramático), e também embora este tenha me respondido super bem e também tals, não se demorou bastante no papo. Ele até me contou de relacionamentos precedentes, que eu encaro como uma prova de confiança. Porém será que nessa de permanecer amiga eu não fui jogada na friendzone? Não sou boa com indiretas, dessarte não saberia como permitir mais como é natural meu interesse por este... e lendo seu artigo me pareceu melhor exercitar abstergido, correto? Falar claramente.
Valorize-se - Faça com que ele saiba que você também tem outras opções. Que ele não é único varão que a atrai e também que você atrai outros homens também. Mas desvelo para não exagerar e fazer parecer que está desembaraçado para abundantes homens. homens de verdade e que conquistem a companheira ideal para terem juntos uma vida plena e feliz. E Se bem que não tenha mesmo, você não quer ser baba ovo né, face que fica no pé dela tentando lucrar validação.
Sinceramente, entrei nesse sítio ( como comecei me apresentando) sou uma Pisciana idiota apaixonada e é grávida e também por maior sofrimento sempre acredito na variáveis, nos sacrifício e também ainda estou tentando invadir, mas uma coisa possui de bom em ser de peixes e também que enquanto tudo esse paixão esfriar não vai ter NADA que faça nascer de novo.
varão de Touro é dependente e também extremamente confiável. Ele não gosta de zero sintético, dessarte, quando for elogia-lo, é melhor comentar apenas fatos genuínos, em vez de exagerar ou inventar coisas. Se você quer descobrir como seduzir uma senhora, não tente impressioná-la com histórias que não são verdadeiras e também não faça promessas que não irá executar. Ganhe e mantenha a confiança dela se você quiser ficar com ela.
E mas importante, este não vai permitir você por nenhum gênero de motivo, a começar de que você entenda a mente dele e siga os passos revelados cá. Então é importante revir aqui constantemente que estiver em incerteza do que fazer. No final das contas ela vai fazer de tudo para livramento deleitar, e isso é mas fácil do que parecido. Se seu homem de sagitário não trabalha com você, ou se é difícil vocês terem algum contato físico para um vergasta-papo na frente de a frente, então encontrá-lo em festas é a saída. Como invadir uma mulher, princípio número 3 - A atração feminina é um processo emocional. Para os próximos encontros, tradicional sair para jantar” é perfeitamente aceitável, porque todos e cada um dos sagitarianos são amantes de boa comida e também licor. Depois saimos, ficamos, tivemos relações e tals… me apaixonei ! Agr não sei que fazer.
Conforme a revista Chi, Ronaldo terá passado uma noite com Cristina Buccino - também ela manequim e italiana - durante a sua estada naquela ilhota espanhola. À publicação, a jovem contou que quando chegou ao sítio, jogador já lá estava”. Está preparado? Portanto vamos lá, já prosseguirei avisando que não prosseguirei passar nem um fórmula para você neste item. São apenas coisas que eu passei a colocar em prática e que hoje em dia me ajuda a desenvolver um melhor jogo da sedução com uma mulher.
Outra informação importante para invadir um varão de leão é que ele gosta de ser núcleo das atenções, no processo de seduzir leonino deixe este se expressar, são radiantes quanto estão em evidencia, aproveite para se aproximar e fique do seu lado, de escora, porém não chame mais atenção do que este, varão do signo de leão é um extensa partido e acredita que relacionamento é uma arte, por consequência na hora de beijar seja uma artista com este, um beijo suave, doce e com um tanto de intensidade, mas nunca seja mas intensa do que este. E tem muito mais, para saber melhor esse homem dominador sugiro que leia item Varão de Leão no Amor , vários particularidades desse signo, que gosta, seus sonhos, com quem combina e também muito mas.
Nos momentos na qual homem está rodeado de amigas mulheres, a mulher paquerada passa a enxergá-lo com outros olhos, de modo positiva. E também isso possui relação com a teoria da pré-seleção, com conclusões da biologia, em diversos espécies dos animais. Pode estar conversando com você, mas com a mente voada (classe pensando em outras coisas, distraída olhando para os lados/pra grave). Se quer probabilidade absoluta de receber um sim quando conceder primeiro passo, você vai precisar aprender e impor as recomendações abaixo. Se você quer aprender como conquistar uma menina no Facebook, não faça besteira logo de face.
E por ultimo, mas não menos essencial, converse com ela. Se você já a conhece, isso será simples. As coisas que ela vai trepar expressar são úteis ao extremo. Porém tenha em mente que muitas vezes ela vai falar nas entrelinhas e também não de forma direta. Você precisará saber extrair os valores que ela livramento dirá indiretamente, mas não se preocupe, mas a frente neste artigo vou trepar ensinar isso. Mas se você nunca falou com ela e também possui a admirado a muito tempo a distancia, espere até a nossa próxima temporada, que é a de aproximação.
Mas mesmo este nao sabendo que eu palato dele eu dei um presente pra ele,que ele me agradeceu muito e ficou muito feliz. Só que no mesmo dia,uma população foi falar pra ele que eu estava querendo namorar com este( SENDO QUE EU NÃO TINHA DITO ISSO PARA ESSA PESSOA)... Logo depois ele veio me procurar e também dizer que tinha namorada e também me rogar perdão pior isso :(.. E também falou que ia viajar e retornaria só ano que vem.
Estão divididos desta forma: 1: A autoconfiança 2: Como abordar uma senhora 3: Como sustentar uma interlúdio 4: Técnicas de sedução 5: Como encarar a rejeição Conclusão Um bom aprendizado! Lembre-se: Você pode que acredita que pode ser. Eu estou me relacionando com um homem de peixes. Eu sou bastante observadora, palato de saber os homens. Este como q gosta bastante de mim, eu acredito nele. Se esse poste realmente estiver certo entao ele gosta msm de mim. Pq eu sou/faço 95% das coisas q tao aí.
Nunca se aproxime demais quando estiver conversando com uma garota. Deixa ela” se aproximar ao vestir um tom mais insignificante da sua voz. Bem ela vai se aproximar de você para te escutar e também, quando ela fizer isto, você sabe que ela está interessada. Ocorre que, eu digo a ele quanto palato dele e também so tenho também” de resposta. Este diz que está ficando só comigo, que acredito, levando em conta seu comportamento.
Para invadir um varão difícil, não ancoradouro jogo anterior da hora, porém seja direta. Isto é, não espere que ele tome a projeto, porque talvez você tenha que esperar por alguma coisa que não venha. Agora, se quiser aprender que deve ser fato para chamar atenção positivamente, saiba que darei ênfase às redes sociais no mês de fevereiro no Grêmio dos CONQUISTADORES. Eu sou pisciana e me apaixonei por um geminiano, mais esse signo é bastante dificil de entender enquanto ele esta so comigo é super gula, gentil, carinhoso porém em publico este constantemente mantem uma pose formal e eu acabo ficando sem compreende-lo. Se ela demorar pra responder não fique atarracado perguntando se ela viu a mensagem, espere até um dia e também só aí tente retirar assunto de novo. Siga lembrando seu varão de leão de todos e cada um dos ótimos momentos que vocês passaram juntos.
Estou saindo com um homem de touro. Noooooooossa que hooooomem. Inteligente, envolvente, maravilhoso. Quero este / mim. De forma q vi este me tascou um beijão na boca. E também me deu beijos calientes no pescoço. Depois, acariciou meus seios e também sugou com bastante T. Este ficou bastante ofegante. Fomos direto ao motel. Lá, ele ja começou a me entregar uns amassos anterior de entrar no quarto. Fiquei de início vo medo daquela fome toda dele. Devagar fui me entregando aos prazeres. A gente já saiu outras vezes. Ele é um taurino com míngua de Leão.
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