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Não tem Cabimento #54

"eu sempre fui gordinha. depois emagreci e em 1995, ao entrar na faculdade eu descobri que tenho TOC. comecei a usar amitriptilina, um antidepressivo que dá uma fome absurda. engordei muito, muito mesmo. e nunca mais emagreci. como sou deficiente física, isto destruiu meu quadril, que já tinha uma prótese total desde 1991/2. então precisei de auxílio-doença e fui encaminhada ao hospital cristo redentor, onde fui atendida por um traumatologista idoso e mal educado que mal me olhou e disse mais ou menos assim: se tu tem uma prótese total como é que tu ficou esta baleia? na época minha auto-estima era nula e eu não disse nada. eu vinha de um histórico de erros médicos e negligências absurdo, e estava diante de um médico que simplesmente me resumiu a uma palavra: baleia. mais tarde, ao fazer o check up dos 40, a endocrinologista me recebeu pronta para prescrever dieta e se surpreendeu com meus excelentes resultados nos exames. surpresa, ela comentou que era impressionante e eu, já mais segura de mim, respondi que não, não era, porque sempre me alimentei bem, sou muito ativa e que meu excesso de peso se devia ao vício em açúcar, adquirido após o uso da amitriptilina. o cardiologista tb ficou estupefato com os resultados. enfim: sabemos que a obesidade mórbida é uma situação grave e de que decorrem inúmeras complicações. mas pessoas como eu, com sobrepeso, podem viver sem estarem sempre calculando calorias e passando fome ou deixando de comer o que gostam porque decidiu-se que s pessoas, predominantemente as mulheres, devem ser magras. penso que minha deficiência impede que as pessoas me ofendam com mais frequência, apesar de que seguidamente ouço absurdos devido a ela. a cássica: "machucou a perninha?" pelo amordosdeusesloucos, eu tenho 47 anos! isto é pergunta que se faça?"

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Não tem Cabimento #53

"Sabe aquela história de que gorda não fica doente? A doença é a gordura? Então... Passei a vida inteira SOFRENDO na mão de médicos que reduziam todo e qualquer problema de saúde a minha gordura . É frustrante saber que depois de 25 anos de dor cedi a uma bariátrica porque cansei de ouvir que o meu problema era o peso. A bariátrica complicou, fiquei 7 meses internada, passei por 18 procedimentos cirúrgicos, fiquei na UTI 3 vezes, entrei em coma, fui entubada, sobrevivi. TUDO PRA DESCOBRIR QUE O MEU PROBLEMA NADA TINHA A VER COM O PESO, QUE EU SOFRI A MINHA VIDA INTEIRA E TIVE VÁRIAS LESÕES PORQUE SOFRO DE UMA DOENÇA RARA HEREDITÁRIA... Mas eu tive que sofrer 25 anos, fazer intermináveis dietas, me submeter a bariátrica, acreditar que o meu problema era na verdade o peso, eu deveria estar em negação... Eu não estava! Eu sabia que tinha algo errado! Acreditem na intuição de vocês, porque pra eles a gente não é nada e gorda tem que sofrer mesmo que é pra ver se emagrece... Valorize quem te valoriza, mas conheça seu corpo, seus limites, suas falhas, pra quando acontecer alguma coisa você ter como rebater a negligência dos profissionais da saúde."

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Não tem Cabimento #52

"Boa tarde! Tenho visto as postagens do "NÃO TEM CABIMENTO" e me identifiquei muito com a maioria das histórias de vida. Sou gordinha desde os 10 anos e ao longo dos anos fui engordando mais .. parei de engordar aos 14 e continuo com o mesmo corpo desde então(tenho 17 hoje). Sofri preconceito em casa da parte do meu Pai, das minhas tias principalmente porque tenho uma prima da mesma idade que é magra e ficam comparando a gente... Eu odeio isso. Sempre ficava mal por conta do meu peso, na hora de comprar roupas nossa eu chegava quase a chorar pq aquele vestido lindo nunca cabeira em mim e quando cabia ficava curto pq eu tenho uma bunda enorme "e fica feio eu mostra as pernas pq sou gorda" ... a pior de todas as coisas são os garotos! Adoram uma gordinha mas não assumem para os amigos, nunca! Tem quase 6 meses que eu fico com um garoto que é comprometido, a namorada dele terminou com ele é ao invés de ele me assumir que foi o que ele disse q faria, ele voltou com ela! Chorei muito!!!! Ele disse que eu completava , ele demonstra isso, mas acho(tenho quase certeza) que ele não me assume pq sou gorda, normalmente eu tento não pensar que é isso, mas qual outra explicação teria? ... A única coisa que faço é tentar ficar bem? Deixar minha auto estima alta me arrumando bem. Decidi não ligar pra opinião dos outros! Se eu quiser comer eu vou comeeeer! Se alguém ficar me olhando eu como de novo e mando se fuder! ... enfim amigas é isso. Amo a página me ajuda muito bjs!"

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Não tem Cabimento #51

"eu e minha namorada vamos a uma festa nesse fim de semana. fomos comprar roupas na Gang, aquela lojinha adolescente q tem um perfume específico e tal. ela é linda. ela é morena e veste 38. todas as roupas que ela escolhia ficavam maravilhosas nela. já eu não gosto muito da loja não, viu. já fui super mal atendida lá e escutei aquela velha fala de "a gente não tem o teu tamanho". hoje eu não escutei isso, mas pq eu me recusei a passar por isso de novo. não experimentei nada. só via minha namorada magra e linda experimentando roupas que ficavam lindas nela. eu senti inveja, sabe. senti inveja da minha própria namorada. ela tá me ajudando muito com a minha aceitação, me diz que eu sou gorda e sou linda sim, que uma coisa não impede a outra. ela é maravilhosa, e eu me senti um lixo por sentir inveja nela. aí eu perguntei pra moça que tava atendendo a gente, super gente boa, se tinha alguma roupa G nas araras, pq eu não achei nenhuma. e ela me disse "tem sim, é só pedir". e eu pedi. só de ver eu sabia que aquilo não ia servir. aí eu pedi um GG e ela disse, visivelmente constrangida, que a loja não fazia roupas GG. e, na boa, eu desisti naquela hora. eu desabei, me senti um lixo. eu passei o dia todo escolhendo roupa, vendo nada ficar bom, e tudo ficar bem na minha namorada. quando a gente saiu do provador, ela foi pagar e eu saí da loja, e ela veio atrás de mim. perguntou o que houve, perguntando se eu tava me sentindo incomodada. eu disse que tinha desistido. eu disse que eu não quero mais tentar aceitar o meu corpo pq mais ninguém aceita, pq ninguém faz roupa pra mim, pq eu não tenho lugar de fala. meu grito sobre gordofobia sempre é silenciado. eu desabei chorando, no meio da rua, com um monte de gente passando, pq uma blusa que eu nem ia levar não era feita no meu tamanho. depois de horas conversando, minha auto-estima melhorou um pouco. eu ainda to triste, eu ainda to me sentindo um lixo, mas eu sei que quem realmente importa pra mim me acha linda, gorda ou não. não é uma história de superação, não, viu? eu só queria compartilhar. a luta da auto-aceitação as vezes tem suas derrotas, mas eu to tentando. juro que to. por mim e por todas as meninas que choram por causa dessas lojas gordofóbicas e escrotas que não se adaptam a gente. pode colocar meu nome, viu? eu queria desabafar mesmo, e a página de vcs é linda. obrigada."

Victoria

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Não tem Cabimento #50

"Bom, na minha infância eu era magricela, e ao crescer ganhei peso, na adolescência já era gorda. Minha avó sempre deixava escapar: "credo, como engordou". Num aniversário, ela me deu assinatura da revista "Boa Forma", achei ofensivo, mas não respondi, sempre engoli tudo, sempre fiquei triste, chorando no quarto sozinha, quando eu queria desabafar, minha mãe, irmãos ou que fosse diziam que eu estava fazendo drama, então parei..guardava pra mim. Era um sufoco toda vez que eu ia ver minha vó, sempre sabia que viria uma crítica em relação a meu peso. Um natal desses, minha irmã brincava com uma câmera fotográfica e ela tirou uma foto minha sentada e obviamente minha barriga aparecia, quando minha avó viu a foto ela disse: "CREDO, COISA HORRENDA". Engoli de novo o choro. Outra situação ocorreu em uma loja num shopping, onde eu entrei para ver algumas coisas, família toda junto.. e minha vó larga bem alto:"Aqui não tem nada para gordas, juliana". Novamente engoli o choro na hora. As vezes, minha família se juntava numa "reuniãozinha" e o assunto era "a Juliana Gorda, ela necessita emagrecer", "Ah mas não adianta, ela não quer emagrecer" isso que nunca fui sedentária, fazia ~e ainda faço~exercícios, eles achavam que eu matava aulas na academia, pois não "viam os resultados". São incontáveis situações dessas, são incontáveis mágoas. Sempre fui muito triste, minha auto estima é muito baixa, sempre me acho a pior da piores. Hoje, tenho 31 anos, sou gorda, casada, e mesmo me afastando da minha família, as lembranças doem. Tenho depressão e transtorno de ansiedade por causa de tudo isso. Meu marido me ama do jeito que sou e ele me ajuda muito nesse resgate de mim mesma, do meu amor próprio. Minha família se pergunta o motivo do meu afastamento, e me acusam de eu não fazer força para fazer parte dela. Não faço mesmo, meus sentimentos nunca importaram, toda minha tristeza era apenas "drama". Os quero bem longe... infelizmente, para mim mesma, sinto muita raiva deles, e mais raiva ainda, pois eles me fazem eu me sentir culpada por eu ter me afastado."

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Não tem Cabimento #49

"Minha única fase de não gorda foi na infância, era tao magra que chegavam a contar minhas costelas. O tempo passou e com isso o terror de sofrer preconceito todos os dias, não precisa ser comentado, apenas o olhar de algumas pessoas denunciam a repulsa. Sou adolescente, e o terror é ainda pior. Viver rodeada de meninas magras e lindas faz me sentir diminuída e excluída de tudo. Garotos? Kkk até pegam a gorda mas sempre as escondidas porque tem medo do que "os outros vão achar" dele ter pegado a gorda. Agora ,se eu fizesse parte dos padrões ? Já sairiam na hora dizendo que me pegaram e ficariam se gabando, afinal, isso é um tipo de prêmio não é mesmo ? O engraçado são as desculpas que arranjam: "pensa na sua saúde", como se por eu ser gorda eu fosse doente e problemática. De uma coisa tenho certeza, sou muito mais saudável que muita gente magra e com certeza ser gordo não é sinônimo de não ter saúde, as pessoas confundem muito isso. Me sinto mau por todas as vezes em que eu não me senti bonita, em que eu me importei com as coisas que dizem pra mim, por não me aceitar do jeito que eu sou e principalmente por me culpar por não ser do jeito que as pessoas querem que eu seja. Lamentável eu não conseguir ter meu amor próprio por causa de vários babacas ao meu redor."

mais uma Maria entre tantas outras...

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Não tem Cabimento #48

"Eu sou Pré adolescente ( eu acho ) .. Faço quatorze anos daqui a 5 meses eu me sinto muito mal ..pois pelos meus país e amigos "sou mais gorda que o normal " Peso 76 kilos e tenho 1,64 sempre escutei muitas coisas sobre meu peso e me sinto muito mal .. Estou namorando ..e meu namorado é o único que me deixa cm a auto -estima maior .. Ele diz que ama meu corpo e que sou única ... Estou cansada de ouvir comentários sobre eu ser feia por estar gorda .. Hoje .. Escutei algo extremamente ruim pra mim .. Minha mãe olhou pra mim e disse : misericórdia você precisa emagrecer ,ta ficando feia Meu pai vive dizendo .. Para sua saúde ,eu acho melhor você parar de comer."

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Não tem Cabimento #47

"Sou gorda, sempre fui. Durante muito tempo na minha vida não me aceitei, durante muito tempo quis não existir, durante muito tempo quis ser outra pessoa. Tudo começou na infância, eu morava num condomínio com três prédios, ou seja, também havia muitas outras crianças, que constantemente me chamavam de apelidos horríveis e raramente brincavam comigo. Na escola isso também acontecia, ouvi várias vezes que era feia e a aula de educação física era uma tortura pra mim, sabia que ririam quando eu corresse e que seria a última a ser escolhida para os times, sentia vergonha e desejava não estar lá. Me sentia mal até mesmo na presença da minha família, era comum ouvir dos parentes “tem um rosto tão bonito, só falta afinar”, “você é bonita, mas se emagrecesse seria linda” entre outros. Passei a infância indo em endocrinologistas e nutricionistas, fiz inúmeras dietas, todas sem efeito. Evitada comer durante o dia, para que ninguém brigasse comigo, e comia escondida durante a noite, numa dessas vezes minha mãe me pegou comendo, apanhei e ouvi “não tem vergonha de ser essa baleia e continuar comendo?”. Cresci ouvindo todas essas coisas. Muitas delas me machucam até hoje, sempre que essas memórias vem a tona. Sempre achei que o problema sou eu, cresci com o pensamento “será que sou bonita? Creio que não”. Ouvi coisas ainda piores de caras com que me relacionei, como “você deveria agradecer por eu estar te comendo”. Ouço amigas magras reclamando “nossa, estou muito gorda” ou usando o termo "gordice" e tudo que penso é que elas não sabem a dor que isso me causa. Pessoas que falam isso não ficam constrangidas ao passar pela catraca apertada do ônibus, não deixam de entrar em lojas por saberem que lá não tem roupas que caibam ou serão desdenhadas pelos vendedores, não ouviram milhões de reprovações sobre seu corpo a vida toda, nunca cogitaram uma cirurgia bariátrica. Ainda não sei se sou bonita, ainda tenho os problemas de autoestima e insegurança que carrego desde criança, ainda acho que ninguém é capaz de gostar de mim, mas trabalho para me aceitar e espero que isso mude. Sou gorda, sempre fui e pretendo, um dia, escrever esse relato com amor próprio em vez de lágrimas nos olhos."

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Não tem Cabimento #46

Esta página é realmente incrível.. me identifico com algumas histórias e vejo que não sou a única a sofrer por isso....Minhas histórias em sua maioria aconteceram dentro de casa. Meus pais sempre pegaram muito no meu pé.. incessantemente.. tenho até dúvidas se não foi justamente isso que me fez ter transtorno alimentar (compulsão). São várias as pequenas situações que vão costurando uma colcha de retalhos de humilhações e muito sofrimento. coisas boboas como escutar minha mãe dizendo, ao me ver com um pouco da barriga de fora quando adolescente (e eu não estava nem perto do peso que hoje estou): "ninguém é obridado a ver a sua barriga" (minha irmã, magra, estava ao meu lado com uma roupa muito semelhante a minha, com a mesma barriga de fora). anos depois, eu passava por uma situação de muito estresse, tinha acabado de pedir demissão de um emprego de 10 anos p tentar viver um sonho.. e obviamente me trouxe muita ansiedade. chego um dia para um almoço de família e meu pai, antes mesmo de me dizer oi, diz "você não está exagerando?" pergunto se ele está se referindo ao meu atraso.. ao que ele responde "não, quero dizer o seu TAMANHO". Tive uma crise de choro imediata e muito longa.. me senti desrespeitada. Com minhas crises resolvidas, voltei a emagrecer... este ano engordei novamente e já comecei a captar olhares e sabia que esse dia chegaria (de novo). fui visitar meus pais. meu pai imediatamente lançou: "e aí, gordinha, tudo bem?" .. passou um tempo disse "você gostou do que te chamei? gordinha? você finalmente está chegando naquele peso que você tanto gosta".. nem consegui responder.. eu estou saudável, meus exames estão ótimos.. e ao invés de se preocupar em como eu estou, meus pais se preocupam com o tamanho que eu estou .. eu tenho 40 anos ,.. e minha vida inteira é cheia de episódios assim... é muito cansativo!"

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Não tem Cabimento #45

"O meu relato hoje não é de médico ou de desconhecidos, mas de uma pessoa que sempre me fez sentir fora do padrão. O meu pai desde o começo da minha adolescência sempre fez questão de prestar atenção no que eu comia. Ele sempre me falava coisas do tipo: Minha filha, acho que vc já comeu muito! Olha que coxas grossas! Tem que se cuidar! Na cabeça dele, tenho certeza, ele estava cuidando de mim. Meus pais se separaram e ele mora em São Paulo. Então eu e meus irmãos sempre visitamos ele. Numa dessas visitas, meu pai me obrigou a fazer um jejum! Eu só podia comer depois de meio dia e o que ele me desse para comer! Foi uma semana assim. Fiquei fraca, de mal humor e muito triste. Eu tinha 17 anos! Ele é uma pessoa muito ativa, esportista e tenta ser saudável. Estava lendo sobre os benefícios do jejum e quis testar comigo. Acho que os meus irmãos não entenderam o que estava acontecendo comigo. Só sei que me senti muito mal, muito não-amada. Quando voltei de viagem, minha mãe reparou que eu estava abatida e eu contei pra ela o que havia acontecido. Ela conversou com ele pra fazer ele entender como eu me sentia. Ele conversou comigo e realmente se desculpou pelo que fez. Desde então nossa relação melhorou muito. Hoje sou mãe e ele é um super avô. Consigo reparar alguns olhares, mas ignoro. Ele sempre me elogia e nunca mais fez nada do tipo."

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Não tem Cabimento #44

"Eu sou gorda e sempre fui, isso é fato, estou na adolescência, sim, fase onde qualquer diferença vira chacota entre "amigos" ou você segue a "forma da pessoa perfeita" ou você não é aceita, então, eu gostaria de compartilhar um pouco da minha visão cotidiana das pessoas que convivo para com as pessoas gordas. .. Todas as meninas, garotas, mulheres , todas tem seus dias de auto estima baixo, não tem como negar, o que eu acho estranho e particularmente não entendo é que quando elas se sentem assim e querem ser elogiadas recorrem as frases : "tô gorda" "tô enorme" "preciso emagrecer" e logo em seguida rios de "elogios" se derramam sobre elas: "magina, você tá perfeita" "que isso?!? Você é linda" "você não precisa emagrecer, você tá magra" Agora me diz algo que eu não entendi muito bem. .. aonde tá escrito que gordo (a) é sinônimo de feio (a)?? Tá em alguma matéria que eu faltei no dia e não anotei? Ou por acaso está em algum dicionário que gordo está relacionado com algum dos piores xingamentos? ? Me mostra onde tá escrito pq eu sou meio distraída as vezes e acho que não li. ... Poxa, eu sou gorda sim, sou linda sim, sou poderosa sim e me amo assim mesmo GORDA... Até quando vamos usar o artifício gordo (a) pra adjetivar alguém como feio ou bonito? ??? E outra coisa que me incomoda bastante é o fato de algumas pessoas esconderem seus preconceitos atrás da saúde... KIRIDINHO, ACEITE : NEM TODO MAGRO É SAUDÁVEL ASSIM COMO NEM TODO GORDO TEM PROBLEMA DE SAÚDE Não adianta falar que pra mim ficar bonita deveria emagrecer, pois ficaria mais saudável.... Eu faço meus exames anualmente e graças a Deus tudo está certo, ou seja, não preciso que você se "preocupe" com a minha saúde, já estou fazendo isso sozinha, muito obrigada E outra coisa que me deixa incomodada é quando uma pessoa magra diz: "amo comer" ou "como muito" E as pessoas levam na maior naturalidade, muitas vezes acham graça , acham legal , concordam e etc Agora quando uma pessoa gorda fala isso é uma coisa inaceitável , uma coisa horrível, não deveria estar falando essas coisas, deveria comer menos, se preocupar mais com a saúde e etc... Só gostaria que me explicassem a lógica disso tudo, pelo menos assim me esforçaria pra entender o outro lado da moeda Uma dica gatas: Quando alguém disser que seu rosto é lindo sorria e responda: "é que você não viu meu corpo de baixo desse pano todo" Eu sempre faço isso é realmente dá certo a pessoa acaba ficando envergonhada, pensando no que acabou de falar e até mesmo, às vezes, acabam se desculpando. .. P.s.: o objetivo não é constranger a outra pessoa e sim mostrar que você não liga para o que ela fala e ama o seu corpo, você não tem só o rosto bonito, você É LINDA e nunca deixem que te digam o contrário" 

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Não tem Cabimento #43

"Esses dias mesmo fui olhado com olhar de deboche e desprezo por estar comendo um cachorro quente. É como se gordo não tivesse direito de sentir fome e de comer. Essa mesma pessoa que me olhou com olhos tortos me viu na academia e não pôde deixar de fazer o comentário: nossa, quantos quilos você engordou?!"

Rafael

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Não tem Cabimento #42

"Era a festa de casamento de uma amiga. Uma festa bem pequena, só com as amigas íntimas e família. Nem tinha amigos do noivo, que era estrangeiro. Essa informação é pra reforçar o clima da festa com poucas pessoas onde todas se conheciam. Um grupo de no máximo 10 pessoas dançando, majoritariamente mulheres, numa rodinha. Começa a tocar WBrasil do Jorge Ben Jor. Uma música bem animada e bem carioca. Todas se animam.

Num trecho da música existe uma referência ao Tim Maia. E como quase toda música animada, rola umas partes coreografadas. E a coreografia na parte da música que fala "tim maia", abrem-se os dois braços ao longo do corpo fazendo referencia a alguém gordo. Essa era a coreografia "oficial" das backing vocals/dançarinas do cantor nos anos 90/00. Quando estávamos dançando, uma pessoa teve a ideia de substituir o trecho "tim maia" pelo meu nome. E apontava pra mim na hora de cantar. Rapidamente TODA a roda, ou seja, toda a pista de dança entrou nessa "brincadeira". Gritavam o meu nome e apontavam pra mim. Não bastava gritar o meu nome. Se por acaso alguém não soubesse quem era essa pessoa que gritavam, perceberia no gesto. Um grupo de amigas. Pessoas próximas. Eu fiquei em choque, travada, fingindo com todas as minhas forças que estava tudo bem, aguardando a música interminável. Não consegui mais dançar naquela noite.

Nunca mais fiquei numa pista de dança quando essa música começava.Só falei desse assunto e rapidamente esse ano. Isso deve ter uns 15 anos. Fico pensando se realmente as pessoas não percebem o quanto de crueldade tem nessas ações. E o quanto do pertencimento a esse mundo de padrões te faz cego e insensível ao outro."

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Não tem Cabimento #41

"Bom, após ler inúmeros relatos (e chorar em todos eles e ver que não sou a única) decidi contar um dos meus. Atualmente tenho 20 anos, tenho 1,85 de altura, faço faculdade e não sei meu peso, pois anos que não pezo por medo da balança, sou uma garota que nasci gorda com quase 5 quilos e definitivamente nunca fui magra, tive muito sofrimento na escola e o pior não é isso, era chegar em casa chorando e contar pra minha mãe e ela dizer: "a culpa é sua, quem nada ser gorda", como eu poderia me amar se minha mãe me dizia isso, como que uma criança de 7 anos poderia ser a culpada de seus colegas a odiarem? Minha relação com ela só foi piorando e eu cheguei ao piro estágio, a auto mutilação... Cada briga com ela eu me cortava, sangrava até ficar tonta, e eu não conseguia parar, e foi assim por 2 anos, até eu prometer pra uma amiga que não faria mais isso e eu nunca mais fiz isso, atualmente minha coxa esquerda é cicatriz em cima de cicatriz, estão ali pra eu nunca mais esquecer o motivo delas. Outro fato sobre mim foi crescer ouvindo "como você é linda, que rosto de boneca, esse cabelo longo e sedoso, porque não faz uma dieta? SIM, e é até hoje, ser elogiada ao máximo, ouvir o famoso "mas" e aí vir a crítica destrutiva, a maioria das vezes que ouvi isso foi de rapazes, nas redes sociais eu era a linda e legal, mas pessoalmente não era diferente, mas quando o encontro acabasse eu sempre recebo a msg "você é linda e legal, mas achei que era mais magra" ou eu começo a conversar e o cara logo pede uma foto de corpo, e a reação sempre é a mesma, eles desconversam, isso me abala tanto, que acho que nenhum cara bacana vai me querer, eu acho que todas as vezes que fui enganada é minha culpa (como minha mãe dizia), se algum rapaz me olha e sorri pra mim, acho que ele está "rindo de mim e não rindo para mim", as vezes eu paro e reflito e vejo que o que um pensamento gordofobico fez comigo, me tornou uma garota de 20 anos frustrada, sem sonhos e de coração e corpo cheio de cicatrizes por ferimentos causados por tristezas, mas sei que não estou sozinha nessa, e é isso que me motiva pra viver em dias melhores e ao dormir o último pensamento ser: "eu me amo""

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Não tem Cabimento #40

"Sempre fui gordinha. Desde criança, criança gorda. Tinha amigos, muitos deles carrego ate hoje e se sofri bullyng, não percebi. Até que um dia, com mais ou menos com 16 anos de idade, aquela fase chata da adolescência, hormonios, espinhas, incertezas e etc, torci meu pé jogando vôlei (joguei a vida inteira e SIM, ERA BOA.) e fui ao médico pra ele passar um raio x e colocar a tal da bota no meu pe,APENAS. O que acontece é que o maldito não perguntou nem meu nome quando eu entrei no consultório, foi falando logo que eu tinha torcido o meu pé por conta do peso, falou do meu rostinho liiiindo demais pra ser acompanhado de um corpo gordo e mais um monte de coisa. "Você ta vendo que eu to te batendo uma mao e alisando com a outra, não ta?" ele dizia... Resultado: eu chorei, chorei, chorei muito na frente dele, tive episódios de não querer comer, não querer sair ao lembrar do que ele me falava. E falava muito, repetidamente várias coisas. E na real, eu sempre fui saudável."

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"Meu corpo não é perfeito A alma muito menos Mas são cheios de adornos O humor e minhas sardas Eu e a paciência de mãos dadas Tem celulite? Tem! Mas tem também olhar florido E se marcar no vestido? Eu faço poesia pra combinar! Meu corpo é sim meu templo E por ele tenho muito zelo Mas o que mais importa É o que ele abriga E o que eu posso oferecer Aqueles aos quais convido a cruzar a porta"

Melina Amaro Knolow

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Não tem Cabimento #39

"Olá. Queria dar um relato que aconteceu comigo hoje é me fez pensar em muito do meu passado. Estava na auto escola, e como é na parte da manhã não havia tomado café, na hora do intervalo de aula deu fome. Lá eles oferecem uns biscoitos e talz. Eu estava com fome e não quis comer porque eu seria o único comendo e fiquei receoso do que os outros iam pensar de mim. Já conseguia imaginar "olha lá o gordo, o único comendo." ou "esfomeado". Quantas vezes já deixamos de nos alimentar, mesmo estando com fome, com medo da reprovação dos outros? Quanto a própria gordofobia não está enraizada dentro da gente? Refleti bastante sobre isso e vou te confessar, é tenebroso limitar sua vida com medo do julgamento alheio."