diário, ou depósito, ou quase isso, de escritos e reflexões de momentos desordeiros que auxiliam o reestabelecimento da ordem.
Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
FORA, quem?
Te falei? esses dias sonhei pique Revolução Francesa sem Temer, arregaçamo as manga decapitamo o rei o mais foda é que nem em sonho nois era burguês o preço do pão não era estopim a previdência era a bola da vez ideias liberais não tinha espaço liberté, egalité, fraternité pra quê? choca notar que no século XVIII a burguesia revolucionava muito mais do que hoje em dia faz você? é, acordei no país das articulações bem feitas da direita em que a esquerda não se propõe discussões rachada entre marxistas leninistas, stalinistas, trotskistas esquecem-se do princípio básico comunista em partidos políticos que não conseguem seguir uma única ideologia brigar por ego, entre si quem se filia criam-se correntes que põe de lado a luta de classes não acreditam em golpe mas sofrem os impasses faz-se pouca política econômica e muito populismo pra falar sobre isso não me baseio em achismo pegue seu plano de governo e me mostre alternativas viáveis pro combate ao racismo e não garanta ao negro, ao LGBT à mulher, trans ou não que sejam apenas recortes quero uma política que questione menos o local de fala e sim quem some mais com malotes que se importe mais com a origem do problema e remedie menos alimentando o "sistema" não se faz política alterando o foco e não se pode dizer que o capital é ínócuo vamo acordá! salve geral! ainda espero pelas greves gerais enquanto decretam falência o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul e o Estado de Minas Gerais me pergunto então onde estão os sindicatos? enquanto na Divina Comédia do Congresso Dell'arte brasileiro o Inferno se desdobra em vários atos criando e aprovando leis pra foder o trabalhador de vez quantos não se intitulam dessa esquerda louca que da luta de classes faz pouca? enquanto se submete à alienação à mais-valia crê que a pós-modernidade e suas diversas pautas são uma via cheia de portas esquece que racismo e machismo são braços do capitalismo cheio de fome e de sede de exploração humana me obrigada a não aceitar migalhas de bacana meu manifesto ainda é comunista não me contento com representatividade negra e feminina em capa de revista enquanto preta e pobre na favela é obrigada a vender o corpo na pista e tem projeto de lei que ainda diz que regulamentariza não vou comprar o falso discurso de uma esquerda vendida nem o discurso sujo de uma direita bem munida enquanto puder não vou só por mim, mas lutarei pelo outro, poder ao povo!
2 notes
·
View notes
Text
PROSTITUAÇÃO
não aceito, nem ouso a resignação designada cresci, vivi, aprendi lido com a opressão? não é parte de mim a aceitação de ser reduzida ao útero pobre, preta, mucama teus filhos "mulatos" não rendem bons frutos mucama, pobre, preta não aceito ser apenas uma buceta vazia, vadia, pra ti homem branco preenchida do teu falo, não ouso tocá-lo, usá-lo homem preto, me chama de irmã, de bandeja me entrega como carniça a minha carne ele não disperdiça mais barata no mercado queimada de sol e abuso diário sua, sangra, enquanto de falo ferem com a nota de dez estanca e espanca em calçadas, camas, carros e motéis compram nossos corpos homens infiéis "Ei! Ei! Ei! Esse não tá a venda!" estupra, arregaça, faz festa "Depois ela se remenda" e hemorragicamente sangra interna e externamente sobrevive em Terra como indigente ainda com CPF, CNI e CEP vira estatística do IBGE, reza de sigla em sigla pra não entrar no IML com a etiqueta no dedão do pé ela não pediu pra ser mulher
3 notes
·
View notes
Text
PRETOCIDIO
Todos os dias morrem milhares de pretos... e pretas Morrem todos os dias, de racismo Misoginia e classismo
Morrem de fome, de sede, de falta de teto Morrem pela expressão da fé Ou cê acha que é fácil deitar pro santo no candomblé?
Bater tambor hoje é mais do que saudar orixá É pedir respeito e lutar pra viver Num mundo que pela sua cor cê não tem direito de ser
Ser, pro negro, é conceito vago Ser, pra mim, é conceito vago Para ser, precisa identificar Mas roubaram a identidade e só a cor não conseguiram tirar
E de repente, uns ativista vem com papo de resgate da negritude Era fácil chegar na roda de jongo e fazer parte Bastava ter atitude
Mas roubaram a identidade, e tiraram da cultura A cor que não puderam tirar de mim
O candomblé é branco O jongo, é branco A capoeira, é branca O samba, um tanto quanto E esse branco não é de Oxalá
Porque pai tudo vê Mas eu cresci sem pai E falando nisso: quantas crianças faveladas vão ter que ver o pai morrer?
Ogum é São Jorge e Iansã é Santa Bárbara, ai de quem questionar Ógún Yiê, Eparrey Oyá As criança preta não faz nem ideia do que é yorubá
E dessa maneira vê que não é só de arma que se faz genocídio Pra cada litro de sangue derramado Aculturado, sem estudo, sem suporte faz-se um bandido
E eu vou fingir, não, eu vou acreditar que vocês se importam Enquanto discutem Marx, Foucault e Beauvoir No facebook, postando trecho do Manifesto Comunista Planejando pagar 40 mil no intercâmbio em país imperialista
Todos os dias morrem milhares de pretos... e pretas.
2 notes
·
View notes
Text
nossa diss
Falo memo, feminista, bato no peito cês não gosta da minha rima só porque pedi respeito eu tô no meu direito e não vem dizê que não cê cola no rolê pela luta ou pra olhar pra minha bunda chamar minhas amiga de puta e me aplaudir quando me escuta? vou boicotar seus saraus já que só tem espaço pra pau buceta só é assunto na hora de comer? tchau absorve o que eu tô falando, "irmão" vou bater na tecla até cê aprender a não levantar a mão apaga essa porra de beck fala menos do meu órgão nas suas track pra ninguém precisar te explicar o que é rap e não esquece, mina também é papo marginal nóis morre por ter xota e cê não vem com essas lorota de dizer que meu papo é ideia torta se ofende com o poema não enxerga onde tá o problema se tá te incomodando, é porque você tá no esquema cê só fala do sistema: sistema sistema sistema capitalista, racista, MACHISTA cê também, calculista acende meu cigarro, aplaude meu flow quando eu danço no rolê: wow no meu primeiro vacilo vai ser click clack plow morri, pra vocês e pros seus mano por você e por seus mano de você e dos seus mano que não guenta uma noite ouvindo meu feminismo quer me meter o Brown e mandar que isso "não é machismo" late menos, cachorro se não nem creio que cê morde e se vim cheio de raiva as loba te dá sacode
4 notes
·
View notes
Text
LIBERDADE
Liberdade ecoa o grito feminino cordas vocais estremecem a garganta arde enquanto resistem permanecem no espaço a necessidade de insistir faz-se transformar em arte círculos são suas casas acolhem-se, expressas envoltas de calor humano não atenuam palavras liberdade, liberdade não aceito mais as celas quem abre as asas sou eu mata ele, honra ela enquanto na roda, berro espero que entenda luto pra mim é verbo e na minha atuação tá mais que expresso nas mina prevaleço não desfaço o elo liberdade, liberdade sejam sempre nossas vozes as primeiras a entoar as sílabas ferozes não se calem se invoquem mulheres, sejam exatamente o que lhes dizem que vocês não podem liberdade, liberdade não venho pedir igualdade a ideia é simples, equidade
0 notes
Text
Gritaram-me negra, calaram-me negra, chicotearam-me negra, acorrentaram-me negra, estupraram-me negra, usaram-me negra, forçaram-me negra, espancaram-me negra, riram-me negra, alisaram-me negra, cortaram-me negra, julgaram-me negra, condenaram-me negra, e não me deram escolha, (negra) não me deram oportunidade, (negra) o tom da minha pele é armadilha, (negra) e elogiam minha suposta excentricidade. (negra) Deram-me um papel, junto a ele, uma máscara: deveria vesti-la e honrá-la, "mulheres negras são mulheres fortes", disseram-me, deveria ter garra. Deveria saber ser mulher, simplesmente, por ser negra, unicamente autoritarismo e imposição, presente! Mas veja, que contraditória é esta sociedade que te obriga ser forte, ao mesmo que te agride e transforma em pedaço de carne podre e barata, desmerecedora de valorização. Gritaram-me negra o que não esperavam é que um dia, eu, gritaria-me negra: e falaria-me negra, imporia-me negra, cuidaria-me negra, orgulharia-me negra, valorizaria-me negra, e entenderia que ser negra é mais do que ter a pele preta é mais do que ter de servir à pele branca: ser negra é sentir em tons divinais a capacidade de ser e estar, de resistir e lutar, como leoa por seu habitat natural sendo filha pródiga do mundo.
(Referência: "Me gritarón negra!" de Victoria Santa Cruz)
1 note
·
View note
Text
Uíba uí: macumba política
Okê, okê a flecha que atira Oxóssi mata Okê, okê a flecha certeira caboclo da mata revida trás vida, guerreiro Okê, okê arô no terreiro não se ajoelha mas pede ao senhor Enquanto o joelho branco dói da reza o que negro sente nas costas é a chibata e o suor na testa Okê, okê leva a flecha pra dentro da senzala chama o índio, guarani-kaiowá ainda estrala Em Brasília, queimado pelo playboy católico, ajoelhado okê okê óstia não é padê e preto, pobre, não tem o que comer Okê arô, okê odé, okê caboclo é vago o espírito de etnia no país oco Diversidade não preenche em lugar de índio que branco fere com ferro quente Okê arô, atira a flecha no pássaro, o canário amarelo cheio de ódio dos filhos deste solo
0 notes
Text
Óbito
Contusão.
Concussão.
Incisão.
Corte e sangue.
Meus órgãos estão dilacerados, minha mente atônita. Estou aflita e imersa em todo o misto de substâncias que ingeriu no meu sangue, bombeado para o corpo, fez adormecer cada célula. Dormentes de paixão e ódio, em que o amor não é próprio e o ódio designado, direcionado. E não adiantam os curativos e suturas, não importam quão fortes são, o quanto seguram. A todo momento entro em estado hemorrágico, tamanho trauma. Ninguém esperava por esse acidente, foi por puro descuido, tamanha irresponsabilidade. Primeiro cai a pressão, entro em estado de fibrilação, espero que declarem o óbito. 23h40, hora da morte.
0 notes
Text
Doce
Hoje eu quero falar sobre o gosto dos doces. E sobre os diversos tipos de doces. E sobre a diversidade inusitada da percepção do que é doce. O que é doce pra você? Pra mim o doce desliza, às vezes, explodem cristais de açúcar em meio os cremes, de manteiga, de chantilly… com certeza me lembram os beijos. Os beijos devem deslizar, os beijos devem ser doces. Os beijos devem ter explosão. Existe doce que não parece doce. Existe doce que é doce demais. E os doces, no geral, são de agradar. Tem quem não goste, eu sei, mas já notou que o excesso de sal é mais desagradável que o excesso de açúcar? Sal em excesso queima, sal em excesso arde, sal em excesso é dor, sal não inspira amor. E é por isso que prefiro os doces. A paixão cheira flores, flores têm cheiros doces, podem ser suaves, mas doces. Das flores saem o pólen, o pólen que atrai abelha, que do pólen faz mel… doce, tão doce que cristaliza, vira açúcar, vira pedra… mas derrete. Porque doce é como amor, quanto mais duro, intragável, quanto mais maleável, aceitável… e é por isso que o doce deve deslizar, deve ser suave, deve ter explosão, o doce deve sim ser uma bomba de chocolate: pedaçuda, cremosa, explosiva, dá vontade de morder, mastigar, engolir, comer, possuir e se satisfazer. Isso não é amor, não sei o que pode ser. Mas sei que amores devem ser doces; amargos, salgados, azedos, mal passados e estragados, não são de bom grado. Confeitaria é uma arte de precisão que a mão não se erra, tem balança e medida correta, mas todo amor excede a regra. E não é porque a amargura chegou que um dia não se possa adoçar de novo. Jogue fora essa massa de bolo e faça outra, aqueça o forno corretamente e principalmente, não tenha pressa. Fogo alto é rápido, mas faz errar o ponto e fica ruim a beça.
0 notes
Text
Nós não deveríamos e porque íamos? fomos, e nada somos o que sobrou? nada fomos? sabemos que somos o que era suficiente confesso, fui conivente
nós não poderíamos não é segredo, nós sabemos nós não nos escondemos de nós, desatamos os nós mas deveríamos e a alguém, alguma coisa devíamos?
0 notes
Text
É vazio, eu sinto és intenso, eu vivo sinto como se fogo fosse vivo ao mesmo que forma gelo sinto o preenchimento. sinto o esvaziamento vem, e vai como se fosse vento rasga ultrapassa a carne dilacera e volta volta, eu não sinto nada além de frio calor a dilaceração da carne que sua, pinga em meio fogo enquanto sou sua suo, enquanto me sinto minha. quando nua.
0 notes
Text
Não categorizado
Eu devia saber o que escrever sobre você. Eu deveria escrever poemas, é o que eu faço, escrevo poemas. Mas você, veja você, tão cheia de impermissões, não me permite escrever uma rima se quer sobre você. Tão fechada, com esse ascendente em capricórnio, tão intensa, de sol em libra, não me dá espaços, me faz sentir como massinha… quando quer, me fecha, me dobra, desdobra, e me cozinha… me cozinhar, definitivamente, você sabe fazer isso bem. Eu nunca vi tão determinada a me foder uma indecisa. Aliás, a-li-ás, você sabe me ter bem, e entenda como quiser. E sabe também utilizar de todos os meios pra me prender. Você é possessiva, mas a pior parte disso é que eu gosto de ser posse… e eu cansei de escrever sobre você. E de falar de você. Eu precisava falar sobre você. Vamos falar sobre você, mais? Eu cansei disso ser sobre mim. E não é sobre mim. O problema não é realmente esse, o problema é não ser sobre nós.
0 notes
Text
Trilogia do afundamento
1.
dopamina signo de terra me atravessa, domina ascendente de fogo lua de ar, meu mar contamina
é uma pena tua vênus não ser de dilatar pupilas autoexplicativos seus jeitos e trajeitos teu ego perfeito quase que me aniquila
o encaixe de quadris é fórmula mágica de execução cada célula possui a capacidade de discernir o toque das tuas mãos: bobas, invasivas, habilidosas e metódicas
no plano auditivo me pego imersa e perdida na tua retórica; cheia de referência, potência e carência de escuta simplória, entrego todo meu corpo à tua escrita me faz de arte, te faço parte
2.
uma direção de Tarantino faria menor sangria, mal senti os tapas, socos, pontapés, minha'alma doía
tua carne é fria, quente é tua saliva, teu sangue, teu gozo, a forma como me despia e a voracidade que me cuspia como chiclete velho, sem açúcar, desengraçado
troco de roupa como trocas de vida; confesso procurar sentido na tua vinda, e embora na ida procure mais ainda, rasga menos tua partida que tua chegada
ah, a tua chegada… que me fez amordaçada estática intacta apática
o inatismo nunca fora parte da minha personalidade, tudo passa a ser reflexo de como você age
e assim meu viver se torna mentira bem contada e utilizada, cheia das expressões amargas e fúnebres torna a existência cansativa se torna a resistência inexpressiva do ser humano morto dentro de mim
3.
me perdoa a falta de coerência descência ciência presença
você sabe, melhor que eu? aqui tem excesso de prepotência falta de inocência preguiça de paciência
medos irreais e motivos reais pra não encarar de frente sentimentos que parecem subitamente banais
e não quero banalizar os teus só não quero que leve a sério, não muito, talvez pouco devam ser levados a sério os meus
caóticamente, não tenho mínima noção das muitas intenções mas tenho uma certeza: cérebro é coisa que não se chuta na lama e não adianta insistir que nossos sentimentos estão em nossos corações você, unicamente você, me ensinou que o único lugar que a gente não dialoga é na cama
2 notes
·
View notes