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Em busca de segurança
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Em busca de segurança
Quantas pessoas faz parte do seu círculo de amizade? Quantas dessas faz parte do seu círculo familiar? Por quantas pessoas passa por você? E quantas passam por você? De tempo em tempos temos aqueles pensamentos, reflexões sobre o nosso convivência com as pessoas que temos uma certa relação seja ela de amizade, familiar, amorosa. No entanto, se realmente parar par entender estas relações iremos perceber o quanto esta questão das nossas relações com outras pessoas são enfadonhas e ao mesmo tempo agradáveis. Elas são complexas e mesmo confusas, oferecendo-nos sinais contraditórios e demandas de ação nada fáceis de conciliar não nos oferecem segurança que nos proporciona bem-estar, mas também nos causam ansiedade, o que não se pode chamar de agradável criando uma confusão tão difícil de resolver quanto de sustentar, podemos experimentar forte desejo de romper os fios que nos prendem a sua fonte e tentar recuar.
               Por esta razão para tentar entender um pouco do que realmente questão de relacionamento com o outro pensemos em círculos. Isto mesmo, círculos. O maior círculo aparece embaçada em nosso mapa cognitivo: ele representa um lugar distante, em meio à neblina, e dentro dele temos o “grande desconhecido”, territórios nunca antes visitados e que não o serão sem a ajuda de um guia confiável. Quanto menores eles ficam, mais seguros parecem. O círculo ainda menor pode ser denominado nossa “vizinhança”. Nela, conhecemos as pessoas de vista, muitas vezes pelo nome e talvez, além dessas informações, também seus hábitos. O conhecimento dos hábitos das pessoas reduz a incerteza vinda da não familiaridade, e, assim, é possível saber o que esperar de cada um. Por último, o “círculo do meio”, bem pequeno em comparação aos outros, que chamamos de “casa”. Idealmente, esse é o lugar em que todas as diferenças entre pessoas, não importa quão profundas sejam, não fazem muita diferença, porque com elas sabemos que podemos contar aconteça o que acontecer. Elas estarão a nosso lado chova ou faça sol e não nos deixarão sem apoio. Ali nada é preciso provar, nem mostrar “a verdadeira imagem” ou esconder qualquer coisa. A casa é em geral pensada e considerada o espaço de segurança, conforto e proteção, em que temos certeza de nosso lugar e de nossos direitos sem lutar ou manter prontidão.
               Porém, não podemos pensar que estes círculos são sólidos muitas vezes eles se desfazem, pode conter algumas rachaduras, o grande desconhecido pode virar a sua casa, enquanto, a casa vira o grande desconhecido. E o resultado de todas estas sensações de confusão e incerteza, passando por ressentimento e hostilidade. Onde antes havia clareza, entra a ambivalência, e, por causa da insegurança disso decorrente, o medo pode bater à porta, assim como pode brotar uma atitude reacionária de falta de boa vontade para compreender e se comprometer.
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Self corporificado: perfeição e satisfação
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Self corporificado: perfeição e satisfação
Quando nascemos, somos um resultado dos genes dos nossos pais e não temos ainda o efeito da sociedade sobre nós, por isso mudamos tanto ao longo da vida. A inserção na sociedade causa uma mudança tanto psíquica, quanto física, mesmo que nossos corpos sejam resultados de uma herança genética. Dessa forma, a cultura e a pressão social pode nos modificar até uma condição que seja mais apropriada e respectiva ao que somos como pessoa, e essa mudança depende do tipo de sociedade em que estamos inseridos. A sociedade, no entanto. impõe um padrão estético em que o corpo “deveria” se enquadrar, e quando temos uma falha em alcançar tal objetivo imposto podem nos fazer sentir vergonha do nosso corpo, e também de nós mesmos, e isso não se manifesta apenas no quesito estético, mas também funcional, quando a sociedade se adapta ao geral e não se preocupa com as divergências, como por exemplo, a falta de recursos para deficientes.
A maneira como cuidamos do nosso corpo importa, e também é vinda de uma exigência da sociedade. O corpo é um abrigo, onde guardamos nossas emoções, onde podemos nos controlar e nos sentirmos mais seguros do mundo externo, o que também foi objeto de estudo de Michel Foucault, em que chamo de “tecnologias do self”, que seria a nossa relação com o nosso self, ou seja, com nós mesmos e a maneira que nosso corpo muda com o tempo. O nosso corpo é o componente vivo mais permanente das nossas vidas pois, apesar das mudanças que sofremos ao longo da vida, ele sempre estará presente conosco, por isso somos punidos com nossa negligência do cuidado para com ele. No entanto, dar mais atenção à ele nos traz vantagens e não faltam equipamentos da saúde que possibilitam que façamos isso, como aparelhos e até mesmo informação, então não precisamos deixar que nosso corpo siga apenas o curso da genética, mas podemos sim transformá-lo em um objeto de desejo.
Somos seres ansiosos e preocupados, pois as fontes desses são externos ao nosso corpo, ou seja, não temos controle sobre elas, como por exemplo a sociedade e, dessa forma, as exigências podem não ser nunca satisfeitas, ou seja, não saberemos se nossos cuidados ao nosso corpo estão de fato sendo suficientes. Podemos ficar satisfeitos com pequenos esforços, mas isso também pode ser momentâneo e logo substituído por um sentimento de autorreprovação e assim, nosso corpo, que deveria ser nosso abrigo, se torna uma fonte de insegurança e medo.
Tratamos nosso corpo como uma fortaleza, que devemos vigiar e deixá-la sempre mais forte, pois sempre pode ocorrer a instalação de alguns invasores, que fingem fazer parte de nós, mas na verdade não são, um exemplo disso é a gordura. Ela apenas engana que faz parte do nosso corpo, de modo que não seja eliminada, no entanto, não faltam maneiras para que possamos retirá-las de lá. Os estilos de vida não são alvos de reflexão e debate, pois são individuais e resultados das nossas internalizações da sociedade e por isso muitas vezes, as pessoas buscam se abrigar em grupos que compartilham da mesmo estilo, ao invés de procurarem uma mudança no seu padrão de vida.
A transição entre o nosso corpo com o mundo externo são vulneráveis e precárias, como os orifícios, por isso devemos nos atentar a tudo que passa por essas passagens, seja por alimento ou respiração, pois podem provocar danos ao nosso corpo. Dessa forma, devemos selecionar nossa dieta de maneira severa e seletiva a fim de satisfazer nossos desejos.
Alguns componentes que consideramos nutritivos podem eventualmente produzir efeitos ruins ou até doenças no nosso corpo, e essas descobertas são como um choque, pois já utilizamos tanto daquele produto e já causamos muito dano ao nosso corpo que pode não ser reparado, e geram desconfiança sobre outros componentes da nossa dieta, por isso que novas dietas sempre surgem e logo são desacreditadas.  A alergia, a anorexia e a bulimia vem sido taxadas como doenças específicas dessa era, e Jean Baudrillard observou que a alergia tem pontos de contato, ou seja, de difícil localização, mostrando ainda mais as preocupações com as defesas do corpo.
Se cuidar do nosso corpo fosse apenas vigiar a nossa fortaleza contra a entrada de invasores, apenas reduzíramos a quantidade de substâncias que entram e saem todos os dias, ou seja, apenas consumiríamos os alimentos extremamente necessários para a nossa sobrevivência. No entanto, essa escolha não funciona para muitas pessoas, pois não sabem obter o alimento com regularidade, pois o corpo abriga a ansiedade, mas também é lugar de prazer, e por isso a indústria midiática nos induz a procurar essas sensações e preenchê-las , pois comer e beber nos causam sensação de prazer, então fazer cortes na alimentação pode reduzir o número de vezes que essas sensações acontecem e os efeitos agradáveis que causam em nosso organismo.
Acreditar que nosso corpo, de homens e mulheres, seguem o curso da genética, incita a duvidar de livros que se dirigem ao cuidado e controle do mesmo, por isso que a busca do cuidado nele é submetida a uma autoridade no assunto, mas para isso, parte do que somos é perdida. Assim, apreciar e refletir sobre a comida é apenas uma questão de criarmos hábito, ao invés de tratarmos como uma necessidade, além de aliar isso a um profissional, como um nutricionista e personal trainer, para nos ajudar a manter esses hábitos. Outras pessoas não consideram essa solução e se determinam a viver com seus corpos sem os transformar em objetos de vaidade, e o questionamento final é: serão todas essas opções saudáveis?
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A busca de saúde e boa forma
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A busca de saúde e boa forma
A ideia de bem-estar, de saúde, supõe uma “norma” a qual o corpo humano deve se adequar, um nível de equilíbrio, com limites inferiores e superiores. Ou seja, a ideia de saúde predispõe que o corpo esteja em um “estado constante”, sem excessos e nem carências, como é o caso da pressão sanguínea, a qual não pode estar nem em hipotensão nem hipertensão. Aqui, permanece saudável apenas aqueles que permanecem na faixa de tolerância de uma norma.
Por outro lado, a boa forma configura uma história diferente, ela pode até propor um limite inferior, porem não define limites superiores de forma que os excessos são bem vindos e até desejados. Na busca da boa forma não se busca o quê o corpo deve fazer, e sim o quê ele pode fazer, ou seja, na busca pela boa forma o ideal é buscar cada vez mais, mais velocidade, mais força, mais definição e mais mais mais...
Sendo assim, diferente da busca pelo bem-estar a busca pela boa forma assume uma característica consumista e toma o corpo como um instrumento para alcance de experiencia agradáveis. Ou seja, um corpo flácido, acomodado, insípido, sem vigor etc, não seria apto para buscar novas experiências. Consecutivamente o “fitness” não se move por objetivos concretos e sim pelos desejos, é o desejo que conta, não a satisfação.
O busca pela boa forma, levando em conta seu caráter consumista, é explorada e alimentada pelo mercado que, oferece roupas de academia, suplementos, tênis de treinamento, agasalhos de ginástica. Além disso, as escolhas dos proprietários do corpo, esta “consumer’s choice”, reflete bem a característica compulsiva da busca do corpo perfeito, sem limites a alcançar, bem característica dos tempos atuais.
Por fim, a nossa preocupação com o corpo em buscar, tanto a boa forma, quanto a saúde tende a gerar o mesmo resultado: mais ansiedade mesmo que o principal motivo que tenha atraído nossa atenção e nosso esforço em relação ao corpo tenha sido nossa ânsia pela certeza e pela segurança que tão evidentemente faltam no “mundo lá fora”.
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Corpo e desejo
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Corpo e desejo
O corpo pode ser utilizado como ferramenta de interação social, ele indica e fala nossas intenções e pensamentos, como a maneira que nos vestimos, arrumamos, modo de andar, postura são mensagens dos nossos corpos para outros, sem precisar que tenha um diálogo. Se existe alguma falha nessa mensagem, e a pessoa alvo começa a nos evitar, pode ser problema no corpo mensageiro, pois o simples fato do jeito que se segura o garfo e a faca pode insinuar diferentes expectativas.
Como foi o caso da Elizabeth I, onde ela teve que convencer os nobres de que ela era herdeira apropriada ao trono de seu pai, Henrique VIII. No começo pela forma de se vestir, os seus ministros não a enxergavam como uma pessoa que poderia controlar o país sozinha, mas como uma noiva em potencial, em certo momento ela muda seu cabelo, sua forma de vestir, disfarçava as emoções, com isso os monarcas já não duvidaram mais sobre o direito de governar, esse foi o modo que ela achou para transmitir uma mensagem de que ela poderia governar sim a Inglaterra, sendo bem sucedida em sua mensagem após isso.
Independe do conteúdo que se é passado, o que realmente faz diferença é a maneira que a mensagem é passada que faz ter sucesso ou fracasso, essa  maneira como aspectos de nossos corpos é interpretada e dotada de efeitos particulares de significado afeta a forma como nos vemos e como os outros nos veem. 
Por conseguinte, se o corpo é foco de atenção constante e aguda, seu proprietário não parece ser afetado pela verdade ou pela inverdade dessa crença. O que importa é que se algo em nosso corpo, especialmente em sua aparência, se aproxima do ideal, a reparação do caso parece permanecer em nosso poder de mudança. Dessa maneira, nossos corpos flutuam entre a posição de objetos de desejo e orgulho e a de fontes de aborrecimento e vergonha. Em alguns momentos, nós os premiamos por serviços leais, em outros, nós os punimos por nos deixarem por baixo.
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Corpo, sexualidade e gênero
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Corpo, sexualidade e gênero
Nossa sexualidade, como outros aspectos de nosso corpo, é tarefa a ser desempenhada. Em outras palavras, examinar como a sexualidade é mantida, e não simplesmente dada. A sexualidade não é considerada produtiva, nos termos de uma “essência”. Isso implica um questionamento do que é conhecido como abordagem “essencialista” da sexualidade.
O fato de a sexualidade não ser puramente “natural”, mas também um fenômeno cultural, não é, entretanto, novidade de nosso tempo. Não obstante, o fato de “masculinidade” e “feminilidade” serem construções humanas, não naturais e, como tais, abertas à mudança, foi suprimido na maior parte da história da humanidade. Nessa revelação histórica, a cultura surgiu na máscara da natureza, e as invenções culturais foram consideradas no mesmo nível que as “leis naturais”. Quem falou em nome da natureza raramente foi contestado – embora tenha havido exceções, elas em geral foram silenciadas na história.
Em 1694, por exemplo, Mary Astell escreveu A SeriousProposaltothe Ladies, em que argumentava não estarem as diferenças entre os sexos baseadas em ideias não examinadas de “natureza”, mas no poder que os homens mantêm sobre mulheres na sociedade. Em grande parte da história da humanidade, distinções hereditárias em corpos humanos foram empregadas como materiais de construção para sustentar e reproduzir hierarquias sociais de poder. A prática persiste em relação à categoria “raça”, sempre que a cor da pele é definida como sinal de superioridade ou inferioridade e usada para explicar e justificar desigualdades sociais. Com base em tal história, as mulheres costumam ser excluídas das áreas da vida social reservadas aos homens, ou nas quais barreiras bloqueiam o caminho de sua participação, como, por exemplo, na política ou nos negócios.
Ao mesmo tempo, aquelas atividades fundamentais à sociedade, como reprodução, tarefas domésticas e criação de filhos, foram colocadas à parte, como domínio exclusivamente feminino, e, de modo compatível, desvalorizadas. Ela sustenta relações de poder que tendem a favorecer os homens.
Não há nenhum limite sexualmente estabelecido a que as mulheres ou os homens devam confinar suas aspirações de vida e reivindicações em termos de posição social, mas a questão de saber qual deles finalmente se realiza costuma ser deixada para a engenhosidade e a persistência individuais, sendo os efeitos de responsabilidade dos indivíduos envolvidos. As sombras moldadas por sentimentos de ansiedade, aversão, vergonha e culpa tornaram-se tão grandes e obscuras que muitas mulheres, e, consequentemente, também muitos homens, não enxergaram mais nenhum raio de luz.
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