Um lugar onde o pássaro raro possa repousar em seus ombros.
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Sem título
Com os olhos da rua a nossa volta Suas mãos balançam e pendem em direção a minha Me empenho em desviar Passos acelerados em direção a sala Refeições lentas, com pouca fome ou nenhuma No elevador um andar, depois o outro Um café da manhã para garantir bom humor 2 bombons, um chocolate branco, um frango frito com molho agridoce e meu sorvete A briga, a tristeza e o tesão Você se acomoda no canto, depois é a minha vez Quanto tempo devemos nos olhar até perder o sentido? Converso com seu pai e você com o meu Sua língua na boca enquanto fala “menina” O espacinho entre seus dentes, suas piadas “É alçada e não ossada” Minha dor de barriga segunda de manhã A primeira visão Músicas diferentes para o mesmo sentimento Destinos opostos e casa distintas “bom dia meu bem” Mais um sábado de trabalho Minha língua se deita e aconchega na sua A sua percorre meus lábios até o agudo da música O lado esquerdo e o caminho do céu O grito, abafado ou não, as pernas tremendo O medo e a obsessão, Fabrício e Gisela Não existo após as seis ou oito A meia noite desapareço Faço parte do nosso delírio de desejo?
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Follow me, Satan (Temptation of Jesus Christ), 1903, Ilya Repin
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A dor na sobriedade
Estou triste que está indo embora
Meus dias não fazem mais sentido
Minha mente não foca
Vivo em um eterno luto de um fantasma que vejo todos os dias
Nosso amor
Faço coisas em sua homenagem e cuido com orgulho de cada parte de mim que veio de você
Tento não beber do seu licor
Fugir da sensação se embriaguês que esse sentimento me trás
Lembro como se fosse ontem quando eu disse que estávamos no alto
Meu bem, sinto que ainda estamos nas nuvens
Mas dessa vez não posso te tocar
Sinto falta da sua pele
Das gotas quentes do teu suor tocando minha face
Do brilho dos seus olhos ao me ver
Sinto sua falta
Sofro sabendo que ninguém irá tomar o seu lugar
Porque o que procuro neles é você
Ninguém pode me dar isso, nem deveria
Sou a vilã ao te amar e por tentar amar outro
Esse é o meu castigo
A eterna penitência de não poder te chamar de meu
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Through the Valley Haven’t uploaded art here in a while so here ya go
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teus acordes
eu não os encontro eu busco e nada, vazio sóis e dos, lás menores, si bemois nenhum combina com você e não é culpa dos acordes a culpa é sua o que você tem aí? eu não os encontro reviro, me entristeço vou de rock a bolero cassiano, eller, young nada fala sobre você paro, desisto e volto a pensar sétima casa, oitava, diminuta pro inferno, eu não sei não consigo te cantar em acordes o som que nunca ouvi que meus dedos não buscam meu cérebro não reconhece falta-me seu som
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Rooms By The Sea, 1951, Edward Hopper
Medium: oil,canvas
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o amor bate na aorta
Cantiga de amor sem eira nem beira, vira o mundo de cabeça para baixo, suspende a saia das mulheres, tira os óculos dos homens, o amor, seja como for, é o amor.
Meu bem, não chores, hoje tem filme de Carlito.
O amor bate na porta o amor bate na aorta, fui abrir e me constipei. Cardíaco e melancólico, o amor ronca na horta entre pés de laranjeira entre uvas meio verdes e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes, meu amor, não te atormentes. Certos ácidos adoçam a boca murcha dos velhos e quando os dentes não mordem e quando os braços não prendem o amor faz uma cócega o amor desenha uma curva propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro o amor subiu na árvore em tempo de se estrepar. Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que corre do corpo andrógino. Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor irritado, desapontado, mas também vejo outras coisas: vejo beijos que se beijam ouço mãos que se conversam e que viajam sem mapa. Vejo muitas outras coisas que não ouso compreender... - Carlos Drummond de Andrade
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Saint Cecilia by John William Waterhouse, 1895 (detail)
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Se eu morrer novo
Se eu morrer novo,
Sem poder publicar livro nenhum,
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa
Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
Que não se ralem.
Se assim aconteceu, assim está certo.
Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
Porque as raízes podem estar debaixo da terra
Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.
Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.
Não desejei senão estar ao sol ou à chuva —
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão —
Porque não tinha que ser.
Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.
- Alberto Caeiro
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Apartment Houses, 1923, Edward Hopper
Medium: oil,canvas
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Blue night, 1914, Edward Hopper
Medium: oil,canvas
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Horário de trabalho
Depois das treze poderei sofrer:
antes, não.
Tenho os papéis, tenho os telefonemas,
tenho as obrigações, à hora certa.
Depois irei almoçar vagamente
para sobreviver,
para aguentar o sofrimento.
Então, depois das treze, todos os deveres cumpridos,
disporei o material da dor
com a ordem necessária
para prestar atenção a cada elemento:
acomodarei no coração meus antigos punhais,
distribuirei minhas cotas de lágrimas.
Terminado esse compromisso,
voltarei ao trabalho habitual.
- Cecília Meireles
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Brazil was the last country in the “New World” to abolish slavery and emancipate their enslaved in 1888. These images include the last views of legalized slavery in the Atlantic World.
Source: Marc Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles
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Negra da Bahia, 1885, foto de Marc Ferrez
Diz-se que essa seria Aqualtune, chamada de Negra da Bahia sem o conhecimento de Marc Ferrez. Aqualtune foi uma princesa africana, filha do importante Rei do Congo. Numa guerra entre reinos africanos, foi derrotada, juntamente com seu exército de 10 mil guerreiros e transformada em escrava. Foi levada para um navio negreiro e vendida ao Brasil, vindo para o Porto de Recife.
Comprada como escrava reprodutora foi levada para região de Porto Calvo, no sul de Pernambuco. Lá conheceu as histórias de resistência dos negros na escravidão, conhecendo então a trajetória de Palmares, um dos principais Quilombos negros durante o período escravocrata. Aqualtune, nos últimos meses de gravidez ,organizou uma fuga junto com outros escravos para o quilombo, onde teve sua ascendência reconhecida, recebendo, então, o governo de um dos territórios quilombolas, onde as tradições africanas eram mantidas.
Aqualtune era da família de Ganga Zumba, e uma de suas filhas teria gerado Zumbi. Em uma das guerras comandadas pelos paulistas para a destruição de Palmares, a aldeia de Aqualtune, que já estava idosa, foi queimada. Não se sabe ao certo a data de sua morte.
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A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão …
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar…
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
“O sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
“Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar …
“Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro”.
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
……………………….
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
- Castro Alves
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