danosincuraveis

[danosincuraveis]

perdi a conta de quantas vezes durante toda a minha vida verbalizei o meu asco por viver constantemente entre voos prazeirosos e quedas violentas, mas hoje, vejo que todas essas longas viagens por momentos, lugares, e pessoas, foram necessárias para me levar até você.

viajei por tanto canto, passei por tantas turbulências, conheci lugares, do outro e de mim, que por vezes não eram tão bonitos assim. minha bagagem é pesada, nem sei quantas taxas a mais teria que pagar para despachar, mas não importa, eu farei, eu organizarei todo o espaço necessário para me preencher dias após dias, de você.

sim, eu vou correr atrás de você num aeroporto.

sim, eu vou pedir para você ficar, para não voar, e sempre para maneirar um pouco.

sim, eu vou continuar pintando telas do seu corpo sempre que tiver o prazer de vê-lo e tê-lo.

você ainda não sabe tanto de mim, não sabe que gosto do meu café não tão forte, sem açúcar, e acompanhado de um doce, ou talvez não saiba que gosto de dormir com a cabeça encaixada na curva da sua axila, mas sei que já decorou quantas tatuagens tenho, que não ligo pra cartoon, e que sim, eu rabisco alguns desenhos, você sabe quantas horas tem na minha agenda, e também sabe meus cantores favoritos, você conhece o peso do meu coração e se dispõe a segurar.

onde serão as férias? joão pessoa! eu nunca conseguiria idealizar conhecê-lo sem você.

no samba, sambo com pagode, e o que será que faz chorar? daniel caesar.

talvez você não saiba, mas sim, eu vivo o medo de correr sozinha e nunca alcançar.

me entrego como a rosa que você está despetalando, a rosa com espinhos que furam, e até podem machucar, mas sei que você passeará com cuidado, nas pontinhas dos pés, por cada partezinha de mim. que estará lá pro que aconteça. que também estará lá nos dias em que sou carente, completa, suficiente, sendo o meu amor correspondente.

me preenche saber que quando alçar o voo mais bonito da minha vida, terei quem me chamar de amor, de gostosa, de querida, que me esperará em casa, e me cuidará como a sua joia rara, porque você é o meu pseudofruto, necessário, enraizado, inseparável, meu caju.

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“não importa o quão atrativo é o potencial de uma pessoa, você precisa namorar a realidade dela” quando mandy hale fala isso, rapidamente me faz pensar sobre quando a gente se nega a creditar que é impossível se relacionar com pessoas que estão em posições diferentes da vida em relação a gente. muitas vezes nos mantemos em um relacionamento por muito e muito tempo porque acreditamos que a pessoa vai mudar, com isso nós acabamos não pensando muito sobre quem essa pessoa já é. quando nos submetemos a isso em certo ponto, nós acabamos nos relacionando com as nossas próprias expectativas e não com a pessoa de fato. nós acabamos por vezes, amando o que gostaríamos que o outro fosse e não o que é. acabamos nos interessando na realidade, pela nossa idealização. todo esse contexto passa longe de ser saudável para nós, porque acabamos que por nos relacionar com alguém que “não está pronto” e isso nos faz acreditar que se a pessoa modificar x, fizer y, ou que se você questionar e apontar, tudo vai ser como sempre esperávamos. só que muitas vezes o outro nunca esteve pronto ou se quer quis de fato modificar nada, mas para nos manter dentro daquela relação, acaba prometendo, jurando, insistindo, e isso provavelmente pode nunca vir acontecer, porque as pessoas só são aquilo que querem e se permitem ser.

nós ficamos presos por aquilo que queríamos que fossem em um futuro, futuro esse que provavelmente possa apenas ter sido idealizado e existido por e para você mesmo. no final de tudo, o outro vai continuar sendo aquilo que sempre foi e você vai questionar o porque de nunca ter sido suficiente para que o outro crescesse e acompanhasse você. acordar dessas ilusões nos causa uma falsa sensação de “desconhecer”, mas toda a verdade que vem à tona, tudo que o outro sempre fez, todas as vezes em que te magoou, não foi ninguém além de você que se permitiu sentir. nós nunca desconhecemos alguém, porque na realidade aquilo é o que ele sempre foi.

o fim de todo esse processo, nunca é minimamente doloroso, não para a parte que ficou tanto tempo preso dentro de sonhos e idealizações, o processo de reestruturação cognitiva é longo, as vezes doloroso e cansativo. não é fácil lidar com distorções cognitivas e crenças limitantes, mas precisamos entender que algumas pessoas não possuem maturidade suficiente para lidar com o mal que possam nos ter feito, algumas pessoas não vão assumir essa responsabilidade e como forma de enfrentamento, muitas vezes vão criar narrativas e realidades em que não se sintam mal consigo mesmos, mas que faça você se sentir mal e responsável pela forma em que foi tratado ao ter acesso a quem o outro na realidade sempre foi. dentro dessa situação a congruência é um fator de extrema importância, precisamos sempre entender que se o outro é quem está nos causando aquilo, somos nós quem estamos nos permitindo sentir. você não pode controlar suas emoções, suas dores e nem suas frustrações ao passar por um processo como o de fim de ciclos e quebras de expectativas, mas você pode controlar situações, você pode controlar essa dor de chegar até você. tudo bem sentir dor por um tempo, tudo bem viver o processo, mas todo sofrimento precisa ter começo, meio e fim. odiar sofrer, odiar sentir dor, é um fator importante dentro do processo de autocuidado.

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tenho a impressão que as pessoas hoje em dia possuem a memória meio fraca, né?

são tempos meio difíceis, todo mundo anda vivendo o seu próprio inferno. mas quem tá lá sempre disposto a queimar por si e por outros? isso mesmo, eu. essa qualidade ou talvez defeito me ensinou que se torna muito mais cômodo culpar alguém e transformar a pessoa no que você precisa para se livrar de qualquer culpa ou arrependimento das suas próprias atitudes e escolhas. e é aquilo, você enfrenta o inferno com as melhores das intenções para no final sair como uma filha da puta das piores intenções, porquê gente adulta não consegue assumir suas responsabilidades afetivas e emocionais. infelizmente honestidade não é uma dádiva para todos. mas eu não posso passar o resto da minha tendo que provar que não sou uma pessoa ruim por causa da ruindade de quem me fez acreditar que era bom comigo. se é que algum dia foi.

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dia a dia eu entendo que carrego trovões em meu peito que ninguém escuta porquê todo mundo só aparece quando a tempestade já passou.

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eu odeio tanto viver entre voos prazeirosos e quedas violentas. toda essa carga que carrego sobre minha família não é algo que quebre apenas a mim mesma, mas também a qualquer tipo de relação que eu possa ter. e é exatamente por isso, que eu me afasto, o que é algo que ninguém nunca vai entender. é um fardo muito pesado ser o filho cujo obrigação é de repor o que os outros não “são”, não “dão”. por que uma coisa é certa, nossos sentimentos são e sempre vão ser anulados. nossa única obrigação é calar, engolir e entender que os problemas dos outros são sempre mais urgentes e sempre estarão à frente dos seus. acho que juntar tudo isso, mais o peso do tea me torna a cada dia uma pessoa completamente inacessível e impossível em muitos e muitos sentidos. é difícil me manter perto, é difícil me amar, é difícil entender minhas crises internas e principalmente as externas. é difícil entender que eu sempre vou me enxergar de formas negativas e que isso nunca vai ser sobre você, mas sobre mim. e o que é mais difícil, são todas as vezes em que tenho que ser a “doida” “louca” “difícil”. eu nunca fui verdadeiramente acolhida, nunca fui verdadeiramente amada, não apenas pelos sorrisos que dou e as piadas horríveis que ofereço, mas sobre amar quem eu sou feliz e amar quem eu sou com dor. eu não culpo as pessoas, no geral, a culpa sempre tem um lugar e é em mim mesma. honestamente, acho que não há algo que eu odeie mais do que ser eu, e por fim, sei que digo isso várias vezes, mas acho que nunca estive tão exausta.

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tem gente que acha que temos que ficar esperando a boa vontade delas. de tudo ser no momento delas. de ser quando elas querem. quando for propício a elas. só que sabe? se você precisa pegar um trem, você entra, você não espera ele ir embora pra se da conta que perdeu.

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tenho medo da minha indiferença, do meu cansaço, da minha desistência. tenho medo do quanto é irreversível, pois eu tento, tento mesmo, tento muito, insisto, mas se desisto, eu não consigo mais ressignificar, voltar.

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eu não consigo amar do nada, para mim não acontece desse jeito, eu construo o amor conforme eu me permito conhecer e admirar alguém e isso demanda escolhas, ações, reações. não existe amor sem admiração, trocas, convivência! as vezes me pergunto, como que se meio gosta? meio ama? eu não sei, não consigo. não julgo os que tem a capacidade, deve ser um alívio não estar 100% ali por alguém de fato, menos cansativo? talvez. não sei até que ponto ser assim seja unilateral, mas sou eu.

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penso muito sobre o quanto ver outros doerem me dói, mas e quando é aqui que dói?

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Nem sempre a vida é justa quando nos presenteia com alguns fardos. Olho para os bebês e penso no quanto a intensidade do seu choro nos assusta e isso é por que o seu choro não deixa claro qual o motivo da sua dor. Por extinto nós abraçamos, acolhemos e aos poucos o choro passo. Apesar de crescermos, não deixamos de ser como eles, não deixamos de em algum momento precisar de que nos coloquem no colo, abracem, acolha ou talvez que só nos ouçam chorar, porquê nem todo mundo é capaz de suportar as dores da vida sem dizer sequer um “ai”. Penso em tudo isso e me concretiza a certeza de que em meu velório não quero a falsa comoção de todos aqueles que ouviram a intensidade do meu choro, que me ouviram gritar que estava pesado, que estava doendo, que eu precisava de colo ou de pelo menos falar. ninguém nunca me ouviu e se ouviu, ninguém nunca se importou o bastante para estar, então por favor, não apareçam.

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Não existem rodeios para o amor, quando se ama é tudo ou nada. Talvez por isso muita gente finge amar, pois lhes falta coragem.

E o preço acaba sendo sempre pago por quem se entrega de verdade, por quem mergulha de cabeça, por quem espera encontrar no outro nada além do que aquilo que está oferecendo.

Sei que você já se feriu, que já quebraram o seu coração em muitos pedaços e sei que você também chegou a desejar nunca mais amar ninguém nessa vida. Mas fica sabendo também que a culpa não é sua, tá?

Há muitas pessoas doentes por inúmeros motivos e o pior deles é a falta de amor. Sobre as partes de você que já foram quebradas, deixe esses pedaços espalhados pelo chão para que você lembre que nada, nunca mais, pode voltar a ser como antes depois de ser modificado e que esses cacos podem te ferir caso você decida caminhar sobre eles outra vez.

Eu sei que, às vezes, tudo parece ser um deserto aí dentro. Só que, um deserto que já foi jardim algum dia, significa que pode florir novamente. Não desanima devido ao desamor alheio. Você não erra por amar. Nunca! Erra é quem não sabe valorizar o amor que lhe é ofertado. Ame mais. Sempre. O amor é o segredo de tudo, a maior recompensa. No jogo da vida, jamais perdemos por amar.

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eu não consigo me ver no futuro, da pra imaginar o quanto isso é desesperador? Não se trata sobre não saber o que fazer, é sobre simplesmente não conseguir se enxergar existindo num futuro, seja ele qualquer que possa existir. eu não consigo me ver com uma profissão ou sem profissão, bem sucedida ou na merda, feliz ou triste, rica ou pobre, simplesmente não consigo me ver vivendo um futuro. “Ah mas, você precisa viver o agora” agora eu só existo no automático e tento achar alguma esperança de ter prazer em qualquer mínima coisa na vida. Ando cansada de nunca ter uma razão para estar aqui. Queria muito que tudo isso fosse falta de vontade, preguiça, mas não é, e por mais que eu tente eu não consigo achar uma razão, então me pergunto, por que continuar?

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As batalhas tornam as pessoas solitárias, não importam se vencidas ou não. A dor de enfrentar uma batalha pessoal, mesmo que acompanhado, transforma qualquer um em solidão. Porque enfrentar desgasta, corrói, faz a gente enxergar os diversos lados de uma história e ainda se machucar com todos eles. Eu posso respeitar a luta do outro, os outros podem respeitar as minhas lutas, mas isso ainda não nos faz menos solitários. Porque é muito íntimo e particular o universo de cada um. É tudo muito intocado e religioso. Todo mundo tem os próprios altares internos, que endeusam demônios ou demonizam deuses. Todo mundo tem uma fusão interna de loucuras, que expostas fariam o universo inteiro explodir. Somos todos solitários. Ninguém entende o que a gente passa, ninguém compreende o que a gente vive ou sente. E mesmo que todos conversem entre si, desabafem, se escutem, o final é sempre o mesmo… ninguém permanece.

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O meu mal é tentar entender o incompreensível, tentar resolver o que não tem mais jeito, tentar recuperar o que já se perdeu, mas o problema é que não existe eu se não existir a teimosia. Falta sono, sobra paranóia. Falta tranquilidade, sobra inquietação. Falta abraços, sobra saudade. Toda noite é a mesma coisa, cheguei à conclusão que a vida é uma sucessão de paranóias mas, qual é a mente que vive feliz para sempre? A dor é uma professora cruel e rigorosa, no entanto, muito competente. com isso penso que todo mundo mereça alguém que chegue regenerando nossa capacidade de se entregar sem medo de ser feliz. Todo mundo merece alguém que nos faça acreditar na beleza do amor novamente. Todo mundo merece alguém que torne o nosso coração em um lar. Todo mundo merece alguém que fique, que lhe permita uma chance de tentar, pelo menos tentar.

[danosincuraveis]

Eu só queria ser o bastante para você, o bastante para ter te feito querer ficar, mas eu não consigo, nem pra mim. Eu queria poder ser o que você quer, mas eu não posso, não posso porque sempre vou chorar por não saber o que fazer, por não saber o que falar e a verdade é que não sei lidar com o teu silêncio, tão pouco com o teu vocabulário. 
Eu não sou fácil e eu sei disso, eu não brinco quando digo que sou impossível de ser amada, é eu sei que você não quer tentar me entender e eu aceito porque eu também não tentaria. Eu sou um livro gigante, uma música de letras confusas. Sou a parte entediante e melosa do filme. Sabe? Eu sou tudo o que ninguém leva até o fim.

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Eu não sou fácil, às vezes, tenho a mania de me doar por migalhas, de deixar poucas partes de mim expostas. Também existe em mim certo sonho de que me amem não pelas qualidades que tenho, mas sim pelas falhas que assustam e só quem tem paciência para esperar pelo melhor, consegue receber. Eu não quero que me amem pelos sorrisos que dou, quero que me amem pelos inúmeros defeitos que eu sei que tenho. E, ao final de tudo, quero ouvir de alguém que, mesmo com todos os riscos, valeu à pena atravessar a nado o lado mais obscuro de mim, para assim encontrar a parte mais doce, a vista mais bonita desse lado de cá.

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Não se assuste com a bagunça que sou. No fundo, eu sei bem onde cada pedacinho meu está. Sou uma confusão meticulosamente organizada e, ao meu modo torto, vou tentando me encaixar nas constantes nuances da vida. Nunca tive interesse em seguir padrões. Na verdade, eu gosto mesmo é de me arriscar e gosto mais ainda quando se arriscam em mim. Quando decidem se aventurar no furacão que é o meu interior. Quando resistem aos piores monstros que me atormentam. Entre lembranças, mágoas, sorrisos e dores, aqui dentro existe ainda uma grande quantidade de cacos espalhados. E eles costumam machucar. Olhe bem onde pisa e não esqueça de andar na ponta dos pés. Depois de passear por todos os recantos de mim e finalmente conseguir se sentir confortável para ficar aqui, comigo, o que me resta é dizer obrigado. Porque não existe sensação mais perfeita do que quando uma pessoa te aceita e decide permanecer na tua vida, mesmo sabendo a completa bagunça que você é.